martes, 13 de marzo de 2012

 Gustav Klimt(1862–1918)-Sapho-1888-1890-Óleo sobre tela-39 × 31.6-Historisches Museum der Stadt Wien.


Nas margens desse céu iluminado,
As nuvens se espalhando vão sem dor,
Como bolas dos ares, sei alados
Carícias que inebriam, tal amor!

Nas velas deste barco em fel içado,
Remando meu destino sem pudor,
Por ilhas onde aporto meu abraço,
Pelas marinas de êxtase e d'ardor!

Sou Safo entre as estrelas reluzentes,
Brilhante nessa cor, sabor sem par,
Parida em lume, escrava para amar!

Entôo esse meu canto na pujança,
Pr'a mares deste mundo me levar,
Por céus deste navio navegar!

Semelhante aos deuses parece-me que há de ser o feliz
mancebo que, sentado à tua frente, ou ao teu lado,
te contemple e, em silêncio, te ouça a argêntea voz
e o riso abafado do amor. Oh, isso - isso só - é bastante
para ferir-me o perturbado coração, fazendo-o tremer
dentro do meu peito!
Pois basta que, por um instante, eu te veja
para que, como por magia, minha voz emudeça;
sim, basta isso, para que minha língua se paralise,
e eu sinta sob a carne impalpável fogo
a incendiar-me as entranhas.
Meus olhos ficam cegos e um fragor de ondas
soa-me aos ouvidos;
o suor desce-me em rios pelo corpo, um tremor (...)

-Safo a Atis-

Há quem afirme serem nove as musas. Que erro!
Pois não vêem que Safo de Lesbos é a décima?

-Platão-