miércoles, 7 de agosto de 2013

UM LUGAR CHAMADO FUXA


                         
CAPITULO I  BREVÍSSIMA VIDA E OBRA DE GUSTAVO ATE SUA ESTADIA EM MONTIPOULA E UMA CARTA DE INVITAÇÃO        

 
Era feliz Gustavo ou pelo menos era o que gostava de dizer. Nascera em Fuxa. Seus primeiros movementos no enigmático espaço aberto que acontece na adolescéncia foram recubertos com os elementos própios dum jovem mais dessas épocas, deslizándo-se ate o interior dos livros  que falavam de románticas paixões que poderiam server-lhe como conselhos para navegar nas doces ea vez amargas contrariedades do amor en partilhamento.E também estavam as longas horas na prática da meditação. Nascessem estas inclinações do ser individual como resposta à vida escrava em condição alugada ao benefício da classe militar opresora que governasse noutros tempos no Estado Federaal dos Vales do Amor. Assim foi que entrou Gustavo na política continuando os passos de seu pai. Tal foi de modo que ingressou no partido comunista quando cumprisse sua maioria de idade. Também estava onde a moda estava. O da  meditação vinha de afora,das grandes multinacionais do Estado Imperial da União Capitalista, um Estado que dirigia a política dos demais Estados cobrindo a terra com seu voraz apetite fecundando soledade e ignorância nas nações colonizadas, tal assim então que permitiu a entrada doutras formas filosóficas ou existenciais da maneira do viver mais orientáis. Mais bem se deveria sabe que a meditação é o compromisso e não outra coisa,porque o ejercicio para chegar a ela está em nós e não tem que vir ninguém...; mais assim foi que abriu-se passo e fica pelas religiões as saidas das meditaçãoes.O de Sidharta é outra coisa,ele amava.Deixando órfãos e órfãs a gula sem límite,  numas épocas convulsas, cheias de contrariedades inconcebívels, uma tolemia!,nascidas ditas contrariedades da  avareza humana que empenhava-se em ser sumisa ao caudilho; imersas e imersos em criminosas  arbitrariedades de irrefletidas vozes amparadas no manto protetor de quem a elas e eles mesmos espremera; enquanto outras e outros falavam da meditação,mais a verdadera meditação vem do amor guerreiro por mudar as coisas,senão é preocupação egoista que nada dizer-te seu verbo, feito para o convenio de frades e freiras de tempos orientais que quebram a palavra também ea escravizam.De feito,a meditação...,a mim ninguém tem que dizer-me como meditar...,..., bem!,esto..., pois é que era assim quando Gustavo era juvenil; e que eram  aqueles tempos pretéritos na história  dos que levavam aos mais jovens às revoltas na rua contra a tiranía, que nesses tempos atesorava em tão belos lugares, onde se dizia que o Sol a certas horas parava sua trajectória circular e dedicava-se a contemplar às filhas e filhos dessas terras que naqueles momentos estavam governadas pelos militares, os quais abressem-se passo entre os amotinamentos dos quartéis  que se situavam nas zonás mais conflitivas e depredadoras do ser humano,lá onde a avareza coloniza a humildes cidadãs e cidadãos e instaura a bandeira duma união artificial e cheia de desejos de rapina. Era então a grande  filosofia da prática e a meditação a que atraia a certos adolescentes dessa época, e dentre dessas e desses  tinha alguns e algumas que se deixassem enganar  adentrándose nas redes de pesca da engenharia manipuladora. Embora, construíram-se templos, palácios e mosterios do recolhimento do alma ao serviço de teóricas conclusões do evidente que não levavam a nada mais que a proclamar do evidente um fato necessário e de fé,porque..., que é se não, por exemplo, dizer que para ser feliz convém melhor respirar profundamente?, não é isso evidente ?, não é isso algo que a própria pessoa vai descobrindo quando os riscos da vida lhe põem em antecedente?. Mas aqueles anos de adolescentes desejos na procura do amor ea paz universal já tinham voado.

Gustavo cedo abandonou estas teóricas invenções e outras de apelo a uma meditação e equilíbrio com a natureza, porque como ele dizia estava já a coisa equilibrada, assim  que o ser humano pertencia a essa natureza, e nada nem ninguém melhor que a própria pessoa para entender que é um ser que medita o que está lá fora já meditando por nós, e de que maneira!. Agora era Deus,para Gustavo, o macho salvador montado a cavalo e cuma longa espada que vinha a arranjar os problemas da falta de fé na  vida,na sua vida,naturalmente . Começou assim a ler livros de epopeias e cabalherescas condições de personagens que chamados por nobres e reis procediam a conquistar a terra ,em nome duma fé nova que resplandeceria com a derrota dos infieis .Formou-se assim nel uma concepção dum mundo de  Cruzadas!. Acudiam  fidalgos como ele a reuniões onde se ensalzava a figura dum Deus todopoderoso que veria a salvar à humanidade, como un cavalheiro andante en tempos antigos, nos que as sociedades e as costumes permaneciam ainda com a influéncia doutras formas de pensamento, mais acordes com a natureza. Reuniam-se nas luxuosas grutas onde antes era outra a palavra de nossas e nossos antepassados,onde antes eram cavidades da decência por viver com a mãe da terra, respeitando-a!.

Mais eu..., que posso dizer?

“·Oh, dor que em mim fazes imersão!,

Livra-nos do opresor num ato de bênção!,

Ensina-nos !, luz da terra, a amar

Como deveramos"

Em fim!...,era o princípio do fim...,era o princípio do fim da influência genética na hereditária filosofia comunista e libertária de Gustavo,pois como digo, já ele agora reunia-se nas luxuosas grutas onde antes era outra a palavra,a de nossas e nossos antepassados. Passaram os anos e fundou o” Partido da Santa Vitoria”.

Bem!,fixemos assim um percorrido pela história e vida de Gustavo,mais agora,deixemos,por fim, que fale ele e sejam as e os demais quem expressem-se também:

 - Para mim é fundamental o equilíbrio. Sim, claro que sim!, ...jajaja...dêem-lhe mais forte! ,jaja...mais forte ! -dizia Gustavo a um de seus servos-

Estava ele subido agora num balaiço, num dos estensos parques que frecuentavam no Estado de Montipoula, enquanto um grupo de indígenas tocava a trombeta.

Gustavo, acho que é hora já de reunir-se com as e os representantes da Câmara de Comércio e da Carteira dos Valores e da Ética Económica, devemos deixar-te de balançar!;  –dizia um dos seus lacaios  que lhe acompanhava -deves assim entende-lo!; nós, teus servos, já sabemos o muito que gostas em balançar -te, mas, deves entender que se faz tarde, faz favor!, Gustavo!, deves entendê-lo!

- Sois demasiado aborrecidos e cumplidores, malditos servos!, nós os empresários da política precisamos diversão, e que a originalidade seja a que incida em nossas horas de lazer e esparcimento, e também nos minutos e segundos que temos entre uma obriga e outra, também,...em fim!;  creio que fica claro! , como é agora este intermédio no que dou rédea a minha imaginação com este fluído subir e baixar .

Por trás do parque achava-se o Banco Central de Montipoula. Gustavo estava de gira político empresarial. Representava ao Estado Federal dos Vales do Amor. Era sua primeira reunião oficial como empresário no alto comissionado da seguridade e  proteção do sistema de mercado, uma coisa feita para a defensa,segum elas e eles diziam, da boa ética e revalorização do estado do bem-estar, já que eram tempos em que este tipo de questãos estavam a ser ,postas em dúvida, porque, a verdade!, podia existir talvez um estado com esse nome?

Alinhados a ambos lados da comitiva empresarial tocavam os indígenas as trombetas, enquanto outras e outros como vespas e abelhas iam de aqui para lá com pratos de entradas, coquetels e viandas.

Gostaba Gustavo de escrever nos momentos das questões protocolarias das grandes reuniões. Enquanto se balançava , um empresário do ramo têxtil de Montipoula jogva-lhe a fumaça na cara a modo de cómica adaptação teatralizada, para dar a sensação dum dia com névoa. Esse tipo de coisas inspiravam-lhe a ele, que com caneta e  livro de notas nas mãos esperava o momento da idónea inspiração, enquanto não deixava de subir e baixar o baloiço,sujeitado à estrutura metálica com seus convenentes e grossas cadeias às que os servos estavam colados

- Vos dais conta, aborrecidos lacaios, vos dais agora conta de qual é a diferença entre um empresário e um lacaio?;  nós temos bom sentido do humor e nos deixamos fazer estas coisas. Mais fumaça,mais sensação de nevoeiro! -dizia assim Gustavo, enquanto olhava com sorna e ares de superioridad a seus dois fiéis serventes; atravessar esse olhar ate chegar ao coração dos serventes então, para assim deter-se no empresário do ramo têxtil de Montipoula solicitando dele - Vos dais conta, aborrecidos lacaios, vos dais agora conta de qual é a diferença entre um empresário e um lacaio?.Bem!,já está, abonda de fumaça!, vou escrever uma carta. Ah!,minha cara Fuxa!,terra que me veu nascer,eu volto a ti,agora que já sou maior,após tantos anos afastado de tua beleza e condições singulares conhecidas em todo o vale do Amor:bem!,será uma carta de invitação, e como sempre,escrevê-la-ei de meu punho e letra enquanto soam as trombetas.

A Carta era esta:

“Como bem sabeis novos acontecimentos estão a acontecer na terra. Mas também meu aniversário achéga-se. Tenho aqui, e ti adiante de teus olhos, uma carta de convite. Os novos acontecimentos e  que eu cumpro os setenta anos  misturam-se. Vou celebrá-lo ao grande ,como sempre, embora mais engenhoso. Fruto dos tempos que nos toca viver que condicionam os novos limites impostos pela austeridade é quando deve sair a graça e a espontáneidade própria de quem como eu se dedica à arte da interpretação e da política. Agora bem!,  eu  volto a minha terra, lá em Fuxa, algo que em realidade, e ainda que soe a tópico dizer, eu nunca abandonei, igual que não pretendo vos abandonar a vocês. E  para celebrar  as duas coisas, o de cumprir anos e voltar a minha terra convido-vos, que não convoco, a desfrutar e sobressair em paixões no dia da minha onomástica, o doze de avril. Será algo apoteósico e descomunal. Terá festa carnavaleira. Venham disfarçados de qualquer variedade de espécie da criação, dentro do reino animal!. É meu desejo então que um dia antes  estejas em Fuxa, ao meio-dia, para assim comigo jantar, também  disfarçado de cualquier variedade de espécie da criação, dentro do reino animal!. Este último será um ato protocolário de democrácia participativa, se a sorte acompanhasse-te, como bem já sabereis por outra carta na que explicarei o processo de selecção que se fixe convenente e outras pautas de comportamento da esência deste evento anterior ao outro grande evento como é o meu aniversário . Falaremos, após a ingestão e duma soberana sesta, de temas de enorme transcendência que poderão fazer mudar a história. Tanto o aniversário como a reunião protocolária do dia anterior serão oferecidos na enorme mansão que possuo, lá onde se encontra  a  “Loma da Mordomia Terciária” no Estado Federal dos Vales do Amor,em Fuxa.

 Recebe um cordial abraço, um beijo, acenos ou o que desejes,

 _ Gustavo o Elefante_

Ia ser seu setenta aniversário então. A missiva foi entregada à amplísima relação  de convidados e convidadas ao evento. Mais devido à relevância do autor da carta foi esta uma coisa de conhecemento público em todo o Estado Federal dos Vales do Amor.

 O de que “se a sorte acompanhasse-te, como bem já sabereis por outra carta”, correspondia ao fato de que só umas e uns poucos iam ser as eos privilegiados para  reunir-se com Gustavo o Elefante o dia anterior de sua onomástica na mansão. Esses poucos e poucas sairiam dum sorteio que teria lugar três meses antes do aniversário de Gustavo. Nessa cerimónia prévia ia estar convenentemente estabelecido o guião teatral por ele. Assim, a cada uma das convidadas ou convidados, numa espécie de ritual que pretendia ser original teria um papel que representar sem sair-se dele até o momento em que todas e todos estivessem sentados para comer. Era algo assim como um jantar entre políticas e políticos,só que aqui Gustavo não elegia ele mesmo a essas eleitas e eleitos, quem representariam as aspirações de determinados seres da creação com suas ideias políticas gerais de reinserção e progresso,segum ele,claro.

As câmaras de televisão de cor rosa como o mel rosa iam estar presentes também nesse ato protocolário . O sorteio cumpriu-se e a fortuna foi a  uma minhoca, uma lebre, um colibri, uma tartaruga e uma cerva.

Enquanto, no Estado dos Vales do Amor,numa zona de terra quasse desconhecida,quasse ailhada e a que chamavam com o nome de Fuxa,onde nascera Gustavo, as gentes do lugar acordavam, eo faziam com a notícia que levava essa carta

Mas uma dúvida assaltava. Era Gustavo um homem ou um elefante que sonhou ser de jovem comunista e depois um político empresário corruto?, eram a minhoca a lebre, o colibri, a tartaruga ea cerva uma minhoca, uma lebre, um colibri, uma tartaruga e uma cerva, ou eram pessoas disfaraçadas?. Qué era Fuxa, cómo era Fuxa,?.

 

CAPITULO II  GUSTAVO O ELEFANTE PREPARA-SE PARA O ACONTECEMENTO

 

No virar da roda da Deusa Fortuna desenhou-se então, outra vez, (tantas já!, e não cansa-se a roda de dizer que é um suspiro da cor invisível da casualidade o que nos liga, e um suspiro o que nos afasta de toda a faculdade) um novo traçado caprichoso. Gustavo voltara de Montipoula e estava já em Fuxa, na Loma da Mordomia Terciária,na mansão que lá possuia. Desde o momento em que se fixou o sorteio até o outro no que celebrou-se a reunião anterior ao aniversário de Gustavo  passaram os diass muito agitados e loquazes na vida das diferentes espécies que pelos arredores da montanha de Fuxa rondavam. O bisbilhoticie de seus vizinhos e vizinhas. Pelas fazendas, lagos e cerrados mais próximos à mansão corriam os murmúrios desqualificadores como os da família de Rãs Vermelhas que emigrassem já fae anos de Costa Rica: “Esse elefante bem pudera ir-se de aqui, é um estridente que quebra a harmonia da montanha”, dizia o progenitor do clã, ou este outro: “O sorteio está manipulado, é todo um fraude!, valente elefante capitalista!”,como assim asegurava a única Girafa que por lá  encontrava -se  e que viesse de Somalia. Outras voces escépticas haviam, com a inquietude na dúvida  filosófica e revolucionária das inocentes e belas bestas selvagens, acossadas e puras, as mais aguerridas em consciência ante as possibilidades que oferece a vida na sua translação.Tal era assim que respondia  o hipopótamo do Lago Pálido a uma cambota que vivia numa cabanha cor-de-rosa com ninfas e libélulas : “Certo é que trouxo consigo o progresso nestes lugares, porém o progresso em bens materiais também chamou a ele e deixou-se corromper. E agora volta em nome da verdade e a justiça. Não me fio”.Também havia os e as benfeitoras próprias e própios do bisbilhoticie romântico; assim era tal que diziam ao unísono um grupo de rolas e pombas silvestres num coro triunfal: “é capaz de pintar-nos o céu com tal de ver-nos felizes”, ou este outro dizer rosa, totalmente desmedido e apaixonado no louvar, que saia da voz duma parasitária e solitária formiga azul que vivia numa pequena choça de madeira do tamanho duma caixa vazia de fósforos grandes e brancos “é o Messsias de todas as espécies da terra”. Por conseguinte, os diferentes pontos de vista despregavam-se sem ter um critério unificador. E chegou o dia anterior do aniversário. As câmaras da televisão e microfones apareciam por todas partes do jardim da mansão do elefante; por lá estava ele, e falava em voz alta :

- Primeiro, para isto da aprendizagem no mundo da rima bem valem compor uns versos como gotas de água que subem para acima, -dizia o elefante com olhadela entre satânica e perdida -, uns versos que tenham não já uma dupla leitura, senão até três e quatro também. Dessa maneira aglutinarei a quantas espécies da terra sejam necessárias. Porém é necessário um pequeno grupo azarento, como este de hoje que seja ao mesmo tempo testemunha  de meus desejos. Fazer assim que caia o peso de tal democrático estado nos atributos de pessoas tocadas pela famosa vara do poder. E como eu tenho esse poder agito-a. Se há que dar a voz ao povo, que seja assim então, e segundo as leis das casualidades; e então chora enquanto eu olho a vara e a hora...,isto...,não! ...perdão!, o que quero eu dizer é que agito a vara que o poder outorga-me, enquanto olho a hora que é, a ver se começa isto duma vez. Em fim!,...acho que algo assim era...-continuava falando o elefante no que eram ensaios de última hora,dantes de que as câmaras de televisão eo espetáculo desse começo, uma semana mais,como todas as semanas e em hora de máxima audiência.Agora desde Fuxa,a terra que veu nascer a Gustavo

-Algo assim é, ainda que não te preocupes muito que também essa parte não tem muita importância –dizia agora Estilikão, o conselheiro maior de Gustavo o Elefante, que sempre estava aí para lhe ajudar ante as dúvidas filosóficas,de amor e de guerra, e em general todas as dúvidas que a seu amo se lhe pudessem aparecer em qualquer ponto do planeta e à hora qualquer que se dignassem em aparecer para cúmulo de males.

-Como? .Que não tem importância?.Igual quem aqui não tem importância és tu, será possível!. Justo quando estou a falar do galho do poder e de minhas faculdades ante tais desígnios!. Santa Mãe a que a nós escutas!, perdoa-lhe!, pois a verdade que não sabe bem o que faz este teu filho, que a mim tão mau protege-me! ... , em vez de bem me conducir - dizia agora Gustavo olhando aos pés de Estilikão -  negas meu património de comando e dote para a condução do rebanho à mesa...

- O que quero dizer é que se continuamos assim não acabaremos nunca, e já quase é a hora...

 Agora interrumpia o Elefante a Estilikão, estava declamando:

“Dize-mo ti, paro eu,

Agora toca

E toco eu.

Volto a dizer eu

E já vão dois,

Agora tocas ti

E ti também com dois.

porquê é assim e não deixar entrar

Ao ar para que descobra este mistério

E que refresque nossos corpos

Abatidos por este calor de inverno?"

Eram pois, os últimos ensaios, próprios de quêm revisam os últimos conceitos antes dum exame.

-Bom..., não está tão mau! –continuava a falar o Elefante-, a declamarei como se fosse um ato espontáneo, repeti-a-ei várias vezes enquanto nos dirijamos à sala de jantar, isso é!, mas devo aperfeiçoar os saltinhos, o que ocorre é que já não tenho tempo, como tu dices. Embora, , ¿porquê calas agora quando deverias falar?

-Bom!, francamente bastante bem. Os saltinhos têm que ser mais espontáneos...- dizia Estilikão ao Elefante-

- Quem dedicamos-nos a divulgar nossa obra em benefício da humanidade, e se o guião assim o requer é evidente que devemos de oferecer o melhor que de nós possa salir. O fato de que não esteja eu dotado da agilidade necessária para dar esses saltinhos não implica que eu não queira-os dar da melhor maneira que acho que se possam dar ; a exigência em minm é enorme,não tão monumental, desde logo, como minha contribução corporal.

.-Vá!, pois agora, a verdade é que dito assim francamente o que eu recomendo é que estas palavras tão cheias de aplastante lógica que ti acabas de expùlsar por tu boca sejam assim mencionadas quando chegue o momento em que estejas adiante das câmaras, chegada a hora em que o instinto declamatorio tenha que sair todo desde dentro para afora,como se dum prematuro vómito se tratasse...

-¿Vómito? –interrompia agora o Elefante a Estilikão

Amigo pois das artes, mas a verdade é que só gostava quando a arte saia dele. Gustavo o Elefante! O demais era aborrecido se não se fazia como gostava. Porém como elefante público que era, estas egoistas paixões que brotavam quando estava com a comunidade as disimulava de tal modo que as enfeitava como se fossem beneficiosas para o mundo inteiro.

Assim pois,era Gustavo um homem ou era um Elefante que sonhara com que fora comunista na adolescência e depois um político empresário corrupto?.

Era a mansão dum estilo eclético, próprio da corrente arquitetónica dessa época, que ia em sintonia com o leque de novas possibilidades que surgiam na comunicação. À fachada da grande casona chegava-se acedendo por uns jardins nos que a placidez reinava na mistura de suas diferentes composições florais: Alhelíes amarelos com sardas de vermelho pardusco, rosas silvestres de diferentes estilos e cores, parreiras de hortênsias trepadoras, cravos, e assim um longo continuar entre o murmurar das folhas nas árvores e o trinar de diferentes aves.

“Dize-mo ti, paro eu,

Agora  toca

E toco eu,

Volto a dizer eu

E já vão dois,

Agora tocas tu

E tu também com dois...”

Dizia e dizia assim uma e outra vez o Elefante, brincando com os pés e mexendo sua pequena cauda

 

CAPÍTULO III  ENCONTRO DO URSO E O COLIBRÍ

 

Desde o lugar que chamavam a antiga Cova do Plantígrado Cavernário, la em Fuxa, vinha subindo o urso. Estava despistado. E perdeu-se pelo caminho, dando assim voltas e mais voltas até que se sentiu vencido. Passou um pequeno sendeiro de eucaliptos e encontrou-se uma diminuta bicicleta apoiada entre uns toxos, quatro ou cinco seixos e um tronco de árvore  seca e cortada. Estava estupefato pela dimensão do veículo! O som de um pequeno arroio chegou-lhe como corrente auxiliadora pelo circuito sensorial comum. Baixou entre a maleza uns metros e encontrou-se cum passjarinho que bebia da água purificadora

-Olá, formoso colibri. Que calor de primavera! -disse o urso em voz respetuosa e de obrigado cumprimento-

-Certamente, um calor de primavera, isso é!, porque..., é evidente que estamos em primavera, vá!, que exclamação tão rara, mas, ...o cortês não atira com o valente que um deve ser! Bem!..., Olá! , De onde vens? –dizia assim e de tal maneira que era o Colibri ao Urso -

-Estou perdido –responde o urso -

-Isso não contesta o que te perguntei. Volta a dizer outra vez!, e refletir sobre o perguntado.

- Venho desde a Cova do Plantígrado Cavernário  e...

-¡Alto! –interrompeu-lhe o colibri. Já tens contestado. Não tens que dizer mais. Reflete sobre o que se te tem perguntado. As coisas são assim e não doutra maneira, entendes? Está claro, por outra parte, que eu não tenho posto as regras, embora as coisas são assim e não doutra maneira, entendes? responde!

O urso, realmente assombrado pela forma tão directa de falar do passaarinho estava desconcertado e contestou de maneira amedrontada:

- Não sêi se entendo.

-Bom..., está bem!, é essa uma resposta dubitativa mas está bem. Agora podes respirar tranquilamente se queres.-Achéga-te e refresca teu corpo! Tu és bom, verdade? Assim parece ser!. Eu dizer-te-ia uma coisa .Não te deixes submeter por nada nem por ninguém, como agora eu neste jogo malabarista e embaucador te tentei demonstrar, e tal é de modo que eu te volto a perguntar, entendes agora?

- E o urso passou num suspiro de ter o corpo em tensão a estar mais acalmado, e contesta de maneira já mais relaxada:

-Sim!

-Sem medo, Sem medo..., podes estender-te nas contestações. És livre!, podes...

-Cala-te!, -diz agora o urso encolerizado, fazendo espaventos com suas garras enormes e suplicando com a mirada ao céu-. Pareces um colibri muito arrogante!. Porquê tem que ser tudo isto como tu estas tramando? É um jogo no que não quero participar.

Agora o colibri, que tinha um bico enorme, que do enorme que era resultava na arte e mérito da proporcionalidade, sendo sua altura o triplo que a de seu  corpo, entretia-se movendo dita extremidade dum lado a outro, ao mesmo tempo em que emitia secos e  breves gorjeos do disimular, muito vanguardistas para um colibri, do mais moderno  e jocoso que se pudesse esperar no mundo inteiro. Para o bico de mexer-se e projeta-se sobre a figura do urso sinalizadoramente, ao mesmo tempo em que diz o colibri.

-Assim gosta-me, e  permite-me que te diga, assim gosto, meu amigo, acabas de demonstrar saber num momento dado defender-te. Porém, tranquilízate.O certo  é que já sabia eu que vivias lá. Por teu aspeito dizer-se-ia que estás perdido.

-Vá!, és talvez um colibri que lê a mente?, isso é o que te disse faz um momento, que estou perdido. Mas, e tu como sabes que eu vivo ali?  eu não to disse, disse-te que vinha de ali.

-Bem, vejo que também tens memória, onde vais? –pergunta o colibri ao urso - Deixa!,não respondas!, já o sei

-À casa de Dom Gustavo o Elefante, Conhece-lo?..., ali onde a  Loma da Mordomia Terciária...,mas...como sabes que vou ali?

- Primeiro deves saber que eu sou um colibri com bico enorme. Isso para um colibrí como eu, concienciado, faz que me converta numa excepção dentre todos os demais colibries; então e de tal maneira que é assim fácil adivinhar certas coisas, ainda que também quero dizer que tudo isto é em benefício do colibri, porque se não fosse colibri poderia ser uma simples casca de noz, imagina-te!, que faria eu? Porém agora estás perdido e a ti é a quem se deve ajudar, pois ainda que pareças ferido de morte pelo turbado de tua situação, eu te digo a ti que pode-se!. Poder-se-á ver cumprido o sonho  que com o exercício de tua vontade inquebrantável e o devido afinco por sair do buraco no que te encontras requere, pois com o que de ti se espera que só fique a sensação de que teve um dia em teu mar interior de efémeros pesadelos, e assim irão  a tua orla a te dar as boas-vindas os golfinhos de teu corte e paixão. Assim o entendes ti também, verdade?...raciocina se queres e contesta-me, que bem podes se queres fazendo um esforço de entendimento, e com teus olhos ser testemunho do que dita o coração. Compreendes o que digo, verdade?

- Pois verás, como quem diz, duas palavras sim e oitenta e sete não, ou mais bem e melhor, entendo ligeiramente tuas palavras e prefiro eu a partir daí fazer minha própria redacção, calcula então se queres quanto poderia então demorar em te compreender!, colibri, mas, ... segues sem responder-me, e tu como sabes que eu vivo ali, na Cova do Plantígrado cavernario?

-Bom, está bem, respondo-te, mas antes te devo dizer-te que eu vou também até a casa de Gustavo o Elefante.

 

CAPÍTULO IV GUSTAVO O ELEFANTE E UMA SITUAÇÃO  INESPERADA

 

O Elefante  agora  encontrava-se sentado num banco de pedra, ao lado da fonte central do jardim; dita fonte recordava algo à dos quatro rios de Roma, da Piazza Navona, só que esta era mais discreta. Vestia elegantemente, com cuecas e calças de cor vermelha que lhe cobriam as pernas, como correspondia à nobreza antiga, com bordados de ovelhas e cabras, ambas submetendo às barridas da perna por médio dum jogo complexo de cordeis  entrecruzados. Cobrindo o torso ampla túnica de seda com flecos de enfeitos dourados. Levava consigo uns cartões.Era o dia prévio a sua onomástica e a hora em que as eleitas deveriam chegar. Como se um set de plató parecesse, as câmaras dividiam-se em várias zonas. Desde a zona número um oferecia-se um plano geral onde se divisava o jardim, e no fundo a mansão. Jorobum ia dum lado a outro, era o director de orquestra da ópera rosa. Tão cedo ia à zona três para falar com o realizador para sugerir-lhe uma maior abertura do plano como se punha a tocar o violão. A zona três era onde estava a fonte e o banco de pedra. Jorobum levava um bigode delgado com pontas longas para acima e formando curva. As zona mais próximas às comissuras estavam convenientemente barbeadas. Era um bigode considerado hoje como o grande bigode de Dalí. Existem outros bigodes, como o que luzia Esmirriako, como assim se chamava o realizador, discreto e uniforme bigode que ia de um extremo a outro das comisuras labiais. Porém o caso de Jorobum era excepcional, já que era a coisa dele dum caso particular de devoção pelos bigodes; tal era assim que acomodava-se a qualquer estilo que fosse extravagante, como o inglês ou também o imperial,mas agora eram tempos de palcos, focos e bambolinas, e nada melhor, segundo ele, que aquele bigode que depois passaria a ser o grande bigode das pessoas extravagantes. Estava já todo disposto para que começasse o espetáculo, de tal maneira que Jorobum fiz um gesto confidencial ao elefante com seus dedos de que tudo ia bem, depois de entreter-se uns segundos mesándose o bigode lançou como um grito de guerra - Tudo bem por aí abaixo?- então o realizador dá sinal ao director rogando-lhe que esperasse um momento..

Agora Esmirriako apanha uns guijarros pequenos e colérico aponta com eles a Espirrim,o encarregado da câmara móvel, enquanto este último  defende-se emboscándose, apanhado detrás duma cadeira e cuma pasta enorme sujeita com os braços.

- Que todo vai bem?, serás idiota!, não vês talvez onde está Espirrim?. Porém..., Maldito sejas Espirrim!, porquê fixas a câmara móvel agora sobre o facistol, é que não vês que aí não há ninguém?, em que estás pensando? –dizia agora o realizador Esmirriako gritando como se fosse o mesmo Hefesto quando se inteirou do de Ares e Afrodita- Segue à Cerva!..., é aí onde se foca!

-Mas, não ia o Elefante a começar no facistol? –replicava Espirrim-

- E quem disse-te a ti isso?

-É uma suposição.

-Uuuuuff, Quanto incompetente há que aguentar!, e é que agora segundo tu tudo isto se trata de um supor, serás atontado?

- Está bem!, deixem de fazer o burro, -dizia agora Jorobum,o diretor-  e sendo assim que de tão mau que fica isso que afea ao burro e a quem o representa no fato. Bom, Gustavo!, agora é quando  começa a verdadeira representação .O guião estabelecido por ti deve de começar. Bem!,e é que,...entramos já ao vivo para toda  a audiência pública!, achéga-se a primeira convidada Adentro!:

- Já estão aí outra vez esses pendencieiros! - dizia  a cerva, a primeira em chegar.- Olá Gustavo, alegro-me muito de ver-te, perdoa que entrasse assim tão sorpresivamente, já me entendes, mas a verdade, esses servos teus desprendem um estrondo demasiado irritante para o ouvido sensível dum ser como eu. Em fim, desejo-te que a tranquilidade reine em tua memória e que cumpras mais anos dos que tu desejes, se é que isso pode ser certo. -Enquanto isto dizia apanhava um cartão que lhe era entregado pelo mesmo Gustavo. Para a cada uma das e dos que ali  iam-se reunir correspondia um cartão –Embora..., vá...!, ¿quem está aí...,detrás tua...Ah!...,se é..., oh!, ...,trata-a como bem se merece!  

E o guião estabelecido pelo anfitrião, Gustavo o Elefante devia de continuar:

Assim é que sente o elefante como se alguém lhe estivesse a atirar de sua extremidade posterior. É tímida a lebre, trata-se de ela!, escondida pela parte trasera do banco onde Gustavo sentava-se. Ela lhe mordia ligeiramente a cauda  em sinal de amizade a ele; Apanhou-o de surpresa!. Ficou a lebre colada com seus dentes ao elefante, parecendo ela um grotesco prolongamento da cauda dele.

 -Mas, quem está aqui?, se é  a lebre, vêem comigo!, Oh! ,minha cara açucena!,- diz assim o elefante, com gestos sobre-dimensionados, depois de se dar a volta e agarrar a ela com a tromba, descolando-a da cauda e enchendo-a de beijos e carantonhas-.

- Solta-me, Gustavo!, demandava assim ela, ruborizada e movendo suas patas dum lado a outro bruscamente, tentando fugir do elefante anfitrião, enquanto a este uma comichão leve em seu pé esquerdo se lhe ia estendendo para acima, tal era assím que preso dum nervosismo e excitação inusitado a cada vez enrosca mais a tromba.  

-Gustavo,que afogas-me!. Se não por ti,  por teus filhos! que estão em Moçambique, Gustavo!, atira-me de aqui! – exigia a Lebre-

E o guião estabelecido pelo anfitrião, Gustavo o Elefante devia de continuar:

-Mas, que é esta sensação que desde abaixo sobe pelo meu ser?..., Oh! perdoa minha cara amiga Lebre..., porém...-diz o elefante- volta eu a dizer!..., que é esta sensação que desde abaixo sobe pelo meu ser?, não posso mais das cócegas!. Aliviou a pressão à que estava submetida a lebre; tal assim foi que abriu-se a tromba de todo e a lebre caiu. Enquanto, alguém se divertia no pé do elefante causando-lhe esses comichãos. Os cartões que levava para repartir voaram, e raudos e velozes se apresentaram três estorninhas para os recolher.

-gha, gha..., gha... basta!, faz favor!...mas..., se é... Oh, Minhoca! –dizia agora Gustavo-ja mais calmado, -porém, que brincalhã és!. Descomunal teu tamanho para ser da linhagem da que procedes; pequena para minha condição tão colosal, embora formosa dentro das formosuras. Devo eu ter cuidado de não fazer-te dano. Não te tinha visto entrar, boas-vindas!

-Trabalho deu-me chegar até aqui, não te creias – disse a minhoca-

-Não te preocupes, em seguida o jantar e depois dormiremos uma sesta...

 

CAPITULO  V AS INOCENTES CUMPLICIDADES DE URSO E COLIBRÍ

 

Enquanto tudo isto ocorria nos jardins da mansão de Gustavo iam urso e colibri pelo caminho que lhes levava a dita residência. Passavam agora pela parte traseira dos senvencilhados estábulos da propriedade que antigamente  tivesse a Marquesa do Vale do Florido Amor, para ato seguido, e em vez de continuar para a direita subir a custa do “Adivinho Perigoso” e logo torcer à esquerda e desviar-se para o Mosterio do “Apetite do Corvo”. O certo é que iam dando um rodeio mas que muito grande, ainda que divertido. Agora o urso poder-se-ia dizer que estava já totalmente perdido, ainda que a verdade era que este urso levava muito tempo aturdido, e como consequência de tal momentánea indisposição oferecia como resultado o equívoco panorama conceitual de uma absoluta desolação. Estava pois como confundido, não vencido!, e com a sensação de ter-se perdido, quiçá seja assim melhor a definição.

-A estas horas já devem estar todas e todos reunidos. Chegamos tarde. Porém temos tempo. De fato temos o tempo que o destino nos depare. Nem mais nem menos, -dizia o colibri,  passarinho de verde metálico, que ia montado na pequena bicicleta-, mais o passarinho era plenamente consciente e sabedor de qual era o caminho. Algo lhe levava a entreterse com o urso desviando-o do caminho.

-¿Tu achas que poderá ser como diz Gustavo, um evento apoteóseco, o dia de sua onomástica? –Pergunta-lhe o urso ao colibri-

-Não sei a que  refere-se Gustavo por apoteóseco -responde colibri- ao misturar seu aniversário com a revolução. Eu a isso lhe chamo egolatria.

-Bom!, parece como se não lhe entendesses –dizia agora o urso-; ele é assim, gosta tanto da comédia como da tragédia. ¿Por qué  convidou-te a ti?

-Bem!, em realidade a mim não foi a quem convidou realmente. Verás!, tenho que  dizer-te que te estava a procurar, urso..., te estava a procurar quando te vi., ainda que para ser mais preciso vale melhor dizer que te estava a esperar. ¿Vives só ?

-Assim é, porém recordo-te que segues sem contestar à pergunta, ¿como sabes que vivo ali?

-Já to digo agora, mas, ¿quando conheceste a Gustavo?, ¿se é de modo que chegaste-o a conhecer?

-Faz muito tempo, fará disso uns cinquenta anos,¡todo um combatente pelas liberdades! – dizia agora o urso, ao mesmo tempo em que parava de andar sobre as duas pernas posteriores, saltando fortemente sobre a terra que permanecia molhada pelo efeito de um pequeno charco-

-Confundes-te, meu amigo, porém...,para de saltar!, estás a deixar-me o colete cheio de lama.  Confundes-te!, os tempos mudam e as formas e o pensamento também.

-¿É que talvez não é assim? , - dizia o urso franzindo o cenho-  eu lhe salvei a vida uma vez, quando introduziu o pé num esgoto nas revoltas do famoso ano conhecido como invisível. Uma bandada de cães polícias selvagens acossavam-no, e eu com o fogo os intimidei,fae uns cinquenta anos. A mim prenderam-me um ano por isso, e desde essas me refugiei na cova, e tanto me refugiei que dormido fiquei, até que acordei fará coisa de dois ou três meses talvez. Embora,...porém..., estou farto de que não me respondas à pergunta!, como sabes que vivo lá, na Gruta do Platígrado Cavernario?

-Bem, já to digo agora, porém, ¿Como dizes te chamar?

-Simplesme Pierluquim ¿e tu, Colibri?

-Chamo-me Colibri. Simplesmente Colibri, em isso baseia-se a diferença entre tu e eu

-És tu um bicho raro, ¿sabes Colibri?

-Tempo ao tempo e saberás, Pierluquim. O que sim é certo - fala o Colibri- que se estão a produzir feitos de enorme importância na evolução de todos nós; situações que afetam de diferente maneira não já em alterações duma espécie determinada senão no comportamento e desenvolvimento individual, de modo que, nestes novos tempos, o de ser um bicho raro ou não é muito relativo. Mas falemos de ti e com isso contestar-te-ei a tua pergunta que segue sem resposta. E como quase toda a pergunta é merecedora de sua contestação e leva ela consigo uma história que contar começo pela história e respondo à pergunta. A questão é que tu não tens sido convidado ao aniversário de Gustavo, foi um sonho de fae três meses que se prolongou em outro sonho de faz muito mais; os dois sonhos produzidos por tua mente trastornada que quer sair da prisão, como se tivesses recebido um golpe muito forte e entrasses em coma e agora te estivesses a recuperar

-¡Mentira!, -dizia agora o urso Pierluquim chorando com lágrimas de urso ferido no orgulho, e lançando ao mesmo tempo um uivo atroador que acordou a uma alcateia de caracoes com forma de lobo, que agora babujavam freneticamente, para fugir de onde procedia o que a eles parecia- lhes um furacão-. Ainda que, agora que o dizes, não sê se te crer, estou bastante aturdido,  perdoa-me!...,oh!..., porquê sou tão infeliz? –chorava e chorava o Urso de tal modo que formou um pequeno tanque ao que chegaram pequeníssimos peixinhos de cores-  Algo disso pode que seja assim de fato, eu mesmo sento como em meu corpo se estão a produzir transformações desde que fará coisa dum mes leio os contos de Piloverim, Viva Piloverim! –diz agora o Urso mais tranquilo, num efeito de contrariedade absoluta com o estado anímico anterior depressivo, para ato seguido jogar um bocejo atronador-

- Piloverim! – exclama o passarinho-

-¡Oh!, um ursinho pequeno muito mas que muito pequeninho, que escreve contos e fala entre outras coisas de que no processo da consciência há uma etapa pretérita para chegar a ela de confusão nos organismos vivos ao não reconhecer-se eles mesmos como uma identidade particular duma espécie  determinada; assim, estas orgânicas matérias quando olham-se adiante de um espelho crêem ser o que não são. Dependerá de cada um destes seres que a verdade penetre ou não dentro de suas almas e cheguem por fim a se reconhecer como o que são e não outra coisa. E para pôr um exemplo, como ele diz, que melhor que nossa raça de ursinhos pardos que nesse estado intermédio entre a ignorância e o conhecimento não saberão diferenciar o fato de que existam pássaros com consciência do fato de que esses pássaros não sejam humanos. Eu, a verdade, que não entendo muitas coisas, porém estou muito bem quando leio o que escreve Piloverim.

- Vá!, que classe de coincidências mais estranhas!, dessa coisa é do que eu queria te falar também, e resulta que é o que estás a ler. Assim entende-se que ti me vejas a mim como um Colibri e não como um humano porque tua conciência começa a acordar, embora eu, como levo mais anos que tu de conhecimento sim que sê bem discernir, pois a consciência ativa a clareza das visões, tanto se levas como se não levas lentes de contato tudo é mais claro, ainda que se os levas  preferível é que os continues levando, pois nada tem que ver nem às três da manhã...isto...,bom!...,que às...quatro; uma coisa com a outra...,isto...,bom!...,¡pois isso! em fim...,que me perdo!...

- Que queres dizer? –interrompia o urso enquanto coçava-se juguetonamente o umbigo - vá trava-línguas!

 

CAPITULO  VI  O ESPETÁCULO DEVE CONTINUAR

 

A enorme habitação que serviria de sala de jantar estava alagada da macia melodia dum cantar tradicional. Uns dez ou doze estorninhos que serviam  a Gustavo o Elefante iam de aqui para lá da estadia com pequenos detalhes de último momento, em pequenos e coordenados ao mesmo tempo que velozes voos.Uns acendiam os sobrios e de prata candelabros de pé, que eram de considerável altura, outros esticavam com o fino bico os cantos da  toalha de plástico,e em cima a outra, a principal, a toalha de mesa, de extraordinário linho do Nilo, um enorme pano branco de bordados com motivos costumistas de fábulas e lendas. Era algo espetacular! Conseguia dar o aspeto de impressão desejado, com o que se afundava envolvente sobre a enorme mesa de madeira de carvalho de estilo barroco, a qual  dava à vida da toalha de mesa o verdadeiro sentido de sua existência. Outras estorninhas, outras dez ou doze também, iam e vinham desde o interior da mansão  até onde Gustavo estava; eram elas aos que se referia a cerva como servos irritantes. Era uma formosa cerva ela, com saia quadrada furada na cintura e camisa veluda, de mangas ajustadas, cuma elegante touca encaixada na sua cabeça com fita de cor rosa e bem atada o queixo.

-Minha cara Cerva!, como podes ver estes “meus servos irritávels”, como lhes chamas – falava agora Gustavo o Elefante-, são muito diligentes em seu ofício, chegam quando têm que chegar e com grande mestria no ousado de seus serviços. Eles estão aqui porque aqui gostam de estar e são bem-vindos. Obrigado!..., muito amáveis sois!, -dizia Gustavo ao mesmo tempo em que dava instruções às estorninhas- dêem-lhe um dos cartões à minhoca e outro à lebre, que ficou feita uma bola, a pobre!   

Efetivamente estava a lebre enroscada numa bola da que sobre-saiam as orelhas. Tinha assim ficado configurada sua fisonomia depois de que ao cair  da trom,a do elefante, este tropeçasse com um penhasco e fora a dar contra uns vasos colocados num pedestal contíguo ao banco de pedra.

- Não é a questão da diferente opinião o que faz  às coisas transformar-se noutras, senão a acção das adestradoras vontades que as manejam –fala agora a Cerva -, sendo assim que são ágeis no cumprimento do dever a ti retribuido e repudiável estas e estes estorninhos, pois não deixam por isso de resultar-ne irritantes e ao mesmo tempo muito simples seus gorjeos, embora, claro!, eu sou uma cerva e ti um elefante...mas..., que vejo?, olhem!, acima da ponte!.

Por uma das entradas à mansão, desde oriente, tinha-se que atravessar uma pequena ponte de madeira para aproximar-se ao centro do jardim, onde as e os demais se encontravam. Debaixo dele figuravam as águas do tanque num apacível ir e vir de nenúfares e folhas do loto flutuantes, misturadas com os  lírios pequenos, repolhinhos de água e rosas de chá dispersas, que ofereciam maior sensação de subtil dinamismo quanto mais se achegavam ao surco de água artificial que se apresentava em cascata sonora devido ao roce de sua pureza com a húmida pedra. Por esta ponte ia agora a tartaruga que tinha sido convidada ao evento de  Gustavo

- Que nenúfares mais bonitos. Vão ligeiros como eu, levando a casa flutuante eles e eu sobre meu corpo. Vão ligeiros como eu, é verdade, parece que nada querem mais que navegar e flutuar e deixar que a vida em nossas fantásticas ensomhações perviva...,mas...Ah!...já estou aqui, olá a todas e todos!, bem-vinda seja a hora em que nos vemos agora! –dizia assim a tartaruga do antigo linhagem das Sauropsidas, quem uma vez passada a ponte andava já sobre as duas patas traseiras dando pequenos saltinhos de felicidade, ao mesmo tempo que cantava:

“Como uma flor tatuada

No céu; e...,

Aparece o sol em minha morada...

¡Quero eu, gosto eu dessa flor!

 Antes de que a lua

Venha me visitar também”

Declamava a tartaruga

- Olhem-a!,é espetacular sua presença, que bem cheira desde aqui! -dizia o elefante, enquanto esticava a tromba e dois dos estorninhos giravam comicamente ao redor dela, enquanto repetiam este estribilho uma e outra vez:

“É o amor coissa formosa

E gostosas suas enredadeiras”

E o guião estabelecido pelo anfitrião devia de continuar:

Gustavo o Elefante ao ouvir à tartaruga tão alegre e jovial diz:

“Assim é como deve ser, digo eu,

Animal estranho da nação,

Que levas tua casa numa carapaça

E na alma..., qué?

E eu aqui na minha mansão,

Fazendo deste dia uma festa

Vêem a meus braços!,

forrmosura minha, bela tartaruga!”

Farei aqui como narrador que sou, e fora da recreação de Gustavo, uma breve  menção sobre a vida e forma de ser da tartaruga, que era todo um desprendimiento de vivacidade carregada de energia  positiva e de gosto pelas artes e os diferentes estilos, que brotam tanto de suas harmónicas interpretações como das mais estridentes e ruturistas. Mas esta condição encerrava comportamentos duma compulsividade desmedida também, pois às vezes eram suas primeiras formas repetidas aliterações, gesticulações formosamente divagantes dum proceder,digamos, quiméricamente ilusionista, fruto de de  quem parece preferir pôr primeiro a rima que o verso sem lhe importar a ética. Não é isto um ajuizamento em si, senão que vem do dizer da gente, dos murmúrios insidiosos que  estendem-se quando alguém se coloca por predisposição própria fora dos medidos comportamentos da enganosa métrica da vida prefixada. Era ela então, a que estava no ponto dos demais por ser inovadora, e se julgava sua arte com cruel perfidia, como o ser maléfico que escudrinha no umbigo dos demais para alimentar-se de suas entranhas.

As estorninhas cantam e apanham à tartaruga, elevando pelos ares para deixar aos pés de Gustavo.

-Trabalho deu-me chegar até aqui, não te creias,mas bem vale a pena – disse a tartaruga  ao elefante-

Mas, para falar da minhoca, a lebre,a tarrtaruga e a cerva bem está todo um capítulo.

 

CAPITULO VII A REVELAÇÃO DE URSO A COLIBRÍ

 

Estavam já onde o estreito sendeiro de terra porém afiado, que ia dar ao antigo mosterio dos monges do Apetite do Corvo, como assim refletia o  “Cancioneiro das Tradições Aladas dum Deus Menor Inimigo da Pérfida Gula” em seu tomo dez mil novecentos cinquenta e três, para esclarecer a terminologia :

 “...de escuros hábitos e voraz  gula de ascetas obcecados, a quem interessa-lhe sua gula de condição asquerosa, ali refugiado no mossterio do Apetite do Corvo, que incomoda às mais ternas das nossas crianças com seu sigilo de funestos traçados intimidantes e perversos? ”

Colibri tinha suas patas na terra húmida e fazia estiramentos para depois chapinar com elas e cantar em coro cuns pintassilgos. Os pintassilgos foram-se lançando suaves trinos,olhando para atrás como sem querer se despedir do Colibri, -Se nos faz tarde- disseram, deixando um rasto no chão de pétalas de rosados cravos.

-Bem, e chegados até aqui devo te advertir que é necessário que saibas a verdade, pois achando-se teu corpo..., mas dize-me..., talvez tens visto alguma vez tua figura refletida no lago? , dizia agora o Colibri ao urso-

- Lá  onde vivo, no lago?, sim, claro que sim!, mas, ... que pergunta mais estúpida é essa!, num espelho claro que sim...

 -Os ursos com espelho não são de bom ver

-¿Ursos?,e daí, qué têm que ver comigo os ursos?

-Evidentemente, amigo Pierluquim, se ti fosses humano ver-me-ias a mim como humano,mas tão só és um urso, mas um urso, isso é certo, que começa a acordar. Quando tenhas a suficiente consciência saberás o bom Colibri que sou, com um bico muito mas que muito grande, embora sou um pequeno colibri.

-Ghe,ghe,ghe...,há que me rio...,ghe,ghe,ghe... A grande ninhada! A grande piada!...,acabas de dizer uma besteira imprópria dos burros...,ghe, ghe, ghe...,dizer que eu sou um urso tanto faz a estar muito mas que muito mau da cabeça, Colibri. Que viva onde está o lugar que se conhece como Cova do Plantígrado Cavernario aqui em Fuxa, e que tenha por amigos e amigas a essas que ali vivem não é sinônimo de que eu seja um Urso. Não!, eu vi-me no água, nos espelhos e até brilhando nas estrelas, minha sombra não é tão gorda porque não tenho essa corpulência, nem falta que me faz, luzir bem eu de smokin ainda que  peixe não seja, pois já se sabe que os peixes vão de smokin. Meu nome é Pierluquim ,e tão humano sou que descendo dos Pierluquins famosos em todos estes vales e feudos. Como explicas então que faz uns cinquenta anos eu salvasse a Gustavo de morrer da mais horríveis das mortes crueis, sendo já de por si a morte cruel, quando ficou cuma perna no esgoto  nas revoltas do famoso ano conhecido como invisível, quando uma bandada de cães polícias selvagens o acossavam e eu com o fogo, eu, os intimidei?..., eh?, tomada já!, porque Gustavo lembra-se disso, sim!,perguntar-lhe-emos e assunto resolto.

- Isso  foi o sonho que tives-te quando eras um ursinho pequeninho, a ele referia-me quando eu dizia-te aquilo dos dois sonhos produzidos por tua mente trastornada que quer sair da prisão, como se tivesses recebido um golpe muito forte e entrasses em coma e agora te estivesses a recuperar, recordas?..., e te puseste doente, e de tanto que dormiste ao acordar creste ser humano e assim te vês, já antes to expliquei, e agora teu inconsciente sente a necessidade de se revelar, andas em leves confusões de espaço e tempo, de adaptabilidade ao ambente, e assim é que confundes as coisas .Algo assim, pois a mente dos ursos sabido é que muito complexa resulta ser ,e não se podem entender bem todos seus caprichos e contradições desde o ponto de vista doutras espécies, tal qual é o caso da minha. Confundes a realidade e por isso te vês assim e não como urso. A estas conclusões chegamos Chilamiro e eu, ou mais bem Chilamiro. Verás, eu sabia que iamos a nós ver, pois esse quem dizes que é um ursinho pardo pequeninho, muito mas que muito pequeninho ele, que escreve contos e fala entre outras coisas de que no processo da toma de consciência positiva e todas essas coisas...,esse quem dizes é Chilamiro, que vive também habitualmente na Cova do Plantígrado Cavernario, um dos ursinhos das novas gerações cuma identidade verdadeiramente revolucionária e de pensamento aberto ao compromisso da procura dum éden que hoje só se vê nas águas do oceano das imaginações.

- Vá!, se desde logo todo isso que dizes é um conto bonito é como conto, ademais, não cháma-se Chilamiro senão Piloverim, mas como é um conto, se é que assim é que é um conto, e como a mim afeta-me, pois a verdade que deixa de ser conto e converte-se em algo real, ainda que tenha a base dum conto, pelo que deduzo que todo o que me dizes pode que seja certo. Ademais, agora que dizes tudo isto, abre-se-me ao pensamento um fato insólito que antes não recordava, e que bem se pode interpretar, e em lógica deduzir o outro fato de que pertenço à família de ursinhos pardos, verás: Uma manhã de chuva intensa neste último mês que levo de vida acordada após tanto tempo dormir, contemplava  atónito como um grupo de sete ou oito salmões subiam a contra-corrente o rio, coisa normal em época de desovar, mas o raro do caso é que ao ver minha  figura refletida na atmosfera atiraram velozmente do água e começaram torpemente a voar, mas o suficiente para escapar de mim. Perplexo fiquei, e não deixava de me fazer a seguinte pergunta: que mau fiz eu aos salmões para que fujam de mim?.

 

CAPITULO VIII BREVES CONSIDERAÇÕES DA LEBRE,A TORTUGA EA MINHOCA

 

A lebre, desde sua posição estática e circular espiava à minhoca com a mirada. Despia-a e voltava-a a vestir, mas temerosa de que sua paixão fosse vista como indiscreção permanecia em estado do que algumas beatas chamam como puro e virginal, sem saber bem em que se baseia tão estúpida identificação do diamantino com a a ausência do amor carnal.¿Porquê sucedia-lhe isto à lebre?, porque a verdade é que ela não desejava permanecer nesse mundo de tão afligidas e hipócritas transparências da abstinência, mas algo fora dela a obrigava a tal condição, chegando a se apartar das e dos demais, ensimismada num mundo interior que adolecia de temor à incerteza e ao desconhecido, mas mesmo assim ela se resistia a ser simples vítima do opresor, e carregou-se de valor e valor,decidindo abrir-se aos caminhos do conhecimento, e ainda que não se fundisse nos corpos do  séquito de tão fiéis escudeiras do saber, que como ela, inquietas se lançavam às plácidas confidencias dos livros abertos dum tipo de antiga civilização que bem entendeu qual era o verdadeiro sentido o certo é que era nobre...,  Sim!,  o que lhe ocorria a esta lebre era que estava ancorada na tímida pasividade porque tinha medo à ignorância que a afeava. No entanto não deixava de admirar à minhoca, desejosa de se unir a ela num sozinho corpo e numa única sensação, numa mesma direcção, lá onde a probabilidade deixa aberta a porta da esperança Sim!, isso era o que lhe ocorria a esta lebre!, que esperava sempre algo diferente das e os demais e não o encontrava, mas mesmo assim ela se resistia a ser simples vítima do opresor e estava onde achava que devia estar para fazer avançar o mundo no bom girar de suas oscilações. Escondia seu focinho no estômago, com o que suas dois orelhas despuntavam como se fossem duas grandes canetas da ciência das letras anunciando o recogimento da intimidade que a elas oferece-se. Às  letras, não às orelhas. Ao intimismo das letras que aparecem atiradas no papel corresponde uma paixão diferente segundo seja o momento. Esta lebre, a verdade seja dita, parecia estar sempre em estado inconsciente. Via à minhoca como se fosse todo um desejo inalcançável, como se fosse um barco do amor que ia-se e voltava pelo efeito duma lua embriagadora e cruel. E é que esta lebre vivia em desgraça pois nada se atrevia a dizer, podendo permanecer nesse estado longas horas e até dias também, porém mesmo assim ela se resistia a ser simples vítima do opresor e estava onde achava que devia estar para fazer avançar ao mundo no bom girar de suas oscilações. Poderíamos perguntar pelo fato de que fazem suas amigas e amigos por ela , bem como perguntar pelo fato de que faz ela por seus amigos e amigas, coroa e cara na mesma moeda onde na cada cara pode ir uma coroa ou uma cara, a cada coisa em seu lugar mas dentro da mesma moeda pois. Porém mesmo assim, ela  resistia-se a ser simples vítima do opresor e estava onde achava que devia estar para fazer avançar o mundo no bom girar de suas oscilações. A minhoca sempre foi mais decidida, lhe vinha por nobreza de sangue o do amor pela terra, e defendendo-se das inclemências com suas partículas quando lhe fazia buracos nas suas entranhas para se proteger; alimentava-se dela ao mesmo tempo que a regenerava com a luta diária pela dignidade, sem lhe pedir nada na mudança. Tinha condição de lider esta minhoca, que ainda que sua voz não fosse especialmente grave, sim que deixava funda impressão em quem a escutava, pois parecia uma voz que vinha desde as mismíssimas entranhas da terra, uma voz libertária que agora ascendia à terra para reivindicar o que de justiça precisa nosso planeta.

E Para definir muito brevemente algum aspeto da tartaruga, que melhor que ler a carta de apresentação que ela mesma se auto-desenhou:

“Sentindo o ânimo alegre em minha sugestão voo ao compasso das ondas do amor, sem sequer recordar que é isso que chamam desilusão, pois aprendi a viver desde que abri minhas portas; já não recordo nada do passado que me possa escandalizar. Agora lhes permito a meus sonhos ser os primeiros, e não me envergonho por isso, e assim será de meu amor o amor quem goste, não qualquer, que como bem sabemos que deve-se querer, dando a cara, e o amor, pelo efeito da primavera, e outra vez que chega a polinização. Agora bem, tenho bom julgamento, e se faz falta apanhar um arma apanhá-a-ei; saberei defender-me do opresor com a garantia de quem quer aprender quantas mais coisas melhor  da divina natureza. Quantas coisas tenho de querer e a quantas almas comprazer nesta terra que nos viu nascer!.

 

CAPITULO IX  GUSTAVO O ELEFANTE FICA ESTUPEFATO

 

Bem!, já estamos todos –dizia agora o elefante-

- Perdoe Elefante ,mas falta o Colibri –dizia interrompendo a Gustavo um dos estorninhos

- Como?, isto não estava no guião.É certo, mas..., palerma!, porquê  te saiss-te do guião ? Em fim!...,isto...bom  – falava agora Gustavo enquanto se mostrava muito nervoso - Não te preocupes,tartaruga, em seguida comeremos e depois dormiremos... - Caminhava agora o elefante de aqui para lá ao mesmo tempo em que não deixava de lamentar-se  -continuaremos com a cerimónia, bem!,...é  certo,...isto...,não me dava conta eu de que alguém faltava, o lindo colibri-. E agora a imaginação de Gustavo lhe levava à excitação ante o erro cometido,sem deixar de parar dum lado a outro, ou bem tropeçando-se cum cabo ou  golpeando-se contra uma árvore por olhar para atrás. O caso é que ao mesmo tempo meditava Gustavo. Podia ele tomar a decisão de cortar a retransmisão, mas o que em realidade tinha vontade de dizer agora a viva voz era: “Maldito sejas Colibri!, Quem te achas que és Colibri, para quebrar-me o guião?,isto me passa por deixar que as coisas fossem por sorteio e não feitas por profissionais, tudo por me querer achegar a vocês...“ - mas não o fez, e apanhou o caminho da improvisação, seguiam as câmaras emitindo-.

E o guião estabelecido pelo anfitrião devia de continuar,mas a ordem por ele estabelecida rompeu-se, porém não o concerto, ou melhor dito, a representação que continuava abrigada à invenção espontánea de Gustavo:

“¡Oh Colibri vêem aqui,

Sai daí, já te vi!,

Eu Elefante sou, tI sem mim e eles lá,

Onde estás Colibri senão perto do mar,

Conspirando com a Lua?”

E não parava o elefante duma zona a outra,tentando dar a imagem de tranquilidade. Que voe muito confete!, diz agora violentamente,e desde o céu escutam-se  como sons de bombas e guerra,mas em realidade eram dúzias de globes que ao se fincar desprendiam as pequenas partículas de papel de seda de cores. Ato seguido dirige-se para o facistol e com ele a câmara móvel que recolhe a larga figura do elefante,mais larga ainda que o artefato. Começa a murmurar com a boca colada ao microfone e jogando algo de baba, dando a sensação sonora a coisa de que estava-se a preparar café. Olha ao céu e dá a ordem a um dos estorninhos para que ponham a Traviata de Verdi como música de fundo,mas o estorninho não lhe faz nem caso. Sabedor Gustavo de que as câmaras estão a gravar ao vivo contém de novo sua ira, mas contém-a a médias, pois lhe sai um murro tremendo contra o facistol que faz que este ficara vibrando uns momentos pelo efeito de tal nocivo impulso; enquanto, contemplava com mirada assassina ao estorninho incumplidor,para ato seguido enquadrar-se bem ante a móvel câmara de Espirrim, que agora lhe faz um desses famosos planos americanos que chegam até os joelhos. Dispõe-se a falar para toda a audiência, não nas mesmas condições que tivesse desejado mas aí está Gustavo.

- Olha mamãe!, ¡deixa o que tenhas e não to perdas!, hoje está muito entretido o programa do Sshow de Gustavo” – dizia desde sua casa Pitusa, a filha do mencionado Espirrim o, um dos câmaras do espetáculo-

 

 CAPITULO X  A RÃ COMBATENTE E A PROCURA DE URSO PIERLUQUIM

 

Agora estavam os dois junto à estátua da “rã combatente”,a primeira manifestação escultórica realizada  por uma mosca revolucionária e a primeira e única até o momento desde que tinham-se notícias das mudanças de comportamento de certos animais de diferentes espécies e talvez subespécies com seus géneros e talvez subgéneros diferentes que habitam o planeta, chamados sem lugar a dúvidas à sublevação. Dita escultura encontrava-se na serra do Belo Encontro, perto duma de suas colinas mais baixas, a Colina da Mordomia Terciária, em Fuxa, onde tinha morada Gustavo, no parque do “Ministro Protetor” e que agora começava a conhecer-se como da “rã combatente”. Estava ela  representada sob uma estrutura piramidal que dava a sensação de movimento, como a famosa de Laoconte com seus filhos, mas ao invés que a escultura da escola de Rodas; aqui não tinha nem filhos nem sepentes nem sequer sensação de angústia ante a impotência humana sobre a adversidade; muito ao invés, pois ria a rã estando de pé e com apoio da pata direita em sujeição, levando esta o peso do corpo e deixando perpendiculares sobre o solo as duas patas anteriores e a esquerda posterior, portando numa  das patas dela,a esquerda dianteira, um sabre de guerreiro samurai, e um sorriso de tímpano a tímpano. Combatente e feliz por combater! Representava a rã o porvir da nova consciência que abrir-se-ia espaço no reino animal.

- Deves saber –dizia agora Colibri apoiado no sabre que portava a rã- que classe de pessoa é Gustavo, quem exerce como amo e senhor destas terras sem sequer ter nascido aqui.

Mas, ¿Como?, ¿não é um  Elefante Gustavo? – dizia o Urso em seu tom normal de confusão-

Pobre ursinho pardo, estás tão enjoado que seguro que sentes como se teu corpo se fosse desvanecer. Tua ilusão porque um elefante fosse qual em consciência que determinasse  a solução de nosso pesar acendeu em teu ser a ilusão,em fim, uma diversão  carnavaleira seu espetáculo de televisão e demais. Trabalha para o inimigo do povo semeando a confusão. É normal que estas coisas te ocorram após te ter ficado dormido tanto tempo, contudo eu sei que sairás para diante porque és sensível. Além disso, os camaradas estamos também para informar e ajudar ao que mal está a passar como tu neste caso. Gustavo homem é. Um político  ao serviço do capital, acusado de corrupção, tráfico de armas,um  especulador e mafioso com poder dentro do partido do Estado. E agora vem a Fuxa para acabar seus dias de política até que morra

-Em fim!. Qualquer dizê-lo-ia!, valente pássaro que está feito este Gustavo!

- Pássaro? –perguntava assombrado o colibri

- Sim!...,uma expressão própria dos humanos; será isso como uma predisposição  para o humano em meu ser, enquanto esteja eu afligido neste estado, pobre de mim!, porém chegados até aqui devo dizer que tenho muitas dúvidas e quero solventa-as e não se me ocorre outra forma que chegar já  quanto antes à mansão. Falta muito para chegar?

- Já estamos chegando

E agora sim que por fim enfiavam a pequena ladeira de trezentos metros para chegar ate lá.

 

CAPITULO XII GUSTAVO O ELEFANTE ENCURRALADO

 

Hoje é um dia especial para mim e para a nação...,mas...,bom!...,melhor dito...,para a nação e para mim também, e por suposto para todos vocês, que é assim de boa educação e não primeiro eu, e se me apressais para todo mundo inteiro. Acontecimentos absurdos como o que ocorre aqui agora têm que  afrontar-se com valor,como eu estou a fazer,para defender os principos costitucionais das leis criadas para o bem comum, e não deixar-se levar por quem pretendam com a violência romper a ordem estabelecida. Faz tempo que se vem notando um comportamento diferente nas espécies da terra ça em Fuxa,dizem algumas e alguns, há leões que cantam na pradaria, formigas que escapam do rebanho e uivam à lua nas noites de verão, carangueijos excavadores de trincheiras no meio do deserto mais absoluto. Outras e outros dizem:  existem mochos flutuantes nas águas tropicais, serpentes dentro de maçãs que se abrem ao cair da macieira, árvores que vêem e rãs que vivem dentro das flores; são exemplos da complexidades às que nos vemos submetidos agora,dizem, num mundo que muda a cada hora que passa numas dimensionalidade esperpéntica, como se  alguma voz e forma criadora se estivesse a rir de toda a criação. E digo eu, valentes estupidezes!, essa é a maneira do cantar revolucionário em suas tradições?, mas isso está afastado da verdade!. Como eu não creio nessas coisas já quase superadas de fé no irracional,e sim creio na fe apostólica, adivinho já que a ninguém chama  a atenção crer em algo que não pode converter nada...

- Como na fé católica corrompida na que tu sustentas-te, a de corte e palacete?...

-Mas..., Maldita seja!...,porquê cortas-me?, Maldita tartaruuga! suponho que já não estais gravando!...,mas, Maldita seja!,cortem de uma maldita vez!..., Maldita seja!, -embora as câmaras seguiam gravando -.

- ...pelo que acho que não há algum motivo – falava agora a que era para Gustavo uma tímida lebre - com sólido fundamento para atirar de tal motivação, mas sim o fato de averiguar porquê todas essas questões que antes pareciam fantasiosas e secundárias vêm justo neste momento  a ocupar  um primeiro plano, como se fosse do caráter intimista tão reservado em flor formosa que brotasse  pelo ar o pólen que encerra e ao mesmo tempo fertiliza a terra...

-Bem, Gustavo, -interrompia a lírica da lebre a cerva- não sei que pretendias neste teu show de farsa carnavalesca para hoje ir disfarçado de elefante.Certo é que entre vocês os humanos...

- Cortem!,..., maldita seja!, filhos de má engenharia!...,mas!, porquê isto a mim?-dizia colérico Gustavo o gordinflão, enquanto atirava-se dos  cabelos da barriga-. Porém as câmaras não deixavam de emitir. Em realidade tudo parecia estar na contramão de Gustavo e no benefício da revolução, todo confabulado

 -  Ainda que deva dizer à audiência que eu em realidade sou uma minhoca, a audiência  não crer-me-ia, então deixo esso como estava para assim dizer a tudas e tudos que eu sou revolucionária.

Agora Espirrim apontava à minhoca com a câmara, como apontava também e de perfil a certa distância  a lebre a Gustavo, porém com um fuzil de assalto da engenharia alemã Sturmgewehr 44

- Tens algo agora que dizer a esta lebre tímida que sustenta o bicho este? –dizia a lebre sujeitando com as duas patas dianteiras o fuzil-

-Não sair-vos-eis com a vossa! –dizia Gustavo-

- Quem dizê-lo-ia!, ,- dizia a tartaruga-

-Tocou-nos viver este momento, e devemos aprender a desfrutar igual que se resistir ao auto-padecimento. Por isso é preciso entendernos, e a vocês meus amigos e amigas, vos digo hoje aqui que o primeiro que devemos fazer é chegar a um acordo de amizade duradoura, que seja um ponto inicial tua mirada e um ponto de partida também, um ponto de partida alada e ligeira que se desloca pela pradaria – continuava a sua lírica a que era para Gustavo uma tímida lebre, enquanto lhe continuava também apontando com o fuzil de assalto da engenharia alemã Sturmgewehr 44-

E continuava a lebre que continuava, dando-lhe uma e cem mil voltas às questões da lírica. O corpo de servos dos que dispunha Gustavo na mansão, e aos que tinha obrigado a se disfarçar-se de estorninhas e estorninhos responderam totalmente agradecidos ante a chegada das quatro libertárias, a lebre, minhoca, tartaruga ea cerva. Agora se estava a organizar uma espontánea festa. O primeiro em começar foi o diretor da orquesta rosa das cámaras de televisão rosa,Jorubum, ao apanhar o violão e seguir-lhe nas vozes Esmirriako e Espirrim .Do corpo de servos e servas começavam a organizar-ser flautistas,gaiteiros e pandereteiras. As demais eos demais dançavam e bebiam champagne.Quem agora falava para as câmaras desde o facistol era a cerva:

-Uma bonita cerva adiante das câmaras das humanas televisões não é para muitos normal, mas as coisas na realidade não funcionam como parecem ser. Eu sou cerva e uma sou, e não represento a ninguém mais que a mim, portanto, fique claro que há que fugir das generalidades, e confio na aliança das diferentes civilizações e espécies com consciência libertaria. Contar-vos-ei então uma história que me sucedeu faz já uns anos:

-Estávamos  no bosque eu e umas irmãs, descansando apacívelmente ao mesmo tempo que vigiantes ante os perigos que podem espreitar em qualquer momento às de nossa condição. Era começos de outono e chegava a hora de juntar-se. Dois cervos machos estavam  perto de nós com suas hormonais galhadas, competindo entre sim, ufanados na contenda de dar rédea solta a qual era mais vigoroso e merecedor do consolo do amor. De repente ouviu-se um sinal que vinha do céu e apareceram vários alces alados, quem desciam em voo atravessando a parte da ribera onde nos achávamos. A visão provocou em nós temor e estupefação, pois ainda que sabiamos da existência de alces e renos, nós, cervas vermelhas, desconheciamos que pudessem voar, e decidimos deixar ali aos dois machos que não se inteiraram do acontecimento, pois seguiam entre gesto cómico e competitivo dando-se um ao outro com as galhadas, a tal ponto que se converteu num fato trágico para eles, pois ficaram tão pegados que morreriam de inanição. Corrimos tomando direcção pela senda que ia dar ao arroio, e ao chegar a ele pudemos contemplar desde certa distância que os alces retinham, com grossos cabos marinhos de trançadas cordas de tipo seda a nossas mais pequenas almiscareiras, que procuravam o auxílio no coração compassivo das sábias conselheiras mais maiores de nossa família e linhagem.

-E agora levar-vos-emos mais ao norte, onde nós os alces e os renos precisaremos de vossa ajuda,-dizia um deles-, para combater contra quem são de humana fatalidade condicionada e azarenta. Considerados seres superiores, mas estão a fazer que o mundo deixe de ser habitável para muitas outras variedades como a nossa. Solidariedade é o que se precisa entre a espécie, à força ou com beneplácito, mas solidariedade afinal de contas... Vindes-vos conosco..., então! ..., bom..., eh!, então..., bom,... eh!..., isto, vocês não!, que sois muito pequenos, esperaremos aqui pelos demais, isso é!, e levar-no-los-emos, ou melhor, iremos ao seu encontro. - Do céu baixava uma tribo enorme de alces e renos alados com sabres de talhada curvada entre os dentes. O espetáculo era aterrador!. Certo é que os humanos não se portavam o bem que nós desejaríamos, mas a visão destes parentes nossos os alces e renos com esses sabres e essas asas não deixava de nos inquietar. Porquê vêm a pedir ajuda com toda essa violenta disposição?, porque a verdade é que não a pediram senão que a exigeram. Nesse tipo de questões estavamos. Decidimos que deveriamos ir com as e os demais para avisar do perigo, se é que não o tinham ainda visto, mas por detrás nossa apareceram mais alces e renos cortando-nos o caminho. Foi algo horrível!, eu pude escapar da matança que ali semearam. De todas as que estávamos só pudemos fugir três, às demais as mutilaram e as assassinaram, e das três a única que ficara com vida sou eu.Depois chegaram os humanos, sim!, pior!,muito pior foi!, cometiam as atrocidades adiante de suas próprias criançaas. Ensinavam aos meninos e meninas a disparar os rifles quase dantes de aprender a dividir. Era horrível ver como uma criatura de aspeto tão jovem te apontava. Chegaram às  montanhas onde dantes vivíamos apacívlemente e com eles chegou o fogo que arrasava nossas casas, porém agora estou eu aqui em representação de todas as cervas e cervos para alçar bem alta a voz da boa nova que está já surgindo por fim na terra, onde se começam a revelar já algumas das almas incluídas em algumas espécies que nela, na terra, semeiam a cada dia .Humanos!,vocês não sois o problema, senão alguns de vocês  que  dominam à maioria. Esso ocorre entre nós também, embora nós não nos desenvolvemos para matar a outras diferentes às nossas senão para superviver numa aceitável harmonia .Revelar-vos contra quem oprime-vos!, se isso fazeis compreendereis depois muitas coisas que antes desconheciais de nós as cervas.

Uma vez que falou a cerva o palco se pôs em silêncio, já que o vento não movia e a boca das e dos ali assistentes também não fazia nada por perturbar a chegada duma quietude estranhamente sensual e natural.

- Carambas!, isto sim que é notícia!,- dizia Trusiela, esposa de Espirrim; Trusiela, a mãe de Pitusa, com quem estava, as duas olhando a televisão desde o lar familiar,-  isto é mais que uma revolução!,-dizia entusiasmada-, é toda uma coisa fantasiosa feita realidade, pois ainda que a maioria ache que ela é uma mulher a mim parece-me que em realidade trata-se duma cerva.

-Eu também penso o mesmo...,Vivaaaa! –gritava contente a menina Pitusa, dando pequenas brincadeirs na cadeira-

E do silêncio cerimonioso ao júbilo confidencial. Esmirriako, Jorobum e Espirrim, aliados do quadripartido de libertárias, dançavam abraçados uma polska e faziam-se fotos com os dedos em sinal de vitória, enquanto abriam uma garrafa de vodka.

 

CAPITULO XIII  DESENLACE

 

O urso Pierluquim e Colibri uma vez que deixaram atrás o parque da Rã Combatente,  dispunham-se a subir a pendente de forte declive duns trezentos metros que lhes separava da mansão da Colina da Mordomia Terciária, onde o infame Gustavo tinha uma de suas mansões, as quais se achavam diseminadas por diferentes partes do planeta. Um grupo de umas sete ou oito Cobras de origem variada que subiam a pendente também se encontram agora com Gustavo e Urso Pierluquim. Estava entre elas a jovem intrépida Natrix Maura, do partido da libertação revolucionária, velha amiga de Colibri.Também estavam as Rãs Vermelhas que emigrassem já fae anos de Costa Rica, vizinhas de Gustavo, as quais, os tres meses  que transcurreram desde o momento em que se fixou o sorteio até o dia da  protocolária reunião do dia anterior  ao aniversário de Gustavo  passaram-os muito agitados e loquaces; essas Rãs Vermelhas que nesses dias pretéritos ja falavam da condição manipuladora de Gustavo com estas palavras: “Esse Elefante bem poderia ir-se de aqui, é um estridente que quebra a harmonia da montanha”.Também estava a girafa vizinha de Gustavo. Também  ela, a qual  os tres meses que transcurreram desde o momento em que se fixou o sorteio até o dia da  protocolária reunião do dia anterior  ao aniversário de Gustavo passara-os muito agitados e loquaces; a única Girafa que vivia no Vale do Amor,em Fuxa,  e que viesse de Somalia. Essa Girafa que nesses dias pretéritos ja falava da condição manipuladora de Gustavo com estas palavras : “O sorteio está manipulado, é todo um fraude!, valente elefante capitalista!”. E quem também estava era o hipopótamo vizino de Gustavo, o qual, os tres meses  que transcurreram desde o momento em que se fixou o sorteio até o dia da  protocolária reunião do dia anterior  ao aniversário de Gustavo  passara-os muito agitados e loquaces. Tal era assim que nesses dias respondia  o hipopótamo do  Lago Pálido  a uma cambota que vivia numa cabanha cor-de-rosa com ninfas e libélulas : “Certo é que trouxo consigo o progresso a estes lugares, porém o progresso em bens materiais também chamou a ele e deixou-se corromper. E agora volta em nome da verdade e a justiça. Não me fio”. Cumprimenta a Colibri e a Urso Pierluquim Natrix Maura:

-Olá Colibri .Tudo bem?. Bem!, ainda que chego um pouco tarde já vos posso dizer que todo tem ido bem. Ninguém se inteirou de como as ingeniasteis para substituir às quatro representantes da cerimónia inaugural de Gustavo pelas quatro revolucionárias que trazem hoje a palavra libertária a estas terras.

- Olá,  Já! , Natrix Maura , porém estás confundida, embora já entendereis... -respondia Colibri-

- E logo? –dizia agora a cobra?

- Bem!, - volta a falar Colibri - como impossível é  para as pessoas averiguar quando estão adiante dum animal com consciência, de tal maneira  que confundem e crêem dele ou dela que é uma pessoa também, assim também que não se dão conta de que em realidade a Lebre, Tartaruga, Minhoca e Cerva e eu mesmo não somos quem crêem eles que são, humanas e humanos que foram selecionados ao espetáculo de Gustavo disfarçados de Lebre, Tartaruga, Minhoca, Cerva e Colibri. Não tratava-se de substituir a uma mulher por uma lebre, por exemplo, essa substituição não existe. A mente retorcida e orgulhosa do ser humano que não possui consciência é obstinada, de tal modo que só vê condição de mulher onde há lebre com consciência.

- Já o entendo!, -dizia agora o Urso- bom...!, em verdade entenderei tudo isto quando veja-o com meus próprios olhos

Agora o grupo de Cobras e Rãs Vermelhas, o Urso e o Colibri estão tudos em fronte duma das entradas à mansão.

-Bem, ¡nosso amigo o topo Félix tem feito um bom trabalho!, continuemos por dentro da terra,é mais bonito.

Assim foi que entraram à mansão por onde a terra estava escavada. Primeiro saíram as cobras que se espalharam, logo o colibri e por último o urso. Estavam os dois junto à ponte do tanque.

- Colibri! – Dizia agora o Urso-  Se realmente é certo todo o que dizes..., agora, eu onde achava que tinha um elefante tenho que vêr um homem. Esse será o sinal do meu bom caminho.

- Olhem!, é o Colibri!..-.gritava a tartaruga sinalizando até onde estavam os dois-

-Efectivamente, apesar do teu aturdimiento,-respondia o Colibri ao Urso- que eu a cada vez vejo como te vai diminuindo, o Elefante não ver-te-á como Urso senão como humano, pois Gustavo não tem consciência alguma e a todos os animais com consciência assim vê a elas ea eles como humanas e humanos.

-Mas, quem são esses dois agora, outros dois revolucionários disfarçados de...? –protestava gora o o elefante quwe continuava a estar apontado-

- Cala-te! –dizia a Lebre a Gustavo, introduzindo-lhe na boca o cano do fuzil enorme que portava-

Estava muito contente o ursinho pardo!...,- Viva!..,tenho já tuda a consciência necessária!- E já não estou aturdido! 

Estavam já junto ao grupo o Urso e o Colibri. A cerva atirou um espelho da bolsa que levava e com gesto jovial lho deu ao Urso - Toma, olha-te nele!.-O Urso, ao ver-se com essa densa pele e esse rabo pequeninho entrou-lhe o riso- ja,ja ja,..!.- hurra!- dizia enquanto saltava para diante e para atrás- Sim!, Sou um Urso!, Sois todas e e todos maravilhosos!, Obrigadoooo!, mas...,fica-me uma dúvida... Oh!... Sim!, uma grande dúvida!...isto...quem deixa-me um alfinete?...ja,ja ja aja...!,vereis...será divertido!. 

- Vale-te? - diz-lhe olhando docemente ao Urso a Cerva, pois volta a ser ela a que sai em resposta a sua petição, e revolvendo na bolsa encontrou um imperdível que  lho ofereceu, envolto todo num gesto muito gentil-  

- Oh!, claro que sim, minha cara amiga! –dizia o Urso em tom alegre e divertido, enquanto aproximava-se ao elefante - ja,ja, ja!, a...ides ver!

Entre os e as humanas assistentes, os quais trabalhavam para a televisão ouvem-se murmúrios de estupefação. A inquietude reina no ambente. Que é o que pretende o Urso?, perguntam-se. Também reina a dúvida e expectação nas parceiras libertárias e nas cobras e nos membros do serviço da mansão disfarçados de estorninhas e estorninhos

-¿Que achas que vai fazer o ursinho pardo agora, mamãe? –dizia a menina Pitusa em sua casa vendo o Show, Pitusa!, a filha de Espirrim e de Trisuela

Enquanto, o Urso fazia um gesto à tartaruga ea minhoca para que agarrassem fortemente a Gustavo.

- Que ides fazer?,  Não!, quietos!, não!, faz favor!...-implorava Gustavo-

-Pois...,a verdade é que não o sei..., -contestava a mãe de Pitusa à menina - porém..., oh! ..., - Plaf!- ..., escuta-se um ruído como se um balão estoirasse-

- Raios e centelhas!..., oh!, ...ja,ja,ja ... tem desaparecido Gustavo! - ria a menina Pitusa- tem desaparecido!...,ja,ja,ja, desapareceu...ja,ja,ja...desapareceu completamente!

Gustavo desapareceu por efeito duma picada  em seu braço direito com o imperdível.Quem estavam aí ficaram atónitos e atónitas,não lho podiam crer!, tinha desaparecido! . Era isto um grande mistério, de fato é o grande mistério desta história que aqui se narrou.

Fuxa, no  Estado Federal dos Vales do Amor .Assim era conhecido o espaço geográfico no que se desenvolvera esta história, as primeiras manifestações destes casos de consciência no reino animal. A situação ao dia de hoje é mais complexa. O ser humano resiste-se a perder sua condição privilegiada, e com seu desmedido afã de ambição sem limites está a levar a diversos géneros de espécies da terra a seu desaparecimento, mas a rebelião não tem feito mais que começar. Agora até há galinhas que se unem às exigências do guião. Começam a sair da casca de ovo. O lume da tocha da liberdade está acendida e só lhes faz falta organizar-se melhor a estes animais da criação. Quiçá entendessem algumas pessoas que tais acontecimentos não poderiam jamais suceder, que não poder-se-iam torcer as coisas dessa maneira, e esse excesso de confiança fez que eles e elas mesmas acabassem lapidados e lapidadas com suas próprias onzas de ouro e barris de petróleo, por não achar que a imaginação, em alguns casos canta vitoriosa na batalha contra o irracional

                                                  FIM