João falava em voz alta, dentro do carro, na
parte do copiloto.
-Embora...,se tudo isto...tudo isto meu caro
amigo,tudo isto que digo,cara amiga, é porque sê que estás aí, esperando também,para
ver logo como nossos filhos possam correr livres...,não já os teus e os meus
senão os que possam vir doutras partes da terra,solicitando nossa ajuda.Esta
miséria de vida postrada ante o opresor fez da minha uma luta constante
interior, para que meu corpo se untara do valor necessário quantas penúrias ficaram.¿Sabes?,a
gente deveria entender mais cosas.Eu sou de carne e osso também. Nunca cri
poder chegar a ver-me nestas circunstâncias,porque sempre pensei que não teria
o arrojo necessário que há que ter; mas uma coisa te posso dizer,há coisas na
vida que parecem espantosas e não o são. Eu não guardo rancor algum.Sei que és
uma boa pessoa que entende que as necessidades obrigam... Assim dizia Juan às
três da tarde dentro do carro que subia pela
Rua do Rato
-¿Entendes-me?.É a consciência e só
ela...,mas..., ¡devo agora tranquilizar-me!,em realidade falo sozinho para
tranquilizar-me e não me ver em silêncio...
-Efectivamente ,estamos a chegar, -disse a que
pilotava o carro -.
A essa hora não tinha ali tráfico algum. Era
um bom lugar. Quando estavam a uns trinta metros pararam. Respirou tranquilo
João, contando até trece.Persignou-se, rmbora mentalmente,.Uma velha costume a
modo de amuleto, a persignação mental, ainda que ele fosse do mais ateu que por
isso se pudesse considerar. Saiu do carro e instintivamente levou-se a mão à
cintura, como para comprovar se ia bem colocada toda a roupa,para que nada
entorpecera o que ia suceder. Passo tranquilo. Agora nenhum movimento do cérebro
é possível em outra direcção para a empresa de João. É imprescindível nesse
momento abstraer-se das emoções que semeiam as dúvidas e aflições. Desde a
parte de atrás outra pessoa baixou do automóvel também, e uniu-se a ele. Enfiavam
a tímida custa a pé. Enquanto chegaram à altura da porta da taberna o carro se
pôs em marcha lentamente.“Só devo pensar na mesa da esquerda”, era o único
pensamento de João agora. Entrou; o outro esperava na porta,mantendo-a
abierta.O carro ficava um pouco mais adiante .A mesa estava a fazer canto, na
entrada. João faz que vai ao balcão e se dá a volta desembainhando a enorme Magnum
45. Pega-a com as duas mãos. Primeiro ouvem-se uns gritos e depois o som dos
projétils.Um pela témpora e outro no tórax.Tinha morto o asqueroso delator e
extorsionista gordinflãso Gusnabuz,quem estava convencido que poderia viver
eternamente. E como sempre ficava uma dúvida,esta foi assim dissipada.
Xurx@erencia