ATO I
CENA III
(No País das Sereias,
na gruta da rainha estão a própria rainha Mougadiviche e sua Camareira real
Surtinailda. Vigiando a entrada está Pópulo e Pípulo, pajens da rainha)
PÓPULO: ¿Tu
cries, mim querido amigo, que é verdadeiro isso que se diz de que o diabo que
aninha nas falsas paixões é filho de Mougadiviche?
PÍPULO: Confundes-te. Não é exactamente isso o que se rumoreja, pois ainda sendo possível isso
não está nada claro se existe esse diablilho.
PÓPULO: Cómo é
isso possível?
PÍPULO: Pode uma
pessoa dentro dela conviver com outra e não necessariamente ter que ser filho e
mãe na acção em futuro engendramento, e uma pode ser boa e a outra não. Podem
até alimentar-se de duas maneiras diferentes e o corpo como é um só. e deverá-se
adaptar a umas ou outras necessidades, diferentes concepções e éticos valores
numa mesma substância.
PÓPULO:
Mas...isso é...horrível!
PÍPULO: Homem, dito assim..., tanto como horrível não o sei,
eu diria mais bem que é um inconveniente ilustrado. Verás!, é o lado bom e o lado mau numa mesma pessoa convivendo mutuamente, e venceu o lado
bom no interior da rainha. Mougadiviche, ao ser enfeitiçada é provável
que se libertasse de sua parte negativa e esta cobrasse estrutura óssea
independente. Assim pode ser que
nascesse o diablillho da modernidade desde o corpo de Mougadiviche. Vais
entendendo?
PÓPULO: O que acho que não entendes és tu. Eu penso doutra
maneira. Todo o que nasce é pequeno, e sai desde o mesmo lugar no que se
depositou a semente. O diablilho algum dia teve que nascer, e assim teve que
ser. Depois pode ter encantamentos ao longo duma vida, espécies e formas que se
vão transformando, mas isso já é outra história. Bem!, pois....enquanto,
pensando mais as coisas, analisando a coisa desde oitra perspetiva, para mim, e falando claramente, eu agora mudo
de teoria. Mougadiviche foi exorcizada! Esta é minha teoria agora, amigo. Se
lhe exorcizou e saiu a substância má, e posteriormente converteu-se ela por contemplação numa fada, quando nela já não ficava parte
insã, e criou assim este lindo País das Sereias.
PÍPULO: Mougadiviche
exorcizada! ...bom... quem sabe!, igual até tens razão. Agora mesmo estão lá
dentro representando a obra.Mougadiviche ensaia sobre a sua vida e a vida ensaia nas nossas vidas.Se calhar por
este tipo de circunstáncias sejam nossas vidas tão curtas e nossas esperanças
parecam cómicas desde as alturas
(Dentro da
caverna)
MOUGADIVICHE:
Olá, vivo onde ti queres que eu viva. Esta é minha história, que vos vou
contar. Sou rainha, e vivo no reino
onde confundem-se as realidades com os sonhos. Quem não soubesse é hora já de
saber e que saiba duma vez e que se inteire o mundo inteiro e parte do outro
que a ilusão mudou minha vida. Já não vivo tão só entre os humanos e humanas,
ainda que o siga sendo, embora sigo vivendo, que isso é outra coisa ainda que
pareça assombrosa, e todo seja dito bem desde o princípio pois por estranho que
pareça sigo sendo eu ainda que agora possa já por fim viver dentro de múltiplas
substâncias diferentes, segundo a ocasião requeira . Posso por exemplo um dia
deixar-me levar pelo água que cai em forma de arroio e outro dia ser eu a
atropelada, mas agora sempre segundo seja meu desejo, porque o amor que possuo
levou-me até o conhecimento das partículas mais pequenas e nelas descobri a
imensidão. Diz quem bem quer, gente que me conhece e outras espécies que bem
puder e querer servir e serve ao venerável da alma humana pois é o amor
universal na matriz, e não deixo de pensar assim eu então no curioso do fato
que o mundo de voltas desde que quis ele as dar, ou se lhe foi algo imposto. O
planeta e suas penúrias, a condição escrava do fato de viver, sendo pois os
conceitos de felicidade esquivos, mas não assim quêm acompanham minhas
fantasías, que são as verdadeiras heroicas disposições duma alma intercetada na
sua livre condição por chegar à verdade. Por conseguinte estudei, nas grandes
universidades das ciências e as letras mas afastada da academia e mais próxima
ao tremolar de notas musicais e paixões inconfesavels. Por poder posso penetrar
nos poros de tua pele sem que mal percebas; não mais que um pequeno ardência;embora
sou respeitosa e a ti em tal caso tocar-te-ia decidir, porque eu te digo que
sem mal te dar conta dormirias em meu regaço como uma pobre criança agradecida.
Bem..., isto...como vai?..Tudo bem vai?... tens que dizer algo!..., ainda que
seja um gesto elocuente...
SURTINAILDA: Tudo
vai bem!
MOUGADIVICHE:
Continuo pois?
URTINAILDA: Sim!
MOUGADIVICHE: Em ti confio!
SURTINAILDA: Por isso estou a teu lado e sirvo teus
caprichos
MOUGADIVICHE: Que
bem nos entendemos!
SURTINAILDA: Certamente!
MOUGADIVICHE: Depois
faremos o amor tu e mais eu! Agora continuo. Onde ia?
SURTINAILDA: Em
que eu ficava..., perdão!...em que alguém dormia em teu regaço sem se dar conta
sequer, como se fosse pelo efeito duns pós mágicos...
MOUGADIVICHE: Verdadeiro
é!...ainda que à dos pós não chegasse...
SURTINAILDA:
Chega pois!
MOUGADIVICHE: ...Como
quem joga pós mágicos nas altas copa e a poção ou beberajem ficasse posada no
fundo e emboscado do terreno e não se pudesse jogar a culpa a ninguém de tal
aturdimento, assim parece avançar a miséria. Durante muito tempo permaneci abrindo os olhos das pessoas maiores e
fechando os das mais pequenas para que
assim pudessem descansar. Mas
a miséria seguia achegando-se mais. Achava que ia voltar-me louca Uma noite
estava entre dormida e acorda, lendo um conto de fadas.... Deixei-me levar
enrolada numa nuvem de imaginativas grinaldas compostas de todo tipo de flores.
Os olhos fechavam-se e meu corpo parecia transportar-se, surcando o céu
via eu os mares da terra. De repente algo
pareceu golpear o firmamento inteiro...
SURTINAILDA: Oh!...assim
não..., tens que pôr nesta última parte mais
sensação de angústia, ânsia, paixão, confusão ao mesmo tempo. Como se fossem dois e não uma
as pedras que a ti te entrassem no coração.
MOUGADIVICHE: como
podes tu saber quantas pedras entram em meu coração?, porque o que aqui há de
verdadeiro é que eu estou a representar o papel de minha própria vida. Em modo
algum gosto eu desacreditar o conhecimento que tens nestes assuntos das artes
múltiplas e variadas, minha cara amiga, porque certamente tinha duas pedras,
mas porei então três!
SURTINAILDA: Isso
é!, há que pôr sempre uma mais das que
se crê ter. Podes continuar
MOUGADIVICHE:
beijame antes!
SURTINAILDA: Te
beijarei´te e acariciarei tua pele!...lá
vou!
(Entra Pópulo,
pajen maior da rainha)
POPULO: Chamava-me,
sua majestade?
SURTINAILDA: Que
inoportuno!
POPULO: Cómo?
MOUGADIVICHE:
Falou ela, não eu, atende só a mim...!,
mas... de onde ficas ti nesso de que chamei-te?
POPULO: Cri ouvir
o búzio.
SURTINAILDA: Que atrevimento!
MOUGADIVICHE: Tão pouco sejas tão mau pensada. Ademais,
ainda que fosse como tu cries, ele também tem direito a seus desejos. Não te
aches que és a única. Muitas e
muitos desejariam besar à rainha do País das Sereias. Em fim!, pois..., nada
disso teve lindo pajen, a não ser que tu gostes também beijarme!, como pensa
Surtinailda...
SURTINAILDA:
¡Eu!...cri oir... o búzio.
MOUGADIVICHE:
Está bem, pois se só é isso..., não me beijes e vai-te!
(Sai Pópulo)
MOUGADIVICHE: Continuamos
Surtilandia?
SURTINAILDA: Com
o do beijo e as carícias?
MOUGADIVICHE: Agora não, sigamos um pouco com os ensaios da
obra
SURTINAILDA: Por
conseguinte, ias em aquilo que ocorreu quando lias um conto de fadas e estavas-te
a ficar dormida
MOUGADIVICHE:
Sim, claro..., já lembrava-me!, embora, obrigado por isso!.Continiuo: Por
conseguinte soou dentro de mim como um martelo na minha cabeça, como aquele do
mismísimo Thor e seus descendentes em luta
pagã contra a cristiandade. Alguém, com indefinivel voz e presença, e
que parecia sair dentro de mim dizia-me
que eu devia de baixar dessa nuvem e salvar à humanidade...
SURTINAILDA: Esta alusão céltica não vinha no guião.
MOUGADIVICHE:
Pus-a a última hora!. Sou eu a narradora de minha própria história!. Ou que?
SURTINAILDA: Sim!,
mas se vais estar mudando o texto, pelo menos avisa.
MOUGADIVICHE: Não
creias ter em isto mais papel que o que te corresponde. Asesorarme mas desde
minha criação, não a tua. Eu não tenho que avisar a ninguém do que faço.
SURTINAILDA: Pois
podias empregar comigo outro tom!,
afinal de contas somos amigas. Podes continuar.
MOUGADIVICHE:
Pois agora não quero!. Preciso descansar um pouco, ainda que ao pouco momento
precisarei estar cheia de vitalidade. Ainda que não sei que será melhor...ou
quiçá não seja nada mais que isso...; que importa tudo isto que eu digo ou de
alguém que vai dentro de meu corpo? ¡Estou intranquila! Espero com impaciência a chegada de Halmagetão,
esse falcão que vigia o que meus olhos não chegam a atingir.
(Soa uma concha
de mar. Entra Pípulo).
PIPULO: Olá, aqui
estou agora eu ! Precisavas algo, Mougadiviche?.
MOUGADIVICHE: Ainda
não tem chegado Halmagetão?
PIPULO: Se tivesse chegado tivéssemos-to feito saber.
MOUGADIVICHE: Já,
claro. Verdadeiro é...retira-te!, a não ser que queiras beijarme ti também
PIPULO: Beijarlhe
os pés?
MOUGADIVICHE:
Como vês, Surtinalida, a cada pajen é diferente.
(Sai
Pípulo)
MOUGADIVICHE: Em
fim!, devo seguir o que com interrupções constantes começou,volta eu a mudar
outra vez.Como podes ver,Surtilanaila as rainhas de bom coração somos
assim,pulando dum sitio ao outro para fazer felizes às e os demais. A ver se agora vai isto melhor!. Como ia
dizendo anteriormente estava uma noite entre dormida e acordada quando ouvi uma
voz que me assegurava que eu salvaria à humanidade. Não me outorgou nenhum
poder especial nem pesquissa alguma sobre o exercício de dotes sobrenaturais; disse-me
que nesse momento me ia ficar profundamente dormida e que ao acordar
descobriria que me tinha convertido numa fada dos sete mares e as cem mil montanhas
com suas cem mil colinas. Assegurava que confiava em minha pessoa e sabia que
não ia trair às espécies do planeta. Ao acordar dei-me conta que essa
voz interior me tinha transformado. O espelho tratava de enganar-me
representando seu papel. Para ele
seguia sendo mulher!. Embora eu, agora tinha que aprender sola, entrar noutra
dimensão...
SURTINAILDA:
Atira tudo de ti, todo o que tens. Ânimo!...
MOUGADIVICHE:
Encontrava-me sozinha, sem relevo nem perfil e minhas raízes apareciam entre o
nevoeiro que cobria o vale. Que podia fazer?. Porquê não pude as apanhar?,
perguntava-me a mim mesma..., e ato seguido comprendim que por muito que
esforzara-mejá não podia as atingir.
SURTINAILDA: Isso
é!...mas... Alça-te!... Assim!... ¡Fenomenal!
MOUGADIVICHE:
Sentada agora nas nuvens e enfeitiçada isto foi o primeiro que me
ocorreu. O que parecia como uma
lembrança recordo se apoderou de minha memória...
SURTINAILDA: Aqui tens que fazer uma suave inclinação
oscilatoria e te deixar depois seduzir num ligeiro voo como o de uma pluma.
MOUGADIVICHE:
Ainda que nunca fiz isso que comentas creio saber o que queres dizer. Vamos
ver!... Algo assim?
(Gira sobre si mesma Mougadiviche)
SURTINAILDA: Bastante bem, mejorable mas bastante bem. Essa
é a linha a seguir nos pontuas momentos em que uma desbocada paixão tende a um
aligeramiento. E agora atenta, vais iniciar o relato de uma lembrança, essa
lembrança que sentada nas nuvens e já enfeitiçada foi o primeiro que assim,
nesse estado, se te veio à memória. Podes continuar.
MOUGADIVICHE: Estranhas coisas. Era uma tarde de verão
divisava desde a janela uma estranha sombra que se escondia entre uns também
jovens macieiras. Não sê se era uma
sombra ou se era que uma nova
dimensão transformava esse
reflexo e alimentava-se de meu próprio corpo para subsistir, se foi um
estranho chamada ou um efeito de inimaginável causa. A sombra ou o que fora, não parava de
ir de um lado a outro. O caso é que parecia que me estava espiando. Senti um
medo que me paralisava, não podia deixar de olhar para esse lado. O vento, que era pouco intenso desprendia
sons que se arremolinavam em meu cérebro. Tive que me sujeitar com as
duas mãos ao alféizar da janela.
SURTINAILDA: Vamos!,
¡Que saia todo o que tu tens!, ¡isso é!...¡Ânimo!... Assim!...Minha caríssima
Mougadiviche!... isso é!
MOUGADIVICHE: A
sombra levava uma gadanha, e de seus olhos desprendiam-se duas largas gotas que
conformavam dois regueiros de sangue. Comecei a chorar
desconsoladamente. E enquanto chorava a cada vez mais forte a sombra
afastava-se. Tocava dormir. Agora me encontrava sozinha. Eu não parava de
tremer, era ainda uma menina. Tremia de frio para acto seguido parecer que
estava a sucumbir nas angustiosas
fogueiras da inquisição.Um suor pegajoso baixava por meu corpo nu até os
pés. Me tumbé na cama, mas também não podia dormir, por alguma razão estranha
que se escapava a meu entendimento.
SURTINAILDA: E
agora... já sabes! um prolongado silêncio gestual.
MOUGADIVICHE: Cómo?
SURTINAILDA: Um
suspiro silencioso
MOUGADIVICHE: Ah!...,
isso... já!...ufa!
SURTINAILDA:
Assim bem!... podes continuar!
MOUGADIVICHE: Sigo pois: . Passaram um par de meses. A notícia era que um dia de tempestade se
voltava a arrastar o monstro, que em primeiro acto de frialdade se refugiava
entre os matorrais. Não sei porquê era notícia, não tenho mais dados
sobre ele, não recordo sua cara. Deambulava pelos becos do porto pedindo algo de comer.
Podia esperar um dia, até duas e três meses, mas ao final o maligno entraria no
albergue, nas casas, suplicando que alguém lhe deixasse algo de paz. Ninguém
confiava nele, ninguém queria falar com ele. Por isso se lhe seguia chamando o
maligno. E um dia chamou a minha porta. Sabia que era ele porque ninguém
chamava a minha porta. Afora fazia um dia de muita chuva. Abri a porta. Chorava
com todas suas forças a chuva. Ele
se mostrava tremendamente inquieto e dizia com palavras que se entrecortavam
que já não pertencia ao mundo ainda que o mundo lhe viesse a recordar que sim
existia. Quando via sorrir às pessoas se emocionava. Que como podia ser
que ele fosse qualificado como o maligno quando lhe tinham deixado só.
Quando o deserto se multiplicava ante seus olhos se via a si
mesmo com um pequeno relógio de areia que sujeitava abrasivamente. Com a mesma
esperança que a de um relógio de areia, dizia gritando desesperadamente. Instalou-se em meu corpo. Em fim! Agora
melhor. Não te parece?, Surtinalida?
SURTINAILDA:
Oh!... Sim!...mas que muito melhor. Essa é a força necessária para que um monólogo
adquira proporcionalidades verdadeiramente creívels. Agora sim que foste tu!
MOUGADIVICHE: E não deixá-lo-ei de ser, pese a quem pese.
(Entra Pópulo)
POPULO: Sua
majestade!, já esta aqui...
MOUGADIVICHE:
¿Halmagetão o falcão?, façam-lhe passar
HALMAGETON: Olá, aqui estou pois
MOUGADIVICHE: Caro Halmagetão, esperávamos-te como o água
de um florido mês de maio que bem vale para fazer mágicas poçãos.
HALMAGETON: Mas. Quem então? O água ou Maio
MOUGADIVICHE: O
água, meu caro amigo, o água, Maio é máximus,mais o água é o água...
HALMAGETÃO: Quando
chegamos à costa andavam pela areia das praias e calas e não paravam de
graznar, seu aspeto era aterrador pois estavam sumamente inquietos, mas ao
mesmo tempo pareciam felizes, como se estivessem a celebrar um triunfo. Eram
tantos que tudo parecia diferente. Uma
estranha sensação de inquietude e ao mesmo tempo iniciação para a descobrir de
algo novo se apoderou de mim. Dentro de meu corpo de falcão divisei um túnel
mortífero aninhado de corvos que traziam maus presságios. Recordei tuas
palavras de conhecimento sobre os assuntos que conciernem às almas e
composições delas, as misturas nas próprias misturas, a palavra dentro da
palavra é as boas condutas no são juicio das falsas interpretações que escapam
da realidade, mais o mal agora fecundava nessas areias,nessas praias. Essas formas,
essas grandes dimensões do pèrigo estava nessa estranha raça de corvos que lá se
juntava, num estrondoso tagarelar, com as imagens mais dementes que o ser
humano pretende esquivar. Num dos
extremos duma cala, afartado entre as rochas que formavam a base do enfiado
alcantilado reunia-se um grupo duns catorces; eles pareciam ser os que lá
mandavam. O que pude observar foi algo que escapa a toda condição lógica. Havia
também um ser humano, o qual tinha o
passo fechado. Os corvos tinham-no atrapado. Era de baixa estatura o
homínido. Os corvos enormes!, quasse
chegavam ate a cintura do homem. Eles calavam. Ele gritava desconsoladoramente. O espetáculo era
desolador!. As ondas do mar golpeavam com força no velho molhe. Teve um momento
em que sua voz, a voz do homem pequeno,que antes escoitava-se com fora acalmou-se.
Suponho que presa da desolação, ao saber que suas ondas de reclamo
apagar-se-iam ao ser depositadas num solitário firmamento. Todo era corvos e
ele ante eles. O homem tampava sua cabeça com as mãos, numa tentativa de
apresentar oposição as bicadas que agora começavam a chover-lhe. Do mesmo modo caía o água que
começou a brotar das nuvens, como se foram estalactitas dum deus menor. O dia
estava a cada vez mais empenhado,então, em fechar seus claros, não havia saía
para o homem!. Os corvos emitiram uns sons guturales estridentes e
desgarradores que se implementavam ao crujir do bico, que alçando ao céu azul
proclamava uma nova vitória. Era, como tu bem me tens falado disso, um
sacrifício pagão onde o diminuto homem ia ser devorado pelos corvos.
MOUGADIVICHE:
Mais que dum sacrifício pagão estamos aqui
tratando doutra coisa, meu caro Halmagetão.
SURTINAILDA: Pois
tens-me a muito intrigada, como imagino-me que a ele também. Pode-se saber de
que coisa se está então segundo tu aqui tratando?
MOUGADIVICHE: O
primeiro para eles é chegar até o coração e o cortar em pedaços mais pequenos. Com
um pequena dentada é suficente para estabelecer conexão com o alma!. Assim são
certa clase de guerreiras e guerreiros!
HALMAGETÃO: De
todos modos a cena apresentava diversos signos de ritualidade, era como se também
fossem ao mesmo tempo humanos, pois quando chegou o momento em que estavam
esgaravatando nas entranhas do homem lançavam como cánticos de guerra. O grupo
dos catorce alçaba as asas e os outros corvos paravam de cantar e baixavam a
cabeça .
MOUGADIVICHE: Escarpim!,
o rei humano adestrando está aos corvos,
duque para mais senhas. Sem chegar a ser um corvo conhece-os melhor que ninguém!.
Foi-se a Sibéria durante quatro anos
adiestrando falções gerifaltes. Foi lá voluntariamente e aprendeu a viver nas
adversidades do inclemente habitat da
tundra Aprendeu dos ritos dos corvos, de seus grasnidos e adejos.Comendo carne
de reno. ¡Maléfico Escarpim!, move-se como se fosse uma serpente que guardasse
o segredo da perfidia.
SURTINAILDA:
Mas..., então... É a perfidia um segredo?
MOUGADIVICHE: ¿Que?
SURTINAILDA: Como
dizes que Escarpim é uma serpente que guarda o segredo da perfidia
MOUGADIVICHE: Eu
não digo que Escarpim seja uma serpente, senão que parece uma serpente que não
é o mesmo, pois...
HALMAGETAÕ: Aos
olhos de quem parecer vem a ser um fato indiscutível que passa a ser real o que
assim se imaginasse, pois leva todo o ego substancial o ser existencial numa sedutora
e cúmplice estadia de conviver com os caminhos que dirigem as mais nobres
facendas, Quero dizer!. A resposta vem do sentimento, que é o que julga, e não
a razão...
MOUGADIVICHE: Eh?...
HALMAGETON: Eh!... que?... Eh?... está bem!, farei como o bom
cirurgião ao que não lhe deve tremer nunca o pulso e irei
por partes... seja pois..¿isto?.... Vá!..cortou-se o fio discursivo
esse!,o que bebe das fontes sagradas da cristalinas águas da sugestiva e jocosa
Mater Inspiratoria. Em mim é disculpável, pois só sou um falcão que está a
aprender.
SURTINAILDA:
Amiga Mougadiviche, às vezes penso que não sei se pensas o que dizes ou talvez
dizes e pensas justo e à mesma vez, de tal modo que o que fazes é transcribir o
que num conjunto harmônico ouves. Eu inclino-me mais bem a pensar no segundo. Outros,
como é o caso de Halmagetão parece que se perdem e acabam falando em Cirilio.
MOUGADIVICHE: Cómo!
Halmagetão influenciado pela palavra daquele que disse “pela fé de Cristo
estamos dispostos a padecê-lo todo”? Ja, ja, ja...!, Bem!, agora em sério, Ja!,
¡ja!, ¡ja!..., o que quererás tu dizer..., é em cirílico!, entendendo-se por
isso...
SURTINAILDA:
Quando te ris da ignorância das e os demais és estranhamente irritável Sim!... isso
é!..., com esses sinos tão confusos e errados.
MOUGADIVICHE:
Não to tomes a mau, mulher. Bem,
está anoitecendo, devo me retirar a descansar, vens Surtinailda?, adeus falcão!
HALMAGETÃO: Para o que mande sua venerable ilustríssima!
FIM
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