sábado, 18 de agosto de 2012

Pulino invocando ao amor


Medea e Jasón_John William Waterhouse



Depois de dias e noites de andar, o homem branco pequeninho de dez  centímetros cruzou a rua, e chegou aos jardins imensos da casa de cartão pedra aveludada do grande Moustafá Dvn Ahmed ,o qual media quarenta e três metros de longo.
Colou-se à porta da morada, esperando à mulher que saía num afamado programa de televisão e pela que sentia uma forte paixão no fundo do último de seu minguadisimo coração. Ele sabia  perfeitamente pelos meios de imprensa de cor rosa  que se via todos os dias  com Moustafá, sempre à mesma hora. E chegou Anahi, a mulher de turbante que lhe chegava até os pés  Escalou à língua de seda  o homem branco pequeninho de dez centímetros; deixando-se levar pelo vento agarrou-se .Moustafá abriu e deu-lhe um beijo à mulher, e entraram os dous .Como se fosse uma pequena mosca presa na falsa teia de aranha  de um grande amor distante, ali estava Pulino, como assim se chamava o homem branco pequenitnho de dez  centímetros, colado ao turbante,. Da teia de aranha  facilmente  decolou-se. E foi parar ao solo, claro está. Moustafá e Anahi puseram-se a fazer o amor e Pulino invocou:

“Medea, Medea, que com teus unguentos
ajudaste a Jasón, teu amor;
líbra a Anahi do seu e que seja eu,
pois o que está com ela
é um dragão.”  

E uma vez dito isto sacou um frasquinho de essências da floresta  que desprendiam um forte cheiro; e com estranhos sortilégios tentou dormir ao falso dragão que ele pretendia ver em Moustafá Dvn Ahmed .Mas nada ocorreu. Decepcionado, agora já não queria amar mais, já não faziam falta falsas escaladas, falsas teias de aranha, falsas promessas de felicidade na busca de um amor. Agora  deixava de sonhar e desaparecia da habitação, dessa casa,  desse mundo real em seus sonhos, e o fazia por embaixo da porta.

xurxo fernandez gonzalez