Em algum dia será se a mar quisesse
que não
me abandone,
chegar ao deserto habitável
para render contas com minha alma
que me traiçoa;
poderei assim voltar em ti,
depois de um meditar sereno,
me alimentando de teus delicados sabores
que rogem em minha estreita condição,
presa das diferentes sinrazões que no mundo
devoram
a ta excelsa humanidade,
¡oh,gema de minhas abrasões!,
eu já aprendi a não duvidar de ti,
jamais ver-me-ei vencido por teu porte,
mas se em ti eu pudesse refugiar
alguma esperança de união entrelaçada,
se tueus rebentos lânguidos de prazer
sugerem em meu interior um paraíso
que nunca pude chegar a ele
por ser demasiado frágil sua masmorra ,
¡oh,deserto dos mortais!,
a vida trivializada é o espelho do alma ,
¿por que me abandonaste a este desterro?
,em verdade falta não fazia,
¿porqué me fazes sofrer?,
em verdade que não leva a nada,
¿por que finges quando em realidade te comove?
,alma sensível invejosa
da vida de outra alma sensível invejosa,
as duas atrapadas em procura
de uma
terceira alma sensível.
A escalada da montanha faz-se dura
pela adversa climatologia,
não pela fereza de suas vertentes
ou pelo estreito de seus desfiladeiros,
todo isso faz parte da figura do amor.
E que dizer do espalhamento,
as belezas de suas cordilheras,
uma montanha primeiro,
depois outra e outra mais,
uma sucessão de montanhas.
E eu num deserto,
me alimentando das bagas
que saem de meus olhos.
Serei pois amante das rosas
disfarçado de espinha cruel,
numa
árida terra,
para oferecer-me maior defesa
no sentir de um mundo falso e egoísta.
¡Oh,doce pasto apetitoso!,
afasta-te de mim se vens só para o resto,
porque eu, apesar de viver no fogo,
caio num abismo
que me paralisa como o frio
numa guerra à que lhe chegasse o inverno.
¿Para onde ir senão contigo?,
doce amor de meu amor,
eu te preciso para sair deste deserto.
Xurxo fernandez gonzalez