Gustavo cedo abandonou estas teóricas invenções e outras de
apelo a uma meditação e equilíbrio com a natureza, porque como ele dizia estava
já a coisa equilibrada, assim que o ser
humano pertencia a essa natureza, e nada nem ninguém melhor que a própria pessoa
para entender que é um ser que medita o que está lá fora já meditando por nós,
e de que maneira!. Agora era Deus,para Gustavo, o macho salvador montado a
cavalo e cuma longa espada que vinha a arranjar os problemas da falta de fé
na vida,na sua vida,naturalmente . Começou
assim a ler livros de epopeias e cabalherescas condições de personagens que
chamados por nobres e reis procediam a conquistar a terra ,em nome duma fé nova
que resplandeceria com a derrota dos infieis .Formou-se assim nel uma concepção
dum mundo de Cruzadas!. Acudiam fidalgos como ele a reuniões onde se ensalzava
a figura dum Deus todopoderoso que veria a salvar à humanidade, como un
cavalheiro andante en tempos antigos, nos que as sociedades e as costumes
permaneciam ainda com a influéncia doutras formas de pensamento, mais acordes
com a natureza. Reuniam-se nas luxuosas grutas onde antes era outra a palavra
de nossas e nossos antepassados,onde antes eram cavidades da decência por viver
com a mãe da terra, respeitando-a!.
Mais eu..., que posso dizer?
“·Oh, dor que em
mim fazes imersão!,
Livra-nos do opresor num ato de bênção!,
Ensina-nos !, luz
da terra, a amar
Como deveramos"
Em fim!...,era o
princípio do fim...,era o princípio do fim da influência genética na
hereditária filosofia comunista e libertária de Gustavo,pois como digo, já ele
agora reunia-se nas luxuosas grutas onde antes era outra a palavra,a de nossas
e nossos antepassados. Passaram os anos e fundou o” Partido da Santa
Vitoria”.
Bem!,fixemos assim
um percorrido pela história e vida de Gustavo,mais agora,deixemos,por fim, que
fale ele e sejam as e os demais quem expressem-se também:
- Para mim é fundamental o equilíbrio. Sim,
claro que sim!, ...jajaja...dêem-lhe mais forte! ,jaja...mais forte ! -dizia
Gustavo a um de seus servos-
Estava ele subido agora num balaiço, num dos estensos parques
que frecuentavam no Estado de Montipoula, enquanto um grupo de indígenas tocava a trombeta.
Gustavo, acho que é
hora já de reunir-se com as e os representantes da Câmara de Comércio e da
Carteira dos Valores e da Ética Económica, devemos deixar-te de balançar!; –dizia um dos seus lacaios que lhe acompanhava -deves assim entende-lo!;
nós, teus servos, já sabemos o muito que gostas em balançar -te, mas, deves
entender que se faz tarde, faz favor!, Gustavo!, deves entendê-lo!
- Sois demasiado aborrecidos e cumplidores, malditos servos!,
nós os empresários da política precisamos diversão, e que a originalidade seja
a que incida em nossas horas de lazer e esparcimento, e também nos minutos e
segundos que temos entre uma obriga e outra, também,...em fim!; creio que fica claro! , como é agora este
intermédio no que dou rédea a minha imaginação com este fluído subir e baixar .
Por trás do parque achava-se o Banco Central de Montipoula.
Gustavo estava de gira político empresarial. Representava ao Estado Federal dos
Vales do Amor. Era sua primeira reunião oficial como empresário no alto
comissionado da seguridade e proteção do
sistema de mercado, uma coisa feita para a defensa,segum elas e eles diziam, da
boa ética e revalorização do estado do bem-estar, já que eram tempos em que
este tipo de questãos estavam a ser ,postas em dúvida, porque, a verdade!, podia
existir talvez um estado com esse nome?
Alinhados a ambos
lados da comitiva empresarial tocavam os indígenas as trombetas, enquanto
outras e outros como vespas e abelhas iam de aqui para lá com pratos de
entradas, coquetels e viandas.
Gostaba Gustavo de
escrever nos momentos das questões protocolarias das grandes reuniões. Enquanto
se balançava , um empresário do ramo têxtil de Montipoula jogva-lhe a fumaça na
cara a modo de cómica adaptação teatralizada, para dar a sensação dum dia com
névoa. Esse tipo de coisas inspiravam-lhe a ele, que com caneta e livro de notas nas mãos esperava o momento da
idónea inspiração, enquanto não deixava de subir e baixar o baloiço,sujeitado à
estrutura metálica com seus convenentes e grossas cadeias às que os servos
estavam colados
- Vos dais conta, aborrecidos lacaios, vos dais agora conta de
qual é a diferença entre um empresário e um lacaio?; nós temos bom sentido do humor e nos deixamos
fazer estas coisas. Mais fumaça,mais sensação de nevoeiro! -dizia assim
Gustavo, enquanto olhava com sorna e ares de superioridad a seus dois fiéis
serventes; atravessar esse olhar ate chegar ao coração dos serventes então,
para assim deter-se no empresário do ramo têxtil de Montipoula solicitando dele
- Vos dais conta, aborrecidos lacaios, vos dais agora conta de qual é a
diferença entre um empresário e um lacaio?.Bem!,já está, abonda de fumaça!, vou
escrever uma carta. Ah!,minha cara Fuxa!,terra que me veu nascer,eu volto a
ti,agora que já sou maior,após tantos anos afastado de tua beleza e condições
singulares conhecidas em todo o vale do Amor:bem!,será uma carta de invitação,
e como sempre,escrevê-la-ei de meu punho e letra enquanto soam as trombetas.
A Carta era esta:
“Como bem sabeis novos acontecimentos estão a acontecer na
terra. Mas também meu aniversário achéga-se. Tenho aqui, e ti adiante de teus
olhos, uma carta de convite. Os novos acontecimentos e que eu cumpro os setenta anos misturam-se. Vou celebrá-lo ao grande ,como
sempre, embora mais engenhoso. Fruto dos tempos que nos toca viver que
condicionam os novos limites impostos pela austeridade é quando deve sair a
graça e a espontáneidade própria de quem como eu se dedica à arte da
interpretação e da política. Agora bem!,
eu volto a minha terra, lá em
Fuxa, algo que em realidade, e ainda que soe a tópico dizer, eu nunca
abandonei, igual que não pretendo vos abandonar a vocês. E para celebrar
as duas coisas, o de cumprir anos e voltar a minha terra convido-vos,
que não convoco, a desfrutar e sobressair em paixões no dia da minha
onomástica, o doze de avril. Será algo apoteósico e descomunal. Terá festa carnavaleira.
Venham disfarçados de qualquer variedade de espécie da criação, dentro do reino
animal!. É meu desejo então que um dia antes
estejas em Fuxa, ao meio-dia, para assim comigo jantar, também disfarçado de cualquier variedade de espécie
da criação, dentro do reino animal!. Este último será um ato protocolário de
democrácia participativa, se a sorte acompanhasse-te, como bem já sabereis por
outra carta na que explicarei o processo de selecção que se fixe convenente e
outras pautas de comportamento da esência deste evento anterior ao outro grande
evento como é o meu aniversário . Falaremos, após a ingestão e duma soberana
sesta, de temas de enorme transcendência que poderão fazer mudar a história.
Tanto o aniversário como a reunião protocolária do dia anterior serão
oferecidos na enorme mansão que possuo, lá onde se encontra a
“Loma da Mordomia Terciária” no Estado Federal dos Vales do Amor,em
Fuxa.
Recebe um cordial
abraço, um beijo, acenos ou o que desejes,
_ Gustavo o Elefante_
Ia ser seu setenta
aniversário então. A missiva foi entregada à amplísima relação de convidados e convidadas ao evento. Mais
devido à relevância do autor da carta foi esta uma coisa de conhecemento
público em todo o Estado Federal dos Vales do Amor.
O de que “se a sorte
acompanhasse-te, como bem já sabereis por outra carta”, correspondia ao fato de
que só umas e uns poucos iam ser as eos privilegiados para reunir-se com Gustavo o Elefante o dia
anterior de sua onomástica na mansão. Esses poucos e poucas sairiam dum sorteio
que teria lugar três meses antes do aniversário de Gustavo. Nessa cerimónia
prévia ia estar convenentemente estabelecido o guião teatral por ele. Assim, a
cada uma das convidadas ou convidados, numa espécie de ritual que pretendia ser
original teria um papel que representar sem sair-se dele até o momento em que
todas e todos estivessem sentados para comer. Era algo assim como um jantar
entre políticas e políticos,só que aqui Gustavo não elegia ele mesmo a essas
eleitas e eleitos, quem representariam as aspirações de determinados seres da
creação com suas ideias políticas gerais de reinserção e progresso,segum
ele,claro.
As câmaras de televisão de cor rosa como o mel rosa iam estar
presentes também nesse ato protocolário . O sorteio cumpriu-se e a fortuna foi a uma minhoca, uma lebre, um colibri, uma
tartaruga e uma cerva.
Enquanto, no Estado dos Vales do Amor,numa zona de terra
quasse desconhecida,quasse ailhada e a que chamavam com o nome de Fuxa,onde
nascera Gustavo, as gentes do lugar acordavam, eo faziam com a notícia que
levava essa carta
Mas uma dúvida assaltava. Era Gustavo um homem ou um elefante
que sonhou ser de jovem comunista e depois um político empresário corruto?,
eram a minhoca a lebre, o colibri, a tartaruga ea cerva uma minhoca, uma lebre,
um colibri, uma tartaruga e uma cerva, ou eram pessoas disfaraçadas?. Qué era
Fuxa, cómo era Fuxa,?.
CAPITULO II GUSTAVO O ELEFANTE PREPARA-SE PARA O
ACONTECEMENTO
No virar da roda da
Deusa Fortuna desenhou-se então, outra vez, (tantas já!, e não cansa-se a roda
de dizer que é um suspiro da cor invisível
da casualidade o que nos liga, e um suspiro o que nos afasta de toda a
faculdade) um novo traçado caprichoso. Gustavo voltara de Montipoula e
estava já em Fuxa, na Loma da Mordomia Terciária,na mansão que lá possuia. Desde
o momento em que se fixou o sorteio até o outro no que celebrou-se a reunião
anterior ao aniversário de Gustavo
passaram os diass muito agitados e loquazes na vida das diferentes
espécies que pelos arredores da montanha de Fuxa rondavam. O bisbilhoticie de
seus vizinhos e vizinhas. Pelas fazendas, lagos e cerrados mais próximos à
mansão corriam os murmúrios desqualificadores como os da família de Rãs
Vermelhas que emigrassem já fae anos de Costa Rica: “Esse elefante bem pudera ir-se
de aqui, é um estridente que quebra a harmonia da montanha”, dizia o progenitor
do clã, ou este outro: “O sorteio está manipulado, é todo um fraude!, valente elefante
capitalista!”,como assim asegurava a única Girafa que por lá encontrava -se e que viesse de Somalia. Outras voces
escépticas haviam, com a inquietude na dúvida
filosófica e revolucionária das inocentes e belas bestas selvagens,
acossadas e puras, as mais aguerridas em consciência ante as possibilidades que
oferece a vida na sua translação.Tal era assim que respondia o hipopótamo do Lago Pálido a uma cambota
que vivia numa cabanha cor-de-rosa com ninfas e libélulas : “Certo é que trouxo
consigo o progresso nestes lugares, porém o progresso em bens materiais também
chamou a ele e deixou-se corromper. E agora volta em nome da verdade e a
justiça. Não me fio”.Também havia os e as benfeitoras próprias e própios do bisbilhoticie
romântico; assim era tal que diziam ao unísono um grupo de rolas e pombas
silvestres num coro triunfal: “é capaz de pintar-nos o céu com tal de
ver-nos felizes”, ou este outro dizer rosa, totalmente desmedido e apaixonado
no louvar, que saia da voz duma parasitária e solitária formiga azul que vivia
numa pequena choça de madeira do tamanho duma caixa vazia de fósforos grandes
e brancos “é o Messsias de todas as espécies da terra”. Por conseguinte, os
diferentes pontos de vista despregavam-se sem ter um critério unificador. E
chegou o dia anterior do aniversário. As câmaras da televisão e microfones
apareciam por todas partes do jardim da mansão do elefante; por lá estava ele,
e falava em voz alta :
- Primeiro, para isto da aprendizagem no mundo da rima bem
valem compor uns versos como gotas de água que subem para acima, -dizia o elefante
com olhadela entre satânica e perdida -, uns versos que tenham não já uma dupla
leitura, senão até três e quatro também. Dessa maneira aglutinarei a quantas
espécies da terra sejam necessárias. Porém é necessário um pequeno grupo
azarento, como este de hoje que seja ao mesmo tempo testemunha de meus desejos. Fazer assim que caia o peso
de tal democrático estado nos atributos de pessoas tocadas pela famosa vara do
poder. E como eu tenho esse poder agito-a. Se há que dar a voz ao povo, que
seja assim então, e segundo as leis das casualidades; e então chora enquanto eu
olho a vara e a hora...,isto...,não! ...perdão!, o que quero eu dizer é que
agito a vara que o poder outorga-me, enquanto olho a hora que é, a ver se
começa isto duma vez. Em fim!,...acho que algo assim era...-continuava falando
o elefante no que eram ensaios de última hora,dantes de que as câmaras de
televisão eo espetáculo desse começo, uma semana mais,como todas as semanas e
em hora de máxima audiência.Agora desde Fuxa,a terra que veu nascer a Gustavo
-Algo assim é, ainda que não te preocupes muito que também
essa parte não tem muita importância –dizia agora Estilikão, o conselheiro
maior de Gustavo o Elefante, que sempre estava aí para lhe ajudar ante as
dúvidas filosóficas,de amor e de guerra, e em general todas as dúvidas que a
seu amo se lhe pudessem aparecer em qualquer ponto do planeta e à hora qualquer
que se dignassem em aparecer para cúmulo de males.
-Como? .Que não tem importância?.Igual quem aqui não tem
importância és tu, será possível!. Justo quando estou a falar do galho do poder e de minhas faculdades ante tais desígnios!. Santa Mãe a que a
nós escutas!, perdoa-lhe!, pois a verdade que não sabe bem o que faz este teu
filho, que a mim tão mau protege-me! ... , em vez de bem me conducir - dizia
agora Gustavo olhando aos pés de Estilikão - negas meu património de comando e
dote para a condução do rebanho à mesa...
- O que quero dizer é que se continuamos assim não acabaremos
nunca, e já quase é a hora...
Agora interrumpia o
Elefante a Estilikão, estava declamando:
“Dize-mo ti, paro eu,
Agora toca
E toco eu.
Volto a dizer eu
E já vão dois,
Agora tocas ti
E ti também com dois.
porquê é assim e não deixar entrar
Ao ar para que descobra este mistério
E que refresque nossos corpos
Abatidos por este calor de inverno?"
Eram pois, os últimos ensaios, próprios de quêm revisam os
últimos conceitos antes dum exame.
-Bom..., não está tão mau! –continuava a falar o Elefante-, a
declamarei como se fosse um ato espontáneo, repeti-a-ei várias vezes enquanto nos
dirijamos à sala de jantar, isso é!, mas devo aperfeiçoar os saltinhos, o que ocorre
é que já não tenho tempo, como tu dices. Embora, , ¿porquê calas agora quando
deverias falar?
-Bom!, francamente bastante bem. Os saltinhos têm que ser mais
espontáneos...- dizia Estilikão ao Elefante-
- Quem dedicamos-nos a divulgar nossa obra em benefício da
humanidade, e se o guião assim o requer é evidente que devemos de oferecer o melhor
que de nós possa salir. O fato de que não esteja eu dotado da agilidade
necessária para dar esses saltinhos não implica que eu não queira-os dar da
melhor maneira que acho que se possam dar ; a exigência em minm é enorme,não
tão monumental, desde logo, como minha contribução corporal.
.-Vá!, pois agora, a verdade é que dito assim francamente o
que eu recomendo é que estas palavras tão cheias de aplastante lógica que ti
acabas de expùlsar por tu boca sejam assim mencionadas quando chegue o momento
em que estejas adiante das câmaras, chegada a hora em que o instinto
declamatorio tenha que sair todo desde dentro para afora,como se dum prematuro
vómito se tratasse...
-¿Vómito? –interrompia agora o Elefante a Estilikão
Amigo pois das artes, mas a verdade é que só gostava quando a arte
saia dele. Gustavo o Elefante! O demais era aborrecido se não se fazia como
gostava. Porém como elefante público que era, estas egoistas paixões que
brotavam quando estava com a comunidade as disimulava de tal modo que as
enfeitava como se fossem beneficiosas para o mundo inteiro.
Assim pois,era Gustavo um homem ou era um Elefante que sonhara
com que fora comunista na adolescência e depois um político empresário
corrupto?.
Era a mansão dum estilo eclético, próprio da corrente arquitetónica
dessa época, que ia em sintonia com o leque de novas possibilidades que surgiam
na comunicação. À fachada da grande casona chegava-se acedendo por uns jardins
nos que a placidez reinava na mistura de suas diferentes composições florais:
Alhelíes amarelos com sardas de vermelho pardusco, rosas silvestres de
diferentes estilos e cores, parreiras de hortênsias trepadoras, cravos, e assim
um longo continuar entre o murmurar das folhas nas árvores e o trinar de
diferentes aves.
“Dize-mo ti, paro eu,
Agora toca
E toco eu,
Volto a dizer eu
E já vão dois,
Agora tocas tu
E tu também com dois...”
Dizia e dizia assim uma e outra vez o Elefante, brincando com
os pés e mexendo sua pequena cauda
CAPÍTULO III ENCONTRO DO URSO E O COLIBRÍ
Desde o lugar que
chamavam a antiga Cova do Plantígrado Cavernário, la em Fuxa, vinha subindo o urso.
Estava despistado. E perdeu-se pelo caminho, dando assim voltas e mais voltas
até que se sentiu vencido. Passou um pequeno sendeiro de eucaliptos e
encontrou-se uma diminuta bicicleta apoiada entre uns toxos, quatro ou cinco
seixos e um tronco de árvore seca e
cortada. Estava estupefato pela dimensão do veículo! O som de um pequeno arroio
chegou-lhe como corrente auxiliadora pelo circuito sensorial comum. Baixou
entre a maleza uns metros e encontrou-se cum passjarinho que bebia da água
purificadora
-Olá, formoso colibri. Que calor de primavera! -disse o urso
em voz respetuosa e de obrigado cumprimento-
-Certamente, um calor de primavera, isso é!, porque..., é evidente
que estamos em primavera, vá!, que exclamação tão rara, mas, ...o cortês não atira
com o valente que um deve ser! Bem!..., Olá! , De onde vens? –dizia assim e de
tal maneira que era o Colibri ao Urso -
-Estou perdido –responde o urso -
-Isso não contesta o que te perguntei. Volta a dizer outra
vez!, e refletir sobre o perguntado.
- Venho desde a Cova do Plantígrado Cavernário e...
-¡Alto! –interrompeu-lhe o colibri. Já tens contestado. Não
tens que dizer mais. Reflete sobre o que se te tem perguntado. As coisas são
assim e não doutra maneira, entendes? Está claro, por outra parte, que eu não
tenho posto as regras, embora as coisas são assim e não doutra maneira,
entendes? responde!
O urso, realmente assombrado pela forma tão directa de falar
do passaarinho estava desconcertado e contestou de maneira amedrontada:
- Não sêi se entendo.
-Bom..., está bem!, é essa uma resposta dubitativa mas está
bem. Agora podes respirar tranquilamente se queres.-Achéga-te e refresca teu
corpo! Tu és bom, verdade? Assim parece ser!. Eu dizer-te-ia uma coisa .Não te
deixes submeter por nada nem por ninguém, como agora eu neste jogo malabarista
e embaucador te tentei demonstrar, e tal é de modo que eu te volto a perguntar,
entendes agora?
- E o urso passou num suspiro de ter o corpo em tensão a estar
mais acalmado, e contesta de maneira já mais relaxada:
-Sim!
-Sem medo, Sem medo..., podes estender-te nas contestações. És
livre!, podes...
-Cala-te!, -diz agora o urso encolerizado, fazendo espaventos
com suas garras enormes e suplicando com a mirada ao céu-. Pareces um colibri
muito arrogante!. Porquê tem que ser tudo isto como tu estas tramando? É um
jogo no que não quero participar.
Agora o colibri, que tinha um bico enorme, que do enorme que
era resultava na arte e mérito da proporcionalidade, sendo sua altura o triplo
que a de seu corpo, entretia-se movendo
dita extremidade dum lado a outro, ao mesmo tempo em que emitia secos e breves gorjeos do disimular, muito
vanguardistas para um colibri, do mais moderno e jocoso que se pudesse esperar no mundo
inteiro. Para o bico de mexer-se e projeta-se sobre a figura do urso sinalizadoramente,
ao mesmo tempo em que diz o colibri.
-Assim gosta-me, e permite-me
que te diga, assim gosto, meu amigo, acabas de demonstrar saber num momento
dado defender-te. Porém, tranquilízate.O certo é que já sabia eu que vivias lá. Por teu aspeito
dizer-se-ia que estás perdido.
-Vá!, és talvez um colibri que lê a mente?, isso é o que te
disse faz um momento, que estou perdido. Mas, e tu como sabes que eu vivo ali? eu não to disse, disse-te que vinha de ali.
-Bem, vejo que também tens memória, onde vais? –pergunta o colibri
ao urso - Deixa!,não respondas!, já o sei
-À casa de Dom Gustavo o Elefante, Conhece-lo?..., ali onde
a Loma da Mordomia Terciária...,mas...como
sabes que vou ali?
- Primeiro deves saber que eu sou um colibri com bico enorme. Isso
para um colibrí como eu, concienciado, faz que me converta numa excepção dentre
todos os demais colibries; então e de tal maneira que é assim fácil adivinhar
certas coisas, ainda que também quero dizer que tudo isto é em benefício do
colibri, porque se não fosse colibri poderia ser uma simples casca de noz, imagina-te!,
que faria eu? Porém agora estás perdido e a ti é a quem se deve ajudar, pois
ainda que pareças ferido de morte pelo turbado de tua situação, eu te digo a ti
que pode-se!. Poder-se-á ver cumprido o sonho
que com o exercício de tua vontade inquebrantável e o devido afinco por
sair do buraco no que te encontras requere, pois com o que de ti se espera que
só fique a sensação de que teve um dia em teu mar interior de efémeros
pesadelos, e assim irão a tua orla a te
dar as boas-vindas os golfinhos de teu corte e paixão. Assim o entendes ti
também, verdade?...raciocina se queres e contesta-me, que bem podes se queres
fazendo um esforço de entendimento, e com teus olhos ser testemunho do que dita
o coração. Compreendes o que digo, verdade?
- Pois verás, como quem diz, duas palavras sim e oitenta e
sete não, ou mais bem e melhor, entendo ligeiramente tuas palavras e prefiro eu
a partir daí fazer minha própria redacção, calcula então se queres quanto
poderia então demorar em te compreender!, colibri, mas, ... segues sem
responder-me, e tu como sabes que eu vivo ali, na Cova do Plantígrado
cavernario?
-Bom, está bem, respondo-te, mas antes te devo dizer-te que eu
vou também até a casa de Gustavo o Elefante.
CAPÍTULO IV GUSTAVO O ELEFANTE E
UMA SITUAÇÃO INESPERADA
O Elefante agora encontrava-se sentado num banco de pedra, ao
lado da fonte central do jardim; dita fonte recordava algo à dos quatro rios de
Roma, da Piazza Navona, só que esta era mais discreta. Vestia
elegantemente, com cuecas e calças de cor vermelha que lhe cobriam as pernas, como
correspondia à nobreza antiga, com bordados de ovelhas e cabras, ambas
submetendo às barridas da perna por médio dum jogo complexo de cordeis entrecruzados. Cobrindo o torso ampla túnica
de seda com flecos de enfeitos dourados. Levava consigo uns cartões.Era o dia
prévio a sua onomástica e a hora em que as eleitas deveriam chegar. Como se um
set de plató parecesse, as câmaras dividiam-se em várias zonas. Desde a zona número
um oferecia-se um plano geral onde se divisava o jardim, e no fundo a mansão. Jorobum
ia dum lado a outro, era o director de orquestra da ópera rosa. Tão cedo ia à
zona três para falar com o realizador para sugerir-lhe uma maior abertura do
plano como se punha a tocar o violão. A zona três era onde estava a fonte e o
banco de pedra. Jorobum levava um bigode delgado com pontas longas para acima e
formando curva. As zona mais próximas às comissuras estavam convenientemente
barbeadas. Era um bigode considerado hoje como o grande bigode de Dalí. Existem
outros bigodes, como o que luzia Esmirriako, como assim se chamava o
realizador, discreto e uniforme bigode que ia de um extremo a outro das
comisuras labiais. Porém o caso de Jorobum era excepcional, já que era a coisa
dele dum caso particular de devoção pelos bigodes; tal era assim que acomodava-se
a qualquer estilo que fosse extravagante, como o inglês ou também o
imperial,mas agora eram tempos de palcos, focos e bambolinas, e nada melhor,
segundo ele, que aquele bigode que depois passaria a ser o grande bigode das
pessoas extravagantes. Estava já todo disposto para que começasse o espetáculo,
de tal maneira que Jorobum fiz um gesto confidencial ao elefante com seus dedos
de que tudo ia bem, depois de entreter-se uns segundos mesándose o bigode
lançou como um grito de guerra - Tudo bem por aí abaixo?- então o realizador dá
sinal ao director rogando-lhe que esperasse um momento..
Agora Esmirriako apanha uns guijarros pequenos e colérico aponta
com eles a Espirrim,o encarregado da câmara móvel, enquanto este último defende-se emboscándose, apanhado detrás duma
cadeira e cuma pasta enorme sujeita com os braços.
- Que todo vai bem?, serás idiota!, não vês talvez onde está
Espirrim?. Porém..., Maldito sejas Espirrim!, porquê fixas a câmara móvel agora
sobre o facistol, é que não vês que aí não há ninguém?, em que estás pensando?
–dizia agora o realizador Esmirriako gritando como se fosse o mesmo Hefesto
quando se inteirou do de Ares e Afrodita- Segue à Cerva!..., é aí onde se foca!
-Mas, não ia o Elefante a começar no facistol? –replicava
Espirrim-
- E quem disse-te a ti isso?
-É uma suposição.
-Uuuuuff, Quanto incompetente há que aguentar!, e é que agora
segundo tu tudo isto se trata de um supor, serás atontado?
- Está bem!, deixem de fazer o burro, -dizia agora Jorobum,o
diretor- e sendo assim que de tão mau
que fica isso que afea ao burro e a quem o representa no fato. Bom, Gustavo!,
agora é quando começa a verdadeira
representação .O guião estabelecido por ti deve de começar. Bem!,e é que,...entramos
já ao vivo para toda a audiência
pública!, achéga-se a primeira convidada Adentro!:
- Já estão aí outra vez esses pendencieiros! - dizia a cerva, a primeira em chegar.- Olá Gustavo ,
alegro-me muito de ver-te, perdoa que entrasse assim tão sorpresivamente, já me
entendes, mas a verdade, esses servos teus desprendem um estrondo demasiado
irritante para o ouvido sensível dum ser como eu. Em fim, desejo-te que a
tranquilidade reine em tua memória e que cumpras mais anos dos que tu desejes,
se é que isso pode ser certo. -Enquanto isto dizia apanhava um cartão que lhe
era entregado pelo mesmo Gustavo. Para a cada uma das e dos que ali iam-se reunir correspondia um cartão
–Embora..., vá...!, ¿quem está aí...,detrás tua...Ah!...,se é..., oh!,
...,trata-a como bem se merece!
E o guião estabelecido pelo anfitrião, Gustavo o Elefante
devia de continuar:
Assim é que sente o elefante como se alguém lhe estivesse a
atirar de sua extremidade posterior. É tímida a lebre, trata-se de ela!,
escondida pela parte trasera do banco onde Gustavo sentava-se. Ela lhe mordia
ligeiramente a cauda em sinal de amizade
a ele; Apanhou-o de surpresa!. Ficou a lebre colada com seus dentes ao elefante,
parecendo ela um grotesco prolongamento da cauda dele.
-Mas, quem está aqui?,
se é a lebre, vêem comigo!, Oh! ,minha
cara açucena!,- diz assim o elefante, com gestos sobre-dimensionados, depois de
se dar a volta e agarrar a ela com a tromba, descolando-a da cauda e enchendo-a
de beijos e carantonhas-.
- Solta-me, Gustavo!, demandava assim ela, ruborizada e
movendo suas patas dum lado a outro bruscamente, tentando fugir do elefante anfitrião,
enquanto a este uma comichão leve em seu pé esquerdo se lhe ia estendendo para
acima, tal era assím que preso dum nervosismo e excitação inusitado a cada vez
enrosca mais a tromba.
-Gustavo,que afogas-me!. Se não por ti, por teus filhos! que estão em Moçambique,
Gustavo!, atira-me de aqui! – exigia a Lebre-
E o guião estabelecido pelo anfitrião, Gustavo o Elefante
devia de continuar:
-Mas, que é esta sensação que desde abaixo sobe pelo meu ser?...,
Oh! perdoa minha cara amiga Lebre..., porém...-diz o elefante- volta eu a
dizer!..., que é esta sensação que desde abaixo sobe pelo meu ser?, não posso
mais das cócegas!. Aliviou a pressão à que estava submetida a lebre; tal assim
foi que abriu-se a tromba de todo e a lebre caiu. Enquanto, alguém se divertia
no pé do elefante causando-lhe esses comichãos. Os cartões que levava para
repartir voaram, e raudos e velozes se apresentaram três estorninhas para os
recolher.
-gha, gha..., gha... basta!, faz favor!...mas..., se é... Oh, Minhoca!
–dizia agora Gustavo-ja mais calmado, -porém, que brincalhã és!. Descomunal teu
tamanho para ser da linhagem da que procedes; pequena para minha condição tão
colosal, embora formosa dentro das formosuras. Devo eu ter cuidado de não fazer-te
dano. Não te tinha visto entrar, boas-vindas!
-Trabalho deu-me chegar até aqui, não te creias – disse a minhoca-
-Não te preocupes, em seguida o jantar e depois dormiremos uma
sesta...
CAPITULO V AS INOCENTES CUMPLICIDADES DE URSO E
COLIBRÍ
Enquanto tudo isto
ocorria nos jardins da mansão de Gustavo iam urso e colibri pelo caminho que
lhes levava a dita residência. Passavam agora pela parte traseira dos
senvencilhados estábulos da propriedade que antigamente tivesse a Marquesa do Vale do Florido Amor,
para ato seguido, e em vez de continuar para a direita subir a custa do
“Adivinho Perigoso” e logo torcer à esquerda e desviar-se para o Mosterio do
“Apetite do Corvo”. O certo é que iam dando um rodeio mas que muito grande,
ainda que divertido. Agora o urso poder-se-ia dizer que estava já totalmente
perdido, ainda que a verdade era que este urso levava muito tempo aturdido, e como
consequência de tal momentánea indisposição oferecia como resultado o equívoco
panorama conceitual de uma absoluta desolação. Estava pois como confundido, não
vencido!, e com a sensação de ter-se perdido, quiçá seja assim melhor a
definição.
-A estas horas já devem estar todas e todos reunidos. Chegamos
tarde. Porém temos tempo. De fato temos o tempo que o destino nos depare. Nem mais
nem menos, -dizia o colibri, passarinho
de verde metálico, que ia montado na pequena bicicleta-, mais o passarinho era
plenamente consciente e sabedor de qual era o caminho. Algo lhe levava a entreterse
com o urso desviando-o do caminho.
-¿Tu achas que poderá ser como diz Gustavo, um evento
apoteóseco, o dia de sua onomástica? –Pergunta-lhe o urso ao colibri-
-Não sei a que refere-se
Gustavo por apoteóseco -responde colibri- ao misturar seu aniversário com a
revolução. Eu a isso lhe chamo egolatria.
-Bom!, parece como se não lhe entendesses –dizia agora o urso-;
ele é assim, gosta tanto da comédia como da tragédia. ¿Por qué convidou-te a ti?
-Bem!, em realidade a mim não foi a quem convidou realmente. Verás!,
tenho que dizer-te que te estava a
procurar, urso..., te estava a procurar quando te vi., ainda que para ser mais
preciso vale melhor dizer que te estava a esperar. ¿Vives só ?
-Assim é, porém recordo-te que segues sem contestar à
pergunta, ¿como sabes que vivo ali?
-Já to digo agora, mas, ¿quando conheceste a Gustavo?, ¿se é
de modo que chegaste-o a conhecer?
-Faz muito tempo, fará disso uns cinquenta anos,¡todo um combatente
pelas liberdades! – dizia agora o urso, ao mesmo tempo em que parava de andar
sobre as duas pernas posteriores, saltando fortemente sobre a terra que
permanecia molhada pelo efeito de um pequeno charco-
-Confundes-te, meu amigo, porém...,para de saltar!, estás a
deixar-me o colete cheio de lama. Confundes-te!, os tempos mudam e as formas e o
pensamento também.
-¿É que talvez não é assim? , - dizia o urso franzindo o
cenho- eu lhe salvei a vida uma vez,
quando introduziu o pé num esgoto nas revoltas do famoso ano conhecido como
invisível. Uma bandada de cães polícias selvagens acossavam-no, e eu com o fogo
os intimidei,fae uns cinquenta anos. A mim prenderam-me um ano por isso, e
desde essas me refugiei na cova, e tanto me refugiei que dormido fiquei, até
que acordei fará coisa de dois ou três meses talvez. Embora,...porém..., estou
farto de que não me respondas à pergunta!, como sabes que vivo lá, na Gruta do
Platígrado Cavernario?
-Bem, já to digo agora, porém, ¿Como dizes te chamar?
-Simplesme Pierluquim ¿e tu, Colibri?
-Chamo-me Colibri. Simplesmente Colibri, em isso baseia-se a
diferença entre tu e eu
-És tu um bicho raro, ¿sabes Colibri?
-Tempo ao tempo e saberás, Pierluquim. O que sim é certo - fala
o Colibri- que se estão a produzir feitos de enorme importância na evolução de
todos nós; situações que afetam de diferente maneira não já em alterações duma
espécie determinada senão no comportamento e desenvolvimento individual, de
modo que, nestes novos tempos, o de ser um bicho raro ou não é muito relativo.
Mas falemos de ti e com isso contestar-te-ei a tua pergunta que segue sem
resposta. E como quase toda a pergunta é merecedora de sua contestação e leva
ela consigo uma história que contar começo pela história e respondo à pergunta.
A questão é que tu não tens sido convidado ao aniversário de Gustavo, foi um
sonho de fae três meses que se prolongou em outro sonho de faz muito mais; os
dois sonhos produzidos por tua mente trastornada que quer sair da prisão, como
se tivesses recebido um golpe muito forte e entrasses em coma e agora te
estivesses a recuperar
-¡Mentira!, -dizia agora o urso Pierluquim chorando com
lágrimas de urso ferido no orgulho, e lançando ao mesmo tempo um uivo atroador
que acordou a uma alcateia de caracoes com forma de lobo, que agora babujavam
freneticamente, para fugir de onde procedia o que a eles parecia- lhes um
furacão-. Ainda que, agora que o dizes, não sê se te crer, estou bastante
aturdido, perdoa-me!...,oh!..., porquê
sou tão infeliz? –chorava e chorava o Urso de tal modo que formou um pequeno
tanque ao que chegaram pequeníssimos peixinhos de cores- Algo disso pode que seja assim de fato, eu
mesmo sento como em meu corpo se estão a produzir transformações desde que fará
coisa dum mes leio os contos de Piloverim, Viva Piloverim! –diz agora o Urso
mais tranquilo, num efeito de contrariedade absoluta com o estado anímico
anterior depressivo, para ato seguido jogar um bocejo atronador-
- Piloverim! – exclama o passarinho-
-¡Oh!, um ursinho pequeno muito mas que muito pequeninho, que
escreve contos e fala entre outras coisas de que no processo da consciência há
uma etapa pretérita para chegar a ela de confusão nos organismos vivos ao não
reconhecer-se eles mesmos como uma identidade particular duma espécie determinada; assim, estas orgânicas matérias
quando olham-se adiante de um espelho crêem ser o que não são. Dependerá de
cada um destes seres que a verdade penetre ou não dentro de suas almas e
cheguem por fim a se reconhecer como o que são e não outra coisa. E para pôr um
exemplo, como ele diz, que melhor que nossa raça de ursinhos pardos que nesse
estado intermédio entre a ignorância e o conhecimento não saberão diferenciar o
fato de que existam pássaros com consciência do fato de que esses pássaros não
sejam humanos. Eu, a verdade, que não entendo muitas coisas, porém estou muito
bem quando leio o que escreve Piloverim.
- Vá!, que classe de coincidências mais estranhas!, dessa
coisa é do que eu queria te falar também, e resulta que é o que estás a ler.
Assim entende-se que ti me vejas a mim como um Colibri e não como um humano
porque tua conciência começa a acordar, embora eu, como levo mais anos que tu
de conhecimento sim que sê bem discernir, pois a consciência ativa a clareza
das visões, tanto se levas como se não levas lentes de contato tudo é mais
claro, ainda que se os levas preferível
é que os continues levando, pois nada tem que ver nem às três da
manhã...isto...,bom!...,que às...quatro; uma coisa com a outra...,isto...,bom!...,¡pois
isso! em fim...,que me perdo!...
- Que queres dizer? –interrompia o urso enquanto coçava-se
juguetonamente o umbigo - vá trava-línguas!
CAPITULO VI O
ESPETÁCULO DEVE CONTINUAR
A enorme habitação
que serviria de sala de jantar estava alagada da macia melodia dum cantar
tradicional. Uns dez ou doze estorninhos que serviam a Gustavo o Elefante iam de aqui para lá da estadia
com pequenos detalhes de último momento, em pequenos e coordenados ao mesmo
tempo que velozes voos.Uns acendiam os sobrios e de prata candelabros de pé,
que eram de considerável altura, outros esticavam com o fino bico os cantos da toalha de plástico,e em cima a outra, a
principal, a toalha de mesa, de extraordinário linho do Nilo, um enorme pano
branco de bordados com motivos costumistas de fábulas e lendas. Era algo espetacular!
Conseguia dar o aspeto de impressão desejado, com o que se afundava envolvente
sobre a enorme mesa de madeira de carvalho de estilo barroco, a qual dava à vida da toalha de mesa o verdadeiro sentido
de sua existência. Outras estorninhas, outras dez ou doze também, iam e vinham
desde o interior da mansão até onde
Gustavo estava; eram elas aos que se referia a cerva como servos irritantes. Era
uma formosa cerva ela, com saia quadrada furada na cintura e camisa veluda, de
mangas ajustadas, cuma elegante touca encaixada na sua cabeça com fita de cor rosa
e bem atada o queixo.
-Minha cara Cerva!, como podes ver estes “meus servos irritávels”,
como lhes chamas – falava agora Gustavo o Elefante-, são muito diligentes em
seu ofício, chegam quando têm que chegar e com grande mestria no ousado de seus
serviços. Eles estão aqui porque aqui gostam de estar e são bem-vindos.
Obrigado!..., muito amáveis sois!, -dizia Gustavo ao mesmo tempo em que dava
instruções às estorninhas- dêem-lhe um dos cartões à minhoca e outro à lebre,
que ficou feita uma bola, a pobre!
Efetivamente estava a lebre enroscada numa bola da que
sobre-saiam as orelhas. Tinha assim ficado configurada sua fisonomia depois de
que ao cair da trom,a do elefante, este
tropeçasse com um penhasco e fora a dar contra uns vasos colocados num pedestal
contíguo ao banco de pedra.
- Não é a questão da diferente opinião o que faz às coisas transformar-se noutras, senão a
acção das adestradoras vontades que as manejam –fala agora a Cerva -, sendo assim
que são ágeis no cumprimento do dever a ti retribuido e repudiável estas e
estes estorninhos, pois não deixam por isso de resultar-ne irritantes e ao mesmo
tempo muito simples seus gorjeos, embora, claro!, eu sou uma cerva e ti um elefante...mas...,
que vejo?, olhem!, acima da ponte!.
Por uma das entradas à mansão, desde oriente, tinha-se que
atravessar uma pequena ponte de madeira para aproximar-se ao centro do jardim,
onde as e os demais se encontravam. Debaixo dele figuravam as águas do tanque
num apacível ir e vir de nenúfares e folhas do loto flutuantes, misturadas com
os lírios pequenos, repolhinhos de água
e rosas de chá dispersas, que ofereciam maior sensação de subtil dinamismo
quanto mais se achegavam ao surco de água artificial que se apresentava em
cascata sonora devido ao roce de sua pureza com a húmida pedra. Por esta ponte
ia agora a tartaruga que tinha sido convidada ao evento de Gustavo
- Que nenúfares mais bonitos. Vão ligeiros como eu, levando a
casa flutuante eles e eu sobre meu corpo. Vão ligeiros como eu, é verdade,
parece que nada querem mais que navegar e flutuar e deixar que a vida em nossas
fantásticas ensomhações perviva...,mas...Ah!...já estou aqui, olá a todas e
todos!, bem-vinda seja a hora em que nos vemos agora! –dizia assim a tartaruga do
antigo linhagem das Sauropsidas, quem uma vez passada a ponte andava já sobre
as duas patas traseiras dando pequenos saltinhos de felicidade, ao mesmo tempo
que cantava:
“Como uma flor tatuada
No céu; e...,
Aparece o sol em minha morada...
¡Quero eu, gosto eu dessa flor!
Antes de que a lua
Venha me visitar também”
Declamava a tartaruga
- Olhem-a!,é espetacular sua presença, que bem cheira desde
aqui! -dizia o elefante, enquanto esticava a tromba e dois dos estorninhos
giravam comicamente ao redor dela, enquanto repetiam este estribilho uma e
outra vez:
“É o amor coissa formosa
E gostosas suas enredadeiras”
E o guião estabelecido pelo anfitrião devia de continuar:
Gustavo o Elefante ao ouvir à tartaruga tão alegre e jovial
diz:
“Assim é como deve ser, digo eu,
Animal estranho da nação,
Que levas tua casa numa carapaça
E na alma..., qué?
E eu aqui na minha mansão,
Fazendo deste dia uma festa
Vêem a meus braços!,
forrmosura minha, bela tartaruga!”
Farei aqui como narrador que sou, e fora da recreação de
Gustavo, uma breve menção sobre a vida e
forma de ser da tartaruga, que era todo um desprendimiento de vivacidade
carregada de energia positiva e de gosto
pelas artes e os diferentes estilos, que brotam tanto de suas harmónicas interpretações
como das mais estridentes e ruturistas. Mas esta condição encerrava
comportamentos duma compulsividade desmedida também, pois às vezes eram suas
primeiras formas repetidas aliterações, gesticulações formosamente divagantes
dum proceder,digamos, quiméricamente ilusionista, fruto de de quem parece preferir pôr primeiro a rima que
o verso sem lhe importar a ética. Não é isto um ajuizamento em si, senão que vem
do dizer da gente, dos murmúrios insidiosos que estendem-se quando alguém se coloca por
predisposição própria fora dos medidos comportamentos da enganosa métrica da
vida prefixada. Era ela então, a que estava no ponto dos demais por ser
inovadora, e se julgava sua arte com cruel perfidia, como o ser maléfico que
escudrinha no umbigo dos demais para alimentar-se de suas entranhas.
As estorninhas cantam e apanham à tartaruga, elevando pelos
ares para deixar aos pés de Gustavo.
-Trabalho deu-me chegar até aqui, não te creias,mas bem vale a
pena – disse a tartaruga ao elefante-
Mas, para falar da minhoca, a lebre,a tarrtaruga e a cerva bem
está todo um capítulo.
CAPITULO VII A REVELAÇÃO DE URSO
A COLIBRÍ
Estavam já onde o
estreito sendeiro de terra porém afiado, que ia dar ao antigo mosterio dos
monges do Apetite do Corvo, como assim refletia o “Cancioneiro das Tradições Aladas dum Deus
Menor Inimigo da Pérfida Gula” em seu tomo dez mil novecentos cinquenta e três,
para esclarecer a terminologia :
“...de escuros hábitos e voraz gula de ascetas obcecados, a quem
interessa-lhe sua gula de condição asquerosa, ali refugiado no mossterio do
Apetite do Corvo, que incomoda às mais ternas das nossas crianças com seu
sigilo de funestos traçados intimidantes e perversos? ”
Colibri tinha suas patas na terra húmida e fazia estiramentos
para depois chapinar com elas e cantar em coro cuns pintassilgos. Os pintassilgos
foram-se lançando suaves trinos,olhando para atrás como sem querer se despedir
do Colibri, -Se nos faz tarde- disseram, deixando um rasto no chão de pétalas
de rosados cravos.
-Bem, e chegados até aqui devo te advertir que é necessário
que saibas a verdade, pois achando-se teu corpo..., mas dize-me..., talvez tens
visto alguma vez tua figura refletida no lago? , dizia agora o Colibri ao urso-
- Lá onde vivo, no
lago?, sim, claro que sim!, mas, ... que pergunta mais estúpida é essa!, num
espelho claro que sim...
-Os ursos com espelho
não são de bom ver
-¿Ursos?,e daí, qué têm que ver comigo os ursos?
-Evidentemente, amigo Pierluquim, se ti fosses humano
ver-me-ias a mim como humano,mas tão só és um urso, mas um urso, isso é certo,
que começa a acordar. Quando tenhas a suficiente consciência saberás o bom Colibri
que sou, com um bico muito mas que muito grande, embora sou um pequeno colibri.
-Ghe,ghe,ghe...,há que me rio...,ghe,ghe,ghe... A grande ninhada!
A grande piada!...,acabas de dizer uma besteira imprópria dos burros...,ghe,
ghe, ghe...,dizer que eu sou um urso tanto faz a estar muito mas que muito mau
da cabeça, Colibri. Que viva onde está o lugar que se conhece como Cova do
Plantígrado Cavernario aqui em Fuxa, e que tenha por amigos e amigas a essas
que ali vivem não é sinônimo de que eu seja um Urso. Não!, eu vi-me no água,
nos espelhos e até brilhando nas estrelas, minha sombra não é tão gorda porque
não tenho essa corpulência, nem falta que me faz, luzir bem eu de smokin ainda
que peixe não seja, pois já se sabe que
os peixes vão de smokin. Meu nome é Pierluquim ,e tão humano sou que descendo
dos Pierluquins famosos em todos estes vales e feudos. Como explicas então que
faz uns cinquenta anos eu salvasse a Gustavo de morrer da mais horríveis das
mortes crueis, sendo já de por si a morte cruel, quando ficou cuma perna no
esgoto nas revoltas do famoso ano
conhecido como invisível, quando uma bandada de cães polícias selvagens o
acossavam e eu com o fogo, eu, os intimidei?..., eh?, tomada já!, porque
Gustavo lembra-se disso, sim!,perguntar-lhe-emos e assunto resolto.
- Isso foi o sonho que
tives-te quando eras um ursinho pequeninho, a ele referia-me quando eu dizia-te
aquilo dos dois sonhos produzidos por tua mente trastornada que quer sair da
prisão, como se tivesses recebido um golpe muito forte e entrasses em coma e
agora te estivesses a recuperar, recordas?..., e te puseste doente, e de tanto
que dormiste ao acordar creste ser humano e assim te vês, já antes to
expliquei, e agora teu inconsciente sente a necessidade de se revelar, andas em
leves confusões de espaço e tempo, de adaptabilidade ao ambente, e assim é que
confundes as coisas .Algo assim, pois a mente dos ursos sabido é que muito
complexa resulta ser ,e não se podem entender bem todos seus caprichos e
contradições desde o ponto de vista doutras espécies, tal qual é o caso da
minha. Confundes a realidade e por isso te vês assim e não como urso. A estas
conclusões chegamos Chilamiro e eu, ou mais bem Chilamiro. Verás, eu sabia que
iamos a nós ver, pois esse quem dizes que é um ursinho pardo pequeninho, muito
mas que muito pequeninho ele, que escreve contos e fala entre outras coisas de
que no processo da toma de consciência positiva e todas essas coisas...,esse
quem dizes é Chilamiro, que vive também habitualmente na Cova do Plantígrado Cavernario,
um dos ursinhos das novas gerações cuma identidade verdadeiramente
revolucionária e de pensamento aberto ao compromisso da procura dum éden que
hoje só se vê nas águas do oceano das imaginações.
- Vá!, se desde logo todo isso que dizes é um conto bonito é
como conto, ademais, não cháma-se Chilamiro senão Piloverim, mas como é um
conto, se é que assim é que é um conto, e como a mim afeta-me, pois a verdade
que deixa de ser conto e converte-se em algo real, ainda que tenha a base dum
conto, pelo que deduzo que todo o que me dizes pode que seja certo. Ademais, agora
que dizes tudo isto, abre-se-me ao pensamento um fato insólito que antes não
recordava, e que bem se pode interpretar, e em lógica deduzir o outro fato de
que pertenço à família de ursinhos pardos, verás: Uma manhã de chuva intensa
neste último mês que levo de vida acordada após tanto tempo dormir,
contemplava atónito como um grupo de
sete ou oito salmões subiam a contra-corrente o rio, coisa normal em época de
desovar, mas o raro do caso é que ao ver minha
figura refletida na atmosfera atiraram velozmente do água e começaram
torpemente a voar, mas o suficiente para escapar de mim. Perplexo fiquei, e não
deixava de me fazer a seguinte pergunta: que mau fiz eu aos salmões para que
fujam de mim?.
CAPITULO VIII BREVES CONSIDERAÇÕES
DA LEBRE,A TORTUGA EA MINHOCA
A lebre, desde sua
posição estática e circular espiava à minhoca com a mirada. Despia-a e
voltava-a a vestir, mas temerosa de que sua paixão fosse vista como indiscreção
permanecia em estado do que algumas beatas chamam como puro e virginal, sem
saber bem em que se baseia tão estúpida identificação do diamantino com a a ausência
do amor carnal.¿Porquê sucedia-lhe isto à lebre?, porque a verdade é que ela
não desejava permanecer nesse mundo de tão afligidas e hipócritas
transparências da abstinência, mas algo fora dela a obrigava a tal condição,
chegando a se apartar das e dos demais, ensimismada num mundo interior que
adolecia de temor à incerteza e ao desconhecido, mas mesmo assim ela se
resistia a ser simples vítima do opresor, e carregou-se de valor e
valor,decidindo abrir-se aos caminhos do conhecimento, e ainda que não se
fundisse nos corpos do séquito de tão
fiéis escudeiras do saber, que como ela, inquietas se lançavam às plácidas
confidencias dos livros abertos dum tipo de antiga civilização que bem entendeu
qual era o verdadeiro sentido o certo é que era nobre..., Sim!, o
que lhe ocorria a esta lebre era que estava ancorada na tímida pasividade
porque tinha medo à ignorância que a afeava. No entanto não deixava de admirar
à minhoca, desejosa de se unir a ela num sozinho corpo e numa única sensação,
numa mesma direcção, lá onde a probabilidade deixa aberta a porta da esperança
Sim!, isso era o que lhe ocorria a esta lebre!, que esperava sempre algo
diferente das e os demais e não o encontrava, mas mesmo assim ela se resistia a
ser simples vítima do opresor e estava onde achava que devia estar para fazer
avançar o mundo no bom girar de suas oscilações. Escondia seu focinho no
estômago, com o que suas dois orelhas despuntavam como se fossem duas grandes
canetas da ciência das letras anunciando o recogimento da intimidade que a elas
oferece-se. Às letras, não às orelhas.
Ao intimismo das letras que aparecem atiradas no papel corresponde uma paixão
diferente segundo seja o momento. Esta lebre, a verdade seja dita, parecia
estar sempre em estado inconsciente. Via à minhoca como se fosse todo um desejo
inalcançável, como se fosse um barco do amor que ia-se e voltava pelo efeito duma
lua embriagadora e cruel. E é que esta lebre vivia em desgraça pois nada se
atrevia a dizer, podendo permanecer nesse estado longas horas e até dias
também, porém mesmo assim ela se resistia a ser simples vítima do opresor e
estava onde achava que devia estar para fazer avançar ao mundo no bom girar de
suas oscilações. Poderíamos perguntar pelo fato de que fazem suas amigas e
amigos por ela , bem como perguntar pelo fato de que faz ela por seus amigos e
amigas, coroa e cara na mesma moeda onde na cada cara pode ir uma coroa ou uma
cara, a cada coisa em seu lugar mas dentro da mesma moeda pois. Porém mesmo
assim, ela resistia-se a ser simples
vítima do opresor e estava onde achava que devia estar para fazer avançar o
mundo no bom girar de suas oscilações. A minhoca sempre foi mais decidida, lhe
vinha por nobreza de sangue o do amor pela terra, e defendendo-se das inclemências
com suas partículas quando lhe fazia buracos nas suas entranhas para se
proteger; alimentava-se dela ao mesmo tempo que a regenerava com a luta diária
pela dignidade, sem lhe pedir nada na mudança. Tinha condição de lider esta
minhoca, que ainda que sua voz não fosse especialmente grave, sim que deixava
funda impressão em quem a escutava, pois parecia uma voz que vinha desde as
mismíssimas entranhas da terra, uma voz libertária que agora ascendia à terra
para reivindicar o que de justiça precisa nosso planeta.
E Para definir muito brevemente algum aspeto da tartaruga, que
melhor que ler a carta de apresentação que ela mesma se auto-desenhou:
“Sentindo o ânimo alegre em minha sugestão voo ao compasso das
ondas do amor, sem sequer recordar que é isso que chamam desilusão, pois aprendi
a viver desde que abri minhas portas; já não recordo nada do passado que me possa
escandalizar. Agora lhes permito a meus sonhos ser os primeiros, e não me
envergonho por isso, e assim será de meu amor o amor quem goste, não qualquer,
que como bem sabemos que deve-se querer, dando a cara, e o amor, pelo efeito da
primavera, e outra vez que chega a polinização. Agora bem, tenho bom
julgamento, e se faz falta apanhar um arma apanhá-a-ei; saberei defender-me do
opresor com a garantia de quem quer aprender quantas mais coisas melhor da divina natureza. Quantas coisas tenho de
querer e a quantas almas comprazer nesta terra que nos viu nascer!.
CAPITULO IX GUSTAVO O ELEFANTE FICA ESTUPEFATO
Bem!, já estamos
todos –dizia agora o elefante-
- Perdoe Elefante ,mas
falta o Colibri –dizia interrompendo a Gustavo um dos estorninhos
- Como?, isto não estava no guião.É certo, mas..., palerma!, porquê te saiss-te do guião ? Em fim!...,isto...bom – falava agora Gustavo enquanto se mostrava
muito nervoso - Não te preocupes,tartaruga, em seguida comeremos e depois dormiremos...
- Caminhava agora o elefante de aqui para lá ao mesmo tempo em que não deixava
de lamentar-se -continuaremos com a
cerimónia, bem!,...é certo,...isto...,não
me dava conta eu de que alguém faltava, o lindo colibri-. E agora a imaginação
de Gustavo lhe levava à excitação ante o erro cometido,sem deixar de parar dum
lado a outro, ou bem tropeçando-se cum cabo ou
golpeando-se contra uma árvore por olhar para atrás. O caso é que ao
mesmo tempo meditava Gustavo. Podia ele
tomar a decisão de cortar a retransmisão, mas o que em realidade tinha vontade
de dizer agora a viva voz era: “Maldito sejas Colibri!, Quem te achas que és
Colibri, para quebrar-me o guião?,isto me passa por deixar que as coisas fossem
por sorteio e não feitas por profissionais, tudo por me querer achegar a
vocês...“ - mas não o fez, e apanhou o caminho da improvisação, seguiam as
câmaras emitindo-.
E o guião estabelecido pelo anfitrião devia de continuar,mas a
ordem por ele estabelecida rompeu-se, porém não o concerto, ou melhor dito, a
representação que continuava abrigada à invenção espontánea de Gustavo:
“¡Oh Colibri vêem aqui,
Sai daí, já te vi!,
Eu Elefante sou, tI sem mim e eles lá,
Onde estás Colibri senão perto do mar,
Conspirando com a Lua?”
E não parava o elefante duma zona a outra,tentando dar a
imagem de tranquilidade. Que voe muito confete!, diz agora violentamente,e
desde o céu escutam-se como sons de
bombas e guerra,mas em realidade eram dúzias de globes que ao se fincar
desprendiam as pequenas partículas de papel de seda de cores. Ato seguido
dirige-se para o facistol e com ele a câmara móvel que recolhe a larga figura
do elefante,mais larga ainda que o artefato. Começa a murmurar com a boca
colada ao microfone e jogando algo de baba, dando a sensação sonora a coisa de
que estava-se a preparar café. Olha ao céu e dá a ordem a um dos estorninhos
para que ponham a Traviata de Verdi como música de fundo,mas o estorninho não
lhe faz nem caso. Sabedor Gustavo de que as câmaras estão a gravar ao vivo
contém de novo sua ira, mas contém-a a médias, pois lhe sai um murro tremendo
contra o facistol que faz que este ficara vibrando uns momentos pelo efeito de
tal nocivo impulso; enquanto, contemplava com mirada assassina ao estorninho
incumplidor,para ato seguido enquadrar-se bem ante a móvel câmara de Espirrim,
que agora lhe faz um desses famosos planos americanos que chegam até os
joelhos. Dispõe-se a falar para toda a audiência, não nas mesmas condições que
tivesse desejado mas aí está Gustavo.
- Olha mamãe!, ¡deixa o que tenhas e não to perdas!, hoje está
muito entretido o programa do Sshow de Gustavo” – dizia desde sua casa Pitusa,
a filha do mencionado Espirrim o, um dos câmaras do espetáculo-
CAPITULO X A RÃ COMBATENTE E A PROCURA DE URSO PIERLUQUIM
Agora estavam os
dois junto à estátua da “rã combatente”,a primeira manifestação escultórica
realizada por uma mosca revolucionária e
a primeira e única até o momento desde que tinham-se notícias das mudanças de
comportamento de certos animais de diferentes espécies e talvez subespécies com
seus géneros e talvez subgéneros diferentes que habitam o planeta, chamados sem
lugar a dúvidas à sublevação. Dita escultura encontrava-se na serra do
Belo Encontro, perto duma de suas colinas mais baixas, a Colina da Mordomia
Terciária, em Fuxa, onde tinha morada Gustavo, no parque do “Ministro Protetor”
e que agora começava a conhecer-se como da “rã combatente”. Estava ela representada sob uma estrutura piramidal que
dava a sensação de movimento, como a famosa de Laoconte com seus filhos, mas ao
invés que a escultura da escola de Rodas; aqui não tinha nem filhos nem sepentes
nem sequer sensação de angústia ante a impotência humana sobre a adversidade; muito
ao invés, pois ria a rã estando de pé e com apoio da pata direita em sujeição,
levando esta o peso do corpo e deixando perpendiculares sobre o solo as duas
patas anteriores e a esquerda posterior, portando numa das patas dela,a esquerda dianteira, um sabre
de guerreiro samurai, e um sorriso de tímpano a tímpano. Combatente e feliz por
combater! Representava a rã o porvir da nova consciência que abrir-se-ia espaço
no reino animal.
- Deves saber –dizia agora Colibri apoiado no sabre que
portava a rã- que classe de pessoa é Gustavo, quem exerce como amo e senhor
destas terras sem sequer ter nascido aqui.
Mas, ¿Como?, ¿não é um
Elefante Gustavo? – dizia o Urso em seu tom normal de confusão-
Pobre ursinho pardo, estás tão enjoado que seguro que sentes
como se teu corpo se fosse desvanecer. Tua ilusão porque um elefante fosse qual
em consciência que determinasse a
solução de nosso pesar acendeu em teu ser a ilusão,em fim, uma diversão carnavaleira seu espetáculo de televisão e
demais. Trabalha para o inimigo do povo semeando a confusão. É normal que estas
coisas te ocorram após te ter ficado dormido tanto tempo, contudo eu sei que
sairás para diante porque és sensível. Além disso, os camaradas estamos também
para informar e ajudar ao que mal está a passar como tu neste caso. Gustavo
homem é. Um político ao serviço do
capital, acusado de corrupção, tráfico de armas,um especulador e mafioso com poder dentro do
partido do Estado. E agora vem a Fuxa para acabar seus dias de política até que
morra
-Em fim!. Qualquer dizê-lo-ia!, valente pássaro que está feito
este Gustavo!
- Pássaro? –perguntava assombrado o colibri
- Sim!...,uma expressão própria dos humanos; será isso como
uma predisposição para o humano em meu
ser, enquanto esteja eu afligido neste estado, pobre de mim!, porém chegados
até aqui devo dizer que tenho muitas dúvidas e quero solventa-as e não se me ocorre
outra forma que chegar já quanto antes à
mansão. Falta muito para chegar?
- Já estamos chegando
E agora sim que por fim enfiavam a pequena ladeira de trezentos
metros para chegar ate lá.
CAPITULO XII GUSTAVO O ELEFANTE
ENCURRALADO
Hoje é um dia
especial para mim e para a nação...,mas...,bom!...,melhor dito...,para a nação
e para mim também, e por suposto para todos vocês, que é assim de boa educação
e não primeiro eu, e se me apressais para todo mundo inteiro. Acontecimentos
absurdos como o que ocorre aqui agora têm que
afrontar-se com valor,como eu estou a fazer,para defender os principos
costitucionais das leis criadas para o bem comum, e não deixar-se levar por
quem pretendam com a violência romper a ordem estabelecida. Faz tempo que se
vem notando um comportamento diferente nas espécies da terra ça em Fuxa,dizem
algumas e alguns, há leões que cantam na pradaria, formigas que escapam do
rebanho e uivam à lua nas noites de verão, carangueijos excavadores de trincheiras
no meio do deserto mais absoluto. Outras e outros dizem: existem mochos flutuantes nas águas tropicais,
serpentes dentro de maçãs que se abrem ao cair da macieira, árvores que vêem e
rãs que vivem dentro das flores; são exemplos da complexidades às que nos vemos
submetidos agora,dizem, num mundo que muda a cada hora que passa numas
dimensionalidade esperpéntica, como se
alguma voz e forma criadora se estivesse a rir de toda a criação. E digo
eu, valentes estupidezes!, essa é a maneira do cantar revolucionário em suas
tradições?, mas isso está afastado da verdade!. Como eu não creio nessas coisas
já quase superadas de fé no irracional,e sim creio na fe apostólica, adivinho
já que a ninguém chama a atenção crer em
algo que não pode converter nada...
- Como na fé católica corrompida na que tu sustentas-te, a de
corte e palacete?...
-Mas..., Maldita seja!...,porquê cortas-me?, Maldita tartaruuga!
suponho que já não estais gravando!...,mas, Maldita seja!,cortem de uma maldita
vez!..., Maldita seja!, -embora as câmaras seguiam gravando -.
- ...pelo que acho que não há algum motivo – falava agora a que
era para Gustavo uma tímida lebre - com sólido fundamento para atirar de tal
motivação, mas sim o fato de averiguar porquê todas essas questões que antes
pareciam fantasiosas e secundárias vêm justo neste momento a ocupar
um primeiro plano, como se fosse do caráter intimista tão reservado em
flor formosa que brotasse pelo ar o pólen
que encerra e ao mesmo tempo fertiliza a terra...
-Bem, Gustavo, -interrompia a lírica da lebre a cerva- não sei
que pretendias neste teu show de farsa carnavalesca para hoje ir disfarçado de
elefante.Certo é que entre vocês os humanos...
- Cortem!,..., maldita seja!, filhos de má engenharia!...,mas!,
porquê isto a mim?-dizia colérico Gustavo o gordinflão, enquanto atirava-se
dos cabelos da barriga-. Porém as
câmaras não deixavam de emitir. Em realidade tudo parecia estar na contramão de
Gustavo e no benefício da revolução, todo confabulado
- Ainda que deva dizer à audiência que eu em
realidade sou uma minhoca, a audiência não
crer-me-ia, então deixo esso como estava para assim dizer a tudas e tudos que
eu sou revolucionária.
Agora Espirrim apontava à minhoca com a câmara, como apontava
também e de perfil a certa distância a
lebre a Gustavo, porém com um fuzil de assalto da engenharia alemã Sturmgewehr
44
- Tens algo agora que dizer a esta lebre tímida que sustenta o
bicho este? –dizia a lebre sujeitando com as duas patas dianteiras o fuzil-
-Não sair-vos-eis com a vossa! –dizia Gustavo-
- Quem dizê-lo-ia!, ,- dizia a tartaruga-
-Tocou-nos viver este momento, e devemos aprender a desfrutar
igual que se resistir ao auto-padecimento. Por isso é preciso entendernos, e a
vocês meus amigos e amigas, vos digo hoje aqui que o primeiro que devemos fazer
é chegar a um acordo de amizade duradoura, que seja um ponto inicial tua mirada
e um ponto de partida também, um ponto de partida alada e ligeira que se
desloca pela pradaria – continuava a sua lírica a que era para Gustavo uma
tímida lebre, enquanto lhe continuava também apontando com o fuzil de assalto
da engenharia alemã Sturmgewehr 44-
E continuava a lebre que continuava, dando-lhe uma e cem mil
voltas às questões da lírica. O corpo de servos dos que dispunha Gustavo na
mansão, e aos que tinha obrigado a se disfarçar-se de estorninhas e estorninhos
responderam totalmente agradecidos ante a chegada das quatro libertárias, a
lebre, minhoca, tartaruga ea cerva. Agora se estava a organizar uma espontánea festa.
O primeiro em começar foi o diretor da orquesta rosa das cámaras de televisão
rosa,Jorubum, ao apanhar o violão e seguir-lhe nas vozes Esmirriako e Espirrim
.Do corpo de servos e servas começavam a organizar-ser flautistas,gaiteiros e
pandereteiras. As demais eos demais dançavam e bebiam champagne.Quem agora
falava para as câmaras desde o facistol era a cerva:
-Uma bonita cerva adiante das câmaras das humanas televisões
não é para muitos normal, mas as coisas na realidade não funcionam como parecem
ser. Eu sou cerva e uma sou, e não represento a ninguém mais que a mim,
portanto, fique claro que há que fugir das generalidades, e confio na aliança
das diferentes civilizações e espécies com consciência libertaria.
Contar-vos-ei então uma história que me sucedeu faz já uns anos:
-Estávamos no bosque eu
e umas irmãs, descansando apacívelmente ao mesmo tempo que vigiantes ante os
perigos que podem espreitar em qualquer momento às de nossa condição. Era
começos de outono e chegava a hora de juntar-se. Dois cervos machos estavam perto de nós com suas hormonais galhadas,
competindo entre sim, ufanados na contenda de dar rédea solta a qual era mais
vigoroso e merecedor do consolo do amor. De repente ouviu-se um sinal que vinha
do céu e apareceram vários alces alados, quem desciam em voo atravessando a
parte da ribera onde nos achávamos. A visão provocou em nós temor e
estupefação, pois ainda que sabiamos da existência de alces e renos, nós,
cervas vermelhas, desconheciamos que pudessem voar, e decidimos deixar ali aos
dois machos que não se inteiraram do acontecimento, pois seguiam entre gesto
cómico e competitivo dando-se um ao outro com as galhadas, a tal ponto que se
converteu num fato trágico para eles, pois ficaram tão pegados que morreriam de
inanição. Corrimos tomando direcção pela senda que ia dar ao arroio, e ao
chegar a ele pudemos contemplar desde certa distância que os alces retinham,
com grossos cabos marinhos de trançadas cordas de tipo seda a nossas mais
pequenas almiscareiras, que procuravam o auxílio no coração compassivo das
sábias conselheiras mais maiores de nossa família e linhagem.
-E agora levar-vos-emos mais ao norte, onde nós os alces e os
renos precisaremos de vossa ajuda,-dizia um deles-, para combater contra quem
são de humana fatalidade condicionada e azarenta. Considerados seres
superiores, mas estão a fazer que o mundo deixe de ser habitável para muitas
outras variedades como a nossa. Solidariedade é o que se precisa entre a
espécie, à força ou com beneplácito, mas solidariedade afinal de contas...
Vindes-vos conosco..., então! ..., bom..., eh!, então..., bom,... eh!..., isto,
vocês não!, que sois muito pequenos, esperaremos aqui pelos demais, isso é!, e
levar-no-los-emos, ou melhor, iremos ao seu encontro. - Do céu baixava uma
tribo enorme de alces e renos alados com sabres de talhada curvada entre os
dentes. O espetáculo era aterrador!. Certo é que os humanos não se portavam o
bem que nós desejaríamos, mas a visão destes parentes nossos os alces e renos
com esses sabres e essas asas não deixava de nos inquietar. Porquê vêm a pedir
ajuda com toda essa violenta disposição?, porque a verdade é que não a pediram
senão que a exigeram. Nesse tipo de questões estavamos. Decidimos que deveriamos
ir com as e os demais para avisar do perigo, se é que não o tinham ainda visto,
mas por detrás nossa apareceram mais alces e renos cortando-nos o caminho. Foi
algo horrível!, eu pude escapar da matança que ali semearam. De todas as que
estávamos só pudemos fugir três, às demais as mutilaram e as assassinaram, e
das três a única que ficara com vida sou eu.Depois chegaram os humanos, sim!,
pior!,muito pior foi!, cometiam as atrocidades adiante de suas próprias
criançaas. Ensinavam aos meninos e meninas a disparar os rifles quase dantes de
aprender a dividir. Era horrível ver como uma criatura de aspeto tão jovem te
apontava. Chegaram às montanhas onde
dantes vivíamos apacívlemente e com eles chegou o fogo que arrasava nossas
casas, porém agora estou eu aqui em representação de todas as cervas e cervos
para alçar bem alta a voz da boa nova que está já surgindo por fim na terra,
onde se começam a revelar já algumas das almas incluídas em algumas espécies
que nela, na terra, semeiam a cada dia .Humanos!,vocês não sois o problema,
senão alguns de vocês que dominam à maioria. Esso ocorre entre nós
também, embora nós não nos desenvolvemos para matar a outras diferentes às
nossas senão para superviver numa aceitável harmonia .Revelar-vos contra quem
oprime-vos!, se isso fazeis compreendereis depois muitas coisas que antes
desconheciais de nós as cervas.
Uma vez que falou a cerva o palco se pôs em silêncio, já que o
vento não movia e a boca das e dos ali assistentes também não fazia nada por
perturbar a chegada duma quietude estranhamente sensual e natural.
- Carambas!, isto sim que é notícia!,- dizia Trusiela, esposa
de Espirrim; Trusiela, a mãe de Pitusa, com quem estava, as duas olhando a televisão
desde o lar familiar,- isto é mais que
uma revolução!,-dizia entusiasmada-, é toda uma coisa fantasiosa feita realidade,
pois ainda que a maioria ache que ela é uma mulher a mim parece-me que em
realidade trata-se duma cerva.
-Eu também penso o mesmo...,Vivaaaa! –gritava contente a menina
Pitusa, dando pequenas brincadeirs na cadeira-
E do silêncio cerimonioso ao júbilo confidencial. Esmirriako,
Jorobum e Espirrim, aliados do quadripartido de libertárias, dançavam abraçados
uma polska e faziam-se fotos com os dedos em sinal de vitória, enquanto abriam
uma garrafa de vodka.
CAPITULO XIII DESENLACE
O urso Pierluquim e
Colibri uma vez que deixaram atrás o parque da Rã Combatente, dispunham-se a subir a pendente de forte
declive duns trezentos metros que lhes separava da mansão da Colina da Mordomia
Terciária, onde o infame Gustavo tinha uma de suas mansões, as quais se achavam
diseminadas por diferentes partes do planeta. Um grupo de umas sete ou
oito Cobras de origem variada que subiam a pendente também se encontram agora
com Gustavo e Urso Pierluquim. Estava entre elas a jovem intrépida Natrix
Maura, do partido da libertação revolucionária, velha amiga de Colibri.Também
estavam as Rãs Vermelhas que emigrassem já fae anos de Costa Rica, vizinhas de
Gustavo, as quais, os tres meses que
transcurreram desde o momento em que se fixou o sorteio até o dia da protocolária reunião do dia anterior ao aniversário de Gustavo passaram-os muito agitados e loquaces; essas Rãs
Vermelhas que nesses dias pretéritos ja falavam da condição manipuladora de
Gustavo com estas palavras: “Esse Elefante bem poderia ir-se de aqui, é um
estridente que quebra a harmonia da montanha”.Também estava a girafa vizinha de
Gustavo. Também ela, a qual os tres meses que transcurreram desde o
momento em que se fixou o sorteio até o dia da
protocolária reunião do dia anterior
ao aniversário de Gustavo passara-os muito agitados e loquaces; a única
Girafa que vivia no Vale do Amor,em Fuxa,
e que viesse de Somalia. Essa Girafa que nesses dias pretéritos ja
falava da condição manipuladora de Gustavo com estas palavras : “O sorteio está
manipulado, é todo um fraude!, valente elefante capitalista!”. E quem também
estava era o hipopótamo vizino de Gustavo, o qual, os tres meses que transcurreram desde o momento em que se
fixou o sorteio até o dia da
protocolária reunião do dia anterior
ao aniversário de Gustavo
passara-os muito agitados e loquaces. Tal era assim que nesses dias respondia o hipopótamo do Lago Pálido a uma cambota que vivia numa cabanha
cor-de-rosa com ninfas e libélulas : “Certo é que trouxo consigo o progresso a
estes lugares, porém o progresso em bens materiais também chamou a ele e
deixou-se corromper. E agora volta em nome da verdade e a justiça. Não me fio”.
Cumprimenta a Colibri e a Urso Pierluquim Natrix Maura:
-Olá Colibri .Tudo bem?. Bem!, ainda que chego um pouco tarde
já vos posso dizer que todo tem ido bem. Ninguém se inteirou de como as ingeniasteis
para substituir às quatro representantes da cerimónia inaugural de Gustavo
pelas quatro revolucionárias que trazem hoje a palavra libertária a estas
terras.
- Olá, Já! , Natrix Maura
, porém estás confundida, embora já entendereis... -respondia Colibri-
- E logo? –dizia agora a cobra?
- Bem!, - volta a falar Colibri - como impossível é para as pessoas averiguar quando estão
adiante dum animal com consciência, de tal maneira que confundem e crêem dele ou dela que é uma
pessoa também, assim também que não se dão conta de que em realidade a Lebre,
Tartaruga, Minhoca e Cerva e eu mesmo não somos quem crêem eles que são, humanas
e humanos que foram selecionados ao espetáculo de Gustavo disfarçados de Lebre,
Tartaruga, Minhoca, Cerva e Colibri. Não tratava-se de substituir a uma mulher
por uma lebre, por exemplo, essa substituição não existe. A mente retorcida e
orgulhosa do ser humano que não possui consciência é obstinada, de tal modo que
só vê condição de mulher onde há lebre com consciência.
- Já o entendo!, -dizia agora o Urso- bom...!, em verdade
entenderei tudo isto quando veja-o com meus próprios olhos
Agora o grupo de Cobras e Rãs Vermelhas, o Urso e o Colibri
estão tudos em fronte duma das entradas à mansão.
-Bem, ¡nosso amigo o topo Félix tem feito um bom trabalho!, continuemos
por dentro da terra,é mais bonito.
Assim foi que entraram à mansão por onde a terra estava
escavada. Primeiro saíram as cobras que se espalharam, logo o colibri e por
último o urso. Estavam os dois junto à ponte do tanque.
- Colibri! – Dizia agora o Urso- Se realmente é certo todo o que dizes...,
agora, eu onde achava que tinha um elefante tenho que vêr um homem. Esse será o
sinal do meu bom caminho.
- Olhem!, é o Colibri!..-.gritava a tartaruga sinalizando até
onde estavam os dois-
-Efectivamente, apesar do teu aturdimiento,-respondia o Colibri
ao Urso- que eu a cada vez vejo como te vai diminuindo, o Elefante não ver-te-á
como Urso senão como humano, pois Gustavo não tem consciência alguma e a todos
os animais com consciência assim vê a elas ea eles como humanas e humanos.
-Mas, quem são esses dois agora, outros dois revolucionários
disfarçados de...? –protestava gora o o elefante quwe continuava a estar apontado-
- Cala-te! –dizia a Lebre a Gustavo, introduzindo-lhe na boca
o cano do fuzil enorme que portava-
Estava muito contente o ursinho pardo!...,- Viva!..,tenho já
tuda a consciência necessária!- E já não estou aturdido!
Estavam já junto ao grupo o Urso e o Colibri. A cerva atirou
um espelho da bolsa que levava e com gesto jovial lho deu ao Urso - Toma, olha-te
nele!.-O Urso, ao ver-se com essa densa pele e esse rabo pequeninho entrou-lhe
o riso- ja,ja ja,..!.- hurra!- dizia enquanto saltava para diante e para atrás-
Sim!, Sou um Urso!, Sois todas e e todos maravilhosos!, Obrigadoooo!, mas...,fica-me
uma dúvida... Oh!... Sim!, uma grande dúvida!...isto...quem deixa-me um
alfinete?...ja,ja ja aja...!,vereis...será divertido!.
- Vale-te? - diz-lhe olhando docemente ao Urso a Cerva, pois
volta a ser ela a que sai em resposta a sua petição, e revolvendo na bolsa
encontrou um imperdível que lho ofereceu,
envolto todo num gesto muito gentil-
- Oh!, claro que sim, minha cara amiga! –dizia o Urso em tom
alegre e divertido, enquanto aproximava-se ao elefante - ja,ja, ja!, a...ides
ver!
Entre os e as humanas assistentes, os quais trabalhavam para a
televisão ouvem-se murmúrios de estupefação. A inquietude reina no ambente. Que
é o que pretende o Urso?, perguntam-se. Também reina a dúvida e expectação nas
parceiras libertárias e nas cobras e nos membros do serviço da mansão
disfarçados de estorninhas e estorninhos
-¿Que achas que vai fazer o ursinho pardo agora, mamãe? –dizia
a menina Pitusa em sua casa vendo o Show, Pitusa!, a filha de Espirrim e de
Trisuela
Enquanto, o Urso fazia um gesto à tartaruga ea minhoca para
que agarrassem fortemente a Gustavo.
- Que ides fazer?,
Não!, quietos!, não!, faz favor!...-implorava Gustavo-
-Pois...,a verdade é que não o sei..., -contestava a mãe de
Pitusa à menina - porém..., oh! ..., - Plaf!- ..., escuta-se um ruído como se
um balão estoirasse-
- Raios e centelhas!..., oh!, ...ja,ja,ja ... tem desaparecido
Gustavo! - ria a menina Pitusa- tem desaparecido!...,ja,ja,ja, desapareceu...ja,ja,ja...desapareceu
completamente!
Gustavo desapareceu por efeito duma picada em seu braço direito com o imperdível.Quem
estavam aí ficaram atónitos e atónitas,não lho podiam crer!, tinha
desaparecido! . Era isto um grande mistério, de fato é o grande mistério desta
história que aqui se narrou.
Fuxa, no Estado Federal
dos Vales do Amor .Assim era conhecido o espaço geográfico no que se
desenvolvera esta história, as primeiras manifestações destes casos de
consciência no reino animal. A situação ao dia de hoje é mais complexa. O ser
humano resiste-se a perder sua condição privilegiada, e com seu desmedido afã
de ambição sem limites está a levar a diversos géneros de espécies da terra a
seu desaparecimento, mas a rebelião não tem feito mais que começar. Agora até
há galinhas que se unem às exigências do guião. Começam a sair da casca de ovo.
O lume da tocha da liberdade está acendida e só lhes faz falta organizar-se
melhor a estes animais da criação. Quiçá entendessem algumas pessoas que tais acontecimentos
não poderiam jamais suceder, que não poder-se-iam torcer as coisas dessa
maneira, e esse excesso de confiança fez que eles e elas mesmas acabassem
lapidados e lapidadas com suas próprias onzas de ouro e barris de petróleo, por
não achar que a imaginação, em alguns casos canta vitoriosa na batalha contra o
irracional
Este obra está bajo una Licencia Creative Commons Atribución 3.0 Unported.