martes, 3 de septiembre de 2013

FANTASIA DE CORTE E NOBREZA (ATO I,CENA II )




 

 

                                   ATO I

                  CENA II

 

(Estão Causto Lígito, rei de Fontipanerika e Castoriux seu assessor militar no salão do trono do castelo)

 

CAUSTO LÍGITO: “Eu, Pinicio de Pontikomena, um novo amanhecer auguro. A mim me foi dado esse mágico dom de facilitar a união das espécies mediante singulares transformações. Estou seguro!, um  devir que implicará um  novo exercício no discurrir aproxima-se. Assim, uma estranha voz de mulher que dentro de mim pernoitava, voz e coração humana de alto comando que entre outras e outros seres ao saber-se agora num corpo de formiga versada nos anales da boa causa obreirra....; agora, ela é a eleita, é a nova rainha que destronará às existentes. “Eu os guiarei já que ninguém o fae!” Vós dirá. Uma antiga mulher caída em íntimo combate é a que olhareis dentro desse diminuto corpo de inseto. Mas, e pesando-o bem..., por certo! . Terei acertado com a eleição?, tinha outras opções?...”. - Ah, ¡deliciosas!, francamente deliciosas estas letras aqui impressas, verdade que sim Castoriux?

 

CASTORIUX: Eu sou novo aqui e fui chamado para outras missões que não são precisamente as de enjuiciar e opinar sobre o oportuno ou não das explicações dadas em tão simbólicas interpretações; interpretações dispostas no mágico  dos exercícios malabaristas das letras. Meu espaço é geográfico e mais no vento que sopra a favor de quem tem que construir outras paliçadas, pois militar sou  nestas questões e  máximo assessor de sua majestade nelas e não nas expostas nesses livros de enfenticeira.

 

CAUSTO LÍGITO: Falas de simbólicas interpretações e de feitiço. O primeiro porque és homem de pouca fé e o segundo mais atinado talvez, pois assim foi reconhecido Pinicio de Pontikomena, o grande adivinho e mago também. Feiticeiro se queres como tu dizes, mas transformou a realidade porque sua vontade ia encaminhada para a salvação do mundo inteiro, com o que contava com todas as criaturas da criação para tais empenhos, poies ele era bem querido tanto pelas hienas como pelas meninas e meninos mais ternos. Uma de suas descendentas, depois de generações é Mougadiviche, a grande rainha de meu coração e ilusões, a estrela que guia-me quando mais triste estou, luzeiro de minhas noites abatidas que faz que algo dentro de mim diga que vale a pena viver uma nova vida. Algum dia encontrarei seu reino, ali onde vive, no País das Sereias.

 

 
CASTORIUX:  Insinuas talvez quando eu falo de simbólicas interpretações que Pinicio de Pontikomena ao falar das formigas assumia que para valer existia esse poder de chegar a ser fixando uma conversão desde a antiga forma de mulher até este novo inseto?...; e não só isso dizes, senão que também afirmas que era ele quem possuía essa vara para assim conseguir tal objetivo. Pois que eu saiba isso é impossível. Posso entender que alguém tenha a base de muita aprendizagem artes adivinatorias, embora a magia, isso é outra coisa...

 

CAUSTO LÍGITO: Se tivesses mais fé entenderias que o importante não é o fato de que ocorresse ou não senão achar que assim ocorreu. É necessário crer no que não pode-se tocar, pois as distâncias se fazem tão longas para nosso infortunio que confundem-se com as curtas

 

CASTORIUX: Sejam ou não longas a mim toca-me a encomenda de equilibrar com a espada e não com a vara que abre as  portas à magia, por isso estou aqui e não por outra coisa

 

CAUSTO LÍGITO: Em fim!, ainda bem que todo o império tem um bufão de corte real. Quem aqui fazia estes labores, o pobre, morreu engasgado um dia de triste inverno. Desde aquela compreendi melhor o significado do jejum. Mas agora o espetáculo o protagonizam este espléndido coro de garças e papagaios amestradas e amaestrados que poseio.

 

CASTORIUX: Pessoas entrajdas de garças e papagaios..., quererás dizer!.

 

 
(O rei faz soar a vara uma vez. Entram o coro de garças e papagaios)

 

CORO DE GARÇAS E PAPAGAIOS: Chamava sua majestade?

 

CAUSTO LÍGITO: Chamava!

 

CORO DE GARÇAS E PAPAGAIOS: Então?

 

CAUSTO LÍGITO: Agora!

 

CORO DE GARÇAS E PAPAGAIOS: O que?

 

CAUSTO LÍGITO: Então... que vai ser?, se não há instruções deveis improvisar...

 

CORO DE GARÇAS E PAPAGAIOS:

 

“Presságio vindeiro em forma de raio

Que alumias na tempestade,

Teu fogo é eterno e o do amor um suspiro”

 

CAUSTO LÍGITO: Bem!, acertado!, breve mas equilibrado, corto o amor mas candente seu desejo

 

CORO DE GARÇAS E PAPAGAIOS: (Ao uníssono) Essa era a ideia!

 

CAUSTO LÍGITO: Melhor ainda, genial, essa era a ideia!, é pouco dizer, mas sua mestría estabelece-se em que assim sai de improviso em todos e todas vocês ao mesmo tempo.

 

Bom!, é boa coisa esta do talento ao uníssono. Agora se come pouco no castelo, embora meu empenho também é o de mudar os antigos costumes obsoletos de monarcas viciados pela gula e dou pé à arte das letras sem estar ao tanto de medir seus prolongamientos. Por tanto, deixarei fazer e que julguem quem minha obra tenham lido e a das e os demais também. Um rei deve ser justo. Por minha parte podeis retirar-vos coro de garças e papagaios, ou melhor!, não!, dançar se assim gostais, dar voltas ao redor!, dêem voltadas toda a noite!, dêem voltadas pelo dia!, dêem voltadas até que vossos corpos estejam cansado e senta que o descanso é por algo merecido, façam isto se querem ou não, sejam felizes!

 

 
(Saem o coro de garças e papagaios velozes)

 

 
CASTORIUX: Comenta-se  que desde que tuas inclinações vão a cada vez mais encaminhadas para tais talentos descuidas as básicas necessidades de teu povo

 

CAUSTO LÍGITO: E tu que dizes? . Fala por ti mesmo!, Acostuma-te a falar por ti mesmo!. Mas..., antes deves saber que te elegim porque tens uma formosa dentadura afiada

 

CASTORIUX: Acho que estão-se descuidando as posições defensivas. De fato existem problemas nos condados mais ao sul como no de Panerikafonti

 

CAUSTO LÍGITO: Uma estranha dentadura afiada!..., e divertida ao mesmo tempo...

 

CASTORIUX: Perdoe meu atrevimiento sua majestade, mas não sei eu bem como me tomar isto, se como um elogio ou como uma ofensa.

 

CAUSTO LÍGITO: Não o tomes, simplesmente deixa! . Em fim... de Panerikafonti falas, Escarpim e Panerikafonti, Panerikafonti e Escarpim.Ele  sabe bem mover-se nessas turbias águas: Escarpim!, quem podera ter sido uma cálida estrela que guiasse o firmamento de outras desapercibidas constelações áureas prefere deslizar o frio mármol da desolação, fruto de seu desmedida ambição, dantes que acariciar o pálido rosto da paz. Devorador ilícito empenho o seu! Sua alma vai unida à ambição despiadada. Mas, por que falas só de Panerikafonti? Pois certo é que existem também incomodidades mais ao norte, porque o certo é que existem incomodidades em todos os impérios. Igual em vez dum império o que precisa-se é uma voz libertaria que dirija ao povo.

 
CASTORIUX: Cómo?, embora...se ti és um rei...., não entendo.

 

 (O rei faz soar o cetro duas vezes. Entra um guarda real)

 

 
GUARDA REAL: Que deseja sua alteza?

 

CAUSTO LÍGITO: O que seja bom para meu povo!

 

GUARDA REAL: Sãos saudáveis costumes então estas dum rei..., e afortunado o povo!.

 

CAUSTO LÍGITO: Dizer a Priscila, Críspulo e Tirreno que já podem entrar

 

 
(Sai o guarda)

 

GUARDA REAL: Podeis passar!

 

 
(Entram Priscila vigilanta maior do reino de Fontipanerika e seus dois lugartenentes, Críspulo e Tirreno)

 

 
PRISCILA: Olá, Causto Lígito, criatura amamentada na infáncia pelos lobos da estepa. Tu que deste a volta aos oceanos e mares do planeta com tuas imponentes asas crescentes que saem de tua indómita sabedoria, que nasceu da atrevida solidão na que soubeste navegar, um dia, contra o vento e a maré do simples e mundano. Tu que podeste- te converter em escaravelho se quisesses para reunir o pó e a descomposição de antigos e austeros sistemas regios que governaram em tão dispares habitats que agora caem vencidos onde a mulher e o homem.

 

CAUSTO LÍGITO: Entendes agora Castoriux?, aqui assim se deve falar!, porque em algo novo precisa-se crer, porque algo novo tem que sair deste mundo velho

 

CASTORIUX: Eu sou um guerreiro tradicional e um assessor militar!

 

CAUSTO LÍGITO: E ela a vigilanta dum reino que cedo deixará de ser reino, com um pouco de sorte talvez. Cedo entenderás, mais estas coisas devem levar-sde em segredo. Não são só simbólicas interpretações, é algo mais!. Em ti confio, Castoriux. Contínua, amiga Priscila, continua

 

PRISCILA: Verás, todo o que eu vou dizer bem o podem corroborar meus lugartenentes alados, Crispulo e Tirreno. Quando chegamos e divisamos as primeiras colinas, gozosas e gozosos voávamos inmersos num céu que se abria desocupado, atravessando vertentes que caíam oferecendo suas inclinadas e  erodidas montanhas, que atesoravam em quais seus prolongamentos  a beleza de dóciles vales em forma de V, como aqueles da zona do Cáucaso nos que habitam entre suas bacias os cosacos de Kubam. Mas à medida que avançávamos na linha setentrional que tinhamos configurada, as montanhas ofereciam relevos mais abruptos e cicatrizados.

 

CAUSTO LÍGITO: ¿Entendes agora Castoriux?, aqui assim deve-se falar, porque em algo novo se precisa creer. Por bom dou eu tua lírica, Priscila, mas assalta-me uma  dúvida, ¿por que motivo será que tua mímica  e predisposição no afã descritivo voa ao redor da pequena erva e demora muito em ir ao grão que triunfa na semeadura. Mas não obstante a estas  horas da tarde em que a chuva deixa passo à claridada oferece-se uma tendência dinâmica que  boa é  no avirse a um templar contemplativo. Segue deleitando!, com tua consabida doçura cromática descritiva da natureza. Castoriux!, Entendes agora Castoriux?, aqui assim deve-se falar!, porque em algo novo precisa-se crer.

 

PRISCILA: O vento golpeava com força, à medida que avançávamos podiamos observar como os desniveles eram ainda mais profundos e as montanhas apareciam mais abruptas. O ar elevava-se e desde o mais profundo ouvia-se uma húmida melodia que ascendia com a fumaça das fogueiras, que ao ir caindo a noite se adivinhavam nas cimeiras mais até ali subiam. As  vertentes que davam ao  norte apareciam rebosantes de tenhas, e entre elas, as mais jovens, derrochantes de verdes intensos, ao  lado da a mais idade com tons mais escuros e sombrios; e todo isso num sábio e imenso espaço longitudinal que capta a entrada do Sol, como se de uma extensa tela obrigada a espantosas transparências isso fora. E nas cumes mais altas abedules. Mas a respeito dos poderes mágicos que atesora a natureza bem pode falar  Crispulo, que pese a tão só ter sete meses de existência sente uma grande admiração por todo o relativo a o mundo das plantas e seus  usos e  encantamentos.

 

CAUSTO LÍGITO: Vamos pois sem ânimo então  de ir em veloz carreira, e sem deixar no esquecimento o detalhe importante de que as gentes subiam do vale à montanha, ponto ao qual retornaremos no momento oportuno. Se é que isso é algo  normal nas de vossa  aparência!. Tanta contemplação desde as alturas sabido é que fixa um desejo de reta engenharia na vontade transcritora. Mas..., fala, Críspulo!, deleita-nos!

 

CRISPULO: Vidoeiros é o nome que nós lhes damos, mas entre eles falam de betulas, de ninhos de borboletas tratamos, onde as erucas colam-se e escalam sua blanquecina casca poseedora ela de muitos finos traços, mais ou menos horizontais, que configuram pequenas escamações. Dita casca também aparece impregnada de lenticulares  aberturas arbitrárias, como se fossem incorporadas  inscrições pelas que circula o intercâmbio das substâncias químicas  necessárias para as  transpirações. Alimentam-se as futuras borboletas  entre outras lindezas de suas resistentes folhas de efeitos balsámicos. E é que esse  resplandeciente tronco de um  albino tom, com essas castanhas protuberâncias que parecem ninhos de vermes abre a visão do olho na acção mental da semelhança e possíveis metafóricas nomenclaturas que incidam nas já comentadas aberturas; aberturas  a modo de inscrições. A betulina é surpreendente, é uma substância química contida na casca da árvore que  confere-lhe a esta umas particularidades quase indestrutívels, o contrário que sua madeira, que oferece uma grande vulnerabilidade .

 

CAUSTO LÍGITO: Desde logo que é uma questão esta duma sabedoria innegável! Para que possuir deum exército incalculável se tens nos poros de tua pele uma poção mágica que te é fiel até a morte? Bem, por hoje é suficiente, chega com esta parte do relatório. E agora, Castoriux, queria-te dizer que tal qual estão neste momento as relações diplomáticas difícil é sendo um império poder achegar a estas pessoas que estão nas montanhas mais ao norte, por isso é preciso não um império senão alguém que guie ao povo. Por enguanto, não deixarei de ser rei porque pôr-me-ia a toda o corte na contramão e preciso da voz de comando para levar a bom porto minhass sãs intenções. Tudo fá-se-á pouco a pouco, mas o primeiro será encaminhado a fortalecer os laços de paz e diálogo. Sei que encontrarei feroz oposição, mas espero que tu estejas de nosso lado, e então poderei dizer que não só te escolhim pelos teus dentes afiados.
 
                         FIM


 
Licencia Creative Commons
Este obra está bajo una Licencia Creative Commons Atribución 3.0 Unported.