FANTASIA DE CORTE E NOBREZA
ATO I
CENA II
(Estão Causto Lígito, rei de Fontipanerika e Castoriux seu
assessor militar no salão do trono do castelo)
CAUSTO LÍGITO: “Eu, Pinicio de Pontikomena, um novo
amanhecer auguro. A mim me foi dado esse mágico dom de facilitar a união das
espécies mediante singulares transformações. ¡ ¡Estou seguro!, um devir que implicará um novo exercício no discurrir se aproxima.
Assim, dou voz e coração humano de alto comando, entre outras e outros seres,
ao saber de um corpo de formiga versada nos anales da boa causa operária.
Agora, ela, a eleita, é a nova rainha que destronará às existentes. Uma antiga
mulher caída em íntimo combate de luta
proletaria é a que está dentro desse
diminuto corpo de insecto. Mas, e pesando-o bem..., ¡por verdadeiro! ¿Terei
acertado com a eleição?, ¿tinha outras opções?...”.Ah, ¡deliciosas!,
francamente deliciosas estas letras aqui impressas, ¿verdade que sim Castoriux?
CASTORIUX: Eu sou novo aqui e fui chamado para outras
missões que não são precisamente as de enjuiciar e opinar sobre o oportuno ou
não das explicações dadas em tão simbólicas interpretações; interpretações
dispostas no mágico tapiz dos exercícios malabaristas das letras. Meu espaço é
geográfico e mais no vento que sopra a favor de quem tem que construir outras
empalizadas, pois militar sou nestas
questões e máximo assessor de sua
majestade nelas e não nas expostas nesses livros de hechicería...
CAUSTO LÍGITO: Falas de simbólicas interpretações e de
hechicería. O primeiro porque és homem de pouca fé e o segundo mais atinado
talvez, pois assim foi reconhecido Pinicio de Pontikomena, o grande adivinho e
mago também. Feiticeiro se queres como tu dizes, mas transformou a realidade
porque sua vontade ia encaminhada para a salvação do mundo inteiro, com o que
contava com todos os seres da criação para tais empeños. Uma de suas
descendientas é Mougadiviche, a grande rainha de meu coração e ilusões, a
estrela que me guia quando mais triste estou, lucero de minhas noites abatidas
que faz que algo dentro de minha me diga que vale a pena viver uma nova vida.
Algum dia encontrarei seu reino, ali onde vive, no País das Sirenas.
CASTORIUX: ¿Insinuas talvez quando eu falo de simbólicas
interpretações que Pinicio de Pontikomena ao falar das formigas assumia que
para valer existia esse poder de chegar a ser se fixando uma conversão desde a
antiga forma de mulher até este novo insecto? e não só isso dizes, senão que
também afirmas que era ele quem possuía essa vara para assim conseguir tal
objectivo. Pois que eu saiba isso é impossível. Posso entender que alguém tenha
a base de muita aprendizagem artes adivinatorias, mas a magia, isso é outra
coisa...
CAUSTO LÍGITO: Se tivesses mais fé entenderias que o
importante não é o facto de que ocorresse ou não senão achar que assim ocorreu.
É necessário crer no que não se pode tocar pois as distâncias se fazem tão
longas para nosso infortunio que se confundem com as curtas
CASTORIUX: Sejam ou não longas a minha me toca a encomenda
de equilibrar com a espada e não com a vara que abre as portas à magia, por isso estou aqui e não por
outra coisa
CAUSTO LÍGITO: ¡Em fim!, ainda bem que todo o império tem um
bufão de corte real. Quem aqui fazia estes labores, o pobre, morreu atragantado
um dia de triste inverno, desde aquelas compreendi melhor o significado do
ayuno. Mas agora o espectáculo o protagonizam este espléndido coro de garzas e
papagayos amaestradas e amaestrados que poseio.
CASTORIUX: Pessoas vestidas de garzas e papagayos...,
quererás dizer.
(O rei faz soar a vara uma vez. Entram o coro de garzas e
papagaios)
ORO DE GARZAS E PAPAGAYOS: ¿Chamava sua majestade?
CAUSTO LÍGITO: Chamava
CORO DE GARZAS E PAPAGAYOS: ¿Então?
CAUSTO LÍGITO: ¡Agora!
CORO DE GARZAS E PAPAGAYOS: ¿O que?
CAUSTO LÍGITO: Então... ¿que vai ser?, se não há instruções
deveis improvisar...
CORO DE GARZAS E PAPAGAYOS:
“Presságio venidero em forma de raio
Que alumbras na tempestade,
Teu fogo é eterno e o do amor um suspiro
CAUSTO LÍGITO: ¡Bem!, acertado, breve mas equilibrado, corto
o amor mas candente seu desejo
CORO DE GARÇAS E PAPAGAYOS: (Ao unísono) ¡Essa era a ideia!
CAUSTO LÍGITO: Melhor ainda, genial, ¡essa era a ideia!, é
pouco dizer, mas seu maestría arraiga em que assim sai de improviso em todos e
todas vocês ao mesmo tempo.
¡Bom!, é boa coisa esta do talento ao unísono. Agora se come
pouco no castelo, mas meu empenho também é o de mudar os antigos costumes obsoletos
de monarcas viciados pela gula e dou pé à arte das letras sem estar ao tanto de
medir seus prolongamientos. Por tanto, deixarei fazer e que julguem quem minha
obra tenham lido e a das e os demais também. Um rei deve ser justo. Por minha
parte podeis retirar-vos coro de garzas e papagayos, ¡ou melhor!, ` ¡não!,
¡dancem se quereis, dar voltas ao redor!, ¡dêem voltadas toda a noite!, ¡dêem
voltadas pelo dia!, dêem voltadas até que vosso corpo esteja cansado e senta
que o descanso é por algo merecido, façam isto se quereis ou não, ¡sejam
felizes!
(Saem o coro de garzas e papagayos velozes)
CASTORIUX: Comenta-se por aí que desde que tuas inclinações
vão a cada vez mais encaminhadas para tais talentos descuidas as básicas
necessidades de teu povo
CAUSTO LÍGITO: ¿E tu que dizes? ¡Fala por ti mesmo! Mas
dantes deves saber que te elegi porque tens uma formosa dentadura afiada
CASTORIUX: Acho que estão-se descuidando as posições
defensivas. De facto existem problemas nos condados mais ao sul como no de Panerikafonti
CAUSTO LÍGITO: ¡Uma estranha dentadura afiada!..., e
divertida ao mesmo tempo...
CASTORIUX: Perdoe meu atrevimiento sua majestade, mas não sê
eu bem como me tomar isto, se como um elogio ou como uma ofensa.
CAUSTO LÍGITO: Não o tomes, simplesmente o deixa. Em fim...
de Panerikafonti falas, Escarpin e Panerikafonti, Panerikafonti e Escarpin.
Ele sabe bem se mover
nessas turbias águas: ¡Escarpín!, quem pôde ter sido uma cálida estrela que
guiasse o firmamento de outras desapercibidas constelações áureas prefere
deslizar o frio mármol da desolação, fruto de seu desmedida ambição, dantes que
acariciar o pálido rosto da paz. ¡Devorador ilícito empenho o seu! Sua alma vai
unida à ambição despiadada. Mas, ¿por que falas só de Panerikafonti? Pois verdadeiro
é que existem também incomodidades mais ao norte, porque o verdadeiro é que
existem incomodidades em todos os impérios. Igual em vez de um império o que se
precisa é uma voz libertaria que dirija ao povo
CASTORIUX: ¿Como?, mas...se tu és um rei...., não entendo.
(O rei faz soar o
ceptro duas vezes. Entra um guarda real)
GUARDA REAL: ¿Que deseja seu alteza?
CAUSTO LÍGITO: O que seja bom para meu povo
GUARDA REAL: Sãos costumes então estas de um rei e
afortunado o povo
CAUSTO LÍGITO: Digam a Priscila, Críspulo e Tirreno que já
podem entrar
(Sai o guarda)
GUARDA REAL: Podeis passar
(Entram Priscila vigilanta maior do reino de Fontipanerika e
seus dois lugartenientes, Críspulo e Tirreno)
PRISCILA: Olá, Causto Lígito, criatura amamantada na niñez
pelos lobos da estepa. Tu que deste a volta aos Oceanos e mares do planeta com
teus imponentes asas crescentes que saem de tua indómita sabedoria, que nasceu
da atrevida solidão na que soubeste navegar, um dia, contra o vento e a maré do
simples e mundano. Tu que pudeste te converter em escarabajo se quisesses para
reunir o pó e a descomposição de antigos e austeros sistemas regios que
governaram em tão dispares habitats que agora caem vencidos onde a mulher e o
homem.
CAUSTO LÍGITO: ¿Entendes agora Castoriux?, aqui assim se
deve falar, porque em algo novo se precisa crer
CASTORIUX: Eu sou um guerreiro tradicional e um assessor
militar
CAUSTO LÍGITO: E ela a vigilanta de um reino que cedo
deixará de ser reino, com um pouco de sorte talvez. Cedo entenderás. Não são só
simbólicas interpretações, é algo mais. Contínua, amiga Priscila, contínua
PRISCILA: Verás, todo o que eu vou dizer bem o podem
corroborar meus lugartenientes alados, Crispulo e Tirreno. Quando chegamos e
divisamos as primeiras colinas, gozosas e gozosos voávamos inmersos num céu que
se abria desocupado, atravessando vertentes que caíam nos oferecendo suas
inclinadas e erosionadas montanhas, que
atesoraban em cuales seus prolongamentos
a beleza de dóciles vales em forma de V, como aqueles da zona do Cáucaso
nos que habitam entre suas bacias os cosacos de Kubán. Mas à medida que
avançávamos na linha setentrional que tínhamos configurada, as montanhas
ofereciam relevos mais abruptos e cicatrizados.
CAUSTO LÍGITO: ¿Entendes agora Castoriux?, aqui assim se
deve falar, porque em algo novo se precisa creer.por bom dou eu teu lírica,
Priscila, mas me assalta uma dúvida,
¿por que motivo será que teu mímica e
predisposición no afán descritivo voa ao redor da pequena erva e demora muito
em ir ao grão que triunfa na siemb Mas não obstante a estas horas da tarde em que a chuva deixa passo à
clareza, se oferece uma tendência dinâmica que
boa é se se aviene a uma templanza contemplativa. ¡Segue deleitando!,
com teu consabida doçura cromática descritiva da natureza. ¡Castoriux!,
¿Entendes agora Castoriux?, aqui assim se deve falar, porque em algo novo
precisa-se crer.
PRISCILA: O vento golpeava com força, à medida que
avançávamos podíamos observar como os desniveles eram ainda mais profundos e as
montanhas apareciam mais abruptas. O ar elevava-se e desde o mais profundo
ouvia-se uma húmida melodia que ascendia com a fumaça das fogueiras, que ao ir
caindo a noite se adivinhavam nas cimeiras mais até ali subiam. As vertentes que davam ao norte apareciam rebosantes de tenhas, e entre
elas, as mais jovens, derrochantes de verdes intensos, ao lado da a mais idade com tons mais escuros e
sombrios; e todo isso num sábio e imenso espaço longitudinal que capta a entrada
do Sol, como se de uma extensa tela obrigada a espantosas transparências isso
fora. E nas cumes mais altas abedules. Mas a respeito dos poderes mágicos que
atesora a natureza bem pode falar
Crispulo, que pese a tão só ter sete meses de existência sente uma
grande admiração por todo o relativo à o mundo das plantas e seus usos e
encantamentos.
CAUSTO LÍGITO: Vamos pois sem ânimo então de ir em veloz carreira, e sem deixar no
esquecimento o detalhe importante de que as gentes subiam do vale à montanha,
ponto ao qual retornaremos no momento oportuno.
¡Se é que isso é algo
normal nas de vossa aparência!.
Tanta contemplación desde as alturas sabido é que fixa um desejo de recta engenharia na vontade
transcriptora. Mas..., ¡fala, Críspulo!, ¡deleita-nos!
CRISPULO: Abedules é o nome que nós lhes damos, mas entre
eles falam de betulas, de ninhos de borboletas tratamos, onde os caterpillares
se colam e escalam seu blanquecina corteza poseedora ela de muito finos traços
mais ou menos horizontais que configuram pequenas escamaciones. Dita corteza também
aparece impregnada de lenticulares
aberturas arbitrárias, como se fossem incorporadas inscrições, pelas que circula o intercâmbio
das substâncias químicas necessárias
para as transpiraciones. Alimentam-se as
futuras borboletas entre outras lindezas
de suas resistentes folhas de efeitos balsámicos. E é que esse resplandeciente tronco de um albino tom, com essas protuberâncias marrones
que parecem ninhos de vermes abre a
visão do olho na acção mental da a
semelhança e possíveis metafóricas nomenclaturas que incidam nas já comentadas
aberturas a modo de inscrições. A betulina é surpreendente, é uma substância
química contida na corteza da árvore que lhe confere a esta umas
particularidades quase indestructibles, o contrário que sua madeira, que oferece
uma grande vulnerabilidade .
CAUSTO LÍGITO: ¡Desde depois que é uma questão esta de uma
sabedoria innegable! ¿Para que possuir de um exército incalculable se tens nos
poros de tua pele uma poción mágica que te é fiel até a morte? Bem, por hoje é
suficiente, chega com esta parte do relatório. E agora Castoriux queria te
dizer que tal qual estão neste momento as relações diplomáticas difícil é sendo
um império poder acercar a estas pessoas que estão nas montanhas mais ao norte,
por isso é preciso não um império senão alguém que guie ao povo. Por enquanto
não deixarei de ser rei porque pôr-me-ia a toda o corte na contramão e preciso
da voz de comando para levar a bom porto minhass sãs intenções. Tudo fá-se-á
pouco a pouco, mas o primeiro será encaminhado a fortalecer os laços de paz e
diálogo. Sei que encontrarei feroz oposição, mas espero que tu estejas de nosso
lado, e então poderei dizer que não só te elegi por teus dentes afiados.
ATO I
CENA III
(No País das Sirenas, na gruta da rainha estão a própria
rainha Mougadiviche e sua Camarera real Surtinailda. Vigiando a entrada está
Pópulo e Pípulo, pajes da rainha)
PÓPULO: ¿Tu cries, mim querido amigo, que é verdadeiro isso
que se diz de que o diabo que aninha nas falsas paixões é filho de
Mougadiviche?
PÍPULO: Confundes-te. Não é exactamente isso o que se
rumorea, pois ainda sendo possível isso não está nada claro se existe esse
diablillo.
PÓPULO: ¿Como é isso possível?
PÍPULO: Pode uma pessoa dentro dela conviver com outra e não
necessariamente ter que ser filho e mãe na acção em futuro engendramiento, e
uma pode ser boa e a outra não. Podem até alimentar-se de duas maneiras
diferentes, e o corpo como é um só deverá se adaptar a umas ou outras
necessidades, diferentes concepções e éticos valores numa mesma substância.
PÓPULO: Mas...isso é... ¡horrível!
PÍPULO: Homem, dito assim..., tanto como horrível não o sei,
eu diria mais bem que é um inconveniente ilustrado. Verás, é o lado bom e o
lado mau numa mesma pessoa convivendo
mutuamente, e venceu o lado bom no interior da rainha. Mougadiviche, ao ser
enfeitiçada é provável que se libertasse de sua parte negativa e esta cobrasse
estrutura óssea independente. Assim pode ser que nascesse o diablillo da
modernidad desde o corpo de Mougadiviche. ¿Vais entendendo?
PÓPULO: O que acho que não entendes és tu. Eu penso de outra
maneira. Todo o que nasce é pequeno, e sai desde o mesmo lugar no que se
depositou a semente. O diablillo algum
dia teve que nascer, e assim teve que ser. Depois pode ter encantamentos ao
longo de uma vida, espécies e formas que se vão transformando, mas isso já é
outra história. Bem, pois para mim, e habando claramente, eu agora mudança de
teoria. ¡Mougadiviche foi exorcizada! Esta é minha teoria agora, amigo. Se lhe
exorcizó e saiu a substância má, e posteriormente converteu-se ela por contemplación num hada, quando nela já não ficava parte
insana, e criou assim este lindo País das sirenas.
PÍPULO: ¡Mougadiviche exorcizada! ...bom... ¡quem sabe!,
igual até tens razão. Agora mesmo estão aí dentro representando a obra
(Dentro da caverna)
MOUGADIVICHE: Olá, vivo onde tu queres que eu viva. Esta é
minha história, que vos vou contar. Sou rainha, e vivo no reino onde se
confundem as realidades com os sonhos. Quem não soubesse é hora já de saber e
que saiba de uma vez e que se inteire o mundo inteiro e parte do outro que a
ilusão mudou minha vida. Já não vivo tão só entre os humanos e humanas ainda
que o siga sendo, mas sigo vivendo, que isso é outra coisa ainda que pareça
espantosa, e todo seja dito bem desde o princípio pois por estranho que pareça
sigo sendo eu ainda que agora possa já por fim viver dentro de múltiplas
substâncias diferentes, segundo a ocasião requeira . Posso por exemplo um dia
deixar-me levar pelo água que cai em forma de arroio e outro dia ser eu a
arrollada, mas agora sempre segundo seja meu desejo, porque o amor que possuo
me levou até o conhecimento das
partículas mais pequenas e nelas descobri a imensidão. Diz quem bem quer, gente
que me conhece e outras espécies que bem puder e querer servir e serve ao
venerável da alma humana pois é o amor universal na matriz, e não deixo de
pensar assim eu então no curioso do facto que o mundo de voltas desde que quis
o as dar ou se lhe foi algo imposto. O planeta e suas penúrias, a condição
escrava do facto de viver, sendo pois os conceitos de felicidade esquivos, mas
não assim quem acompanham minhas fantasías, que são as verdadeiras heroicas
disposições de uma alma interceptada em sua livre condição por chegar à
verdade. Por conseguinte estudei nas grandes universidades das ciências e as
letras mas afastada da academia e mais próxima ao vibrar de notas musicais e
paixões inconfesables. Por poder posso penetrar nos poros de tua pele sem que
mal percebas mais que um pequeno escozor, mas sou respeitosa e a ti em tal caso
tocar-te-ia decidir, porque eu te digo que sem mal te dar conta dormirias em
minha regazo como uma pobre criança agradecida. Bem..., isto...¿como
vai?..¿Tudo bom vai?... ¡tens que dizer algo!..., ainda que seja um gesto
elocuente...
SURTINAILDA: ¡Tudo vai bem!
MOUGADIVICHE: ¿sigo pois?
URTINAILDA: Segue
MOUGADIVICHE: ¡Em ti confio!
SURTINAILDA: Por isso estou a teu lado e sirvo teus
caprichos
MOUGADIVICHE: ¡Que bem nos entendemos!
SURTINAILDA: ¡Certamente!
MOUGADIVICHE: ¡Depois faremos o amor tu e eu! Agora
sigo.¿Onde ia?
SURTINAILDA: Em que eu ficava..., ¡perdão!...em que alguém
dormia em teu regazo sem se dar conta sequer, como se fosse pelo efeito de uns
pós mágicos...
MOUGADIVICHE: ¡Verdadeiro é!...ainda que ao dos pós não
chegasse
SURTINAILDA: ¡Chega pois!, contínua...
MOUGADIVICHE: Como quem joga pós mágicos nas altas copa e a
poción ou brebaje ficasse posada no fundo e emboscado do terreno e não pudesse
se jogar a culpa a ninguém de tal aturdimiento parece avançar a miséria.
Durante muito tempo permaneci abrindo os
olhos das pessoas maiores e fechando os das
mais pequenas para que assim pudessem descansar. Mas a miséria seguia
acercando-se mais. Achava que ia voltar-me louca Uma noite estava entre dormida
e acorda lendo um conto de hadas.... Deixei-me levar envolvida numa nuvem de
imaginativas guirnaldas composta de todo o tipo de flores. Os olhos fechavam-se
e meu corpo parecia transportar-se, surcando o céu via eu os mares da terra. De
repente algo pareceu golpear o
firmamento inteiro...
SURTINAILDA: ¡Oh!...assim não..., tens que pôr nesta última
parte mais sensação de angústia, ânsia,
paixão, confusão e sobrecogimiento ao mesmo tempo Como se fossem dois e não uma
as pedras que a ti te entrassem no coração.
MOUGADIVICHE: ¿como podes tu saber quantas pedras entram em
meu coração?, porque o que aqui há de verdadeiro é que eu estou a representar o
papel de minha própria vida. Em modo algum quero eu desacreditar o conhecimento
que tens nestes assuntos das artes múltiplas e variadas, minha queridísima
amiga, porque certamente tinha duas pedras, mas porei então três
SURTINAILDA: ¡Isso é!, há que pôr sempre uma mais das que se crê ter. Podes
continuar
MOUGADIVICHE: ¡bésame dantes!
SURTINAILDA: ¡Te besaré e
acariciarei tua pele!... ¡lá vou!
(Entra Pópulo, paje maior da rainha)
POPULO: ¿Chamava-me, sua majestade?
SURTINAILDA: ¡Que inoportuno!
POPULO: ¿Como?
MOUGADIVICHE: Falou ela, não eu, ¡atende só a meu...!, mas... ¿de onde sacas que te chamei?
POPULO: Cri ouvir a caracola.
SURTINAILDA: ¡Que atrevimiento!
MOUGADIVICHE: Tão pouco sejas tão mau pensada. Ademais,
ainda que fosse como tu cries, ele também tem direito a seus desejos. Não te
aches que és a única. Muitas e muitos desejariam besar à rainha do País das
Sirenas. ¡Em fim!, pois..., nada disso teve lindo paje, a não ser que tu
queiras também besarme, como pensa Surtinailda
SURTINAILDA: ¡Eu!...cri oir...a caracola...
MOUGADIVICHE: Está bem, pois se só é isso..., ¡não me beses
e te vai!
(Sai Pópulo)
MOUGADIVICHE: ¿Continuamos Surtilandia?
SURTINAILDA: ¿Com o do beijo e as caricias?
MOUGADIVICHE: Agora não, sigamos um pouco com os ensaios da
obra
SURTINAILDA: Por conseguinte ias em aquilo que ocorreu
quando lias um conto de hadas e te estavas a ficar dormida
MOUGADIVICHE: Sim, claro..., ¡já não me lembrava!, mas
obrigado por isso.
Por conseguinte soou dentro de mim como um martillazo em
minha cabeça, como o do mismísimo Thor e seus descendentes em luta pagana contra a cristiandad. Alguém, com
indefinible voz e presença, e que parecia sair
dentro de mim me dizia que eu
devia de baixar dessa nuvem e salvar à humanidade...
SURTINAILDA: Esta alusão céltica não vinha no guião.
MOUGADIVICHE: Pus-a/Pu-la a última hora. Sou eu a roteirista
de minha própria história. ¿Ou que?
SURTINAILDA: Sim, mas se vais estar mudando o texto pelo menos avisa.
MOUGADIVICHE: Não creias ter em isto mais papel que o que te
corresponde. Asesorarme mas desde minha criação, não a tua. Eu não tenho que
avisar a ninguém do que faço.
SURTINAILDA: Pois podias
empregar comigo outro tom, afinal de contas somos amigas. Podes
continuar.
MOUGADIVICHE: Pois agora não quero. Preciso descansar um
pouco, ainda que ao pouco momento precisarei estar cheia de vitalidad. Ainda
que não sei que será o melhor...ou quiçá não seja nada mais que isso..., ¿ que
importa tudo isto que eu digo ou de alguém que vai dentro de meu corpo? ¡Estou
intranquila! Espero com impaciência a chegada de Halmagetón, esse halcón que
vigia o que meus olhos não chegam a atingir.
Soa uma concha de mar. Entra Pípulo).
PIPULO: Olá, ¡aqui estou pois outra vez! ¿Precisavas algo,
Mougadiviche?.
MOUGADIVICHE: ¿Ainda não tem chegado Halmagetón?
PIPULO: Se tivesse chegado tivéssemos-to feito saber.
(Soa uma concha de mar. Entra Pípulo).
PIPULO: Olá, ¡aqui estou pois outra vez! ¿Precisavas algo,
Mougadiviche?.
MOUGADIVICHE: ¿Ainda não tem chegado Halmagetón?
PIPULO: Se tivesse chegado tivéssemos-to feito saber.
MOUGADIVICHE: Já, claro. Verdadeiro é....¡retira-te!, a não
ser que queiras besarme
PIPULO: ¿Besarle os pés?
MOUGADIVICHE: Como vês, Surtinalida, a cada paje é
diferente.
(Sai Pípulo)
MOUGADIVICHE: Em fim, devo seguir o que com interrupções
constantes começou. A ver se agora vai isto melhor. Como ia dizendo
anteriormente estava uma noite entre dormida e acordada quando ouvi uma voz que me assegurava que eu
salvaria à humanidade. Não me outorgou nenhum poder especial nem pesquisa
alguma sobre o exercício de dotes sobrenaturales, me disse que nesse momento me
ia ficar profundamente dormida e que ao acordar descobriria que me tinha convertido em enfeitiçasse,
assegurava que confiava em minha pessoa e sabia que não ia trair às espécies do
planeta. Ao acordar dei-me conta que essa voz interior me tinha transformado. O
espelho tratava de enganar-me representando seu papel. Para ele seguia sendo
mulher. Agora tinha que entrar em outra dimensão...
SURTINAILDA: Que saia tudo de ti, todo o que tens.
¡Ânimo!...
MOUGADIVICHE: Encontrava-me sozinha, sem relevo nem perfil e
minhas raízes apareciam entre o nevoeiro que cobria o vale;
¿Que podia fazer?. ¿Porquê não pude as apanhar?, perguntava-me
a mim mesma, e acto seguido já não podia as atingir.
SURTINAILDA: ¡Isso é!...mas... ¡Alça-te!... ¡Assim!...
¡Fenomenal!
MOUGADIVICHE: Sentada agora nas nuvens e enfeitiçada isto
foi o primeiro que me ocorreu. O que parecia como uma lembrança recordo se
adueñó de minha memória...
SURTINAILDA: Aqui tens que fazer uma suave inclinação
oscilatoria e te deixar depois seduzir num ligeiro voo como o de uma pluma.
MOUGADIVICHE: Ainda que nunca fiz isso que comentas creio
saber o que queres dizer. ¡Vamos ver!... ¿Algo assim?
(Gira sobre si mesma Mougadiviche)
SURTINAILDA: Bastante bem, mejorable mas bastante bem. Essa
é a linha a seguir nos pontuas momentos em que uma desbocada paixão tende a um
aligeramiento. E agora atenta, vais iniciar o relato de uma lembrança, essa
lembrança que sentada nas nuvens e já enfeitiçada foi o primeiro que assim,
nesse estado, se te veio à memória. Podes continuar.
MOUGADIVICHE: Estranhas coisas. Era uma tarde de verão
divisava desde a janela uma estranha sombra que se escondia entre uns também
jovens macieiras. Não sê se era uma sombra ou se era que uma nova dimensão
transformava esse reflexo e alimentava-se de meu próprio corpo para subsistir, se foi
um estranho telefonema ou um efeito de inimaginable causa. A sombra ou o que fora, não parava de ir de
um lado a outro. O caso é que parecia que me estava espiando. Senti um medo que
me paralisava, não podia deixar de olhar para esse lado. O vento, que era pouco
intenso desprendia sons que se arremolinaban em meu cérebro. Tive que me
sujeitar com as duas mãos ao alféizar da janela.
SURTINAILDA:¡Vamos!, ¡Que saia todo o que tu tens!, ¡isso
é!...¡Ânimo!...¡Assim!...¡Meu queridísima Mougadiviche!... ¡isso é!
MOUGADIVICHE: A sombra levava uma guadaña, e de seus olhos desprendiam-se duas
largas gotas que conformavam duas regueros de sangue. Comecei a chorar
desconsoladamente. E enquanto chorava a cada vez mais forte a sombra
afastava-se. Tocava dormir. Agora me encontrava sozinha. Eu não parava de
tremer, era ainda uma menina. Tremia de frio para acto seguido parecer que
estava a sucumbir nas angustiosas
fogueiras da inquisição.Um suor pegajoso baixava por meu corpo nu até os
pés. Me tumbé na cama, mas também não podia dormir, por alguma razão estranha
que se escapava a meu entendimento.
SURTINAILDA: E agora... ¡já sabes! um prolongado silêncio
gestual.
MOUGADIVICHE: ¿Como?
SURTINAILDA: Um suspiro silencioso
MOUGADIVICHE: ¡Ah!..., isso... ¡já!...ufa!
SURTINAILDA: ¡Assim bem!... ¡podes continuar!
MOUGADIVICHE: Sigo pois: . Passaram um par de meses. A
notícia era que um dia de tempestade se voltava a arrastar o monstro, que em
primeiro acto de frialdade se refugiava entre os matorrales. Não sei porquê era
notícia, não tenho mais dados sobre ele, não recordo sua cara. Deambulaba pelas callejuelas do porto pedindo algo de
comer. Podia esperar um dia, hasta duas e três meses, mas ao final o maligno
entraria no albergue, nas casas, suplicando que alguém lhe deixasse algo de
paz. Ninguém confiava nele, ninguém queria falar com ele. Por isso se lhe
seguia chamando o maligno. E um dia chamou a minha porta. Sabia que era ele
porque ninguém chamava a minha porta. Afora fazia um dia de muita chuva. Abri a
porta. Chorava com todas suas forças a chuva. Ele se mostrava tremendamente
inquieto e dizia com palavras que se entrecortaban que já não pertencia ao
mundo ainda que o mundo lhe viesse a recordar que sim existia. Quando via
sorrir às pessoas se emocionava. Que como podia ser que ele fosse qualificado
como o maligno quando lhe tinham deixado só.
Quando o deserto se multiplicava ante seus olhos se via a si
mesmo com um pequeno relógio de areia que sujeitava abrasivamente. Com a mesma
esperança que a de um relógio de areia, dizia gritando desesperadamente.
Instalou-se em meu corpo. ¡Em fim! Agora melhor. ¿Não te parece?, ¿Surtinalida?
SURTINAILDA: ¡Oh!... ¡Sim!...mas que muito melhor. Essa é a
força necessária para que um monólogo adquira proporcionalidades
verdadeiramente creíbles. ¡Agora sim que foste tu!
MOUGADIVICHE: E não deixá-lo-ei de ser, pese a quem pese.
(Entra Pópulo)
POPULO: ¡Sua majestade!, já esta aqui...
MOUGADIVICHE: ¿Halmagetón o halcón?, façam-lhe passar
HALMAGETON: Olá, aqui estou pois
MOUGADIVICHE: Querido Halmagetón, esperávamos-te como o água
de um florido mês de maio que bem vale para fazer mágicas pociones.
HALMAGETON: Mas. ¿Quem então? O água ou Maio
MOUGADIVICHE: ¿O água, meu querido amigo, o água, conta-nos
HALMAGETON: Andavam pela areia das praias e calas e não
paravam de graznar, seu aspecto era aterrador pois estavam sumamente inquietos,
mas ao mesmo tempo pareciam felizes, como se estivessem a celebrar um triunfo.
Eram tantos que tudo parecia diferente. Uma estranha sensação de inquietude e
ao mesmo tempo iniciação para a descoberta de algo novo se apoderou de mim.
Dentro de meu corpo de halcón divisei um túnel mortífero aninhado de corvos que
traziam maus presságios. Recordei tuas palavras de conhecimento sobre os
assuntos que conciernen às almas e composições delas, a essa estranha raça na
que se junta um delicioso parloteo com as imagens mais siniestras e que o ser
humano pretende esquivar. Num dos
extremos de uma cala, apartado entre as rochas que formavam a base do enfilado
alcantilado se reunia um grupo de uns catorces o que pude observar foi algo que
escapa a toda condição lógica. Tinha também um ser humano, o qual tinha o passo
fechado. Os corvos tinham-no atrapado. Era de baixa estatura o homínido. Os
corvos enormes. Eles calavam. Ele gritava desconsoladoramente. Teve um momento em
que sua voz se acalmou, presa da desolação, ao saber que suas ondas de reclamo
apagar-se-iam ao ser depositadas num solitário firmamento. Todo era corvos e
ele ante eles. O homem tampava sua cabeça com as mãos, numa tentativa de
apresentar oposição aos picotazos que agora começavam a lhe chover. Do mesmo
modo caía o água que começou a brotar das nuvens. No dia estava a cada vez mais
empenhado em fechar seus claros. Os corvos emitiram uns sons guturales
estridentes e desgarradores que se implementavam ao crujir do bico, que alçando
ao céu azul proclamava uma nova vitória. Era, como tu bem me tens falado disso,
um sacrifício pagano onde o diminuto homem ia ser devorado pelos corvos.
MOUGADIVICHE: Mais que de um sacrifício pagano estamos
aqui tratando de outra coisa, minha
querido Halmagetón.
SURTINAILDA: Pois tens-me a meu muito intrigada, como me
imagino que a ele também.¿Pode-se saber de que coisa se está então segundo tu
aqui tratando?
MOUGADIVICHE: O primeiro paa eles é chegar até o coração e o
cortar em trozos mais pequenos. Com um pequeno mordisco suficiente para
estabelecer conexão com o alma.
HALMAGETON: De todos modos a cena apresentava diversos
signos de ritualidad, pois quando chegou o momento em que estavam escarbando
nas entranhas do homem, no rasgar do
interior para afora , os outros corvos que tinha na praia deixaram de fazer
ruído, sem deixar de olhar para onde se estava a dar o banquete. Não entendo
bem o porquê esperavam e não se lançavam. Era
como se se dessem perfeita conta de que esse manjar para eles não era, senão para o grupo de doze.
MOUGADIVICHE: E em realidade assim ocorria. ¡Escarpín!, o
rei humano dos corvos, duque para mais senhas. Sem chegar a ser um corvo
conhece-os melhor que ninguém. Foi-se a Sibéria
durante quatro anos adiestrando halcones gerifaltes. Foi ali
voluntariamente e aprendeu a viver nas adversidades do inclemente habitat da tundra Aprendeu dos ritos, graznidos e aleteos, num mundo
estofado de musgo e liquen.
Comendo carne de reno. ¡Maléfico Escarpín!, move-se como se
fosse uma serpente que guardasse o segredo da perfidia.
SURTINAILDA: Mas..., então... ¿É a perfidia um segredo?
MOUGADIVICHE: ¿Que?
SURTINAILDA: Como dizes que Escarpín é uma serpente que
guarda o segredo da perfidia
MOUGADIVICHE: Eu não digo que Escarpín seja uma serpente,
senão que parece uma serpente que não é o mesmo, pois...
HALMAGETON: Aos olhos de quem parecer vem a ser um facto
indiscutible que passa a ser real o que assim se imaginasse, pois leva todo o
ónus substancial o ser existencial numa seductora e cúmplice concomitancia com
os caminhos que dirigem o eu ao recobrar
do oxigénio que lhe falta.
A resposta vem do sentimento, que é o que julga, e não a
razão...
MOUGADIVICHE: ¿Eh?...
HALMAGETON: ¡Eh!... ¿que?... ¿Eh?... ¡está bem!, farei como
o bom cirujano ao que não lhe deve
tremer nunca o pulso e irei por partes... seja pois...¿isto?....
¡Vá!..¡cortou-se o fio discursivo esse!,o que bebe das fontes sagradas da
cristalinas águas da sugestiva e jocosa Mater Inspiratoria. Em meu é
disculpable, pois só sou um halcón que está a aprender.
SURTINAILDA: Amiga Mougadiviche, às vezes penso que não sê
se pensas o que dizes ou talvez dizes e pensas justo e à mesma vez, de tal modo
que o que fazes é transcribir o que num
conjunto harmônico ouves.
Eu me inclino mais
bem a pensar no segundo. Outros, como é o caso de Halmagetón parece que se
perdem e acabam falando em Cirilio.
MOUGADIVICHE: ¡Como! ¿Halmagetón influenciado pela palavra
daquele que disse “pela fé de Cristo estamos dispostos a padecê-lo todo”? ¡Ja,
ja, ja...!, ¡Bem!, agora em sério, ¡Ja!, ¡j¡ja!, ¡ja!..., o que quererás tu
dizer..., é ¡em cirílico!, entendendo-se por isso...
SURTINAILDA: Quando te ris da ignorância das e os demais és
estranhamente irritable ¡Sim!... ¡isso é!..., com esses signos tão confusos e
equívocos.
MOUGADIVICHE:
Não to tomes a mau, mulher. Bem, está anocheciendo, devo me retirar a
descansar, ¿vens Surtinailda?,¡adeus halcón!
HALMAGETON: ¡Para o que mandes!
ATO I
ESCENA IV
(Torre da homenagem
do castelo do conde de Panerikafonti. Salão oficial. Estão Usurbina,
filha do conde e Escarpín, conde de Panerikafonti)
ESCARPÍN: E bem minha querida filha, deverias ser mais
cortês com o marqués
USURBINA: Já sei que uma mulher como eu nestes tempos que
vivemos é tradição que seja obrigada a se casar muito a sua pesar, mas minha
disposição e vontade não vai por esse caminho...
ESCARPÍN: Tua disposição e vontade, mim querida filha será
convenientemente domesticada quando entendas que não tens outra saída. As
mulheres de hoje em dia não
têm outra saída e devem doblegarse às tradições que trazem
por efeito a sobrevivência para elas. Deverias sabê-lo bem
USURBINA: Mas eu não sento estima para Palantrix. ¿É que não
vais ter em conta minha vontade?
ESCARPÍN: Tua disposição e vontade, como já te disse, minha
querida filha, será convenientemente domesticada. É um marido ideal.
USURBINA: Para ti..., será isso...
ESCARPÍN: Para meu não, eu não me caso, de facto só estou
casado com o dever que se outorga a minha vontade. Deves compreender que eu a
ti te quero e desejo o melhor para ti, ainda que tu não estejas de acordo
comigo. Este condado cedo deixará de pertencer ao reino, e devemos de estar
preparados para as convenientes alianças.
USURBINA: Já, e usais a nós as mulheres para tais
menesteres...
ESCARPÍN: ¡Tens uma língua muito afiada!,..., ¡olha!...,
sabes bem que não há outra saída..., ¡as coisas são assim!...
USURBINA: Mas bem pode ser com alguém ao que eu tenha mais
inclinação.
ESCARPÍN: Talvez...,
acabo-te de dizer que este condado cedo deixará de...
( Golpes na porta. Três puñetazos. Soa um cencerro por
resposta. Entra um mayordomo)
MAYORDOMO: Desculpe o senhor
conde. O marqués de Kafontepaneri e seu filho o señorito Palantrix aqui estão
já, ¡por fim!., como assim desejava você. E com o devido respeito e devoción
que devo a sua pessoa dizer que é uma honra lhe servir a você no oficio...
ESCARPÍN: ¡Basta!, agora
não..., agora não preciso do prólogo adulador; às vezes precisam-se e às vezes
não..., ¡e teu bem deverias o saber!... ¡está bem!... ¡retira-te e que passem!
(Sai o mayordomo)
ESCARPÍN: E agora filha
minha, sei educada. Em realidade não conheces a este marquesado, um marquesado
que virá bem para as aspirações do condado, e acrescento também que o
verdadeiro é que poucas oportunidades lhe deu tua vontade a esse jovem,
pois mal o conheceis. É um
jovem divertido e alegre e ingenioso, que escapa ao que se entende hoje em dia
por señorito. ¡Tem paciência e verás!.
USURBINA: Seja pois pelo respeito que uma filha lhe deve ao
pai que...
ESCARPÍN: ¡Seja por isso então!
(Entra Palantrio o marqués de Kafontepaneri e seu filho o
señorito Palantrix)
PALANTRIO: ¡Alegro-me de rever-te, querido amigo!, conde de
Panerikafonte.
ESCARPÍN: ¡Bem-vindo sejas Palantrio, a minha morada,
estávamos a esperar-vos com ilusão
USURBINA: Mal começamos se nem sequer a meu me
cumprimenta...
ESCARPÍN: Mas... ¿será possível?, ¿como podes ser tão
descarada?, ¡outro pai e fechar-te-ia com chave a alcoba!...¡Perdoem-a...!,é
que teve uma má noite...,mas...¡permitam-me
que vos deleite com um magnífico hidromiel do fundamento das
extraordinárias misturas de tão interessantes fluídos. ¡E bem-vindo sejas tu
também, Palantrix!.
(Soa o cencerro. Entra o mayordomo)
MAYORDOMO: ¿Que deseja seu señoría?
ESCARPÍN : ¡Tragam hidromiel!
(Sai o mayordomo)
PALANTRIX: Boas sejam, conde de Panerikafonte. E a ti
Usurbina, bem-vinda sejas já não só em meu coração senão também no regozijo da
natureza e de ser privilegiado por estar tão para perto de ti. E eu te digo
também, desculpa a meu pai, não penses que não te entendo, mas também deves
entender que ele é meu pai.
USURBINA: Pois a verdade, não entendo que queres dizer com
isso, ias bem ao princípio ainda que fosse ninho de simples parloteo, mas foi
bonito, e o bonito sempre quer dizer algo, mas cortaste com o fio e
fizeste um confuso final
¿Que significa que entenda que é teu pai, pois isso já o
sei...; e a meu como gosto que as coisas sejam concretas, de precisas e claras
como o água que flui no hidromiel do que falava meu pai, pois isso...
( Golpes na porta Três puñetazos. Soa um cencerro por
resposta. Entra o mayordomo)
MAYORDOMO: ¡o hidromiel, sua excelência!. ¡Para o que você
mande, sua excelência!..., e com o devido respeito e devoción que devo a sua
pessoa,dizer que é uma honra lhe servir a você no oficio de tão deleitable
honra e honra. E saiba você que aparte disto tem aqui um amigo e uma mão
tendida para o consolo das horas afligidas que pudessem vir a sua excelência.
ESCARPÍN : ¡Bem!, ¡de acordo!, ¡agora tens acertado!, agora
se era o momento, mas...,¡retira-te já!,¿a que esperas?
(Sai o mayordomo)
USURBINA: como ia dizendo, que não entendo então dessas
condicionalidades nas que aninham tais arbitrariedades, esse deixar no ar o que
é da terra e não do ar.
PALANTRIO : ¡Bom!, do que não há que duvidar é que tem
verdadeiro talento...
ESCARPÍN : ¿Talento?..., ¡é uma descarada e desagradecida!.
¡Desculpem-a!, mas tudo isto não quer dizer nada, sempre foi ela muito
fantasiosa...¡Bem, desfrutem da bebida!. Podes retirar-te, mayordomo.
PALANTRIX: ¡Usurbina!, ¡verás!, ¡escuta isto!, eu o
compus..., levo-o dentro de mim e agora meu coração golpeia com força e sai:
“¡Escutem, fala Andrómeda
Por médio de Casiopea!
¡Olhem-a!, outra vez pôs-se
an hermosa para que cabalguemos
Junto a ella
Y mientras, apaciguadamente
Sugerente el lino de la equidad
Se vela en nuestros ojos.
Algún día si, algún día será,
¡Que bonito será alguna vez un nuevo día,
Un nuevo amanecer
ESCARPÍN : ¡Aí fica isso!, ja,ja,ja...¡Aí fica isso!...se
esta garota, minha querida filha, não se apaixonou já ao momento por este
flechazo de Cupido eu já não sei que dizer deste mundo.¡Que!...¡eh?...¡que
dizes agora!
USURBINA: ¡Bah!
ESCARPÍN : ¿ vai?
USURBINA: ¡Não!...¡bah!
ESCARPÍN : Mas, ¿é que talvez não estas bem da cabeça?. Bom,
pois nada, ¡se acabou minha paciência!. ¡Casas-te com ele e já está!
PALANTRIX: ¡Não!, ¡faz favor!,assim tão pouco quero eu!.
PALANTRIO : Per...bom...a verdade, ¡eu já não entendo a esta
juventude!, ¡tu te casas com ela!
USURBINA: Quero dizer que não está mau, mas que não só por
isso vai uma mulher como eu a render aos pés de um homem. De qualquer jeito tem
acordado em mim certa inquietude...¡quem sabe!...,ademais...há certa
decencia...quiçá...
ESCARPÍN : ¡Melhor!, isto é outra coisa, parece que minha
filha vai recobrando a razão. Se é que no fundo é uma boa mulher, a criatura,
com um carácter forte mas é adorable-
USURBINA: Com o que acabo de dizer não sellé nada...
PALANTRIO : ¡ Sellarás!, sellareis teu e meu filho. Bebamos
o hidromiel num brindis pelos novos tiem
( Golpes na porta Três puñetazos. Soa um cencerro por
resposta. Entra o mayordomo)
MAYORDOMO: ¡Sua excelência!, os assessores militares têm
voltado de campanha.
ESCARPÍN : ¿Como?, ¡têm chegado dantes de tempo!,
desculpem-me, mas devo ir ao encontro.
PALANTRIO: Não se preocupe sua excelência, que o que aqui
tratamos tem outros tempos também, nós nos retiramos.
USURBINA: Eu me retiro também
ESCARPÍN : Seja então, e ânimo a todo o marquesado
(Saem Usurbina, Palantrio e Palantrix)
ESCARPÍN : ¡Façam que entre o assessor militar maior,
Vignoverilo!
MAYORDOMO: ¡Sim!, sua excelência
(Sai Mayordomo. Entra Vignoverilo, o assessor militar maior
do conde de Panerikafonti Escarpín)
ESCARPÍN : ¡E bem!
VIGNOVERILO: Sua excelência, tudo vai bem, os corvos
progridem, se estão a fazer com parte do território.
ESCARPÍN : ¡Bem!, devemos sobretudo máxima discreción. Não
quero baixo nenhum modo que ninguém se inteire de onde vem o assunto. Por
enquanto bem vale. Agora com isto me chega. Já dar-me-ás amanhã mais detalhes.
¡Retira-te!
FIM