miércoles, 4 de septiembre de 2013

FANTASIA DE CORTE E NOBREZA



        FANTASIA DE CORTE E NOBREZA      

                                                      ATO I
                                  CENA II

(Estão Causto Lígito, rei de Fontipanerika e Castoriux seu assessor militar no salão do trono do castelo)

CAUSTO LÍGITO: “Eu, Pinicio de Pontikomena, um novo amanhecer auguro. A mim me foi dado esse mágico dom de facilitar a união das espécies mediante singulares transformações. ¡ ¡Estou seguro!, um  devir que implicará um  novo exercício no discurrir se aproxima. Assim, dou voz e coração humano de alto comando, entre outras e outros seres, ao saber de um corpo de formiga versada nos anales da boa causa operária. Agora, ela, a eleita, é a nova rainha que destronará às existentes. Uma antiga mulher caída em íntimo  combate de luta proletaria é  a que está dentro desse diminuto corpo de insecto. Mas, e pesando-o bem..., ¡por verdadeiro! ¿Terei acertado com a eleição?, ¿tinha outras opções?...”.Ah, ¡deliciosas!, francamente deliciosas estas letras aqui impressas, ¿verdade que sim Castoriux?

CASTORIUX: Eu sou novo aqui e fui chamado para outras missões que não são precisamente as de enjuiciar e opinar sobre o oportuno ou não das explicações dadas em tão simbólicas interpretações; interpretações dispostas no mágico tapiz dos exercícios malabaristas das letras. Meu espaço é geográfico e mais no vento que sopra a favor de quem tem que construir outras empalizadas, pois militar sou  nestas questões e  máximo assessor de sua majestade nelas e não nas expostas nesses livros de hechicería...

CAUSTO LÍGITO: Falas de simbólicas interpretações e de hechicería. O primeiro porque és homem de pouca fé e o segundo mais atinado talvez, pois assim foi reconhecido Pinicio de Pontikomena, o grande adivinho e mago também. Feiticeiro se queres como tu dizes, mas transformou a realidade porque sua vontade ia encaminhada para a salvação do mundo inteiro, com o que contava com todos os seres da criação para tais empeños. Uma de suas descendientas é Mougadiviche, a grande rainha de meu coração e ilusões, a estrela que me guia quando mais triste estou, lucero de minhas noites abatidas que faz que algo dentro de minha me diga que vale a pena viver uma nova vida. Algum dia encontrarei seu reino, ali onde vive, no País das Sirenas.


CASTORIUX: ¿Insinuas talvez quando eu falo de simbólicas interpretações que Pinicio de Pontikomena ao falar das formigas assumia que para valer existia esse poder de chegar a ser se fixando uma conversão desde a antiga forma de mulher até este novo insecto? e não só isso dizes, senão que também afirmas que era ele quem possuía essa vara para assim conseguir tal objectivo. Pois que eu saiba isso é impossível. Posso entender que alguém tenha a base de muita aprendizagem artes adivinatorias, mas a magia, isso é outra coisa...

CAUSTO LÍGITO: Se tivesses mais fé entenderias que o importante não é o facto de que ocorresse ou não senão achar que assim ocorreu. É necessário crer no que não se pode tocar pois as distâncias se fazem tão longas para nosso infortunio que se confundem com as curtas


CASTORIUX: Sejam ou não longas a minha me toca a encomenda de equilibrar com a espada e não com a vara que abre as  portas à magia, por isso estou aqui e não por outra coisa

CAUSTO LÍGITO: ¡Em fim!, ainda bem que todo o império tem um bufão de corte real. Quem aqui fazia estes labores, o pobre, morreu atragantado um dia de triste inverno, desde aquelas compreendi melhor o significado do ayuno. Mas agora o espectáculo o protagonizam este espléndido coro de garzas e papagayos amaestradas e amaestrados que poseio.

CASTORIUX: Pessoas vestidas de garzas e papagayos..., quererás dizer.


(O rei faz soar a vara uma vez. Entram o coro de garzas e papagaios)

ORO DE GARZAS E PAPAGAYOS: ¿Chamava sua majestade?

CAUSTO LÍGITO: Chamava

CORO DE GARZAS E PAPAGAYOS: ¿Então?

CAUSTO LÍGITO: ¡Agora!


CORO DE GARZAS E PAPAGAYOS: ¿O que?

CAUSTO LÍGITO: Então... ¿que vai ser?, se não há instruções deveis improvisar...

CORO DE GARZAS E PAPAGAYOS:

“Presságio venidero em forma de raio
Que alumbras na tempestade,
Teu fogo é eterno e o do amor um suspiro

CAUSTO LÍGITO: ¡Bem!, acertado, breve mas equilibrado, corto o amor mas candente seu desejo

CORO DE GARÇAS E PAPAGAYOS: (Ao unísono) ¡Essa era a ideia!

CAUSTO LÍGITO: Melhor ainda, genial, ¡essa era a ideia!, é pouco dizer, mas seu maestría arraiga em que assim sai de improviso em todos e todas vocês ao mesmo tempo.

¡Bom!, é boa coisa esta do talento ao unísono. Agora se come pouco no castelo, mas meu empenho também é o de mudar os antigos costumes obsoletos de monarcas viciados pela gula e dou pé à arte das letras sem estar ao tanto de medir seus prolongamientos. Por tanto, deixarei fazer e que julguem quem minha obra tenham lido e a das e os demais também. Um rei deve ser justo. Por minha parte podeis retirar-vos coro de garzas e papagayos, ¡ou melhor!, ` ¡não!, ¡dancem se quereis, dar voltas ao redor!, ¡dêem voltadas toda a noite!, ¡dêem voltadas pelo dia!, dêem voltadas até que vosso corpo esteja cansado e senta que o descanso é por algo merecido, façam isto se quereis ou não, ¡sejam felizes!


(Saem o coro de garzas e papagayos velozes)


CASTORIUX: Comenta-se por aí que desde que tuas inclinações vão a cada vez mais encaminhadas para tais talentos descuidas as básicas necessidades de teu povo

CAUSTO LÍGITO: ¿E tu que dizes? ¡Fala por ti mesmo! Mas dantes deves saber que te elegi porque tens uma formosa dentadura afiada

CASTORIUX: Acho que estão-se descuidando as posições defensivas. De facto existem problemas nos condados mais ao sul como no de Panerikafonti

CAUSTO LÍGITO: ¡Uma estranha dentadura afiada!..., e divertida ao mesmo tempo...

CASTORIUX: Perdoe meu atrevimiento sua majestade, mas não sê eu bem como me tomar isto, se como um elogio ou como uma ofensa.

CAUSTO LÍGITO: Não o tomes, simplesmente o deixa. Em fim... de Panerikafonti falas, Escarpin e Panerikafonti, Panerikafonti e Escarpin.

Ele  sabe bem se mover nessas turbias águas: ¡Escarpín!, quem pôde ter sido uma cálida estrela que guiasse o firmamento de outras desapercibidas constelações áureas prefere deslizar o frio mármol da desolação, fruto de seu desmedida ambição, dantes que acariciar o pálido rosto da paz. ¡Devorador ilícito empenho o seu! Sua alma vai unida à ambição despiadada. Mas, ¿por que falas só de Panerikafonti? Pois verdadeiro é que existem também incomodidades mais ao norte, porque o verdadeiro é que existem incomodidades em todos os impérios. Igual em vez de um império o que se precisa é uma voz libertaria que dirija ao povo

CASTORIUX: ¿Como?, mas...se tu és um rei...., não entendo.

 (O rei faz soar o ceptro duas vezes. Entra um guarda real)


GUARDA REAL: ¿Que deseja seu alteza?

CAUSTO LÍGITO: O que seja bom para meu povo

GUARDA REAL: Sãos costumes então estas de um rei e afortunado o povo

CAUSTO LÍGITO: Digam a Priscila, Críspulo e Tirreno que já podem entrar


(Sai o guarda)

GUARDA REAL: Podeis passar


(Entram Priscila vigilanta maior do reino de Fontipanerika e seus dois lugartenientes, Críspulo e Tirreno)
PRISCILA: Olá, Causto Lígito, criatura amamantada na niñez pelos lobos da estepa. Tu que deste a volta aos Oceanos e mares do planeta com teus imponentes asas crescentes que saem de tua indómita sabedoria, que nasceu da atrevida solidão na que soubeste navegar, um dia, contra o vento e a maré do simples e mundano. Tu que pudeste te converter em escarabajo se quisesses para reunir o pó e a descomposição de antigos e austeros sistemas regios que governaram em tão dispares habitats que agora caem vencidos onde a mulher e o homem.

CAUSTO LÍGITO: ¿Entendes agora Castoriux?, aqui assim se deve falar, porque em algo novo se precisa crer

CASTORIUX: Eu sou um guerreiro tradicional e um assessor militar

CAUSTO LÍGITO: E ela a vigilanta de um reino que cedo deixará de ser reino, com um pouco de sorte talvez. Cedo entenderás. Não são só simbólicas interpretações, é algo mais. Contínua, amiga Priscila, contínua

PRISCILA: Verás, todo o que eu vou dizer bem o podem corroborar meus lugartenientes alados, Crispulo e Tirreno. Quando chegamos e divisamos as primeiras colinas, gozosas e gozosos voávamos inmersos num céu que se abria desocupado, atravessando vertentes que caíam nos oferecendo suas inclinadas e  erosionadas montanhas, que atesoraban em cuales seus prolongamentos  a beleza de dóciles vales em forma de V, como aqueles da zona do Cáucaso nos que habitam entre suas bacias os cosacos de Kubán. Mas à medida que avançávamos na linha setentrional que tínhamos configurada, as montanhas ofereciam relevos mais abruptos e cicatrizados.

CAUSTO LÍGITO: ¿Entendes agora Castoriux?, aqui assim se deve falar, porque em algo novo se precisa creer.por bom dou eu teu lírica, Priscila, mas me assalta uma  dúvida, ¿por que motivo será que teu mímica  e predisposición no afán descritivo voa ao redor da pequena erva e demora muito em ir ao grão que triunfa na siemb Mas não obstante a estas  horas da tarde em que a chuva deixa passo à clareza, se oferece uma tendência dinâmica que  boa é se se aviene a uma templanza contemplativa. ¡Segue deleitando!, com teu consabida doçura cromática descritiva da natureza. ¡Castoriux!, ¿Entendes agora Castoriux?, aqui assim se deve falar, porque em algo novo precisa-se crer.

PRISCILA: O vento golpeava com força, à medida que avançávamos podíamos observar como os desniveles eram ainda mais profundos e as montanhas apareciam mais abruptas. O ar elevava-se e desde o mais profundo ouvia-se uma húmida melodia que ascendia com a fumaça das fogueiras, que ao ir caindo a noite se adivinhavam nas cimeiras mais até ali subiam. As  vertentes que davam ao  norte apareciam rebosantes de tenhas, e entre elas, as mais jovens, derrochantes de verdes intensos, ao  lado da a mais idade com tons mais escuros e sombrios; e todo isso num sábio e imenso espaço longitudinal que capta a entrada do Sol, como se de uma extensa tela obrigada a espantosas transparências isso fora. E nas cumes mais altas abedules. Mas a respeito dos poderes mágicos que atesora a natureza bem pode falar  Crispulo, que pese a tão só ter sete meses de existência sente uma grande admiração por todo o relativo à o mundo das plantas e seus  usos e  encantamentos.

CAUSTO LÍGITO: Vamos pois sem ânimo então  de ir em veloz carreira, e sem deixar no esquecimento o detalhe importante de que as gentes subiam do vale à montanha, ponto ao qual retornaremos no momento oportuno.

¡Se é que isso é algo  normal nas de vossa  aparência!. Tanta contemplación desde as alturas sabido é que fixa um  desejo de recta engenharia na vontade transcriptora. Mas..., ¡fala, Críspulo!, ¡deleita-nos!

CRISPULO: Abedules é o nome que nós lhes damos, mas entre eles falam de betulas, de ninhos de borboletas tratamos, onde os caterpillares se colam e escalam seu blanquecina corteza poseedora ela de muito finos traços mais ou menos horizontais que configuram pequenas escamaciones. Dita corteza também aparece impregnada de lenticulares  aberturas arbitrárias, como se fossem incorporadas  inscrições, pelas que circula o intercâmbio das substâncias químicas  necessárias para as  transpiraciones. Alimentam-se as futuras borboletas  entre outras lindezas de suas resistentes folhas de efeitos balsámicos. E é que esse  resplandeciente tronco de um  albino tom, com essas protuberâncias marrones que parecem ninhos  de vermes abre a visão do olho na acção mental da  a semelhança e possíveis metafóricas nomenclaturas que incidam nas já comentadas aberturas a modo de inscrições. A betulina é surpreendente, é uma substância química contida na corteza da árvore que lhe confere a esta umas particularidades quase indestructibles, o contrário que sua madeira, que oferece uma grande vulnerabilidade .

CAUSTO LÍGITO: ¡Desde depois que é uma questão esta de uma sabedoria innegable! ¿Para que possuir de um exército incalculable se tens nos poros de tua pele uma poción mágica que te é fiel até a morte? Bem, por hoje é suficiente, chega com esta parte do relatório. E agora Castoriux queria te dizer que tal qual estão neste momento as relações diplomáticas difícil é sendo um império poder acercar a estas pessoas que estão nas montanhas mais ao norte, por isso é preciso não um império senão alguém que guie ao povo. Por enquanto não deixarei de ser rei porque pôr-me-ia a toda o corte na contramão e preciso da voz de comando para levar a bom porto minhass sãs intenções. Tudo fá-se-á pouco a pouco, mas o primeiro será encaminhado a fortalecer os laços de paz e diálogo. Sei que encontrarei feroz oposição, mas espero que tu estejas de nosso lado, e então poderei dizer que não só te elegi por teus dentes afiados.



                                    ATO I
                                  CENA III

(No País das Sirenas, na gruta da rainha estão a própria rainha Mougadiviche e sua Camarera real Surtinailda. Vigiando a entrada está Pópulo e Pípulo, pajes da rainha)
PÓPULO: ¿Tu cries, mim querido amigo, que é verdadeiro isso que se diz de que o diabo que aninha nas falsas paixões é filho de Mougadiviche?

PÍPULO: Confundes-te. Não é exactamente isso o que se rumorea, pois ainda sendo possível isso não está nada claro se existe esse diablillo.

PÓPULO: ¿Como é isso possível?

PÍPULO: Pode uma pessoa dentro dela conviver com outra e não necessariamente ter que ser filho e mãe na acção em futuro engendramiento, e uma pode ser boa e a outra não. Podem até alimentar-se de duas maneiras diferentes, e o corpo como é um só deverá se adaptar a umas ou outras necessidades, diferentes concepções e éticos valores numa mesma substância.

PÓPULO: Mas...isso é... ¡horrível!

PÍPULO: Homem, dito assim..., tanto como horrível não o sei, eu diria mais bem que é um inconveniente ilustrado. Verás, é o lado bom e o lado mau numa mesma  pessoa convivendo mutuamente, e venceu o lado bom no interior da rainha. Mougadiviche, ao ser enfeitiçada é provável que se libertasse de sua parte negativa e esta cobrasse estrutura óssea independente. Assim pode ser que nascesse o diablillo da modernidad desde o corpo de Mougadiviche. ¿Vais entendendo?  

PÓPULO: O que acho que não entendes és tu. Eu penso de outra maneira. Todo o que nasce é pequeno, e sai desde o mesmo lugar no que se depositou a semente. O diablillo  algum dia teve que nascer, e assim teve que ser. Depois pode ter encantamentos ao longo de uma vida, espécies e formas que se vão transformando, mas isso já é outra história. Bem, pois para mim, e habando claramente, eu agora mudança de teoria. ¡Mougadiviche foi exorcizada! Esta é minha teoria agora, amigo. Se lhe exorcizó e saiu a substância má, e posteriormente converteu-se  ela por contemplación  num hada, quando nela já não ficava parte insana, e criou assim este lindo País das sirenas.

PÍPULO: ¡Mougadiviche exorcizada! ...bom... ¡quem sabe!, igual até tens razão. Agora mesmo estão aí dentro representando a obra

(Dentro da caverna)

MOUGADIVICHE: Olá, vivo onde tu queres que eu viva. Esta é minha história, que vos vou contar. Sou rainha, e vivo no reino onde se confundem as realidades com os sonhos. Quem não soubesse é hora já de saber e que saiba de uma vez e que se inteire o mundo inteiro e parte do outro que a ilusão mudou minha vida. Já não vivo tão só entre os humanos e humanas ainda que o siga sendo, mas sigo vivendo, que isso é outra coisa ainda que pareça espantosa, e todo seja dito bem desde o princípio pois por estranho que pareça sigo sendo eu ainda que agora possa já por fim viver dentro de múltiplas substâncias diferentes, segundo a ocasião requeira . Posso por exemplo um dia deixar-me levar pelo água que cai em forma de arroio e outro dia ser eu a arrollada, mas agora sempre segundo seja meu desejo, porque o amor que possuo me levou até o conhecimento  das partículas mais pequenas e nelas descobri a imensidão. Diz quem bem quer, gente que me conhece e outras espécies que bem puder e querer servir e serve ao venerável da alma humana pois é o amor universal na matriz, e não deixo de pensar assim eu então no curioso do facto que o mundo de voltas desde que quis o as dar ou se lhe foi algo imposto. O planeta e suas penúrias, a condição escrava do facto de viver, sendo pois os conceitos de felicidade esquivos, mas não assim quem acompanham minhas fantasías, que são as verdadeiras heroicas disposições de uma alma interceptada em sua livre condição por chegar à verdade. Por conseguinte estudei nas grandes universidades das ciências e as letras mas afastada da academia e mais próxima ao vibrar de notas musicais e paixões inconfesables. Por poder posso penetrar nos poros de tua pele sem que mal percebas mais que um pequeno escozor, mas sou respeitosa e a ti em tal caso tocar-te-ia decidir, porque eu te digo que sem mal te dar conta dormirias em minha regazo como uma pobre criança agradecida. Bem..., isto...¿como vai?..¿Tudo bom vai?... ¡tens que dizer algo!..., ainda que seja um gesto elocuente...

SURTINAILDA: ¡Tudo vai bem!

MOUGADIVICHE: ¿sigo pois?

URTINAILDA: Segue

MOUGADIVICHE: ¡Em ti confio!

SURTINAILDA: Por isso estou a teu lado e sirvo teus caprichos

MOUGADIVICHE: ¡Que bem nos entendemos!

SURTINAILDA: ¡Certamente!

MOUGADIVICHE: ¡Depois faremos o amor tu e eu! Agora sigo.¿Onde ia?

SURTINAILDA: Em que eu ficava..., ¡perdão!...em que alguém dormia em teu regazo sem se dar conta sequer, como se fosse pelo efeito de uns pós mágicos...

MOUGADIVICHE: ¡Verdadeiro é!...ainda que ao dos pós não chegasse

SURTINAILDA: ¡Chega pois!, contínua...

MOUGADIVICHE: Como quem joga pós mágicos nas altas copa e a poción ou brebaje ficasse posada no fundo e emboscado do terreno e não pudesse se jogar a culpa a ninguém de tal aturdimiento parece avançar a miséria. Durante muito tempo permaneci  abrindo os olhos das pessoas maiores e fechando os das  mais pequenas para que assim pudessem descansar. Mas a miséria seguia acercando-se mais. Achava que ia voltar-me louca Uma noite estava entre dormida e acorda lendo um conto de hadas.... Deixei-me levar envolvida numa nuvem de imaginativas guirnaldas composta de todo o tipo de flores. Os olhos fechavam-se e meu corpo parecia transportar-se, surcando o céu via eu os mares da terra. De repente algo  pareceu golpear o firmamento inteiro...

SURTINAILDA: ¡Oh!...assim não..., tens que pôr nesta última parte mais  sensação de angústia, ânsia, paixão, confusão e sobrecogimiento ao mesmo tempo Como se fossem dois e não uma as  pedras  que a ti te entrassem no coração.

MOUGADIVICHE: ¿como podes tu saber quantas pedras entram em meu coração?, porque o que aqui há de verdadeiro é que eu estou a representar o papel de minha própria vida. Em modo algum quero eu desacreditar o conhecimento que tens nestes assuntos das artes múltiplas e variadas, minha queridísima amiga, porque certamente tinha duas pedras, mas porei então três

SURTINAILDA: ¡Isso é!, há que  pôr sempre uma mais das que se crê ter. Podes continuar

MOUGADIVICHE: ¡bésame dantes!

SURTINAILDA: ¡Te besaré e  acariciarei tua pele!... ¡lá vou!

(Entra Pópulo, paje maior da rainha)

POPULO: ¿Chamava-me, sua majestade?

SURTINAILDA: ¡Que inoportuno!

POPULO: ¿Como?

MOUGADIVICHE: Falou ela, não eu, ¡atende só a meu...!,  mas... ¿de onde sacas que te chamei?

POPULO: Cri ouvir a caracola.

SURTINAILDA: ¡Que atrevimiento!

MOUGADIVICHE: Tão pouco sejas tão mau pensada. Ademais, ainda que fosse como tu cries, ele também tem direito a seus desejos. Não te aches que és a única. Muitas e muitos desejariam besar à rainha do País das Sirenas. ¡Em fim!, pois..., nada disso teve lindo paje, a não ser que tu queiras também besarme, como pensa Surtinailda

SURTINAILDA: ¡Eu!...cri oir...a caracola...

MOUGADIVICHE: Está bem, pois se só é isso..., ¡não me beses e te vai!

 (Sai Pópulo)

MOUGADIVICHE: ¿Continuamos Surtilandia?

SURTINAILDA: ¿Com o do beijo e as caricias?

MOUGADIVICHE: Agora não, sigamos um pouco com os ensaios da obra

SURTINAILDA: Por conseguinte ias em aquilo que ocorreu quando lias um conto de hadas e te estavas a ficar dormida

MOUGADIVICHE: Sim, claro..., ¡já não me lembrava!, mas obrigado por isso.

Por conseguinte soou dentro de mim como um martillazo em minha cabeça, como o do mismísimo Thor e seus descendentes em luta  pagana contra a cristiandad. Alguém, com indefinible voz e presença, e que parecia sair  dentro de mim  me dizia que eu devia de baixar dessa nuvem e salvar à humanidade...

SURTINAILDA: Esta alusão céltica não vinha no guião.

MOUGADIVICHE: Pus-a/Pu-la a última hora. Sou eu a roteirista de minha própria história. ¿Ou que?

SURTINAILDA: Sim, mas se vais estar mudando o texto  pelo menos avisa.

MOUGADIVICHE: Não creias ter em isto mais papel que o que te corresponde. Asesorarme mas desde minha criação, não a tua. Eu não tenho que avisar a ninguém do que faço.

SURTINAILDA: Pois podias  empregar comigo outro tom, afinal de contas somos amigas. Podes continuar.

MOUGADIVICHE: Pois agora não quero. Preciso descansar um pouco, ainda que ao pouco momento precisarei estar cheia de vitalidad. Ainda que não sei que será o melhor...ou quiçá não seja nada mais que isso..., ¿ que importa tudo isto que eu digo ou de alguém que vai dentro de meu corpo? ¡Estou intranquila! Espero com impaciência a chegada de Halmagetón, esse halcón que vigia o que meus olhos não chegam a atingir.

Soa uma concha de mar. Entra Pípulo).

PIPULO: Olá, ¡aqui estou pois outra vez! ¿Precisavas algo, Mougadiviche?.

MOUGADIVICHE: ¿Ainda não tem chegado Halmagetón?

PIPULO: Se tivesse chegado tivéssemos-to feito saber.

(Soa uma concha de mar. Entra Pípulo).

PIPULO: Olá, ¡aqui estou pois outra vez! ¿Precisavas algo, Mougadiviche?.

MOUGADIVICHE: ¿Ainda não tem chegado Halmagetón?

PIPULO: Se tivesse chegado tivéssemos-to feito saber.

MOUGADIVICHE: Já, claro. Verdadeiro é....¡retira-te!, a não ser que queiras besarme

PIPULO: ¿Besarle os pés?

MOUGADIVICHE: Como vês, Surtinalida, a cada paje é diferente.

(Sai Pípulo)

MOUGADIVICHE: Em fim, devo seguir o que com interrupções constantes começou. A ver se agora vai isto melhor. Como ia dizendo anteriormente estava uma noite entre dormida e acordada  quando ouvi uma voz que me assegurava que eu salvaria à humanidade. Não me outorgou nenhum poder especial nem pesquisa alguma sobre o exercício de dotes sobrenaturales, me disse que nesse momento me ia ficar profundamente dormida e que ao acordar descobriria  que me tinha convertido em enfeitiçasse, assegurava que confiava em minha pessoa e sabia que não ia trair às espécies do planeta. Ao acordar dei-me conta que essa voz interior me tinha transformado. O espelho tratava de enganar-me representando seu papel. Para ele seguia sendo mulher. Agora tinha que entrar em outra dimensão...

SURTINAILDA: Que saia tudo de ti, todo o que tens. ¡Ânimo!...

MOUGADIVICHE: Encontrava-me sozinha, sem relevo nem perfil e minhas raízes apareciam entre o nevoeiro que cobria o vale; 

¿Que podia fazer?. ¿Porquê não pude as apanhar?, perguntava-me a mim mesma, e acto seguido já não podia as atingir.

SURTINAILDA: ¡Isso é!...mas... ¡Alça-te!... ¡Assim!... ¡Fenomenal!

MOUGADIVICHE: Sentada agora nas nuvens e enfeitiçada isto foi o primeiro que me ocorreu. O que parecia como uma lembrança recordo se adueñó de minha memória...

SURTINAILDA: Aqui tens que fazer uma suave inclinação oscilatoria e te deixar depois seduzir num ligeiro voo como o de uma pluma.

MOUGADIVICHE: Ainda que nunca fiz isso que comentas creio saber o que queres dizer. ¡Vamos ver!... ¿Algo assim?

(Gira sobre si mesma Mougadiviche)

SURTINAILDA: Bastante bem, mejorable mas bastante bem. Essa é a linha a seguir nos pontuas momentos em que uma desbocada paixão tende a um aligeramiento. E agora atenta, vais iniciar o relato de uma lembrança, essa lembrança que sentada nas nuvens e já enfeitiçada foi o primeiro que assim, nesse estado, se te veio à memória. Podes continuar.

MOUGADIVICHE: Estranhas coisas. Era uma tarde de verão divisava desde a janela uma estranha sombra que se escondia entre uns também jovens macieiras. Não sê se era uma sombra ou se era que uma nova  dimensão  transformava esse reflexo e alimentava-se de     meu próprio corpo para subsistir, se foi um estranho telefonema ou um efeito de inimaginable causa.   A sombra ou o que fora, não parava de ir de um lado a outro. O caso é que parecia que me estava espiando. Senti um medo que me paralisava, não podia deixar de olhar para esse lado. O vento, que era pouco intenso desprendia sons que se arremolinaban em meu cérebro. Tive que me sujeitar com as duas mãos ao alféizar da janela. 

SURTINAILDA:¡Vamos!, ¡Que saia todo o que tu tens!, ¡isso é!...¡Ânimo!...¡Assim!...¡Meu queridísima Mougadiviche!... ¡isso é! MOUGADIVICHE: A sombra levava uma guadaña, e de seus olhos desprendiam-se duas largas gotas que conformavam duas regueros de sangue. Comecei a chorar desconsoladamente. E enquanto chorava a cada vez mais forte a sombra afastava-se. Tocava dormir. Agora me encontrava sozinha. Eu não parava de tremer, era ainda uma menina. Tremia de frio para acto seguido parecer que estava a sucumbir nas angustiosas  fogueiras da inquisição.Um suor pegajoso baixava por meu corpo nu até os pés. Me tumbé na cama, mas também não podia dormir, por alguma razão estranha que se escapava a meu entendimento.

SURTINAILDA: E agora... ¡já sabes! um prolongado silêncio gestual.

MOUGADIVICHE: ¿Como?

SURTINAILDA: Um suspiro silencioso

MOUGADIVICHE: ¡Ah!..., isso... ¡já!...ufa!

SURTINAILDA: ¡Assim bem!... ¡podes continuar!

MOUGADIVICHE: Sigo pois: . Passaram um par de meses. A notícia era que um dia de tempestade se voltava a arrastar o monstro, que em primeiro acto de frialdade se refugiava entre os matorrales. Não sei porquê era notícia, não tenho mais dados sobre ele, não recordo sua cara. Deambulaba  pelas callejuelas do porto pedindo algo de comer. Podia esperar um dia, hasta duas e três meses, mas ao final o maligno entraria no albergue, nas casas, suplicando que alguém lhe deixasse algo de paz. Ninguém confiava nele, ninguém queria falar com ele. Por isso se lhe seguia chamando o maligno. E um dia chamou a minha porta. Sabia que era ele porque ninguém chamava a minha porta. Afora fazia um dia de muita chuva. Abri a porta. Chorava com todas suas forças a chuva. Ele se mostrava tremendamente inquieto e dizia com palavras que se entrecortaban que já não pertencia ao mundo ainda que o mundo lhe viesse a recordar que sim existia. Quando via sorrir às pessoas se emocionava. Que como podia ser que ele fosse qualificado como o maligno quando lhe tinham deixado só.

Quando o deserto se multiplicava ante seus olhos se via a si mesmo com um pequeno relógio de areia que sujeitava abrasivamente. Com a mesma esperança que a de um relógio de areia, dizia gritando desesperadamente. Instalou-se em meu corpo. ¡Em fim! Agora melhor. ¿Não te parece?, ¿Surtinalida?

SURTINAILDA: ¡Oh!... ¡Sim!...mas que muito melhor. Essa é a força necessária para que um monólogo adquira proporcionalidades verdadeiramente creíbles. ¡Agora sim que foste tu!

MOUGADIVICHE: E não deixá-lo-ei de ser, pese a quem pese.


(Entra  Pópulo)

POPULO: ¡Sua majestade!, já esta aqui...

MOUGADIVICHE: ¿Halmagetón o halcón?, façam-lhe passar

HALMAGETON: Olá, aqui estou pois

MOUGADIVICHE: Querido Halmagetón, esperávamos-te como o água de um florido mês de maio que bem vale para fazer mágicas pociones.

HALMAGETON: Mas. ¿Quem então? O água ou Maio

MOUGADIVICHE: ¿O água, meu querido amigo, o água, conta-nos

HALMAGETON: Andavam pela areia das praias e calas e não paravam de graznar, seu aspecto era aterrador pois estavam sumamente inquietos, mas ao mesmo tempo pareciam felizes, como se estivessem a celebrar um triunfo. Eram tantos que tudo parecia diferente. Uma estranha sensação de inquietude e ao mesmo tempo iniciação para a descoberta de algo novo se apoderou de mim. Dentro de meu corpo de halcón divisei um túnel mortífero aninhado de corvos que traziam maus presságios. Recordei tuas palavras de conhecimento sobre os assuntos que conciernen às almas e composições delas, a essa estranha raça na que se junta um delicioso parloteo com as imagens mais siniestras e que o ser humano pretende  esquivar. Num dos extremos de uma cala, apartado entre as rochas que formavam a base do enfilado alcantilado se reunia um grupo de uns catorces o que pude observar foi algo que escapa a toda condição lógica. Tinha também um ser humano, o qual tinha o passo fechado. Os corvos tinham-no atrapado. Era de baixa estatura o homínido. Os corvos enormes. Eles calavam. Ele gritava desconsoladoramente. Teve um momento em que sua voz se acalmou, presa da desolação, ao saber que suas ondas de reclamo apagar-se-iam ao ser depositadas num solitário firmamento. Todo era corvos e ele ante eles. O homem tampava sua cabeça com as mãos, numa tentativa de apresentar oposição aos picotazos que agora começavam a lhe chover. Do mesmo modo caía o água que começou a brotar das nuvens. No dia estava a cada vez mais empenhado em fechar seus claros. Os corvos emitiram uns sons guturales estridentes e desgarradores que se implementavam ao crujir do bico, que alçando ao céu azul proclamava uma nova vitória. Era, como tu bem me tens falado disso, um sacrifício pagano onde o diminuto homem ia ser devorado pelos corvos.

MOUGADIVICHE: Mais que de um sacrifício pagano estamos aqui  tratando de outra coisa, minha querido Halmagetón.

SURTINAILDA: Pois tens-me a meu muito intrigada, como me imagino que a ele também.¿Pode-se saber de que coisa se está então segundo tu aqui tratando?


MOUGADIVICHE: O primeiro paa eles é chegar até o coração e o cortar em trozos mais pequenos. Com um pequeno mordisco suficiente para estabelecer conexão com o alma.


HALMAGETON: De todos modos a cena apresentava diversos signos de ritualidad, pois quando chegou o momento em que estavam escarbando nas entranhas do homem, no  rasgar do interior para afora , os outros corvos que tinha na praia deixaram de fazer ruído, sem deixar de olhar para onde se estava a dar o banquete. Não entendo bem o porquê esperavam e não se lançavam. Era  como se se dessem perfeita conta de que esse manjar  para eles não era, senão para  o grupo de doze.

MOUGADIVICHE: E em realidade assim ocorria. ¡Escarpín!, o rei humano dos corvos, duque para mais senhas. Sem chegar a ser um corvo conhece-os melhor que ninguém. Foi-se a Sibéria  durante quatro anos adiestrando halcones gerifaltes. Foi ali voluntariamente e aprendeu a viver nas adversidades do inclemente habitat  da tundra Aprendeu  dos ritos, graznidos e aleteos, num mundo estofado de musgo e liquen.

Comendo carne de reno. ¡Maléfico Escarpín!, move-se como se fosse uma serpente que guardasse o segredo da perfidia.

SURTINAILDA: Mas..., então... ¿É a perfidia um segredo?

MOUGADIVICHE: ¿Que?

SURTINAILDA: Como dizes que Escarpín é uma serpente que guarda o segredo da perfidia

MOUGADIVICHE: Eu não digo que Escarpín seja uma serpente, senão que parece uma serpente que não é o mesmo, pois...

HALMAGETON: Aos olhos de quem parecer vem a ser um facto indiscutible que passa a ser real o que assim se imaginasse, pois leva todo o ónus substancial o ser existencial numa seductora e cúmplice concomitancia com os caminhos que dirigem o eu ao  recobrar do oxigénio que lhe falta.

A resposta vem do sentimento, que é o que julga, e não a razão...

MOUGADIVICHE: ¿Eh?...

HALMAGETON: ¡Eh!... ¿que?... ¿Eh?... ¡está bem!, farei como o bom  cirujano ao que não lhe deve tremer nunca o pulso  e irei  por partes... seja pois...¿isto?.... ¡Vá!..¡cortou-se o fio discursivo esse!,o que bebe das fontes sagradas da cristalinas águas da sugestiva e jocosa Mater Inspiratoria. Em meu é disculpable, pois só sou um halcón que está a aprender.

SURTINAILDA: Amiga Mougadiviche, às vezes penso que não sê se pensas o que dizes ou talvez dizes e pensas justo e à mesma vez, de tal modo que o que fazes é transcribir o que num  conjunto harmônico ouves.

Eu  me inclino mais bem a pensar no segundo. Outros, como é o caso de Halmagetón parece que se perdem e acabam falando em Cirilio.

MOUGADIVICHE: ¡Como! ¿Halmagetón influenciado pela palavra daquele que disse “pela fé de Cristo estamos dispostos a padecê-lo todo”? ¡Ja, ja, ja...!, ¡Bem!, agora em sério, ¡Ja!, ¡j¡ja!, ¡ja!..., o que quererás tu dizer..., é ¡em cirílico!, entendendo-se por isso...

SURTINAILDA: Quando te ris da ignorância das e os demais és estranhamente irritable ¡Sim!... ¡isso é!..., com esses signos tão confusos e equívocos.

MOUGADIVICHE: Não to tomes a mau, mulher. Bem, está anocheciendo, devo me retirar a descansar, ¿vens Surtinailda?,¡adeus halcón!

HALMAGETON: ¡Para o que mandes!



                                                                    ATO I
                                                             ESCENA IV




(Torre da homenagem  do castelo do conde de Panerikafonti. Salão oficial. Estão Usurbina, filha do conde e Escarpín, conde de Panerikafonti)


ESCARPÍN: E bem minha querida filha, deverias ser mais cortês com o marqués

USURBINA: Já sei que uma mulher como eu nestes tempos que vivemos é tradição que seja obrigada a se casar muito a sua pesar, mas minha disposição e vontade não vai por esse caminho...

ESCARPÍN: Tua disposição e vontade, mim querida filha será convenientemente domesticada quando entendas que não tens outra saída. As mulheres de hoje em dia não
têm outra saída e devem doblegarse às tradições que trazem por efeito a sobrevivência para elas. Deverias sabê-lo bem

USURBINA: Mas eu não sento estima para Palantrix. ¿É que não vais ter em conta minha vontade?

ESCARPÍN: Tua disposição e vontade, como já te disse, minha querida filha, será convenientemente domesticada. É um marido ideal.

USURBINA: Para ti..., será isso...

ESCARPÍN: Para meu não, eu não me caso, de facto só estou casado com o dever que se outorga a minha vontade. Deves compreender que eu a ti te quero e desejo o melhor para ti, ainda que tu não estejas de acordo comigo. Este condado cedo deixará de pertencer ao reino, e devemos de estar preparados para as convenientes alianças.

USURBINA: Já, e usais a nós as mulheres para tais menesteres...

ESCARPÍN: ¡Tens uma língua muito afiada!,..., ¡olha!..., sabes bem que não há outra saída..., ¡as coisas são assim!...

USURBINA: Mas bem pode ser com alguém ao que eu tenha mais inclinação.

ESCARPÍN: Talvez...,  acabo-te de dizer que este condado cedo deixará de...


( Golpes na porta. Três puñetazos. Soa um cencerro por resposta. Entra um mayordomo)

MAYORDOMO: Desculpe o senhor conde. O marqués de Kafontepaneri e seu filho o señorito Palantrix aqui estão já, ¡por fim!., como assim desejava você. E com o devido respeito e devoción que devo a sua pessoa dizer que é uma honra lhe servir a você no oficio...

ESCARPÍN: ¡Basta!, agora não..., agora não preciso do prólogo adulador; às vezes precisam-se e às vezes não..., ¡e teu bem deverias o saber!... ¡está bem!... ¡retira-te e que passem!

(Sai o mayordomo)

ESCARPÍN: E agora filha minha, sei educada. Em realidade não conheces a este marquesado, um marquesado que virá bem para as aspirações do condado, e acrescento também que o verdadeiro é que poucas oportunidades lhe deu tua vontade a esse jovem,
pois mal o conheceis. É um jovem divertido e alegre e ingenioso, que escapa ao que se entende hoje em dia por señorito. ¡Tem paciência e verás!.

USURBINA: Seja pois pelo respeito que uma filha lhe deve ao pai que...

ESCARPÍN: ¡Seja por isso então!


(Entra Palantrio o marqués de Kafontepaneri e seu filho o señorito Palantrix)

PALANTRIO: ¡Alegro-me de rever-te, querido amigo!, conde de Panerikafonte.

ESCARPÍN: ¡Bem-vindo sejas Palantrio, a minha morada, estávamos a esperar-vos com ilusão

USURBINA: Mal começamos se nem sequer a meu me cumprimenta...

ESCARPÍN: Mas... ¿será possível?, ¿como podes ser tão descarada?, ¡outro pai e fechar-te-ia com chave a alcoba!...¡Perdoem-a...!,é que teve uma má noite...,mas...¡permitam-me  que vos deleite com um magnífico hidromiel do fundamento das extraordinárias misturas de tão interessantes fluídos. ¡E bem-vindo sejas tu também, Palantrix!.

(Soa o cencerro. Entra o mayordomo)

MAYORDOMO: ¿Que deseja seu señoría?

ESCARPÍN : ¡Tragam hidromiel!


(Sai o mayordomo)


PALANTRIX: Boas sejam, conde de Panerikafonte. E a ti Usurbina, bem-vinda sejas já não só em meu coração senão também no regozijo da natureza e de ser privilegiado por estar tão para perto de ti. E eu te digo também, desculpa a meu pai, não penses que não te entendo, mas também deves entender que ele é meu pai.

USURBINA: Pois a verdade, não entendo que queres dizer com isso, ias bem ao princípio ainda que fosse ninho de simples parloteo, mas foi bonito, e o bonito sempre quer dizer algo, mas cortaste com o fio e fizeste  um confuso final

¿Que significa que entenda que é teu pai, pois isso já o sei...; e a meu como gosto que as coisas sejam concretas, de precisas e claras como o água que flui no hidromiel do que falava meu pai, pois isso...

( Golpes na porta Três puñetazos. Soa um cencerro por resposta. Entra o mayordomo)

MAYORDOMO: ¡o hidromiel, sua excelência!. ¡Para o que você mande, sua excelência!..., e com o devido respeito e devoción que devo a sua pessoa,dizer que é uma honra lhe servir a você no oficio de tão deleitable honra e honra. E saiba você que aparte disto tem aqui um amigo e uma mão tendida para o consolo das horas afligidas que pudessem vir a sua excelência.

ESCARPÍN : ¡Bem!, ¡de acordo!, ¡agora tens acertado!, agora se era o momento, mas...,¡retira-te já!,¿a que esperas?

(Sai o mayordomo)


USURBINA: como ia dizendo, que não entendo então dessas condicionalidades nas que aninham tais arbitrariedades, esse deixar no ar o que é da terra e não do ar.

PALANTRIO : ¡Bom!, do que não há que duvidar é que tem verdadeiro talento...

ESCARPÍN : ¿Talento?..., ¡é uma descarada e desagradecida!. ¡Desculpem-a!, mas tudo isto não quer dizer nada, sempre foi ela muito fantasiosa...¡Bem, desfrutem da bebida!. Podes retirar-te, mayordomo.

PALANTRIX: ¡Usurbina!, ¡verás!, ¡escuta isto!, eu o compus..., levo-o dentro de mim e agora meu coração golpeia com força e sai:

“¡Escutem, fala Andrómeda
Por médio de Casiopea!
¡Olhem-a!, outra vez pôs-se
an hermosa para que cabalguemos
Junto a ella
Y mientras, apaciguadamente
Sugerente el lino de la equidad
Se vela en nuestros ojos.
Algún día si, algún día será,
¡Que bonito será alguna vez un nuevo día,
Un nuevo amanecer

ESCARPÍN : ¡Aí fica isso!, ja,ja,ja...¡Aí fica isso!...se esta garota, minha querida filha, não se apaixonou já ao momento por este flechazo de Cupido eu já não sei que dizer deste mundo.¡Que!...¡eh?...¡que dizes agora!

USURBINA: ¡Bah!

ESCARPÍN : ¿ vai?

USURBINA: ¡Não!...¡bah!

ESCARPÍN : Mas, ¿é que talvez não estas bem da cabeça?. Bom, pois nada, ¡se acabou minha paciência!. ¡Casas-te com ele e já está!

PALANTRIX: ¡Não!, ¡faz favor!,assim tão pouco quero eu!.

PALANTRIO : Per...bom...a verdade, ¡eu já não entendo a esta juventude!, ¡tu te casas com ela!

USURBINA: Quero dizer que não está mau, mas que não só por isso vai uma mulher como eu a render aos pés de um homem. De qualquer jeito tem acordado em mim certa inquietude...¡quem sabe!...,ademais...há certa decencia...quiçá...

ESCARPÍN : ¡Melhor!, isto é outra coisa, parece que minha filha vai recobrando a razão. Se é que no fundo é uma boa mulher, a criatura, com um carácter forte mas é adorable-

USURBINA: Com o que acabo de dizer não sellé nada...

PALANTRIO : ¡ Sellarás!, sellareis teu e meu filho. Bebamos o hidromiel num brindis pelos novos tiem

( Golpes na porta Três puñetazos. Soa um cencerro por resposta. Entra o mayordomo)


MAYORDOMO: ¡Sua excelência!, os assessores militares têm voltado de campanha.

ESCARPÍN : ¿Como?, ¡têm chegado dantes de tempo!, desculpem-me, mas devo ir ao encontro.

PALANTRIO: Não se preocupe sua excelência, que o que aqui tratamos tem outros tempos também, nós nos retiramos.

USURBINA: Eu me retiro também

ESCARPÍN : Seja então, e ânimo a todo o marquesado

(Saem Usurbina, Palantrio e Palantrix)

ESCARPÍN : ¡Façam que entre o assessor militar maior, Vignoverilo!

MAYORDOMO: ¡Sim!, sua excelência

(Sai Mayordomo. Entra Vignoverilo, o assessor militar maior do conde de Panerikafonti Escarpín)


ESCARPÍN : ¡E bem!

VIGNOVERILO: Sua excelência, tudo vai bem, os corvos progridem, se estão a fazer com parte do território.

ESCARPÍN : ¡Bem!, devemos sobretudo máxima discreción. Não quero baixo nenhum modo que ninguém se inteire de onde vem o assunto. Por enquanto bem vale. Agora com isto me chega. Já dar-me-ás amanhã mais detalhes. ¡Retira-te!

                                                FIM