GUSTAVO O ELEFANTE E
SEIS CONTOS MAIS
GUSTAVO O ELEFANTE
CAPITULO I
BREVÍSSIMA VIDA E OBRA DE GUSTAVO ATE SUA ESTADIA EM MONTIPOULA E UMA
CARTA DE INVITAÇÃO
Era feliz Gustavo ou pelo menos era o que
gostava de dizer. Nascera em
Fuxa. Seus primeiros movementos no enigmático espaço aberto
que acontece na adolescéncia foram recubertos com os elementos própios dum
jovem mais dessas épocas, se deslizando ate o interior dos livros que falavam
de románticas paixões, que poderiam lhe server como conselhos para navegar nas
doces ea vez amargas contrariedades do amor en partilhamento.E também estavam
as longas horas na prática da meditação. Nascessem estas inclinações do ser
individual como resposta à vida escrava em condição alugada ao benefício da
classe militar opressora que governasse noutros tempos no Estado Federaal dos
Vales do Amor. Assim foi que entrou Gustavo na política continuando os passos
de seu pai. Tal foi de modo que ingressou no partido comunista quando cumprisse
sua maioria de idade. Também estava onde a moda estava. A coisa da meditação vinha de afora,das grandes
multinacionais do Estado Imperial da União Capitalista, um estado que dirigia a
política dos demais estados cobrindo a terra com seu voraz apetite, fecundando
soledade e ignorância nas nações colonizadas. Tal assim então que permitiu a
entrada doutras formas filosóficas ou existenciais da maneira do viver mais
orientáis. Mais bem se deveria saber que a meditação é o compromisso e não
outra coisa,porque o ejercicio para chegar a ela está em nós e não tem que vir
ninguém... O de Sidharta é outra coisa... !
Deixando órfãos e órfãs a gula sem límite. Nnumas
épocas convulsas, cheias de contrariedades inconcebívels, uma tolemia! Nascidas
ditas contrariedades da avareza humana que se empenhava em ser sumisa ao
caudilho. Imersas e imersos em criminosas
arbitrariedades de irrefletidas vozes, amparadas no manto protetor de
quem a elas e eles mesmos espremera. .Enquanto, outras e outros falavam da
meditação. Embora, a verdadeira meditação vem do amor guerreiro por mudar as
coisas,senão é preocupação egoista que nada te dizer seu verbo.Sob o uso de seu
nome frades e freiras de tempos orientais quebram a palavra cm a retórica da
lógica e também a escravizam. É que era assim quando Gustavo era juvenil; e que
eram aqueles tempos pretéritos na
história das e dos que levavam aos mais jovens às revoltas na rua contra a
tirania que nesses tempos atesorava em tão belos lugares, onde se dizia que o
Sol a certas horas parava sua trajectória circular e dedicava-se a contemplar
às filhas e filhos dessas terras, que naqueles momentos estavam governadas
pelos militares, os quais abressem-se passo entre os amotinamentos dos
quartéis que se situavam nas zonás mais
conflitivas e depredadoras do ser humano,lá onde a avareza coloniza a humildes
cidadãs e cidadãos e instaura a bandeira duma união artificial e cheia de
desejos de rapina. Era então a grande
filosofia da prática e a meditação a que atraia a certos adolescentes dessa
época, e dentre dessas e desses havia alguns e algumas que se deixassem enganar
adentrándose nas redes de pesca da engenharia manipuladora. Construíram-se
templos!, palácios e mosterios do recolhimento do alma ao serviço de teóricas
conclusões do evidente que não levavam a nada mais que a proclamar do evidente
um fato necessário e de fé. Porque..., que é se não, por exemplo, dizer que
para ser feliz convém melhor respirar profundamente? Não é isso evidente ?, não
é isso algo que a própria pessoa vai descobrindo quando os riscos da vida lhe
põem em antecedente?. Embora, aqueles anos de adolescentes desejos na procura
do amor ea paz universal já tinham voado.
Gustavo cedo abandonou estas teóricas
invenções e outras de apelo a uma meditação e equilíbrio com a natureza, porque
como ele dizia: “estava já a coisa equilibrada” .Assim que o ser humano
pertencia a essa natureza..., e nada nem ninguém melhor que a própria pessoa
para entender que há um ser que medita, que está lá fora já meditando por nós.
Agora era Deus,para Gustavo, o macho salvador montado a cavalo e com longa
espada que vinha a arranjar os problemas da falta de fé na vida. Na sua vida, naturalmente!
. Começou assim a ler livros de epopeias e cabalherescas condições de
personagens que chamados por nobres e reis procediam a conquistar à terra. Todo
em nome duma fé nova que resplandeceria com a derrota dos infieis .Formou-se
assim nel uma concepção dum mundo de
Cruzadas!. Acudiam fidalgos como
ele a reuniões onde se reforçava a figura de um todopoderoso que veria a salvar
à humanidade; como un cavalheiro andante en tempos antigos, nos que as
sociedades e as costumes permaneciam ainda com a influéncia doutras formas de
pensamento, mais acordes com a natureza. Reuniam-se nas luxuosas grutas onde
antes era outra a palavra de nossas e nossos antepassados; onde antes eram
essas grutas cavidades da decência por viver com a mãe da terra,
respeitando-a!.
“ Mais eu..., que posso dizer...?
Ó!, dor que em mim fazes imersão!,
Livra-nos desde alám do opressor
Num ato de bênção!,
Ensina-nos !, luz da terra, a amar
Ensina-nos a amar como deveramos"
Em fim!...,era o princípio do fim...,era o
princípio do fim da influência genética na hereditária filosofia comunista e
libertária de Gustavo,pois como digo, já ele agora reunia-se nas luxuosas
grutas onde antes era outra a palavra a de nossas e nossos antepassados.
Passaram os anos e fundou o” Partido da Santa Vitória”.
Bem!,fixemos assim um breve percorrido pela
história e vida de Gustavo,mais agora,deixemos,por fim, que fale ele, e sejam
as e os demais quem expressem-se também:
- Para
mim é fundamental o equilíbrio!. Sim, claro que sim!, ...hahaha...Dêem-lhe mais
forte! ,haha...mais forte ! -dizia Gustavo a um de seus servos-
Estava ele subido agora num balanço, num dos
estensos parques que frecuentavam no Estado de Montipoula, enquanto um grupo de
indígenas tocava a trombeta.
-Gustavo...!, acho que é hora já de se reunir
com as e os representantes da Câmara de Comércio e da Carteira dos Valores e da
Ética Económica..., devemos deixar-te de balançar!; –dizia um dos seus lacaios que lhe acompanhava -Deves assim entende-lo!
.Nós, teus servos e servas, já sabemos o muito que gostas de te balançar , mas...,
deves entender que se faz tarde!, faz favor!, Gustavo!, deves entendê-lo!
- Sois demasiado chatos e cumpridores.
Malditos servos!. Nós os empresários da política precisamos diversão, e que a
originalidade seja a que incida em nossas horas de lazer e esparcimento, e
também nos minutos e segundos que temos entre uma obriga e outra..., também...,
em fim!. Creio que fica claro! Como é agora este intermédio no que estou a
desenvolver a minha imaginação com este fluído subir e baixar .
Por trás do parque se achava o Banco Central
de Montipoula. Gustavo estava de gira político empresarial. Representava ao
Estado Federal dos Vales do Amor. Era sua primeira reunião oficial como
empresário no alto comissionado da seguridade e proteção do sistema de mercado; uma coisa
feita para a defensa,segum elas e eles diziam, da boa ética e revalorização do
estado do bem-estar, já que eram tempos em que este tipo de questãos estavam a
ser postas em dúvida...Porque, a verdade!, podia existir talvez um estado com
esse nome?
Alinhados a ambos lados da comitiva
empresarial tocavam os indígenas as trombetas, enquanto outras e outros como
vespas e abelhas iam de aqui para lá com pratos de entradas, coquetels e
viandas.
Gostaba Gustavo de escrever nos momentos das
questões protocolárias das grandes reuniões. Enquanto se balançava, um
empresário do ramo têxtil de Montipoula lhe jogva a fumaça na cara a modo de
cómica adaptação teatralizada, para dar a sensação dum dia com névoa. Esse tipo
de coisas lhe inspiravam a ele, que com caneta e livro de notas nas mãos esperava o momento da
idónea inspiração, enquanto não deixava de subir e baixar o balanço, fortemente
sujeitado à estrutura metálica com suas convenientes e grossas cadeias às que as
e os servos estavam colados.
- Vos dais conta? Aborrecidos lacaios!, vos
dais agora conta de qual é a diferença entre um empresário e um lacaio?. Nós
temos bom sentido do humor e nos deixamos fazer estas coisas. Mais fumaça!,mais
sensação de nevoeiro! -dizia assim Gustavo, enquanto olhava com troça e ares de
superioridade a seus dois fiéis serventes, e bruscamente mudava a direção dos
olhos até se deter no empresário do ramo têxtil de Montipoula, solicitando dele
- Vos
dais conta, lacaios? Vos dais agora conta de qual é a diferença entre um
empresário e um lacaio?.Bem!, já está, abonda de fumaça!, vou escrever uma
carta. Ah!,minha cara Fuxa!, terra que me veu nascer!. Eu volto a ti,agora que
já sou maior,após tantos anos afastado de tua beleza e condições singulares conhecidas
em todo o vale do Amor... Bem!, esto...,será uma carta de invitação, e como
sempre,escrevê-la-ei de meu punho e letra enquanto soam as trombetas.
A Carta era esta:
“Como bem sabeis novos acontecimentos estão a
acontecer na terra. Embora também meu aniversário se acerca. Tenho aqui, e ti
adiante de teus olhos, uma carta de convite. Os novos acontecimentos e que eu cumpro os setenta anos se misturam.
Vou celebrá-lo ao grande ,como sempre, embora mais engenhoso. Fruto dos tempos
que nos toca viver que condicionam os novos limites impostos pela austeridade,
é quando deve sair a graça e a espontáneidade própria de quem como eu se dedica
à arte da interpretação e da política. Agora bem!, eu
volto a minha terra, lá em Fuxa!, algo que em realidade, e ainda que soe
a tópico dizer eu nunca abandonei, igual que não pretendo vos abandonar a
vocês. E para celebrar as duas coisas, o de cumprir anos e voltar a
minha terra, convido-vos, que não convoco, a desfrutar e sobressair em paixões
no dia da minha onomástica, o doze de avril. Será algo apoteósico e descomunal!.
Terá festa carnavaleira!. Venham disfarçados de qualquer variedade de espécie
da criação, dentro do reino animal!. É meu desejo então que um dia antes estejas
em Fuxa, ao meio-dia, para assim comigo comer e disfarçados de cualquier
variedade de espécie da criação, dentro do reino animal. Este último será um
ato protocolário de democrácia participativa. Se a sorte vos acompanhasse aqui
estareis!,como bem já sabereis por outra carta na que explicarei o processo de
selecção que se fixe convenente, e outras pautas de comportamento da esência
deste evento anterior ao outro grande evento como é o meu aniversário.
Falaremos, após a ingestão e logo duma soberana sesta de temas de enorme
transcendência que poderão fazer mudar a história. Tanto o aniversário como a
reunião protocolária do dia anterior serão oferecidos na enorme mansão que
possuo, lá onde se encontra a “Loma da Mordomia Terciária” no Estado
Federal dos Vales do Amor,em Fuxa.
Recebe um cordial abraço, um beijo, acenos ou
o que desejes,
_ Gustavo o Elefante_
Ia ser seu setenta aniversário então. A
missiva foi entregada à amplísima relação
de convidados e convidadas ao evento. Embora, devido à relevância do
autor da carta foi esta uma coisa de conhecemento público em todo o Estado
Federal dos Vales do Amor.
O de que “se a sorte te acompanhasse, como bem
já sabereis por outra carta”, correspondia ao fato de que só umas e uns poucos
iam ser as eos privilegiados para se reunir com Gustavo o Elefante o dia
anterior de sua onomástica na mansão. Esses poucos e poucas sairiam dum sorteio
que teria lugar três meses antes do aniversário de Gustavo. Nessa cerimónia
prévia ia estar convenentemente estabelecido o guião teatral por ele
estabelecido. Assim, a cada uma das convidadas ou convidados, numa espécie de
ritual que pretendia ser original teria um papel que representar, sem se sair dele
até o momento em que todas e todos estivessem sentados para comer. Era algo
assim como um jantar entre políticas e políticos,só que aqui Gustavo não elegia
ele mesmo a essas eleitas e eleitos, quem representariam as aspirações de
determinados seres da creação com suas ideias políticas gerais de reinserção e progresso...,
segum ele,claro. As câmaras de televisão de cor rosa como o mel rosa iam estar
presentes também nesse ato protocolário . O sorteio se cumpriu e a fortuna foi
a uma minhoca, uma lebre, um colibri,
uma tartaruga e uma cerva.
Enquanto, no Estado dos Vales do Amor,numa
zona de terra quasse desconhecida,quasse ailhada e a que chamavam com o nome de
Fuxa,onde nascera Gustavo, as gentes do lugar acordavam, eo faziam com a notícia
que levava essa carta.
Mas uma ou várias dúvidas assaltavam. Era
Gustavo um homem ou um elefante que sonhou ser de jovem comunista e depois um
político empresário corruto? Eram a minhoca a lebre, o colibri, a tartaruga ea
cerva uma minhoca, uma lebre, um colibri, uma tartaruga e uma cerva, ou eram pessoas
disfaraçadas? Qué era Fuxa, cómo era Fuxa,?
CAPITULO II
GUSTAVO O ELEFANTE PREPARA-SE PARA O ACONTECEMENTO
No virar da roda da Deusa Fortuna se desenhou
então, outra vez, (tantas já!, e não cansa-se a roda de dizer que é um suspiro
da cor invisível da casualidade o que nos liga e um suspiro o que nos afasta de
toda a faculdade) um novo traçado caprichoso. Gustavo voltara de Montipoula e
estava já em Fuxa, na Loma da Mordomia Terciária,na mansão que lá possuia.
Desde o momento em que se fixou o sorteio até o outro no que se celebrou a
reunião anterior ao aniversário de Gustavo, passaram os diass muito agitados na
vida das diferentes espécies que pelos arredores da montanha de Fuxa rondavam.
O bisbilhoticie de seus vizinhos e vizinhas. Pelas fazendas, lagos e cerrados
mais próximos à mansão corriam os murmúrios desqualificadores como os da
família de Rãs Vermelhas que emigrassem já fae anos de Costa Rica: “Esse
elefante bem se pudera ir de aqui! É um estridente que quebra a harmonia da
montanha!”, dizia o progenitor do clã; ou este outro: “O sorteio está
manipulado, é todo um fraude!, valente elefante capitalista!”,como assim
asegurava a única girafa que por lá se encontrava e que viesse de Somália. Outras
voces céticas haviam, com a inquietude na dúvida filosófica e revolucionária das inocentes e
belas bestas selvagens, acossadas e puras, as mais aguerridas em consciência
ante as possibilidades que oferece a vida na sua translação.Tal era assim que respondia
o hipopótamo do Lago Pálido a uma cambota que vivia numa cabanha cor-de-rosa
com ninfas e libélulas : “Certo é que trouxo consigo o progresso até estes
lugares, porém o progresso em bens materiais também chamou a ele e se deixou
corromper. E agora volta em nome da verdade e a justiça. Não me fio!”.Também
havia os e as benfeitoras próprias e própios do bisbilhoticie romântico. Assim
era tal que diziam ao unísono um grupo de rolas e pombas silvestres num coro
triunfal: “é capaz de pintar-nos o céu com tal de ver-nos felizes”; ou este outro dizer rosa, totalmente desmedido
e apaixonado no louvar, que saia da voz duma parasitária e solitária formiga
azul, que vivia numa pequena choça de madeira do tamanho duma caixa vazia de
fósforos grandes e brancos “é o Messsias de todas as espécies da terra”. Por
conseguinte, os diferentes alvos se despregavam sem ter um critério unificador.
E chegou o dia anterior do aniversário. As câmaras da televisão e microfones
apareciam por todas partes do jardim da mansão do elefante.Por lá estava ele. Falava
em voz alta :
- Primeiro, para isto da aprendizagem no mundo
da rima bem valem compor uns versos como gotas de água que subem para acima.
-dizia o elefante com olhadela entre satânica e perdida - Uns versos que tenham,
não já uma dupla leitura, senão até três e quatro também. Dessa maneira
aglutinarei a quantas espécies da terra sejam necessárias. Porém..., é
necessário um pequeno grupo azarento, como este de hoje!, que seja ao mesmo
tempo testemunha de meus desejos. Fazer
assim que caia o peso de tal democrático estado nos atributos de pessoas
tocadas pela famosa vara do poder. E como eu tenho esse poder agito-a!. Se há
que dar a voz ao povo que seja assim então, e segundo as leis das
casualidades.E então chora, enquanto eu olho a vara e a hora...,isto...,não!
...perdão!, o que quero eu dizer é que agito a vara que o poder me outorga,
enquanto olho a hora que é. A ver se
começa isto duma vez... Em fim!,...acho que algo assim era... -continuava falando
o elefante no que eram ensaios de última hora, antes de que as câmaras de
televisão eo espetáculo dessem começo uma semana mais,como todas as semanas e
em hora de máxima audiência. Desde Fuxa,a terra que veu nascer a Gustavo
-Algo assim é, ainda que não te preocupes
muito que também essa parte não tem muita importância –dizia agora Estilikão, o
conselheiro maior de Gustavo o Elefante, que sempre estava aí para lhe ajudar
ante as dúvidas filosóficas,de amor ou de guerra, e em geral todas as dúvidas
que a seu amo se lhe pudessem aparecer em qualquer ponto do planeta e à hora
qualquer que se dignassem em aparecer para cúmulo de males.
-Como? .Que não tem importância?.Igual quem
aqui não tem importância és tu, será possível!. Justo quando estou a falar do poder e de minhas faculdades ante tais
desígnios!. Santa Mãe a que a nós escutas! Perdoa-lhe!, pois a verdade que não
sabe bem o que faz este teu filho, que a mim tão mau me protege! ... Em vez de
bem me conducir...! - dizia agora Gustavo olhando aos pés de Estilikão - Negas meu património de comando e dote para a
condução do rebanho à mesa...!
- O que quero dizer..., é que..., é que se
continuamos assim não acabaremos nunca, e já quase é a hora...
Agora interrumpia o Elefante a Estilikão,
estava declamando:
“Dize-mo ti, paro eu,
Agora toca
E toco eu.
Volto a dizer eu
E já vão dois,
Agora tocas ti
E ti também com dois.
Porquê é assim e não deixar entrar
Ao ar para que descobra este mistério
E que refresque nossos corpos
Abatidos por este calor de inverno?"
Eram pois os últimos ensaios, próprios de quem
revisam os últimos conceitos antes dum exame.
-Bom..., não está tão mau! –continuava a falar
o Elefante- A declamarei como se fosse um ato espontáneo. Repeti-a-ei várias
vezes, isso é!, mas devo aperfeiçoar os saltinhos. Ocorre que já não tenho tempo!. Embora, porquê calas
agora quando deverias falar?
-Bom!, francamente bastante bem!. Os saltinhos
têm que ser mais espontáneos...- dizia Estilikão ao Elefante.
- Quem dedicamos-nos a divulgar nossa obra em
benefício da humanidade, e se o guião assim o requer é evidente que devemos de
oferecer o melhor que de nós possa sair. O fato de que não esteja eu dotado da
agilidade necessária para dar esses saltinhos não implica que eu não queira-os
dar da melhor maneira que acho que se possam dar. A exigência em mim é enorme!,não
tão monumental, desde logo, como minha contribução corporal...
.-Vá!, pois agora, a verdade é que dito assim..,
francamente!, o que eu recomendo é que estas palavras, tão cheias de esmagadora
lógica que ti acabas de expùlsar por tu boca, sejam assim mencionadas quando
chegue o momento em que estejas adiante das câmaras, chegada a hora em que o
instinto declamatorio tenha que sair todo desde dentro para afora,como se dum
prematuro vómito se tratasse...
- Vómito? –interrompia agora o Elefante a
Estilikão
Amigo pois das artes, embora a verdade é que
só gostava quando a arte saia dele. Gustavo o Elefante! O demais não era
entediado se não se fazia como lhe gostava ele. Porém, como elefante público
que era, estas egoistas paixões que brotavam quando estava com a comunidade as
dissimulava de tal modo que as enfeitava como se fossem vantajosas para o mundo
inteiro.
Assim pois,era Gustavo um homem ou era um
Elefante que sonhara com que fora comunista na adolescência e depois um
político empresário corrupto?.
Era a mansão dum estilo eclético, próprio da
corrente arquitetónica dessa época, que ia em sintonia com o leque de novas
possibilidades que surgiam na comunicação. À fachada do grande casarão se
chegava acedendo por uns jardins nos que a placidez reinava na mistura de suas
diferentes composições florais: Alhelíes amarelos com sardas de vermelho
pardusco, rosas silvestres de diferentes estilos e cores, parreiras de
hortênsias trepadoras, cravos, e assim um longo continuar entre o murmurar das
folhas nas árvores e o trinar de diferentes aves.
“Dize-mo ti, paro eu,
Agora
toca
E toco eu,
Volto a dizer eu
E já vão dois,
Agora tocas tu
E tu também com dois...”
Dizia e dizia assim uma e outra vez o
Elefante, brincando com os pés e mexendo sua pequena cauda
CAPÍTULO III
ENCONTRO DO URSO E O COLIBRÍ
Desde o lugar que chamavam a antiga Cova do
Plantígrado Cavernário, la em Fuxa, vinha subindo o urso. Estava despistado. Perdeu-se
pelo caminho, dando assim voltas e mais voltas até que se sentiu vencido.
Passou um pequeno sendeiro de eucaliptos e se encontrou uma diminuta bicicleta
apoiada entre uns toxos, quatro ou cinco seixos e um tronco de árvore seca e cortada. Estava estupefato pela
dimensão do veículo! O som de um pequeno arroio lhe chegou como corrente
auxiliadora pelo circuito sensorial comum. Baixou uns metros e se encontrou cum passarinho que
bebia da água purificadora
-Olá, formoso colibri!. Que calor de
primavera! -disse o urso em voz respetuosa e de obrigado cumprimento-
-Certamente, um calor de primavera, isso é!,
porque..., é evidente que estamos em primavera, vá!, que exclamação tão rara,
mas..., o cortês não atira com o valente que um deve ser! Bem!..., Olá! De onde
vens? –dizia assim e de tal maneira que era o colibri ao urso -
-Estou perdido –responde o urso -
-Isso não contesta à coisa que eu te
perguntei. Volta a dizer outra vez!..., e refletir sobre o perguntado....!
- Venho desde a Cova do Plantígrado
Cavernário e...
- Alto! – interrompeu-lhe o colibri. Já tens
contestado. Não tens que dizer mais. Reflete sobre o que se te tem perguntado.
As coisas são assim e não doutra maneira, entendes? Está claro, por outra parte
que eu não tenho posto as regras, embora as coisas são assim e não doutra
maneira, entendes? Responde!
O urso, realmente assombrado pela forma tão
directa de falar do passarinho estava desconcertado e contestou de maneira
amedrontada:
- Não sêi se entendo.
-Bom..., está bem!, é essa uma resposta
dubitativa mas está bem. Agora podes respirar tranquilamente se queres.-Acerca-te
e refresca teu corpo! Tu és bom, verdade? Assim parece ser!. Eu dizer-te-ia uma
coisa .Não te deixes submeter por nada nem por ninguém, como agora eu neste
jogo malabarista e embaucador te tentei demonstrar, e tal é de modo que eu te
volto a perguntar... Entendes agora?
- E o urso passou num suspiro de ter o corpo
em tensão a estar mais acalmado, e contesta de maneira já mais relaxada:
-Sim!
-Sem medo, sem medo..., podes estender-te nas
contestações. És livre!, podes...
-Cala-te!, -diz agora o urso encolerizado,
fazendo espaventos com suas garras enormes e suplicando com a mirada ao céu-.
Pareces um colibri muito arrogante!. Porquê tem que ser tudo isto como tu estas
tramando? É um jogo no que não quero participar.
Agora o colibri, que tinha um bico enorme, que
do enorme que era resultava na arte e mérito da proporcionalidade ser sua
altura o triplo que a de seu corpo, se
entretia movendo dita extremidade dum lado a outro, ao mesmo tempo em que emitia
secos e breves gorgeios do disimular,
muito vanguardistas para um colibri, do mais moderno e jocoso que se pudesse esperar no mundo
inteiro. Para o bico de se mexer e se projeta sobre a figura do urso
sinalizadoramente, ao mesmo tempo em que diz o colibri.
-Assim me gosta! Permite-me que te diga, assim
gosto, meu amigo! Acabas de demonstrar saber num momento dado te defender.
Porém, tranquilízate!.O certo é que já
sabia eu que vivias lá. Por teu aspecto se dizer ia que estás perdido.
-Vá!, és talvez um colibri que lê a mente? Isso
é o que te disse faz um momento, que estou perdido. Mas, e tu como sabes que eu
vivo ali? eu não to disse. Disse-te que
vinha de ali.
-Bem, vejo que também tens memória. Onde vais?
–pergunta o colibri ao urso - Deixa! Não respondas! Já o sei.
-À casa de Dom Gustavo o Elefante.
Conhece-lo?..., ali onde a Loma da
Mordomia Terciária...; mas..., como sabes que vou ali?
- Primeiro deves saber que eu sou um colibri
com bico enorme. Isso para um colibrí como eu, concienciado, faz que me
converta numa excepção dentre todos os demais colibries; então e de tal maneira
que é assim fácil adivinhar certas coisas, ainda que também quero dizer que
tudo isto é em benefício do colibri, porque se não fosse colibri poderia ser
uma simples casca de noz. Imagina-te! Qué faria eu? Porém, agora estás perdido
e a ti é a quem se deve ajudar, pois ainda que pareças ferido de morte pelo perturbado
de tua situação, eu te digo a ti que se pode!. Poder-se-á ver cumprido o
sonho que com o exercício de tua vontade
inquebrantável e o devido afinco por sair do buraco no que te encontras
requere, pois com o que de ti se espera que só fique a sensação de que teve um
dia em teu mar interior de efémeros pesadelos, e assim irão à tua orla a te dar
as boas-vindas os golfinhos de teu corte e paixão. Assim o entendes ti também,
verdade?...Contesta-me!, que bem podes se queres fazendo um esforço de
entendimento, e com teus olhos ser testemunho do que dita o coração.
Compreendes o que digo, verdade?
- Pois verás, como quem diz duas palavras sim
e oitenta e sete não, ou mais bem e melhor, entendo ligeiramente tuas palavras
e prefiro eu a partir daí fazer minha própria redacção. Calcula então se queres
quanto poderia então demorar em te compreender, colibri! Mas..., segues sem me
responder! E tu?, como sabes que eu vivo ali, na Cova do Plantígrado
cavernario?
-Bom, está bem! Respondo-te; mas antes te devo
dizer que eu vou também até a casa de Gustavo o Elefante.
CAPÍTULO IV GUSTAVO O ELEFANTE E UMA
SITUAÇÃO INESPERADA
O Elefante
agora se encontrava sentado num
banco de pedra, ao lado da fonte central do jardim. Dita fonte recordava algo à
dos quatro rios de Roma, da Piazza Navona, só que esta era mais discreta.
Vestia elegantemente, com cuecas e calças de cor vermelha que lhe cobriam as
pernas, como correspondia à nobreza antiga. Com bordados de ovelhas e cabras e
cum jogo complexo de cordeis
entrecruzados. Cobrindo o torso ampla túnica de seda com franjas de
enfeitos dourados. Levava consigo uns cartões.Era o dia prévio a sua onomástica
e a hora em que as eleitas deveriam chegar. Como se de um set de estúdio
parecesse as câmaras se dividiam em várias zonas. Desde a zona número um se
oferecia um plano geral onde se divisava o jardim, e no fundo a mansão. Jorobum
ia dum lado ao outro. Era o diretor de orquestra da ópera rosa. Tão cedo ia à
zona três para falar com o realizador para lhe sugerir uma maior abertura do
plano como se punha a tocar o violão. A zona três era onde estava a fonte e o
banco de pedra. Jorobum levava um bigode delgado com pontas longas para acima e
formando curva. As zonas mais próximas às comissuras estavam convenientemente
barbeadas. Era um bigode considerado hoje como o grande bigode de Dalí. Existem
outros bigodes, como o que exibia Esmirriako,
como assim se chamava o realizador, que tinha um discreto e uniforme bigode que
ia de um extremo ao outro das comisuras labiais. Porém, o caso de Jorobum era
excepcional!, já que era a coisa dele dum caso particular de devoção pelos
bigodes. Tal era assim que se acomodava a qualquer estilo que fosse
extravagante, como o inglês ou também o imperial; mas agora eram tempos de
palcos, focos e bambolinas, e nada melhor, segundo ele, que aquele bigode que
depois passaria a ser o grande bigode das pessoas extravagantes. Estava já todo
disposto para que começasse o espetáculo, de tal maneira que Jorobum fez um
gesto confidencial ao elefante com seus dedos de que tudo ia bem. Depois de se entreter
uns segundos jogando com o bigode lançou como um grito de guerra: “Tudo bem por
aí abaixo? “ Então o realizador dá a sinal ao director lhe rogando que
esperasse um momento..
Agora Esmirriako apanha uns seixos pequenos e
colérico aponta com eles a Espirrim,o encarregado da câmara móvel, enquanto
este último se defende emboscándose detrás duma cadeira e cuma pasta enorme
sujeita com os dois braços.
- Que todo vai bem? Serás idiota! Não vês
talvez onde está Espirrim? Porém... Maldito sejas Espirrim!, porquê fixas a
câmara móvel agora sobre o estrado? É que não vês que aí não há ninguém? Em que
estás pensando? –dizia agora o realizador Esmirriako gritando como se fosse o
mesmo Hefesto quando se inteirou do de Ares e Afrodita - Segue à Cerva!..., é
aí onde se foca!
-Mas, não ia o Elefante a começar no estrado?
–replicava Espirrim-
- E quem te diz a ti isso?
-É uma suposição.
- Quanto incompetente há que aguentar!, e é
que agora segundo tu tudo isto se trata de um supor. Serás estúpido?
- Está bem!, deixem de fazer o burro!, -dizia
agora Jorobum,o diretor- e sendo assim
que de tão mau que fica isso que afea ao burro e a quem o representa no fato.
Bom, Gustavo!, agora é quando começa a
verdadeira representação .O guião estabelecido por ti deve de começar. Bem!,e é
que,...entramos já ao vivo para toda a
audiência pública! Acproxima-se a primeira convidada. Adentro!:
- Já estão aí outra vez esses briguentos! -
dizia a cerva, a primeira em chegar.- Olá Gustavo ,
me alegro muito de te ver , perdoa que entrasse assim tão surpreendentemente...,
já me entendes!, mas..., a verdade!, esses servos teus desprendem um estrondo
demasiado irritante para o ouvido sensível dum ser como eu. Em fim, te desejo que
a tranquilidade reine em tua memória e que cumpras mais anos dos que desejes,
se é que isso pode ser certo. -Enquanto isto dizia apanhava um cartão que lhe
era entregado pelo mesmo Gustavo. Para a cada uma das e dos que ali se iam
reunir correspondia um cartão –Embora..., vá...!, quem está aí...,detrás tua...Ah!...,se
é...Ó!, ..., Trata-a como bem se merece!
E o guião estabelecido pelo anfitrião Gustavo
o Elefante devia de continuar:
Assim é que sente o elefante como se alguém
lhe estivesse a atirar de sua extremidade posterior. É tímida a lebre.Trata-se
de ela! Escondida pela parte traseira da bancada onde Gustavo se sentava. Ela lhe
mordia ligeiramente a cauda em sinal de amizade a ele. Apanhou-o de surpresa!.
Ficou a lebre colada com seus dentes ao elefante, parecendo ela um grotesco
prolongamento da cauda dele.
-Mas,
quem está aqui? Se é a lebre! Vêem
comigo! Ó! ,minha cara açucena!, - diz assim o elefante com gestos
sobre-dimensionados, depois de se dar a volta e agarrar a ela com a tromba,
descolando-a da cauda e enchendo-a de beijos e carantonhas-.
- Solta-me, Gustavo! - demandava assim ela
ruborizada e movendo suas patas dum lado a outro bruscamente, tentando fugir do
elefante anfitrião. Enquanto a este, uma comichão leve em seu pé esquerdo se
lhe ia estendendo para acima. Tal era assím que preso dum nervosismo e
excitação inusitado a cada vez enrosca mais a tromba.
-Gustavo,que me afogas! Se não por ti, por teus filhos que estão em Moçambique!
Gustavo!, Atira-me de aqui! – exigia a Lebre-
E o guião estabelecido pelo anfitrião Gustavo
o Elefante devia de continuar:
-Mas, que é esta sensação que desde abaixo sobe
pelo meu ser? Ó!!, perdoa, minha cara amiga Lebre...!, porém... -diz o elefante-
Volta eu a dizer!..., que é esta sensação que desde abaixo sobe pelo meu ser?,
não posso mais das cócegas!.-
Aliviou a pressão à que estava submetida a
lebre; tal assim foi que se abriu a tromba de todo e a lebre caiu. Enquanto,
alguém se divertia no pé do elefante lhe causando esses comichões. Os cartões
que levava para repartir voaram, e raudos e velozes se apresentaram três
estorninhas para os recolher.
- Hahaha... basta! Faz
favor!...mas..., se é... Ó, Minhoca! –dizia agora Gustavo ja
mais calmado, - porém, que brincalhã és!. Descomunal teu tamanho para ser da
linhagem da que procedes; pequena para minha condição tão colosal, embora
formosa dentro das formosuras. Devo eu ter cuidado de não te fazer dano. Não te
tinha visto entrar, boas-vindas!
-Trabalho me deu chegar até aqui, não te
creias – disse a minhoca-
-Não te preocupes, em seguida comer e depois
uma sesta.!
CAPITULO
V AS INOCENTES CUMPLICIDADES DE URSO E COLIBRÍ
Enquanto tudo isto ocorria nos jardins da
mansão de Gustavo, iam urso e colibri pelo caminho que lhes levava a dita
residência. Passavam agora pela parte traseira dos desvencilhados estábulos da
propriedade que antigamente tivesse a
Marquesa do Vale do Florido Amor, para ato seguido, e em vez de continuar para
a direita subir a custa do “Adivinho Perigoso” e logo torcer à esquerda e se
desviar para o Mosterio do “Apetite do Corvo”. O certo é que iam dando um
rodeio mas que muito grande, ainda que divertido. Agora o urso se poder ia
dizer que estava já totalmente perdido, ainda que a verdade era que este urso
levava muito tempo aturdido, e como consequência de tal momentánea indisposição
oferecia como resultado o equívoco panorama conceitual de uma absoluta
desolação. Estava pois como confundido, não vencido!, e com a sensação de se
ter perdido. Quiçá seja assim melhor a definição.
-A estas horas já devem estar todas e todos
reunidos. Chegamos tarde. Porém..., temos tempo. De fato temos o tempo que o
destino nos depare. -dizia o colibri,
passarinho de verde metálico que ia montado na pequena bicicleta.
Embora, o passarinho era plenamente consciente e sabedor de qual era o caminho.
Algo lhe levava a entreterse com o urso desviando-o do caminho.
- Tu achas que poderá ser como diz Gustavo, um
evento apoteótico, o dia de sua onomástica? –Pergunta-lhe o urso ao colibri-
-Não sei a que
se refere Gustavo por apoteótico -responde colibri- no misturar seu
aniversário com a revolução. Eu a isso lhe chamo egolatria.
-Bom!, parece como se não lhe entendesses.
–dizia agora o urso- Ele é assim, gosta tanto da comédia como da tragédia. Por
qué te convidou a ti?
-Bem!, em realidade a mim não foi a quem
convidou realmente. Verás!, tenho que te dizer que te estava a procurar,
urso..., te estava a procurar quando te vi., ainda que para ser mais preciso
vale melhor dizer que te estava a esperar. Vives só ?
-Assim é, porém te recordo que segues sem
contestar à pergunta. Ccomo sabes que vivo ali?
-Já to digo agora, mas..., quando conheceste a
Gustavo?, se é de modo que chegaste-o a conhecer?
-Faz muito tempo. Fará disso uns cinquenta
anos.Todo um combatente pelas liberdades! – dizia agora o urso, ao mesmo tempo
em que parava de andar sobre as duas pernas posteriores, saltando fortemente
sobre a terra que permanecia molhada pelo efeito de uma pequena poça-
-Confundes-te, meu amigo, porém...,para de
saltar!, estás a me deixar o colete cheio de lama. Confundes-te! Os tempos
mudam e as formas e o pensamento também.
- É que talvez não é assim? - dizia o urso franzindo o cenho- Eu lhe salvei a vida uma vez, quando
introduziu o pé num esgoto nas revoltas do famoso ano conhecido como invisível.
Uma bandada de cães polícias selvagens acossavam-no e eu com o fogo os intimidei.
Fae uns cinquenta anos. A mim me prenderam um ano por isso, e desde essas me
refugiei na cova, e tanto me refugiei que dormido fiquei até que acordei fará
coisa de dois ou três meses talvez. Embora,...porém..., estou farto de que não
me respondas à pergunta! Como sabes que vivo lá, na Gruta do Platígrado
Cavernario?
-Bem, já to digo agora, porém..., como te
dizes chamar?
-Simplesme Pierluquim, e tu, Colibri?
-Chamo-me Colibri. Simplesmente Colibri, em
isso se baseia a diferença entre tu e eu
-És tu um bicho raro! Sabes,Colibri?
-Tempo ao tempo e saberás, Pierluquim. O que
sim é certo - fala o colibri- é que se estão a produzir feitos de enorme
importância na evolução de todos nós. Situações que afetam de diferente maneira,
não já em alterações duma espécie determinada senão no comportamento e
desenvolvimento individual, de modo que, nestes novos tempos, o de ser um bicho
raro ou não é muito relativo. Mas falemos de ti e com isso contestar-te-ei a
tua pergunta que segue sem resposta. E como quase toda a pergunta é merecedora
de sua contestação e leva ela consigo uma história que contar começo pela
história e respondo à pergunta. A questão é que tu não tens sido convidado ao
aniversário de Gustavo. Foi um sonho de fae três meses que se prolongou em outro
sonho de faz muito mais. Os dois sonhos produzidos por tua mente tresloucada
que quer sair da prisão. Como se tivesses recebido um golpe muito forte e
entrasses em coma e agora te estivesses a recuperar
- Mentira!, -dizia agora o urso Pierluquim
chorando com lágrimas de urso ferido no orgulho e lançando ao mesmo tempo um
uivo atroador que acordou a uma alcateia de caracoes com forma de lobo que
babujavam freneticamente, para fugir de onde procedia o que a eles lhes parecia
um furacão. - Ainda que agora que o dizes, não sei se te crer. Estou bastante
aturdido. Perdoa-me!... Ó!..., porquê sou tão infeliz? – chorava e chorava o urso
de tal modo que formou um pequeno tanque ao que chegaram pequeníssimos
peixinhos de cores- Algo disso pode que
seja assim...; de fato, eu mesmo sento como em meu corpo se estão a produzir
transformações desde que fará coisa dum mes leio os contos de Piloverim. Viva
Piloverim! –diz agora o Urso mais tranquilo, num efeito de contrariedade
absoluta com o estado anímico anterior depressivo, para ato seguido jogar um
bocejo atronador-
- Piloverim! – exclama o passarinho-
- Ó!, um ursinho pequeno muito mas que muito
pequeninho, que escreve contos e fala, entre outras coisas, de que no processo
da consciência há uma etapa pretérita para chegar a ela de confusão nos
organismos vivos ao não se reconhecer eles mesmos como uma identidade
particular, duma espécie determinada. Assim,
estas orgânicas matérias quando se olham adiante de um espelho crêem ser o que
não são. Dependerá de cada um destes seres que a verdade penetre ou não dentro
de suas almas e cheguem por fim a se reconhecer como o que são e não outra
coisa. E para pôr um exemplo!, como ele diz, que melhor que nossa raça de
ursinhos pardos que nesse estado intermédio entre a ignorância e o conhecimento
não saberão diferenciar o fato de que existam pássaros com consciência do fato
de que esses pássaros não sejam humanos. Eu, a verdade, que não entendo muitas
coisas, porém estou muito bem quando leio o que escreve Piloverim.
- Vá!, que classe de coincidências mais
estranhas! Dessa coisa é do que eu queria te falar também, e resulta que é o
que estás a ler. Assim se entende que ti me vejas a mim como um Colibri e não
como um humano porque tua conciência começa a acordar, embora eu, como levo
mais anos que tu de conhecimento sim que sê bem discernir, pois a consciência
ativa a clareza das visões, tanto se levas como se não levas lentes de contato
tudo é mais claro, ainda que se os levas
preferível é que os continues levando, pois nada tem que ver nem às três
da manhã...isto...,bom!...,que às...quatro...Uma coisa com a
outra...,isto...,bom!..., pois isso! em fim...,que me perdo!
- Que queres dizer? –interrompia o urso
enquanto se coçava juguetonamente o umbigo - vá trava-línguas!
CAPITULO VI O
ESPETÁCULO DEVE CONTINUAR
A enorme habitação que serviria de sala de
jantar estava alagada da macia melodia dum cantar tradicional. Uns dez ou doze
estorninhos que serviam a Gustavo o
Elefante iam de aqui para lá da estadia com pequenos detalhes de último
momento, em pequenos e coordenados ao mesmo tempo que velozes voos.Uns acendiam
os sobrios e de prata candelabros de pé, que eram de considerável altura, e
outros esticavam com o fino bico os cantos da toalha de plástico; ... e em cima
a outra, a principal, a toalha de mesa, de extraordinário linho do Nilo. Um
enorme pano branco de bordados com motivos costumistas de fábulas e lendas. Era
algo espetacular! Conseguia dar o aspecto de impressão desejado, afundándose
envolvente sobre a enorme mesa de madeira de carvalho de estilo barroco, que
lhe dava à vida da toalha de mesa o verdadeiro sentido de sua existência, e não
ao contrário. Outros estorninhos, outros dez ou doze também, iam e vinham desde
o interior da mansão até onde Gustavo estava. Eram aos que se referia a cerva
como servos irritantes. Era uma formosa cerva ela, com saia quadrada furada na
cintura e camisa veluda e de mangas ajustadas, cuma elegante touca encaixada na
sua cabeça com fita de cor rosa e bem apertada ao queixo.
-Minha cara Cerva!, como podes ver estes meus
“servos irritantes”, como lhes chamas, –
falava agora Gustavo o Elefante- são muito diligentes em seu ofício, chegam
quando têm que chegar e com grande mestria no ousado de seus serviços. Eles
estão aqui porque aqui gostam de estar e são bem-vindos. Obrigado!..., muito
amáveis sois!, -dizia Gustavo ao mesmo tempo em que dava instruções aos
estorninhos- Dêem-lhe um dos cartões à minhoca e outro à lebre, que ficou feita
uma bola, a pobre!
Efetivamente estava a lebre enroscada numa
bola da que sobre-saiam as orelhas. Tinha assim ficado configurada sua
fisonomia depois de que ao cair da tromba
do elefante, este tropeçasse com um penhasco e fora a dar contra uns vasos
colocados num pedestal contíguo ao banco de pedra.
- Não é a questão da diferente opinião o que
faz às coisas se transformar noutras,
senão a acção das adestradoras vontades que as manejam –fala agora a Cerva -,
sendo assim que são ágeis no cumprimento do dever a ti retribuido e ao mesmo
tempo repudiávels estes estorninhos, pois não deixam por isso de resultar
irritantes e muito simples seus
gorjeos... Embora, claro!, eu sou uma cerva e ti um elefante..., mas..., que
vejo? Olhem!, acima da ponte!.
Por uma das entradas à mansão, desde oriente, se
tinha que atravessar uma pequena ponte de madeira para se aproximar ao centro
do jardim, onde as e os demais se encontravam. Debaixo dela figuravam as águas
do tanque num apacível ir e vir de nenúfares e folhas do loto flutuantes,
misturadas com os lírios pequenos,
repolhinhos de água e rosas de chá dispersas, que ofereciam maior sensação de
subtil dinamismo quanto mais se aproximavam ao surco de água artificial, que se
apresentava em cascata sonora devido ao roce de sua pureza com a húmida pedra.
Por esta ponte ia agora a tartaruga que tinha sido convidada ao evento de Gustavo
- Que nenúfares mais bonitos!. Vão ligeiros
como eu, levando a casa flutuante eles e eu sobre meu corpo. Vão ligeiros como
eu, é verdade! Parece que nada querem mais que navegar e flutuar e deixar que a
vida em nossas fantásticas ensomhações perviva...,mas... Ah!...já estou aqui,
olá a todas e todos!, bem-vinda seja a hora em que nos vemos agora! –dizia
assim a tartaruga do antigo linhagem das Sauropsidas, quem uma vez passada a
ponte andava já sobre as duas patas traseiras dando pequenos saltinhos de
felicidade, ao mesmo tempo que cantava:
“Como uma flor tatuada
No céu
Aparece o sol em minha morada...
Quero eu, gosto eu dessa flor!
Antes de que a lua
Venha me visitar também”
- Olhem-a! É espetacular sua presença! Que bem
cheira desde aqui! -dizia o elefante, enquanto esticava a tromba e dois dos
estorninhos giravam comicamente ao redor dela.Repetiam este estribilho uma e
outra vez:
“É o amor coissa formosa
E gostosas suas enredadeiras”
E o guião estabelecido pelo anfitrião devia de
continuar. Gustavo o Elefante ao ouvir à tartaruga tão alegre e jovial diz:
“Assim é como deve ser, digo eu,
Animal estranho da nação,
Que levas tua casa numa carapaça
E na alma..., qué?
E eu aqui na minha mansão,
Fazendo deste dia uma festa.
Vêem a meus braços!,
Forrmosura minha, bela tartaruga!”
Farei aqui como narrador que sou, e fora da
recreação de Gustavo uma breve menção
sobre a vida e forma de ser da tartaruga, que era todo um desprendimiento de
vivacidade carregada de energia positiv,a
e de gosto pelas artes e os diferentes estilos, que brotam tanto de suas
harmónicas interpretações como das mais estridentes e ruturistas. Embora, esta
condição encerrava comportamentos duma compulsividade desmedida também, pois às
vezes eram suas primeiras formas repetidas aliterações e gesticulações
formosamente divagantes dum proceder,digamos, quiméricamente ilusionista, fruto
de de quem parece preferir pôr primeiro a rima que o verso sem lhe importar a
ética. Não é isto um ajuizamento em si, senão que vem do dizer da gente, dos
murmúrios insidiosos que se estendem quando alguém se coloca por predisposição
própria fora dos medidos comportamentos da enganosa métrica da vida prefixada.
Era ela, então, a que fora alvo das e dos demais por ser inovadora, e se
julgava sua arte com cruel perfidia, como o ser maléfico que escudrinha no
umbigo das demais pessoas para se alimentar de suas entranhas.
Os estorninhos cantam e apanham à tartaruga,
elevando pelos ares para deixar aos pés de Gustavo.
-Trabalho me deu chegar até aqui!. Não te
creias! – disse a tartaruga ao elefante-
Mas, para falar da minhoca, a lebre,a
tarrtaruga e a cerva bem está todo um capítulo.
CAPITULO VII A REVELAÇÃO DE URSO A COLIBRÍ
Estavam já onde o estreito, porém afiado sendeiro
de terra que ia dar ao antigo mosterio dos monges do Apetite do Corvo. Como
assim refletia o “Cancioneiro das
Tradições Aladas dum Deus Menor Inimigo da Pérfida Gula” em seu tomo dez mil
novecentos cinquenta e três, para assim esclarecer a terminologia :
“...de
escuros hábitos e voraz gula de ascetas
obcecados, a quem lhe interessa sua gula de condição asquerosa, ali refugiado
no mossterio do Apetite do Corvo que incomoda às mais ternas das nossas
crianças com seu sigilo de funestos traçados intimidantes e perversos? ”
Colibri tinha suas patas na terra húmida e
fazia estiramentos para depois chapinar com elas e cantar em coro cuns
pintassilgos. Os pintassilgos se foram lançando macios trinos e olhando para
atrás,como sem querer se despedir do Colibri. -Faz-se-nos tarde- disseram,
deixando um rasto no chão de pétalas de rosados cravos.
-Bem, e chegados até aqui devo te advertir que
é necessário que saibas a verdade, pois achando-se teu corpo... Dize-me..., talvez
tens visto alguma vez tua figura refletida no lago? -dizia agora o Colibri ao
urso-
- Lá
onde vivo, no lago? Sim, claro que sim!, mas, ... que pergunta mais
estúpida é essa! Num espelho..., claro que sim...
-Os ursos com espelho não são de bom ver
- Ursos? E daí qué têm que ver comigo os ursos?
-Evidentemente, amigo Pierluquim, se ti fosses
humano ver-me-ias a mim como humano,mas tão só és um urso, mas um urso, isso é
certo, que começa a acordar. Quando tenhas a suficiente consciência saberás o
bom Colibri que sou, com um bico muito mas que muito grande, embora sou um
pequeno colibri.
- Ha,ha,ha... A grande ninhada! A grande piada!...,acabas de dizer uma bestialidade imprópria
dos burros...,ahahah...!, dizer que eu sou um urso tanto faz ao feito de estar
muito mau da cabeça, Colibri. Que viva onde está o lugar que se conhece como
Cova do Plantígrado Cavernario, aqui ,em Fuxa, e que tenha por amigos e amigas
a essas que ali vivem, não é sinônimo de que eu seja um urso. Não!. Eu me vi no
água, nos espelhos e até brilhando nas estrelas, minha sombra não é tão gorda
porque não tenho essa corpulência, nem falta que me faz. Eu exibo bem de esmoquin
ainda que peixe não seja, pois já se
sabe que os peixes vão de esmoquin. Meu nome é Pierluquim ,e tão humano sou que
descendo dos Pierluquins famosos em todos estes vales e feudos. Como explicas
então que faz uns cinquenta anos eu salvasse a Gustavo de morrer da mais
horríveis das mortes crueis?...; porque sendo já de por si a morte cruel...! Quando
ficou cuma perna no esgoto nas revoltas
do famoso ano conhecido como invisível, enquanto uma bandada de cães polícias
selvagens o acossavam e eu com o fogo os intimidei?... Eh?, tomada já! Porque
GustavoSE lembra disso, sim! Perguntar-lhe-emos e assunto resolto.
- Isso
foi o sonho que tiveste quando eras um ursinho pequeninho. A ele me referia
quando eu te dizia aquilo dos dois sonhos produzidos por tua mente perturbada
que quer sair da prisão, como se tivesses recebido um golpe muito forte e
entrasses em coma e agora te estivesses a recuperar. Recordas? Te puseste
doente, e de tanto que dormiste ao acordar creste ser humano e assim te vês. Já
antes to expliquei, e agora teu inconsciente sente a necessidade de se revelar.
Andas em leves confusões de espaço e tempo, de adaptabilidade ao ambente, e
assim é que confundes as coisas .Algo assim..., vamos!, pois a mente dos ursos
sabido é que muito complexa resulta ser ,e não se podem entender bem todos seus
caprichos e contradições desde o ponto de vista doutras espécies, tal qual é o
caso da minha. Confundes a realidade e por isso te vês assim e não como urso. A
estas conclusões chegamos Chilamiro e eu, ou mais bem Chilamiro.Verás! Eu sabia
que iamos a nós ver, pois esse quem dizes que é um ursinho pardo pequeninho,
muito mas que muito pequeninho ele, que escreve contos e fala entre outras
coisas de que no processo da toma de consciência positiva e todas essas
coisas...; esse quem dizes é Chilamiro!, que vive também habitualmente na Cova
do Plantígrado Cavernario. Um dos ursinhos das novas gerações cuma identidade
verdadeiramente revolucionária, e de pensamento aberto ao compromisso da
procura dum éden que hoje só se vê nas águas do oceano das imaginações.
- Vá!, se desde logo todo isso que dizes é um
conto bonito como conto embora, não se chama Chilamiro senão Piloverim. Como é
um conto..., se é que assim que é um conto....; como a mim me afeta, pois a
verdade que deixa de ser conto e se converte em algo real, ainda que tenha a
base dum conto, pelo que deduzo que todo o que me dizes pode que seja certo.
Ademais, agora que dizes..., tudo isto! Abre-se-me ao pensamento um fato insólito
que antes não recordava e que bem se pode interpretar, e em lógica deduzir o
outro fato ..., de que pertenço à família de ursinhos pardos. Verás: Uma manhã
de chuva intensa neste último mês que levo de vida acordada após tanto tempo
dormir, contemplava atónito como um
grupo de sete ou oito salmões subiam a contra-corrente o rio, coisa normal em
época de desovar, embora, o raro do caso é que ao ver minha figura refletida na atmosfera atiraram
velozmente do água e começaram torpemente a voar, o suficiente para escapar de
mim. Perplexo fiquei, e não deixava de me fazer a seguinte pergunta: que mau
fiz eu aos salmões para que fujam de mim?.
CAPITULO VIII BREVES CONSIDERAÇÕES DA LEBRE,A
TORTUGA EA MINHOCA
A lebre, desde sua posição estática e circular
espiava à minhoca com a sua olhada. Despia-a e voltava-a a vestir, mas temerosa
de que sua paixão fosse vista como indiscreção. Permanecia em estado do que
algumas beatas chamam como puro e virginal, sem saber bem em que se baseia tão
estúpida identificação do diamantino com a a ausência do amor carnal. Porquê lhe
sucedia isto à lebre?, porque a verdade é que ela não desejava permanecer nesse
mundo de tão afligidas e hipócritas transparências da abstinência, mas algo
fora dela obrigava-a a tal condição, chegando a se afastar das e dos demais,
ensimismada num mundo interior que adolecia de temor à incerteza e ao
desconhecido. Mesmo assim ela se resistia a ser simples vítima do opressor, e se
carregou de valor e valor,decidindo se abrir aos caminhos do conhecimento, ainda que não se fundisse nos corpos do séquito de tão fiéis escudeiras do saber, que
como ela, inquietas, se lançavam às plácidas confidencias dos livros abertos
dum tipo de antiga civilização. Não deixava de admirar à minhoca, desejosa de
se unir a ela num sozinho corpo e numa única sensação, numa mesma direcção, lá
onde a probabilidade deixa aberta a porta da esperança . Sim!, isso era o que
lhe ocorria a esta lebre!, que esperava sempre algo diferente das e os demais e
não o encontrava. Mesmo assim, se resistia a ser simples vítima da opressão e
estava onde achava que devia estar para fazer avançar o mundo no bom girar de
suas oscilações. Escondia seu focinho no estômago, com o que suas dois orelhas
despontavam como se fossem duas grandes canetas da ciência das letras
anunciando o recogimento da intimidade que a elas se oferecer. Às letras, não às orelhas. Ao intimismo das
letras que aparecem atiradas no papel corresponde uma paixão diferente segundo
seja o momento. Esta lebre, a verdade seja dita, parecia estar sempre em estado
inconsciente. Via à minhoca como se fosse todo um desejo inalcançável, como se
fosse um barco do amor que se ia e voltava pelo efeito duma lua embriagadora e
cruel. E é que esta lebre vivia em desgraça pois nada se atrevia a dizer,
podendo permanecer nesse estado longas horas e até dias também. Porém mesmo
assim se resistia a ser simples vítima da classe opressora e estava onde achava
que devia estar ,para fazer avançar ao mundo no bom girar de suas oscilações.
Poderíamos perguntar pelo fato de que fazem suas amigas e amigos por ela , bem
como perguntar pelo fato de que faz ela por seus amigos e amigas. Coroa e cara
na mesma moeda onde na cada cara pode ir uma coroa ou uma cara. A cada coisa em
seu lugar, mas dentro da mesma moeda pois. A minhoca sempre foi mais decidida.
Vinha-lhe por nobreza de sangue o do amor pela terra; se defendendo das inclemências
quando lhe fazia buracos nas suas entranhas para se proteger. Alimentava-se
dela ao mesmo tempo que a regenerava sem lhe pedir nada na mudança. Tinha
condição de líder esta minhoca!, que ainda que sua voz não fosse especialmente
grave sim que deixava funda impressão em quem a escutava, pois parecia uma voz
que vinha desde as mismíssimas entranhas da terra, uma voz libertária que agora
ascendia para reivindicar o que de justiça precisa nosso planeta.
E para definir muito brevemente algum aspecto
da tartaruga, que melhor que ler a carta de apresentação que ela mesma se
auto-desenhou:
“Sentindo o ânimo alegre em minha sugestão voo
ao compasso das ondas do amor, sem sequer recordar que é isso que chamam
desilusão, pois aprendi a viver desde que abri minhas portas. Já não recordo
nada do passado que me possa escandalizar!. Agora lhes permito a meus sonhos
ser os primeiros, e não me envergonho por isso, e assim será de meu amor o amor
quem goste, não qualquer, que como bem sabemos que se deve querer, dando a cara..
Agora bem!, tenho bom julgamento, e se faz falta apanhar um arma apanhá-a-ei.
Saberei defender-me da opressora eo opressor, com a garantia de quem quer
aprender quantas mais coisas melhor da
divina natureza.... Quantas coisas tenho de querer e a quantas almas comprazer
nesta terra que nos viu nascer!.
CAPITULO IX
GUSTAVO O ELEFANTE FICA
ESTUPEFATO
-Bem!, já estamos todos! –dizia agora o
elefante-
- Perdoe ,embora..., falta o Colibri –dizia
interrompendo a Gustavo um dos estorninhos
- Como? Isto não estava no guião!. É certo,
mas..., palerma! Porquê te saisste do
guião ? Em fim!...,isto..., bom! –
falava agora Gustavo enquanto se mostrava muito nervoso - Não te
preocupes,tartaruga, em seguida comeremos e depois dormiremos... - Caminhava
agora o elefante de aqui para lá ao mesmo tempo em que não deixava de se
lamentar -Continuaremos com a cerimónia,
bem!, ...é certo,...isto...,não me dava
conta eu de que alguém faltava, o lindo colibri! -. E agora a imaginação de
Gustavo lhe levava à excitação ante o erro cometido,sem deixar de parar dum
lado a outro, ou bem se tropeçando com o cablagem ou se batendo contra uma
árvore por olhar para atrás. O caso é que ao mesmo tempo meditava Gustavo.
Podia ele tomar a decisão de cortar a retransmisão, mas o que em realidade
tinha vontade de fazer era dizer a viva
voz : “Maldito sejas Colibri! Quem te achas que és Colibri, para me quebrar o
guião?, isto me passa por deixar que as coisas fossem por sorteio e não feitas
por profissionais, tudo por me querer proximar a vocês...!“ - mas não o fez, e
apanhou o caminho da improvisação .Seguiam as câmaras emitindo-.
E o guião estabelecido pelo anfitrião devia de
continuar,mas a ordem por ele estabelecida se rompeu, porém não o concerto, ou
melhor dito..., a representação que continuava abrigada à invenção espontánea
de Gustavo:
“ Ó!, Colibri!, vêem aqui!,
Sai daí!, já te vi!,
Eu Elefante sou, teu sem mim e eles lá...
Onde estás, Colibri senão perto do mar,
Conspirando com a Lua?”
E não parava o elefante duma zona a
outra,tentando dar a imagem de tranquilidade.- Que voe muito confete!-, diz
agora violentamente. Desde o céu se escutam como sons de bombas e guerra. Em
realidade eram dúzias de globes que ao se fincar desprendiam as pequenas
partículas de papel de seda de cores que levavam dentro. Ato seguido se dirige
para o estrado, e com ele a câmara móvel que recolhe a larga figura do
elefante,mais larga ainda que o artefato. Começa a murmurar com a boca colada
ao microfone e jogando algo de baba, dando a sensação sonora a coisa de que se
estava a preparar café. Olha ao céu e dá a ordem a um dos estorninhos para que
ponham a Traviata de Verdi como música de fundo, embora o estorninho não lhe
faz caso. Sabedor Gustavo de que as
câmaras estão a gravar ao vivo contém de novo sua ira, mas contém-a a médias,
pois lhe sai um murro tremendo contra o estrado que faz que este ficara
vibrando uns momentos pelo efeito de tal nocivo impulso. Enquanto, contemplava
com mirada assassina ao estorninho incumplidor,para ato seguido se enquadrar bem
ante a móvel câmara de Espirrim, que agora lhe faz um desses famosos planos
americanos que chegam até os joelhos. Dispõe-se a falar para toda a audiência.
Não nas mesmas condições que tivesse desejado, mas aí está Gustavo.
- Olha mamãe!, deixa o que tenhas e não to
perdas! Hoje está muito entretido o programa do Sshow de Gustavo – dizia desde
sua casa Pitusa, a filha do mencionado Espirrim, um dos câmaras do espetáculo-
CAPITULO X
A RÃ COMBATENTE E A PROCURA DE URSO PIERLUQUIM
Agora estavam os dois junto à estátua da “Rã Combatente”,a
primeira manifestação escultórica realizada por uma mosca revolucionária. A primeira e
única até o momento desde que se tinham notícias das mudanças de comportamento
de certos animais de diferentes espécies. Chamadas, sem lugar a dúvidas à
sublevação!. Dita escultura se encontrava na serra do Belo Encontro, perto duma
de suas colinas mais baixas, a Colina da Mordomia Terciária, em Fuxa, onde
tinha morada Gustavo, no parque do “Ministro Protetor” e que agora começava a se
conhecer como da “Rã Combatente”. Estava ela
representada sob uma estrutura piramidal que dava a sensação de
movimento, como a famosa de Laoconte com seus filhos, mas ao invés que a
escultura da escola de Rodas. Aqui não tinha nem filhos, nem sepentes, nem
sequer sensação de angústia ante a impotência humana sobre a adversidade. Muito
ao invés, pois ria a rã estando de pé e com apoio da pata direita em sujeição,
levando esta o peso do corpo e deixando perpendiculares sobre o chão as duas
patas anteriores e a esquerda posterior; portando numa das patas dela,a
esquerda dianteira, um sabre de guerreiro samurai e um sorriso de tímpano a
tímpano. Combatente e feliz por combater! Representava a rã o porvir da nova
consciência que se abrir-ia espaço no reino animal.
- Deves saber –dizia agora Colibri, apoiado no
sabre que portava a rã- que classe de pessoa é Gustavo, quem exerce como amo e
senhor destas terras sem sequer ter nascido aqui.
-Mas..., Como? Não é um Elefante Gustavo? – dizia o Urso em seu tom
normal de confusão-
Pobre ursinho pardo! Estás tão enjoado que
seguro que sentes como se teu corpo se fosse desvanecer. Tua ilusão porque um
elefante fosse, qual em consciência que determinasse a solução de nosso pesar, acendeu em teu ser
a ilusão. Em fim, uma diversão
carnavaleira seu espetáculo de televisão e demais. Trabalha para o
inimigo do povo semeando a confusão. É normal que estas coisas te ocorram após
te ter ficado dormido tanto tempo. Contudo, eu sei que sairás para diante
porque és sensível. Além disso..., as e os camaradas estamos também para
informar e ajudar a quem mal está a passar como teu neste caso. Gustavo homem é!.
Um político ao serviço do capital.Acusado
de corrupção, tráfico de armas. Um
especulador e mafioso, com poder dentro do partido do Estado e que agora
vem a Fuxa para acabar seus dias de política até que morra.
-Em fim!. Qualquer dizê-lo-ia! Valente pássaro
que está feito este Gustavo!
- Pássaro? –perguntava assombrado o colibri.
- Sim!..., uma expressão própria da humanidade.
Será isso como uma predisposição para o humano no meu ser, enquanto estou eu,
aflito, neste estado, pobre de mim! Porém, chegados até aqui, devo dizer que
tenho muitas dúvidas e quero solventa-as, e não se me ocorre outra forma que
chegar já quanto antes à mansão. Falta
muito ?
- Já estamos quase!
E agora sim que por fim enfiavam a pequena
ladeira de trezentos metros para chegar ate lá.
CAPITULO XI GUSTAVO O ELEFANTE ENCURRALADO
Hoje é um dia especial para mim e para a
nação..., mas..., bom!... Melhor dito...!, para a nação e para mim também... E
por suposto para todos vocês, que é assim de boa educação e não primeiro eu...,
e se me apressais para todo mundo inteiro. Acontecimentos absurdos como o que está
aqui a ocorrer agora têm que se afrontar
com valor.Como eu estou a fazer!, para defender os principos costitucionais das
leis criadas para o bem comum, e não deixar levar por quem pretendam com a violência
romper a ordem estabelecida. Faz tempo que se vem notando um comportamento
diferente nas espécies da terra ça em Fuxa. Dizem algumas e alguns: há leões que cantam
na pradaria, formigas que escapam do rebanho e uivam à lua nas noites de verão,
carangueijos excavadores de trincheiras no meio do deserto mais absoluto....
Outras e outros dizem: existem mouchos
flutuantes nas águas tropicais, serpentes dentro de maçãs que se abrem ao cair
da macieira, árvores que vêem e rãs que vivem dentro das flores... São exemplos
da complexidades às que nos vemos submetidos num mundo que muda a cada hora que
passa numas dimensionalidade esperpéntica, como se alguma voz e forma criadora se estivesse a rir
de toda a criação. E digo eu, valentes estupidezes! Essa é a maneira do cantar
revolucionário em suas tradições?...; mas isso está afastado da verdade!. Como
eu não creio nessas coisas já quase superadas de fé no irracional,e sim creio
na fe apostólica, adivinho já que a ninguém chama a atenção crer em algo que
não pode converter nada.
- Como na fé católica corrompida na que sustentaste, a de corte e palacete?.
-Embora..., quem? Maldita seja!...; porquê me cortas?,
Maldita tartaruuga! Suponho que já não estais gravando!... Maldita seja! Cortem
de uma maldita vez! Maldita seja!, -Embora, as câmaras seguiam gravando .
- ...pelo que acho que não há algum motivo –
falava agora a que era para Gustavo uma tímida lebre - com sólido fundamento
para atirar de tal motivação, mas sim o fato de averiguar porquê todas essas
questões, que antes pareciam fantasiosas e secundárias vêm justo neste
momento a ocupar um primeiro plano. Como se fosse que o
caráter intimista reservado em flor
formosa brotasse pelo ar o pólen que encerra, e que ao mesmo
tempo fertiliza a terra...
-Bem, Gustavo! -interrompia a lírica da lebre
a cerva- Não sei que pretendias neste teu show de farsa carnavalesca para hoje
ir disfarçado de elefante.Certo é que entre vocês os humanos...
- Cortem!,..., maldita seja! Filhos de má
engenharia!..., mas!, porquê isto a mim? -dizia colérico Gustavo o gordinflão,
enquanto se atirava dos cabelos da barriga-.
Porém, as câmaras não deixavam de emitir. Em realidade tudo parecia estar na
contramão de Gustavo e no benefício da revolução. Todo confabulado.
- Ainda que deva dizer à audiência que eu em
realidade sou uma minhoca a audiência
não crer-me-ia; então..., deixo esso como estava para assim dizer a
tudas e tudos que eu sou revolucionária.
Agora Espirrim apontava à minhoca com a
câmara, como apontava também e de perfil a certa distância a lebre a Gustavo, porém com um fuzil de
assalto da engenharia alemã Sturmgewehr quarenta e quatro
- Tens algo agora que dizer a esta lebre
tímida que sustenta o bicho este? –dizia a lebre sujeitando com as duas patas
dianteiras o fuzil-
-Não sair-vos-eis com a vossa! –dizia Gustavo-
- Quem dizê-lo-ia!, ,- dizia a tartaruga-
-Tocou-nos viver este momento, e devemos aprender
a desfrutar igual que se resistir ao
auto-padecimento. Por isso é preciso entendernos...; e a vocês meus amigos e
amigas, vos digo hoje aqui que o primeiro que devemos fazer é chegar a um acordo
de amizade duradoura. Que seja um ponto inicial tua mirada e um ponto de
partida também. Um ponto de partida alada e ligeira que se desloca pela
pradaria – continuava a sua lírica a que era para Gustavo uma tímida lebre. Enquanto,ela
lhe continuava apontando com o fuzil de
assalto da engenharia alemã Sturmgewehr quarenta e quatro
E continuava a lebre que continuava...; dando-lhe
uma e cem mil voltas às questões da lírica. O corpo de servos dos que dispunha
Gustavo na mansão, e aos que tinha obrigado a se se disfarçar de estorninhos
responderam totalmente agradecidos ante a chegada das quatro libertárias, a
lebre, minhoca, tartaruga ea cerva. Agora se estava a organizar uma espontánea
festa. O primeiro em começar foi o diretor da orquesta rosa das cámaras de
televisão rosa,Jorubum, ao apanhar o violão e seguir-lhe nas vozes Esmirriako e
Espirrim . Do corpo de servos e servas começavam a se organizar flautistas, gaiteiros
e pandereteiras. As demais eos demais dançavam e bebiam champanhe.Quem agora
falava para as câmaras desde o estrado era a cerva:
-Uma bonita cerva adiante das câmaras das
humanas televisões não é para muitos normal. Embora, as coisas na realidade não
funcionam como parecem ser. Eu sou cerva e uma sou, e não represento a ninguém
mais que a mim, portanto, fique claro que há que fugir das generalidades, e
confio na aliança das diferentes civilizações e espécies com consciência
libertária. Contar-vos-ei então uma história que me sucedeu faz já uns anos:
-Estávamos
no bosque eu e umas irmãs, descansando apacívelmente ao mesmo tempo que
vigiantes ante os perigos que podem espreitar em qualquer momento às de nossa
condição. Era começos de outono e chegava a hora de se juntar. Dois cervos
machos estavam perto de nós com suas
hormonais galhadas competindo entre sim, ufanados na contenda de dar rédea
solta a qual era mais vigoroso e merecedor do consolo do amor. De repente se
ouviu uma sinal que vinha do céu e apareceram vários alces alados, quem desciam
em voo atravessando a parte da ribera onde nos achávamos. A visão nos provocou temor
e estupefação, pois ainda que sabiamos da existência de alces e renos as cervas
vermelhas desconheciamos que pudessem voar, e decidimos deixar ali aos dois
machos que não se inteiraram do acontecimento, pois seguiam entre gesto cómico
e competitivo se dando um ao outro com as galhadas, a tal ponto que se
converteu num fato trágico para eles, pois ficaram tão pegados que morreriam de
inanição. Corrimos pois, tomando direcção pela senda que ia dar ao arroio, e ao
chegar a ele pudemos contemplar desde certa distância que os alces retinham com
grossos cabos marinhos de trançadas cordas às nossas mais pequenas criaturas,as
quais procuravam o auxílio das sábias
conselheiras mais maiores de nossa família e linhagem. - E agora levar-vos-emos
mais ao norte, onde nós os alces e os renos precisaremos de vossa ajuda !,-dizia
um deles-, para combater contra quem são de humana fatalidade condicionada e
azarenta. Considerados seres superiores, mas estão a fazer que o mundo deixe de
ser habitável para muitas outras variedades como a nossa. Solidariedade é o que
se precisa entre a espécie. À força ou com beneplácito, mas solidariedade
afinal de contas... Vindes-vos conosco..., então! ... Bom..., eh!,..., isto, vocês
não!, que sois muito pequenas... Esperaremos aqui pelos demais, isso é!, e
levar-no-las-emos. Ou melhor...!, iremos ao seu encontro.- Do céu baixava uma
tribo enorme de alces e renos alados com sabres de talhada curvada entre os
dentes. O espetáculo era aterrador!. Certo é que os humanos não se portavam o
bem que nós desejaríamos, mas a visão destes parentes os alces e renos, com esses sabres e essas
asas não deixava de nos inquietar.
Porquê vêm a pedir ajuda com toda essa violenta disposição? Porque a verdade é
que não a pediram senão que a exigeram. Nesse tipo de questões estavamos.
Decidimos que deveriamos ir com as e os demais para avisar do perigo, se é que
não tinham ainda visto ele. Por detrás nossa apareceram mais alces e renos
cortando-nos o caminho. Foi algo horrível!, eu pude escapar da matança que ali
semearam. De todas as que estávamos só pudemos fugir três, às demais as
mutilaram e as assassinaram, e das três a única que ficara com vida sou eu. Depois
chegaram os humanos, sim! Pior!,muito pior foi!, cometiam as atrocidades
adiante de suas próprias criançaas. Ensinavam aos meninos e meninas a disparar
os rifles quase antes de aprender a dividir. Era horrível ver como uma criatura
de aspecto tão jovem te apontava. Chegaram às
montanhas onde dantes vivíamos apacívlemente, e com eles chegou o fogo
que arrasava nossas casas. Porém, agora estou eu aqui em representação de todas
as cervas e cervos para alçar bem alta a voz da boa nova que está já surgindo
por fim na terra, onde se começam a revelar já algumas das almas incluídas em
algumas espécies que nela semeiam a cada dia . Humanidade!,vocês não sois o
problema, senão alguns e algunas de vocês
que dominam à maioria. Esso
ocorre entre nós também, embora nós não nos desenvolvemos para matar a outras
diferentes às nossas, senão para superviver numa aceitável harmonia .Revelar-vos
contra quem oprime-vos! Se isso fazeis compreendereis muitas coisas que antes
desconheciais de nós as cervas.
Uma vez que falou a cerva o palco se pôs em
silêncio, já que o vento não movia e a boca das e dos ali assistentes não fazia nada por perturbar a chegada duma
quietude estranhamente sensual e natural.
- Carambas!, isto sim que é notícia!,- dizia
Trusiela, esposa de Espirrim.Trusiela, a mãe de Pitusa, com quem estava. As
duas olhando a televisão desde o lar familiar,-
isto é mais que uma revolução!,-dizia entusiasmada-, é toda uma coisa
fantasiosa feita realidade, pois ainda que a maioria ache que ela é uma mulher
a mim me parece que em realidade se trata duma cerva.
-Eu também penso o mesmo...,Vivaaaa! –gritava
contente a menina Pitusa, dando pequenas brincadeiras na cadeira-
E do silêncio cerimonioso ao júbilo
confidencial. Esmirriako, Jorobum e Espirrim, aliados do quadripartido de
libertárias, dançavam abraçados uma polska e se faziam fotos com os dedos em
sinal de vitória, enquanto abriam uma garrafa de vodka.
CAPITULO XII
DESENLACE
O urso Pierluquim e Colibri, uma vez que
deixaram atrás o parque da Rã Combatente, se dispunham a subir a pendente de
forte declive duns trezentos metros que lhes separava da mansão da Colina da
Mordomia Terciária, onde o infame Gustavo tinha uma de suas mansões, as quais
se achavam diseminadas por diferentes partes do planeta. Um grupo de umas sete
ou oito cobras de origem variada que subiam a pendente se encontravam agora com
Gustavo Eo urso Pierluquim. Estava entre elas a jovem intrépida Natrix Maura,
do partido da libertação revolucionária, velha amiga de Colibri.Também estavam
as Rãs Vermelhas que emigrassem já fae anos de Costa Rica, vizinhas de Gustavo,
as quais, e nos tres meses que
transcurreram desde o momento em que se fixou o sorteio até o dia da protocolária reunião do dia anterior ao aniversário de Gustavo passaram ditos dias muito agitadamente. Essas Rãs Vermelhas que
nesses dias pretéritos ja falavam da condição manipuladora de Gustavo com estas
palavras: “Esse Elefante bem se poderia ir de aqui. É um estridente que quebra
a harmonia da montanha”.Também estava a girafa vizinha de Gustavo, a qual,
também os tres meses que transcurreram desde o momento em que se fixou o
sorteio até o dia da protocolária
reunião do dia anterior ao aniversário
de Gustavo passara-os muito agitados.A única Girafa que vivia no Vale do
Amor,em Fuxa, e que viesse de Somalia.
Essa Girafa que nesses dias pretéritos ja falava da condição manipuladora de
Gustavo com estas palavras : “O sorteio está manipulado. É todo um fraude! Valente
elefante capitalista!”. E quem também estava era o hipopótamo vizino de
Gustavo, o qual, os tres meses que
transcurreram desde o momento em que se fixou o sorteio até o dia da protocolária reunião do dia anterior ao
aniversário de Gustavo passara esses dias
muito agitadamente também. Tal era assim que nesses dias respondia o hipopótamo do Lago Pálido
a uma cambota que vivia numa cabanha cor-de-rosa com ninfas e libélulas
: “Certo é que trouxo consigo o progresso a estes lugares, porém o progresso em
bens materiais também chamou a ele e se deixou corromper. E agora volta em nome
da verdade e a justiça. Não me fio!” Cumprimenta a Colibri e a Urso Pierluquim
Natrix Maura:
-Olá Colibri .Tudo bem?. Bem!, ainda que chego
um pouco tarde já vos posso dizer que todo tem ido bem lá. Ninguém se inteirou
de como as engenhasteis para substituir às quatro representantes da cerimónia
inaugural de Gustavo pelas quatro revolucionárias que trazem hoje a palavra
libertária a estas terras.
- Olá,
Já! , Natrix Maura , porém..., estás confundida!, embora já
entendereis...! -respondia o colibri Pierluquim
- E logo? –dizia agora a cobra?
- Bem!, - volta a falar Colibri - como
impossível é para as pessoas averiguar
quando estão adiante dum animal com consciência, de tal maneira que confundem e crêem dele ou dela que é uma
pessoa, também assim que não se dão conta de que em realidade a lebre, tartaruga,
minhoca e cerva e eu mesmo não somos quem crêem eles que são, humanas e humanos
que foram selecionados ao espetáculo de Gustavo disfarçados de lebre,
tartaruga, minhoca , cerva e colibri. Não se tratava de substituir a uma mulher
por uma lebre, por exemplo, essa substituição não existe. A mente retorcida e
orgulhosa do ser humano que não possui consciência é obstinada, de tal modo que
só vê condição de mulher onde há lebre com consciência.
- Já o entendo! -dizia agora o urso- Bom!...,embora mais bem..., em verdade
entenderei tudo isto quando veja-o com meus próprios olhos
Agora o grupo de cobras e rãs vermelhas, o
urso e o colibri estão tudos em fronte duma das entradas à mansão.
-Bem, nosso amigo o topo Félix tem feito um
bom trabalho! Continuemos por dentro da terra,!é mais bonito!. Assim foi que
entraram à mansão por onde a terra estava escavada. Primeiro saíram as cobras
que se espalharam, logo o colibri e por último o urso. Estavam estes dois últimos
junto à ponte do tanque.
- Colibri! – dizia agora o urso- Se realmente é certo todo o que dizes, eu
onde achava um elefante tenho que ver agora um homem. Esse será o sinal do meu
bom caminho.
- Olhem!, é o colibri!..-.gritava a tartaruga
sinalizando até onde estavam os dois-
-Efectivamente, apesar do teu aturdimiento,
-respondia o colibri ao urso- que eu a cada vez vejo como te vai diminuindo, o
elefante não ver-te-á como urso senão como pessoa, pois Gustavo não tem
consciência alguma e a todo ser com consciência
assim vê como humana e humano.
-Mas, quem são esses dois..., outros dois
revolucionários disfarçados de...? –protestava agora o o elefante que
continuava a estar apontado-
- Cala-te! –dizia a Lebre a Gustavo enquanto
lhe introduzia na boca o cano do fuzil enorme que portava-
Estava muito contente o ursinho pardo!...,-
Viva!..,tenho já tuda a consciência necessária! E já não estou aturdido!
Estavam já junto ao grupo o urso e o colibri.
A cerva atirou um espelho da bolsa que levava, e com gesto jovial lho deu ao
urso
- Toma, olha-te nele!.-O urso, ao se ver com
essa densa pele e esse rabo pequeninho lhe entrou o riso- ahahah,..! Genial! -
dizia enquanto saltava para diante e para atrás- Sim!, Sou um urso! Sois todas
e e todos maravilhosos! Obrigado!,
mas...,fica-me uma dúvida... Ó!... Sim!, uma grande dúvida!...isto..., quem me deixa
um alfinete?..., hahaha... Vereis...! Será divertido!.
- Vale-te? - diz-lhe olhando docemente ao urso
a cerva, pois voltou a ser ela a que saiu em resposta a sua petição, e
revolvendo na bolsa encontrou um imperdível que
lho ofereceu, envolto todo num gesto muito gentil-
- Ó!, claro que sim, minha cara amiga! –dizia
o urso em tom alegre e divertido, enquanto se aproximava ao elefante - hahaha,
ides..., ahahah...ides ver!
Entre os e as humanas assistentes quem
trabalhavam para a televisão se ouvem murmúrios de estupefação. A inquietude
reina no ambente. “Que é o que pretende o urso?”, se perguntam. Também reina a
dúvida e expectação nas parceiras libertárias..., e nas cobras, e nos membros machos
do serviço da mansão disfarçados de estorninhos
- Que achas que vai fazer o ursinho pardo
agora, mamãe? –dizia a menina Pitusa em sua casa vendo o show. Pitusa!, a filha
de Espirrim e de Trisuela
Enquanto, o urso fazia um gesto à tartaruga ea
minhoca para que agarrassem fortemente a Gustavo.
- Que ides fazer? Não! Alto! Não!...Faz
favor!...-implorava Gustavo-
-Pois...,a verdade é que não o sei...,
-contestava a mãe de Pitusa à menina - porém..., Ó! ..., - Plaf!- ..., se
escuta um ruído como se um balão estoirasse-
- Raios e centelhas!..., ó!, ... hahaha... tem
desaparecido Gustavo! - ria a menina Pitusa- tem desaparecido!..., hahaha,
desapareceu...ahahah...desapareceu completamente!
Gustavo desapareceu por efeito duma
picada em seu braço direito com o
imperdível.Quem estavam aí ficaram atónitos e atónitas. Não lho podiam crer! Tinha
desaparecido! . Era isto um grande mistério, de fato é o grande mistério desta
história que aqui se narrou.
Fuxa, no
Estado Federal dos Vales do Amor .Assim era conhecido o espaço
geográfico no que se desenvolvera esta aventura. As primeiras manifestações
destes casos de consciência no reino animal. A situação ao dia de hoje é mais
complexa. O ser humano se resiste a perder sua condição privilegiada, e com seu
desmedido afã de ambição sem limites está a levar a diversos géneros de
espécies da terra a seu desaparecimento. Embora, a rebelião não tem feito mais
que começar. Agora até há galinhas que se unem às exigências do guião. Começam
a sair da casca de ovo. O lume da tocha da liberdade está acendida, e só lhes
faz falta se organizar melhor a estes animais da criação. Quiçá entendessem
algumas pessoas que tais acontecimentos não poderiam jamais suceder, que não se
poder iam torcer as coisas dessa maneira, e esse excesso de confiança fez que
eles e elas mesmas acabassem lapidados e lapidadas com suas próprias onzas de
ouro e barris de petróleo, por não achar que a imaginação em alguns casos canta
vitoriosa na batalha contra o irracional.
VULCÃ E MATRIOSKA
Vulcã dança agora. Ela, quem cresse ser uma
deusa, enquanto sua boca cala. Um,dois,três passinhos à esquerda,um semi-giro
com ato de leve genuflexão e logo se elevar altiva, olhando docemente. E a
outra,a que era assim observada,que aparecere deitada na fina erva recortada,como
num deitado passadiço do amor que vai unido ao desejo e fogo de
paixão.Lentamente se levanta como hipnotizada, se acercando a Vulcã. Não
se pode falar de consumar um futuro esplendor se não existe uma fértil terra
para a semeia.
-Dá-me tua mão, Vulcã,faz festas nos meus
seios e eu nos teus!.
-Primeiro come-te esta Rosa…, Matrioska!, a
que eu te ofereço.
Pois já sabemos o nome da outra, Matrioska,
uma jovem russa que dizem dela, algo exageradamente, que descia dos czares.
Possuía um cabelo dourado que lhe baixava até seus delicados ombros e uma pele
fina como a areia do deserto.Vulcã e Matrioska, Matrioska e Vulcã
simultaneando:
-Embora…, e porquê tenho que me comer uma rosa
para te poder tocar os seios? -dizia Matrioska-
-Porque sou uma Deusa e assim te ordeno! -respondia
Vulcã-
- Que coisas mais raras me pedes!. Além
disso…está cheia de espinhas…, -dizia Matrioska-
-Se não te comes a rosa não podes me
acariciar, entendes? –dizia Vulcã-
-Com certeza que não. Igual é que sou eu muito
palerma, não o sei. Porém, carece de sentido.-dizia Matrioska-
-No amor se deve obedecer aos caprichos da
outra, e mais,como neste caso,se se trata duma Deusa. –dizia Vulcã
-Embora…,primeiro fui eu quem te ofereceu meus
seios para ser acariciados e assim eu saborear os teus.Assm que,em tal caso,e
como ti dizes ser uma Deusa. Responde-me!. Será ou não a mim a quem corresponda
primeiro a potestade em privilégio .Pois não sou eu quem esteja de acordo com o
que dizes. Eu gostava do amor contigo e ti..., que primeiro me coma uma
rosa!. Vá tolice!.Essas mordomias, porquê?. Há gente na vida que se crêem
Deusas e Deuses,como é teu caso….-dizia Matrioska-
-Eu não sou nengum caso, senão um fato em
aparente estado carnal ,uma Deusa no trabalho. Os prazeres terrenais para os
desfrutar comigo…; não entendes que se eu me rebaixo a teu estado tens que te submeter
ao meu? –dizia Vulcã-
-Tu dizes ser uma Deusa, porém falas como
humana ao dizer coisas tão mortais. Eu sou mais singela que esso. Se calhar
seja como uma semente de estufa. -E ao dizer isto, Matrioska,com sua mão
esquerda abriu ligeiramente a resistente lona que ia dar à Meca, onde estava a
porta da jaima, e assobiou com força. Ao pouco se pessoavam adiante dela,
colocados numa fila horizontal. O primeiro,Tombilão um pouco mai alto que
Tumbiliti e algo mais baixo que Matrioska. Depois de Tumbiliti era
Timbilicim que a sua vez é algo mais alto que o mais pequeno,
Tumbiliconçinho. A maior de todas e suprema era ela, Matrioska.
- Voltarás!,lembra-o!. E quando voltes
terá que ser com a flor que cresce no monte dos desejos, a única flor que
existe dessa espécie tão solitária -dizia assim Vulcã-
As teias interiores da jaima, de tonalidades
entre verdes e cor terra com desenhos de camelos e palmeiras no que parecia um
idílico oasis se fortaleceram pelo golpe das ondas luminosas de condição
natural. Vulcã se cria uma Deusa e de Matrioska diziam que vinha dos czares.
Que é melhor ou que é pior?, de que ponto de vista neutral partimos? Uma deusa
e uma monarca! Elas não o são, mas duma forma ou outra fingem ser. Porém,
dá igual. Estão na mesma órbita do amor por diferentes motivos... O amor?. O
caso é que dalgum modo...Vulcã e Matrioska!, a cada uma com seus intereses.
Seus corpos estiveram a ponto de se roçar.
-Igual és tu a que tens que vir até mim, nunca
se sabe! -dizia-lhe agora Matrioska a Vulcã energicamente, a modo de despedida.
Agora Matrioska voltava a Moscovo,com seus
quatro acompanhantes, com seus fiéis escudeiros, Tombilão, Tumbiliti,
Timbilicim e Tumbiliconçinho
Alguém, em algum lugar da terra sabia também
da existência de Vulcã, ou mais bem será melhor dizer que conhecia seu segredo.
Ese lugar estava na selva negra. Dito assim parece que estamos a falar de
África, mas não!. Um dos estados federais de Alemanha é Baden Wurtemberg, onde
se encontram as correntes montanhosas de tão singular nome.
-Bem conhecido é que quem escondem mais
enigmas na terra são as toupeiras, pois um segredo pode chegar a ser uma
migalha de pão. Depende dos olhos que a essa migalha ansiam. Hae também rastro
de outros segredos, como a impressão que fixaram na côdea da árvore nossa
mãe e nosso pai.-Quem assim falava era Karl com seu irmão Herman, na mansão que
possuíam em Friburgo -
- Sim!, o recordo perfeitamente, quando
baixavam ao rio. Eram jovens e se diziam coisas ao ouvido adiante das outras e
outros. Havia menos liberdade, porém muita mais união e ilusão. Agora,a
vida parece uma caricatura que voa acelerada a nenhuma parte -dizia Herman-
- Liberdade?,engraçado nome e nada mais. -sentenciava
Karl- Embora…, baixemos ao rio!, Herman.
Herman e Karl unidos,
Karl e Herman. Dois irmãos gémeos de aspecto irrepeensível
que entre os dois frisariam os sesenta anos.Agora bem,a partir da morte da mãe
e o pai tres anos atrás num acidente de carro,
baixando as pronunciadas encostas da montanha que iam dar à cidade desde a
mansão, a relação entre os dois mudou. Começaram a não se levar tão bem. Karl,
agora costumava- se irritar com maior frequência do normal por coisas que
aparentemente não devessem de oferecer uma importância maior , ainda que
tentava ao mesmo tempo consolar a seu irmão, que era de espírito mais débil e
vulnerável . Herman se refugiava mais em si mesmo, o que fortalecia um estado
de ânimo e disposição que parecia desprezar a energia vital que lhe rodeava,
com o que se manifestava sua devir na envoltura dum garoto exageradamente
introvertido. Porquê?, costumava se perguntar ele, se eu era de tenra infância
prematuramente feliz. Quiçá seja por isso?-. Uma coisa seguiam fazendo juntos.
Ir a pescar ao rio. Pegaram todos os aparelhos necessários e as canas de pescar
e abandonaram a mansão. Enquanto desciam, Herman, ao mesmo tempo que oferecia
um cigarro a seu irmão lhe fazia a seguinte pergunta:
- Recordas faz seis anos quando estivemos em
Moscovo?
- E como não ia recordar? - respondia Karl-
- Verás, até este momento não quis te dizer
nada, - falava Herman- mas agora sento como se os remorsos por isso me
estivessem sitiando. O caso é que nessa estadia de três meses ali vi coisas que
ti não chegaste a presenciar.
Matrioska estava agora em Moscovo. Em frente do
Teatro Bolshói. Na programação dessa tarde noite havia ballet em dois atos
baixo a produção do coreógrafo e bailarino Yuri Grigorovich. Matrioska estava
que não parava. Ia dum lado ao outro da praça:
- Porqúé a mim?. Engreida Vulcã! –gritava
Matrioska -, afasta de minha vista, ignorante! - e soltou o braço dereito de
tal modo que foi a dar no peito de Tombilão, que a sua vez golpeou a Tumbiliti,
este a Timbilicim e assim até rematar no chão o mais pequeno, Tumbiliconçinho.-
Resulta que vá a onde eu vá a tenho presente,
merda!. Porquê é isto assim?, porquê tenho que a querer se é tão alheia a mim?
A função estava a ponto de começar. A praça
estava bastante concorrida
-Nada, vamos nos para casa! Tenho-me que dar um banho desses relaxantes.
Tombilão,Tumbiliti,Timbilicim e Tumbiliconçinho…, a que esperais?.
Enquanto, iam de caminho para fora de Moscovo onde
Matrioska tinha sua residência , numa carroça atirada por magníficos cavalos. Ela
assim reflexionava:
- Está bem, apanharei a flor!, embora para
isso devo batalhar com meus inimigos e inimigas.... ; se é que há alguma ou
algum que queira sofrer as penalidades que leva tal empresa. Pois não é pouca
coisa arrancar uma beleza como essa das raízes onde se lhe viu um dia
nascer esplendorosa
O pai de Karl e Herman, Jurgen Miller, foi um
homem autoritário, amigo das velhas tradições da raça aria, que em sua
juventude viveu no seio duma família de classe média de Berlim, onde ao mesmo
tempo, seu pai, Franz Miller, o avô paterno dos gémeos trabalhava como
ferroviário. Pertenceu Jurgen às juventudes hitleriãs quando tão só tinha
quinze anos. Franz Miller, pelo contrário, era de ideias opostas ao nacional socialismo
e não duvidou em ajudar aos pequenos grupos de resistência ao regime autoritário
que impusesse Adolf Hitler. Quando tinha quinze anos de idade, Jurgen decidiu
que a melhor carta de apresentação para entrar nas juventudes hitleriãs era
delatando a seu próprio pai, coisa que assim fez. Entrou assim a formar parte
do grupo da Jungmannschaften. Estoirou a guerra, e no último trecho desta
entrou na frente, ajudando na defesa de Berlim. Sua ambição era abominável!. Ao
rematar a guerra, dois meses depois se trasladou a Friburgo. Uma carta que
recebeu com carimbo postal dessa cidade lhe levou ali. A missiva, entre
outras coisas dizia assim:
Meu bom amigo Jurgen:
Nestes momentos de dor e humillação preciso é
olhar para adiante. Talvez tu não te lembres de mim.Eu sou aquela menina que
salvaste de morrer afogada nas águas do rio Spree, no porto fluvial dessa
formosa cidade na que estás. Recorda que te disse que não esquecer-me-ia de ti.
Eu sou uma jovem mulher de palavra. Deves vir até aqui. Há todo um mundo por
diante, e oportunidades para quem como tu demonstra ter ambição sem
fronteiras. Chegaste a Berlim denunciando a teu pai por traidor à raça
aria e me salvaste a a vida. Que mais
posso dizer a teu favor? . Éramos uns adolescentes com toda a vida por diante e
o seguimos sendo. Precisamos gente como ti...
Jurgen Miller foi até Friburgo, atraído pelo
estranho amor que para ele sentia Lise. Ao pouco momento se casaram. Lise
Schumann e Jurgen Miller, Jurgen Miller e Lise Miller. Tiveram três filos: Karl
e Herman, os gémeos, e uma irmã três anos maior que eles, de nome Clara. Lise
possuía uma quantidade económica considerável de dinheiro, após herdar duas
propriedades de grande valor e uma substancial soma em jóias e acções.
Por conseguinte, estavam os irmãos Miller em
direcção ao rio, para ir pescar. Iam deixando atrás a fachada principal da
mansão de duas plantas, uma magnífica casa de pedra com multidão de vãos
cobertos com janelas simétricas de duas folhas acristaladas, com suas jambas e
listões horizontais . Na primeira planta uma delas permanecia aberta, mas só
parcialmente uma de suas folhas, enquanto por trás da outra se vislumbrava a
figura duma mulher de olhos pretos que levava posto um vestido azul com
plisados e cordões de seda. Sua mirada se dirigia para seus dois irmãos, era
Clara Miller.
E em Moscovo os escudeiros Timbilicin e
Tombili apresentam relatório a Matrioska da última missão a eles encomendada, a
de averiguar se Vulcã possuia alguma outra ou outro pretendente . E dizem
saber de boas fontes da existência duma rival para conquistar o coração de
Vulcã, Sim!, a que se cria uma Deusa, que obrigava a
comer uma rosa, e que se não fosse satisfeita tal coisa tinham que procurar à
única em sua espécie, a flor que no monte dos desejos cresce, se é que para
valer quissesse que ela, Matrioska e a Deusa em união sujeita ao
amor carnal se unissem. Tinha uma rival, assim era, e se chamava Charlotte.
- Charlotte?, e quem é essa Charlotte?
-Uma mulher que sabe voar
- Como?, uma mulher que sabe
voar?...ah,ah…menuda estupidez
-Com tua permissão, Matrioska -dizia agora
Tumbili- por que te estranha tanto?.Olha a nós quatro. Sabemos voar. E graças a
tua generosidade
- Vocês voar?..., não me fagais rir…,o que
vocês fazeis, e como bem dizeis e baixo meu consentimento, o que vocês fazeis…é
algo parecido a zanganear …¿entendido? -dizia acaloradamente Matrioska- .
Zangões desajeitados!..., e a cada qual mais baixinho, vivos sozinho
para cumprir missões que vos foram encarregadas. E nada mais que isso; de acordo
ou não?.., em fim!...,me aborreceis demasiado…,fora da minha vista,
imediatamente ,...eh...isto...,não!..., ¡esperem!..., mais do
relatório!..., algo de elas!...Preciso saber!
-Dizem dela quem a viram que parece como se
fosse uma mulher que se colasse ao corpo duma nada mais a ver, de uma
rara beleza, muito sensual e sábia ao mesmo tempo, e que possui dotes
próprias de quem são de condição masculina que a implementam, como a de se
queixar continuamente. Por enquanto, não se sabe nada mais, embora se espera
que cedo ela vá na procura da flor
-Pois…a que esperamos!, cedo!,veloz!. Subamos
já ao monte. O segredo está em saber tratar bem à flor.Vamos!
Karl e Herman estão agora no rio, sentados
numas rochas. Herman segue falando:
-Assim é irmão meu, nossa irmã Clara está
enfeitiçada desde então. Teve em Moscovo uma relação com uma mulher, eu nada
quis dizer, e sobretudo vivendo nossos pais, mas já não posso mais, é algo tão
asqueroso!. A nós nos ensinaram que estas coisas eram filhas do mismísimo
demónio, e isto assim deve ser, pois Clara desde esse dia, e ti o sabes como
eu, não sai de sua alcova.
-Embora, Que estás a dizer?..., porém…Herman,
eu sou teu irmão…,! eu te conheço muito bem, Herman. Sei de sobras que és muito
fantasioso…, mas isto que dizes. Mas…, Herman!.Estás a suar muito Herman.
Que te passa na boca Herman?.Escuta-me bem!. Sei que o que dizes to cries…,
lamentavelmente assim é…,embora..,Herman!..., escuta por uma vez Herman…Faz-me
caso!....Nós não temos nenhuma irmã.
Matrioska voava atravessando pegada a seus
quatro escudeiros, atravessando os vales vizinhos à montanha do desejo. A
paisagem ia apanhando uma tonalidade avermelhada quanto mais se iam
acercando. Chegaram à cimeira. Ali já estava a mulher alada Charlotte. Vista de
perto não se sabia se era homem ou mulher. Matrioska, essa mulher de enorme
vitalidade e coragem, agora se contraiu, tanto que parecia uma pequena mosca.
Tentou dizer algo, mas só lhe saiu da boca um pequeno fio de cuspo que
parecia gelada da montanha. A força interior de Charlotte era enroladora.
Matrioska se deixou levar. Já não fazia falta flor, já não fazia falta alguém
que pretendia ser uma Deusa, já não fazia falta nenhuma Vulcã mais.
-Karl, escuta-me bem…,a verdade…,é que…,eu
encerrei a Carla na habitação da primeira planta da mansão que vai dar mais ao
Oriente. Sabes?, na que de pequenos jogávamos quando vinham os primos de
Escócia. Mas…Karl!...escutas-me?...¿porquê estás tão pálido?
-Mas…que estás a dizer?...,de que mansão
falas?. Nossa casa é humilde…,mal uma cabanha,...mas…¡Não!...¡Deus meu!...faz
favor!...Herman!...baixa esse machado!...pelo que mais…queiras…Não!
-Eu matei a nosso pai e nossa mãe
- Não!...foi um acidente…eles não o ouviram…ti
cortaste a árvore e…eles não o ouviram…estavam juntos…a árvore lhes esmagou…mas…que
vais fazer com o machado?...,Não!...
-Eu matei a Carla
O machado ficou fincado no tronco do velho
ulmeiro. Herman chorava desesperadamente.
- Não!, Deus meu!, porquê este sofrimento?
Deus meu!, porquê abandonas aos piedosos?...,não!...ti não existes…ti não és
nenhum Deus…renego de ti.¡Satã é minha guia e valedor a partir de
agora!...renego de ti…
A realidade era que o único que existia era
Herman. Vivia numa pequena choupana escangalhada, em algum lugar da selva
negra, sozinho. Sem beijos, nem caricias, mas sim com desejos dum novo
amanhecer que não chega. Na cabanha se encontrou um livro que levava por
título: “Férias em
Moscovo. Minha cara Matrioska, um voo no passado”
BISSUT, O GRANDE
GUERREIRO
Bissut, o grande guerreiro de todas as áridas
terras que lutavam com afã descolonizador. Dispusera encontros tribais projetados
para a negação de qualquer gélida sumisão ante o candente ferro da forja
imperial. E chegou a guerra. Um grito de rebelião se ouvia agora. Mais que um
grito eram enormes e grotescos cornettos totalmente originais e seus filhos
mais pequenos que chegassem de gentes do norte, os importados serpentões, os
quais tinha adquirido Bissut numa viagem dessas do prazer da diplomacia. O som,
como algumas aves do paraíso celeste logo asseguraram, chegava até o céu e se confundia
com as notas musicais que saíam das flautas que penduravam nas nuvens. Bissut
era de uma tribo que destacava sobre as demais tribos pela enorme altura de
quem a conformavam, pois eram de quase cinco metros de altura de média. Se
levavam muito bem com as girafas, às quais pintavam de cores, e elas, agradecidas,
lhes ofereciam as folhas das oliveiras que apareciam disseminadas pela paisagem,e
ofereciam-lhas uma vez já esmagadas. Bissut, no entanto, media bastante menos
que suas vizinhas e vizinhos, em torno aos dois metros. Isso lhe fazia líder
entre eles e elas. Assim vivian plácidamente junto às tribos vizinhas, até que
chegou a demente tirania desde a cidade de Jegnabem. Sim! Assim foi a realidade
tristemente, que agora chegava desde esta movimentada urbe de marfim, a qual
girava seu ritmo de vida em torno do palácio do grande homicida Vrimsniff, xeque
imperial de ordem maléfico e de natural condição dum soberbo uso profético. Enganador
de aves de rapina, o muito impostor e de suas vítimas as cobras também defraudador.
E tudo isto assim seja dito para advertir do fato de tão variada selecção dentro
da classificação de mortais nas suas diferentes sociedades, desde onde se
forjou, entre outros este império que habitou nas terras semi-áridas do
hemisfério.
Mas, o caso é que..., isto..., bem!, também
está o caso singular de Miselda. Foi criada ela entre anãs e anões pastorinhos
que não passavam do médio metro de altura e a amamentavam. Eram da tribo que habitava
na pequena montanha. Embora, Miselda media um metro e exatamente vinte e três
centímetros, pelo que destacava ao igual que Bissut dentre suas vizinhas e
vizinhos. Agora bem, como não era costume nas mulheres não já ir à guerra, pois
a guerra não se vai, há que estar nela, seja num ou noutro bando qualquer,
senão que como não podiam reger desde o mais alto as vidas das e dos demais por imposições morais..., pois então..., pois
que optou já faz muito tempo por subir às nuvens a singular Miselda, e era
agora que fazia pendurar nelas as flautas, aquelas que fortaleciam o som que
saía dos enormes e grotescos cornettos totalmente originais e seus filhos mais
pequenos, os importados serpentões que chegassem de gentes do norte, ambos já
mencionados.
Por conseguinte a guerra esplodiu. Por um lado
as tribos todas agora num bloco comandadas por Bissut e em frente o tirano
cacique imperial Vrimsniff. E acima no céu Miselda. Bissut estava cheio de
energia, e não para de ir dum lado ao outro a lombo de seu cavalo, arengando à
tropa. Tocam as cornetas. Fala Bissut, com os braços erguidos ao céu e
descomunal:
Porquê estas cadeias que não são as minhas
Aparecem neste dia triunfal prolongadas...?
Não me deixes sozinho....amor de minha
vida...!;
Ainda assim aparece tranquila e sosegada..., a
vida,
Pois o furor do vento não aparece
E só aninha na lembrança
De que algo se marchou.
É preciso o reconhecimento das sábias
guerreiras
Que se batem por querer atingir
O mesmo destino que eu quereria...,mais...,
Onde estás, Miselda...?.
Como as raízes das árvores mais bestas da
terra
Das quais eu beberei algum dia...
As tropas do maligno Bissut já estavam moi
perto, a uns quinhentos metros:
- Ante a adversidade há que erguerse!. Em pé
parceiros e parceiras!, que não nos invada em nossos corações o desespero. O
amor está contigo, eu escuto tua voz, já estamos perto, minha cara Miselda!
-Todo listo, capitão! –interrompe o sargento
maior
-Bem..., ó!, Miselda!, neste dia....,neste
dia, por fim, a história compreenderá que teve uma vez uma vida na que ....,mas..., isto que é!, mas...porquê ides-vos
agora?...,ordeno que volteis aqui!,eu só não posso... Quando estávamos mas para
perto de a vitória! Não me abandoneis, eu só não posso fazer a guerra...!
De repente, um som seco se ouve dentro da
sala. A mulher da liteira se acorda sobressaltadamente. Ao princípio se assusta.
Uma sensação de absoluta solidão unida a uma confusa lembrança inalcançável de
algo executado sem rematar de encontrar na memória se apodera dela. O livro
permanece no chão. É um livro enorme que agora se põe em vertical e
milagrosamente se marcha do quarto que permanece com a luz acendida. A mulher
da liteira, desconsolada e aturdida acordou a seus familiares mais próximos e lhes
comentou o caso. Reiterativamente explicava entre soluços que o livro que ela
estava a ler era muito mais pequeno, um conto sobre a apacível vida duns
caçadores de baleias em primavera nos Alpes, ou algo assim.
A GALERA EAS
RATAZANAS
Sentia-se orgulhoso de seu oficio. Homem de
alta estatura e barba proeminentemente abandonada para abaixo e
afiada,recolhida por escravizados tirabuçoes enlaçados,os suficientes em quantidade
para não albergar os restos da gula.. Haha...o que sobra,que sirva de pasto
para os insignificantes,ha,ha,ha..!"
Assim costumava dizer quando permanecia na proa da galera,como se o traquete fosse uma prolongação fálica,e com o esporão de madeira reforçada com o aro metálico colocado para abaixo,muito para abaixo o esporão, a fim de poder investir e desfundar o barco inimigo que ousasse se cruzar em seu caminho;ali costumava e assim acostumava a permanecer,enquanto devorava as carnes que apunhalava com seus afiados incisivos,e seus adjacentes, auxiliares e também depredadores caninos.Era esta personagem o capitão do barco, o que levava a voz de mando e presumia de ser um marinheiro mais da tripulação, pois urinava e defecava no jardim de proa,enquanto se agarrava às enxárcias,e é que parecia como se a ele também o amarrassem,como se pertencesse à composição e elementos do atroz navio que flutuava pelos mares de Arabia.
" Contemplai,velhos tubarões
do deserto das águas,
que fornecedes com seus rastejantees vaivéns
bravura a meu oficio!
Olhai a glória de meu triunfo
ante o insignificante
e a imundície
Hahaha...."
e de seguido elevava sua zarolhada olhadela ao céu com doença de veemença cruel,e sua veia jugular drenava com tão ímpeto que a mar se encolerizava invejosa,e golpeava então com mais força.
Era esta galera de umas grandes dimensões,de uns cento cinquenta pés de comprimento , e com uns cuatrocentos galeotes em quatro filas,duas a estribordo e duas a bombordo,duas filas inferiores e dois superiores,e a cada remo atirado por quatro galeotes com o que nos davam fileiras de vinte e cinco remos,remos de madeira, que possuíam a cada um umas dimensões de uns doze metros. Equilibradas proporcionalidades da usura!.Por conseguinte, as duas filas superiores eram as que se deixavam ver na coberta superior,uns a um lado e outros no outro,uns a estribordo e outros a bombordo.
O Estado português da Índia. Assim lhe chamavam ao vice-reinao que se foi estendendo neste pais com a chegada de Vascão de Gama, e com a`posterior conquista de Goa.Navegando por um Oceano Indico, que em sua parte mais norocidental estanca um tanto as águas no Mar Arábigo.Começos do Século XVI. Eram pois os portugueses quem lutavam pela hegemonia marítima nesta parte da terra. Desde o Golgo de Adem, águas fechadas nas terras de Lémem e Somália até o de Cambaim,que limitava ao Sur com Bombaim,ou desde o Golfo de Omã até Ceilão ao sul da Índia. E o Golfo Pérsico! ,desde onde se estendiam tempo atrás outros impérios ancestrais como o Persa ou o Mesopotámico. Irã, Iraque, Arábia Saudita, Qatar..., e em Emiratos Árabes Unidos,onde a terra se projeta em fechada proeminência ,que com sua curvatura tão só deixa uma estreita saída para o mar,o estreito de Ormuz,e ao lado Dubai.Áreas de influência geoestratégica,Emiratos de magnatas árabes cobiçosos,vendidos hoje tristemente ao capitalismo selvagem do cruel império intervençãonista norte-americano.
O sol colava agora com força na coberta da galera que navegava pelos mares de Arabia, junto a três mais que eram um pouco mais pequenas. Iam de Surate,na Índia,no golfo de Cambaim até Mascate em Omã,no Golfo do mesmo nome. Levavam espécies e escravos.As primeiras iam ser transportadas num par de calaveras que lhes dar iam o relevo até Portugal. Os segundos seriam eleitos dentre os galeotes pelos ímans ibadies de Mascate para seu próprio desfrute pessoal.
Dois eram os Cómitres ou carrascos com chicote que fustigavam os corpos dos galeotes,enquanto vigiantes e oficiais faziam sinalizações desde a passarela...Este!.., toma! Este outro!..., toma também!. Enquanto,o oficial Maior arengava aos outros oficiais e aos vigiantes,e lhes recriminava o ato de cumprir erróneamente as tarefas que lhes fossem assim encomendadas,e gritava:
" Insesnsatos!, não veis que assim os ides matar?,
quem quereis que depois reme este barco
se aplicais com tão pouca inteligência
as instruções incorretas com essa vossa fereza?"
Dizia isto ao mesmo tempo em que se levava o lenço perfumado ao nariz,para aliviar o fedor insuportável de galeras,onde os galeotes faziam suas necessidades fisiológicas no próprio banco ou potro de tortura.Por conseguinte,passavam o tempo e os dias,que se entrelaçavam na cruel agonia do infortúnio e tragédia humana,representadas no triste bater do coração rasgado em cáscara de funesto navio.Dentre os remadores que permaneciam assim escravizados estavam uns cem fieis as lendas e tradições de Karmi Mata.
Karmi Mata,matriarca do século XIV que era reencarnação de Durga,a deusa do poder e a vitória,considerada a Deusa Mãe e Suprema por muitos hindues. Deusa da vitória do bem sobre o mau,representada com numerosos braços,cavalgando sobre um leão ou um tigre, e portando armas e uma flor de loto. Possui um sorriso meditativo e pratica mudras,ou acenos com as mãos. Conta a lenda da reencarnada Karmi Mata que um dos meninos de seu clã morreu e ela tratou do trazer de volta à vida e isto só podia ser feito por Iama,o deus da morte que tinha reencarnado já como uma ratazana.Karni Mata chegou a um acordo com Iama, e este era que todos os homens de seu clã mortos se iam reencarnar como ratazanas,até que estivessem prontos para nascer de novo na tribo.
E foi então o acontecimento em que as preces à Deusa Mãe Durga de muitos dos escravos foram ouvidas pelas ratazanas que habitavam nas galeras,que milagrosamente se multiplicavam e multiplicavam em número e convinham com os Galeotes no motim. E se correu a voz: seria quando o Sol se pusesse e a Lua confirmasse a fugida do Sol eo sublevamento.
E chegou a hora escura,e as ratazanas começaram a assobiar como histéricas, enquanto os oficiais e marinheiros começaram a andar de um lado a outro inquietos,alumiando para a popa,de onde parecia que vinham os atrozes sons. E do que ali observaram ficava fiel representação em seus semblantes que se tornaram pálidos. Resplandecia o pânico e terror na escura noite. Milhares e milhares de ratazanas ensinavam seus afiados dentes enquanto corriam e se atiravam sobre o capitão e os oficiais.
DRUBRINDA
Ia um dia uma mulher passeando pela montanha quando se deu conta de que se tinha perdido em seu interior, como uma embarcação quando aparece na beira atada, sem saber que beira é quando baixa a maré e fica em terra . Perdeu-se nela!, na terra da serra.Falava assim Drubinda:
-Vejamos: acho que em realidade não me perdi, senão que uma estranha força sincrética até aqui me levou. Sento uma sensação muito rara, mistura de uma tremenda desesperanza e desolação, unidas a uma atração sensual e virtuosa que parece que me reclama. O Sol marchar-se-á, e o manhã depende agora da fortuna.Se calhar sejam as vozes de deusas e deuses. Não o sei!,mas devo ver o meio,o ambiente.Me embrenlharei primeiro em isso que parece uma gruta,por trás destes matagais, que bem se defendem com suas espinhas da morte,não prcebendo que por isso correm maior mortal perigo,pois o olho do governar humano e sua fouce de juiz, fazem caminho primeiro onde a queixume dos e das demais mortais em uivos reivindicadores.Sim, bem!, observo duas cobras. Só é questão de que entrem na cova e estarei salva.
Drubrinda está pois na montanha.Ela ama muito a montanha,a ela lhe gosta muito a montanha,e sofre muito quando vai ela sola, subindo as suas ladeiras, com umas sopés mais encrespadas por efeito da erosião que outras,como o coração solitário que se crendo fruito duma conspiração, longe de se ocultar vai na procura da verdade. Sim!,o efeito rejuvenescedor floresce na foresta quando os elementos compositivos do conhecemento adquerem um caráter positivo. Quando Drublinda sube a montanha esse caráter se transforma num enfeitiçamento.Quem a viu pode assim testemunhar.Eu vim a Drubrinda subir a montanha.Eu não posso dizer mais do que as rãs,as lagartixas ou as borboletas,mais na minha propia satisfação está o feito de que existam muitas muheres e muitos homens como ela. Quantas vezes falando com os e as amigas de Drubrinda era chegar a mesma conclusão. Drubrinda tem algo especial e algum dia chegará em que se misture com a natureza de tal xeito que nem as lendas mais benefeitoras espreitarão com o segredo.
Uma voz interior falava a Drubrinda,enquanto contemplava desde lá arriba os outeiros.O sol se ia e seu braço esquerdo aseguravasse ao velho freixo que se deixava fazer,enquanto suas folhas se moviam ligeiramente.O coração de Dubrinda latejava com força.Uma vez mais, deixava.se levar. Uma voz interior falava a Drublinda:
Agora sim,
Meu amor!
Teu medo
É teu valor.
Duas cobras que guiam
Quando o sol se poria,
E uma canção...
Uma voz,
Uma flauta,
Um cobertor,
Estreita ou mais ampla
A cova do nosso coração.
Dubrinda tirou uma manta da sua mochila e abraçou ao freixo e lhe deu um beijo.As duas cobras que em todo momento ficavam perto dela, agora emitiam sons de desapovação e de temor...; pois ja se sabe que as folhas dos freixos são inimigas de serpes ou cobras.Chegava o momento do ritual,os réptis se moviam.Dubrinda mirou e não as olhou,mais em realidade pouco importou.Dubrinda dirixiuse até a cova, quando o sol estava ja oferecendo a sua derradeira condição,despois de se ir pelo horizonte.A entrada era por uma fenda de não muita largura,mais sim a suficente para o corpo e as feridas do coração.Pegou um pau para tentear o chão,nais o atirou porque as serpes que ficavam dentro da gruta assim fixeram- se-o saber.Entrou e se deitou.Na cova se encontrou um caderno com anotações de Dubrinda com data do dia posterior a sua entrada na cova e que faziam referência aos sonhos que tive essa mesma noite:
“Em todo momento compremdim que não fora um sonho. Eu não dormim essa noite. Eu quiser que isto se entendera,mais aqui acima se fala com a voz dos mortos também.Alguem no meu interior me dixo essa noite,dentro da cova o segredo.As serpes são minhas amigas,e as águias também.Sinto a grandeza das fontes tradicionais na minha sensibilidade para com elas.Agora tenho que marchar.Tenho que ir na procura duma fonte purificadora num oasis de prazer”.Nada se voltou a saber de Drubrinda
QUESTÃO DE LINHAGEM
João Karakandula Somobiela era um menino que vivia com sua tia, virtudes Karakandula Polentuelax, e que agora ficava órfão
-De nada serve que te ponhas a chorar -dizia Virtudes Karakandula-
-Não choro para que me sirva de nada -respondia João Karakandula-
-Segue chorando pois, se assim o cries necessário
-Não tenho intenção de seguir chorando diante tua!
-Isso é teu problema!
-Aparta-te, deixa-me estar só!
- Se tua mãe vivesse…,não consentiria que me falasses assim!
-Se minha mãe vivesse eu não teria que estar estar contigo
-Tenho paciência,pois tenho que entender que é difícil para ti a situação. Embora, eu passo agora a ser tua mãe,e…
- Isso nunca!
-Acaba de tomar o bolo e vamos para casa. Começa a se fazer de noite.Tes que entender que eu não estou em tua contra.
Enquanto isto ocorria,em outra parte do povo estava outro João.Levava este um par de meses pelo povo.A aldeia tinha um castelo na montanha.Ia João andando desde onde morava para o castelo. João procurava a maneira de viver de oitra maneira.Sabia que tinha que decidir de uma vez,não se deixar vencer e saltar em veloz carreira se fosse necessário,mas como não era necesario. Esse era o problema! Que é o que necessário era?. Sabia que tinha que comprar comida todos os dias,ao igual que sabia que todos os dias tinha que comer.Mas o certo é que também não é necessário pagar um dinheiro para adquirir comida,e isto se costuma fazer. Esto,entre outras coisas claro está, é o que confundia a João.
-Confunde-se a utilidade com a necessidade, se dizia para sim mesmo em gesto circunspecto-. Muitas pessoas se juntam com outras pessoas porque é util essa união,pois a necessidade de carinho e não se sentir sozinhas as obriga a trair ao amor. Eu traí ao amor e agora viajo só, porque sento o dever de me comunicar com todas... Mas, para isso devo permanecer onde meu corpo preguiçosamente se nega e com triste sorna e mau humor protesta meu orgulho. Observo o caminho e vejo que as águas estão envenenadas e minha língua se contrai ante a dúvida.
Agora estava refugiado pelo Sol entre umas macieiras que tinha no início de um pequeno caminho que bifurcava para a direita e ia dar à velha estrada que chegava até o castelo. Apanhou uma maçã e limpou-a com delicadeza.Pegou,triunfal, um gesto de poeta que diz ter visto a Atenea,e se fez esta pergunta:
- É necessário plastificar a carne? - ao mesmo tempo em que lentamente inclinando a cabeça quase reverencial,fincando fortemente seus débis incisivos na maçã se fazia esta outra: - é necessário comer carne?.
E logo de comer, como a cada dia pelo mesmo lugar,cantando a mesma canção de sempre:
“Sem obrigação, com necessidade,
Vou pelo caminho,
Que a cada dia...,
Nas formas, entre outras
Do novo capinar da erva,
Da vitoriosa sega,
Do sentir com brilho
O som do água do rio,
E também do feliz fluir das marés,
E como não,todo isso por ser
Dos sonhos cumpridos
O novo resurgir florido.
Porque vou ensimesmado,atraido,
Por um estranho som
Que viesse de algum lugar
Que não soubesse descobrir.
Todo o demais poderá ser visto
E esmiuçado
Mas esse som é algo raro!.
Quem tivesse fortaleza para pouca glória
Bem-vindo seja a minha memória
E minha memória que leve,
Que leve um pouco de tua vitória.
Ia assim cantando João pelo caminho quando se encontrou a Marcelinho que saía de sua casa
-Boas tardes, João,outra vez nos vemos!.
-Boas tardes,Marcelinho!
Marcelinho era uma pessoa de bom coração.Das poucas pessoas que se paravam a falar com João.A verdade seja dita, que João fazia pouco por falar com as e os demais,pelo que não devemos qualificar piedosamente fatos e costumes individuais que parecem solicitar compaixão,que ainda que assim for será em tal caso o preço a pagar por luxuosas disposições.
-Em realidade, está cheia a copa da tristeza! .Faz-se muito difícil ser nesta vida como gostariamos de ser, porque a sociedade em seu conjunto está sujeita ao apetite voraz da mente avarenta.-dizia agora,sentado no tamborete de baíuca João a Marcelinho,onde tinham acordado parar um momento.
A taberna era uma casa quase em ruínas onde vivia Maria,uma mulher entrada em idade que vivia sola.O telhado era a parte mais conflitiva.
-Sim,mas não podemos afundar. Há que se organizar -responde Marcelinho-
Agora falava João:
-A vida está muito carregada de falsa moralidade.A gente se deprime e a cada vez se encerra mais em suas casas.
E agora outra vez Marcelinho:
-Olha, vou contarte uma coisa que lhe passou a um avô meu por parte de mãe. Chamava-se Arcángel -e aqui, Marcelinho alça sua mirada ao teto,como se temendo que este se viesse abaixo e baixasse desde o mismísimo céu o Arcanjo Gabriel- Teve ele um acidente e ficou paralítico.Sabia que a vida não lhe desse asas.Já era algo!.Sabia que jamais poderia voar.E pensou assim,na quantidade de coisas que sabia que não poderia fazer,mas também em todas as outras que sim poderia, e foi mais bom e amável com a gente, ainda que já o era,e com o tempo se curou e podia voltar a andar milagrosamente.
- Ah!,caro amigo Marcelinho,tomemos outra e subamos ao castelo,vêem conmigo.Içaremos a bandeira da liberdade desde a torre de honra e criaremos um exército invencível,mas para isso é necessário recrutar as forças necessárias para salvar a terra. Aqui se livra uma batalha de enorme transcendéncia.E ti…, Maria! Que dizes a tudo isto? Estás muito calada!.
-Eu o que creio é que estás como uma cabra. Pasas da desilusão ao bravio com muita destreza,e para isso há que estar mau da cabeça…
- Hahaha…,ahahaha…é que Maria é muita Maria…ahahah..-ria estrondosdamente agora Marcelinho-.
-Bem, já vos habeis rido bastante. Agora,escoitade-me -dizia João -. Homens montados a cavalo chegam do Norte. Querem ocupar o castelo pela força e atirar dele a quem nestes momentos ali habitam.Como sabeis muito bem levo muito tempo fazendo essa ruta.,e por fim,estou no certo ao dizer que ali está o herdeiro destas terras solarengas e de toda a comarca,vales e montanhas.Já veis a que se nos vem em cima-
Nesses momentos,Maria,que estava abrangendo o riso, para não jogar toda a cerveja que se estava a tomar pelo chão,não aguenta mais e explode:- hahaha … hahaha … hahaha...
João Karakandula Somobiela e sua tia, Virtudes Karakandula Polentuelax.Em tudo o povo era conhecida a má relação entre as irmãs Virtudes e Solidão,a mãe de JoãoKarakandula , que morreu em estranhas circunstancias.As boas coisas que se possam dizer da difunta Solidão a seu favor,para limpar seu bom nome de todas as difamações e penúrias pelas que teve que passar serão poucas.Certo é que os rumores que se estenderam pelo povo de que Solidão foi assassinada por Virtudes são sozinho boatos,mas ainda que a rumorologia seja só isso (segundo o lugar de onde venha será mais que isso) a lógica pudesse ser esta: Solidão era a má e Virtudes,apesar de ser a boa teve que a matar. Se levavam mau e por isso a matou. Essa é a justiça do povo também. Muitas e muitos defendem que Virtudes fez bem,pois Solidão era libertina,um escândalo e constante provocação. Que horror!. Embora estas coisas ocorrem por etiquetar à gente de boa e de má.Não o de matar,senão a estupidez...,no acontecer.
Agora os ânimos estão mais tranquilos na pequena mansão dos Karakandula. Após que João Karakandula expusesse a sua maneira a sua tia de que não ocuparia nunca o lugar de sua difunta mãe voltaram a falar e se reconciliaram.O certo é que Virtudes e João Karakandula não se levavam mau de tudo,e ela tinha boa dote com a infáncia.Sabia perfeitamente como prolongar o sorriso dos e das meninas, e como lhes atemperar o impulso vital, sem se ter uma ou um dado conta.Era muita amiga dos livros,do violino e a Natureza. Agora estava apacívelmente com João Karakandula, lendo um conto:
“…e a princesa,uma vez que se subiu ao trono,este se partiu em dois e já não pôde ser princesa…”-lia Virtudes-
-Ahahah,hahaha…,esta parte é muito bonita, hahaha … minha tia Virtudes!,tia minha!.
-Tinha-se, talvez motivos para julgar tão vilmente a Virtudes?. Os mesmos que os que estamos a observar agora,ternamente com seu sobrinho, lhe ensinando que as princesas já não podem ser princesas?. Quem era a má,quem era a boa?. E se eram as duas boas?
Por conseguinte na baiúca estão Maria,Marcelinho e João,que continuan falando,depois de que João advertisse de que o castelo do povo ia ser tomado por legões extrangeiras.Segue João:
João Karakandula Somobiela e sua tia ,Virtudes Karakandula Polentuelax ,se agora não estão no castelo,devem ja habitar ele e dar a ordem de recrutar as tropas necessárias para se defender do império maligno. São quem gobernam estas terras
- Mas bom!...e em tudo isto tens estado ti pensando?.-dizia Marcelinho- vá esforço!,como vês já não rio porque não me sai. João Karakandula Somobiela e sua tia Virtudes Karakandula Polentuelax são vizinhos desta comarca,e nada mais que eso.Tenhem uma pequena mansão e algumas terras,e não mais.
-Quem quer que venha comigo,eu vou onde os Karakandula-disse João .
Ao final foram os três, María,Marcelinho e João ,no trator de Marcelinho até a pequena mansão dos Karakandula. João dava claros sintomas de se encontrar mau.Maria e Marcelinho não deixavam de se dizer um à outra que o que deveriam fazer era lhe levar a um hospital, pois estava a começar a delirar com pequenas convulsões. Isto mudava o panorama. Poder-se-ia dizer que o suor lhe percorria até pelas veias enquanto tiritava.
-Não insistas,te vamos levar ao hospital-dizia-lhe Maria-
-Esperade…,depois…de vê-los…juro-o.
Fizeram-lhe caso e se dirigiram à pequena propriedade.Ao chegar à zona ajardinada que servia de antessala, se ouvia Petrushka de Igor Stravinski.A João encheram-se-lhe os olhos de lágrimas.Dentro estava Virtudes,tocando o violino. João jogava às gudes com dois serventes.
- A coisa que vou dizer…, é importante… Morro-me…Eu sou… Mas...,faz favor…Ela!…Ó!... Acercar-me ali..., como podáis....Um fio de sangue brotava da boca de João.Ao ser advertida da gravidade da situação,Virtudes se lançou à veloz carreira. Chegou até o trator onde se achava João.
- Que ocorre aqui?
-Olá! Reconheces-me?
-Sim mulher..., sou...,João!...,o outro..., esposo de Solidão…!.Me jogaram..., do pais. Solidão..., foi muito... boa e fez o possível..., por ajudar..., dando muita..., informação da situação..., das linhas...inimigas... nestas...terras . A eliminaram....Ti és boa..., e o sabes bem....Eu não podia ...dizer onde eu...estava. Se pactuou minha... morte. Lhes convinha... que vivesse... E agora...,este veneno!
E João morreu,enquanto sua vista tentava se acercar até uma das canicas do outro João..., João Karakandula. Quem era este João que à hora de morrer fingia ser outra pessoa?...., ou...; seria certo que era o pai de João Karakandula?.
SUZANE
John Cuninghan estava agora sentado no velho
alpendre do rancho que possuía em
Texas. Via de pagar a fiança.
Suzane recorda a John quando eram
adolescentes. Conheceram-se num povo mineiro de México, onde Suzane
vivia. Um dia pescando no rio, e depois outro ,e outro. Ele costumava baixar
primeiro e se arregaçava as calças para fazer entre os seixos e o
gélido latejar da água cristalina as façanhas próprias das rãs em vitais
saltos grávidos de graça, para assim conseguir dela o
transcendental sorriso de luz provocadora de felicidade continua
que se atrai seu coração.E Suzane a sua vez respondia com o coaxar alegre
do resultado de pressionar com os dedos índices as comissuras labiais. Ao final
em vez de coaxar o que fazia era assobiar estrondosamente de felicidade, com o
que assustava aos merlos e piscos.
A mulher de John morreu no mesmo dia em que
seu filho cumpria treze anos. Ao acabar o enterro John Cuningan I chamou a seu
filho, John Cuningan II..Entraram dentro do rancho. A ampla porta talhada de
nogueira de duas folhas estava fechada. Era espetacular!. Apanhou o botão do
controle remoto da porta . As folhas de acanto se multiplicavam como
flutuantes, mas estabelecendo uma harmonia que se prolongava em outros motivos
vegetais, como as enredadeiras que fechavam suas ladeiras rodeando
medallões que representavam a antigos conquistadões de América. Uma folha
para um lado e a outra para o outro, e a enorme porta se abriu. Esse homem
abominável tinha toda uma colecção convenientemente catalogada de armas que
disparavam pólvora. Era a estadia preferida de John Cuninghan
I.
-E agora que estamos teu e mais eu sozinhos,
te quero ensinar as coisas que aqui se escondem. Por trás da cada arma destas
há uma história e umas ambições. Embora antes...
Abriu com a chave uma estante de
vidraça e tirou um estojo de madeira de mogno que possuía um impecável
acabamento.
-Isto é para ti, é teu presente. -John abriu a
tampa. A pistola de avancarga estava incorporada diagonalmente na fenda
correspondente. O interior do estojo estava forrado de veludo. A polvarera era
de cobre. Tinha também, entre outros componentes três gratas de limpeza com
vareta, situadas verticalmente no extremo esquerdo e um pequeno maço iniciador.
Destacar também uma pequena carteira em fardo de couro gravado, com a cabeça de
uma serpente que continha as balas do arma-.
Das origens de Suzane pouco se sabia. Dizia-se
dela que descia de um mestiçagem provocado pela união de um monstruoso homem
branco com uma loba formossísima, mas isto não se sabia com segurança pois de
sua fisonomia se desprendiam traços indígenas. Não poder-se-ia assegurar
que fosse Tónkawa, por muito que seus olhos tendessem para o amarelo, e como os
Tonkawa insistiam uma e outra vez que viam do lobo ficou a coisa em que Suzane era algo
como entre uma loba e uma Tónkawa. O de que o homem fosse um monstro se
assegurava pelo fato de que o homem que se cruza com uma loba teria que ser já
de por sim um monstro de homem. Mas para a gente só importava seus traços
indígenas, como se fosse uma loba e não uma pessoa, mas entendido isto desde o
lado pejorativo da mente quadrada de um homem que se diz que é branco. Acho que
fica este ponto convenientemente aclarado!.
Suzane, quase recém nascida, apareceu um dia
abandonada na porta de uma das humildes casas mineiras de um povo de México. O
pai de John visitava com frequência México por assuntos de negócios. Uma destas
visitas foi ao ano de morrer a mãe ao povo onde Suzane vivia. Durou mais
da conta, tanto que foram vários anos. Levou com ele a seu filho e ali se
instalaram.
Foi num dia de estio de suave brisa que passeavam e se refrescava o ambente
carregado de terna paixão. John olhava a Suzane. Essa tarde via-a diferente.
Foi uma tarde em que John
viu a Suzane com outros olhos. Suzane sentia que John entrava em seu coração de
modo diferente a outras vezes. Iam pelo caminho do rio deixando atrás pequenos
regatos onde as mais incríveis e diminutas espécies forjavam suas avenidas de
procriação. Parecia como se desta vez John não se dispusera a lhe pedir
autorização a Suzane para entrar em seu coração. Não se parava tanto ao contemplar
em outros pensamentos. Todo era ela e a nada não estava inventada. John parecia
outro, seu cheiro era diferente. Suzane, amontoada em seu interior mostrou
gesto de assombro a John com um ténue sorriso, e lhe convidou a cheirar uma
flor. Sentiram os dois sem ausência, de maneira diferente, e o ar quente
da meia tarde se dissipava, assim que ao suspirar de Suzane o macío vento
respondia batendo em leve consolo.
Dizia Suzane, para sim, “Entra no meu
interior qual se fosse um intruso do amor que possui a chave de minha
alcova..”.John apanhou a mão de Suzane e ela acariciou seu cabelo peiteando seu
sabor nos húmidos lábios de John, que se entre-abriam, como uma flor se
deixando vencer para depois morder suavemente o rosado fruto que sela no beijo
a deleitável união.
John Cuninghan I era um fervente devoto das
armas, com uma fortuna considerável feita a base deste negócio. Seu avô
adquiriu a baixo preço o rancho de Texas, salvando a esta propriedade, que fora
de um antigo colono sudista, de ser totalmente expropiada. O
caminho-de-ferro fez que a imensidão de acres ficasse reduzida, ainda que
seguia sendo uma propriedade grande. Começou John Cuninghan I por afição tendo
uma pequena armaria para pouco a pouco escalar postos nas altas esferas de
comando no contrabando de armas com México. Acusado de subornar ao Escritório
para o Controle de Bebidas Alcohólicas, Armas de Fogo e Explosivos curiosamente
possuía agora um cargo honorífico nela, como reconhecimento a um labor
encaminhada na luta contra a delinquéncia.Era diretivo da “Sociedade da Honra
ao Rifle e os Heróis Combatentes” e sua voz se fazia ver nos
congressos e eventos mais importantes em torno das armas e a luta contra
o crime e a delinquéncia.
E deixando-nos levar com as lembranças de
Suzane. Ah!...e é que...,um sonho morno de anseio feito realidade no arrulhar
dos apaixonados que selaram suas mãos entrelaçadas. John e Suzane, Suzane
e John. Um dá um beijo e o outro recolhe seu cheiro no canto a uma flor. Uma
embrulhou seu desejo num formoso cofre aberto e exposto e o outro se rende aos
pés da terra, beija ela sua mão e... Ó !, John e Suzane, Suzane e John,
atrapados no amor que aparece nela e nele ancorado, como se fosse um
velho barco de vapor parado, cheio de vigaristas que pretendem atravessar outra
vez o rio, mas desta vez em procura de amor.
John foi educado na alta concepção bélica
e patriótica, cheia de um sacralizado fanatismo pela louca ideia de uma nobreza
de sangue e superioridade de raça e devoção católica que se estende em nossos
dias como a língua de uma víbora disfarçada de um homem com forma de
barril de petróleo, teledirigido por corruptos capitalistas sem
escrúpulos. Chegou a hora em que seu filho tinha que ingressar no corpo de
marines, isto era algo do que o pai de John se sentia muito orgulhoso. Seu
filho, Sim!, ao igual que ele tinha-o feito, se alistando nas Forças Armadas
dos EEUU. Por conseguinte teria que se formar na brilhante escola militar de
West Point como cadete. De outro modo não podia ser. Estava mais
convencido o pai que o filho. De fato, este último quis demonstrar ao pai sua
falta de vocação militar. Sem estar na contramão dos exércitos, pois não tinha
as coisas claras, o filho começou por lhe apanhar gosto à poesia e as
tradições, contagiado isto pela influência de Suzane.
O pai se pôs extremamente fora de si e o
ameaçou com deserdar o filho e coisas ainda mais graves. Por conseguinte, a
situação pôs- se muito tensa entre pai e filho. Desde esse momento o pai
começou a controlar mais ao filho.
-Não sei que fazer, meu pai quer que entre na
academia militar. Teu não conheces a meu pai. Se não o faço me acossara toda a
vida. Ódio a meu pai. -seguia recordando, assim, Suzane, como John lhe dizia-
Tal foi que o pai seguia agora mais de perto
ao filho que se inteirou que se via com uma jovem mestiça. Devido ao caráter
racista do pai isto era desde todo o ponto de vista intolerável.
- Matá-a-ei! Juro que se não vais a West Point
matá-a-ei! -Essas foram as palavras de um pai a um filho, uma triste noite de
inverno, numa pequena mansão de um povo do México mineiro.
Na mitologia quiçá se abusa muito de
parricidios e filicidios. O filho se pôs muito nervoso, começou a dar voltas de
um lado a outro. A respiração superava à mente em palpitações e fazia que a
mente se bloqueara, quando isto não é assim, embora sim seu estado de perigosa
ansiedade e desespero, que levou seus passos à primeira planta.
Tinha que afastar de seu pai nesses difíceis
momentos, pois em sua mente começaram a entrar escuros homens que golpeavam com
chicotes em seu cérebro. Uma dor muito intensa lhe entrava pela coluna vertebral.
Seus olhos se nublavam. Tinha que esmaga-lo!, ali mesmo! Mas seguiu avançando e
subiu as escadas, sempre agarrado ao corrimãos, e tendo que se parar pelas
sacudidas de dor. Entrou na habitação. A dor e o desespero não lhe passavam. E
algo passou. Com seus débis eescorregadias pernas em cima da cama chegou até a
parte superior do armário. Separou o velho lençol que tampava o estojo.
Abriu-o. Apanhou a pistola de avancarga. Introduziu o funil no canhão e jogou o
ónus de pólvora necessária e introduziu-a pelo funil e assim sucessivamente com
todos os passos que requer a condenada pistola. Embainhou-a à cintura e
baixou a toda a velocidade, qual Edipo.Mas o muito canalha do pai compreendeu
ao momento as intenções do filho, que estando a médio baixar as escadas viu
como de repente se interpôs em seu caminho, quem descarregou duas balas
do Winchester setenta e três que atravessaram o coração do filho.
Era um dia de chuva. Suzane decide que tem
chegado a hora. Agora o pai está sozinho. Sem nenhum tipo de escolta. É o
momento. Estaciona o carro emboscada a uns cem metros do rancho. Da parte
traseira tira um ampla mala .Volta à parte dianteira. Tira da mala um
fuzil M dezasseis com lança-granadas. Vai devagando ao conduzir. Quando está a
uns quinze metros apanha o fuzil. A pouca gente que há corre assustada. Dá
igual, ela vai no sentido contrário. John Cuninghan I tenta entrar no interior
da casa. Seu corpo sai despedido pelo efeito da pólvora. Tinha-se feito
justiça.
ÍNDICE
Gustavo o
Elefante......................................
Capítulo
I.....................................................
Capítulo II....................................................
Capítulo III...................................................
Capítulo IV...................................................
Capítulo V.....................................................
Capítulo VI....................................................
Capítulo VII...................................................
Capítulo VIII..................................................
Capítulo IX.....................................................
Capítulo X.......................................................
Capítulo XI.......................................................
Capítulo XII......................................................
Vulcã e Matrioska................................................
Bissut, o grande
guerreiro....................................
A galera eas
ratazanas.........................................
Drubrinda.............................................................
Questão de
linhagem.............................................
Suzane....................................................................
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