miércoles, 30 de abril de 2014

Morto duplamente o avozinho!




E a paz fez-se onde a mão não atingia...,

e sim... É que a escuridão...! E todo devido ao

efeito dum grande cansanço no corpo

que fez que essa noite se desmoronara...

A noite..,! , mas como todas as noites em que

a noite se demorona.

 

Assim! ,de repente!

Como que parece que chega

a escuridão essas noites

por um efeito

produzido pela noite

que lhe antecedera,

embora esta nova noite viesse anunciadora.

 

 Assim! ,de repente!...

(E fundamenta-se a monotonia

quando o sol acorda....) 

 

Mas..., o que quero dizer...!

O que trato de querer expressar 

por minha própria vontade é ...,

que essa noite o cansaço era enorme!

 

Tal assim foi que a paz se fez

onde a mão não atingia...,

pois a estendeu Japinus  

e olhou ao filho

que estava no fundo do corredor

entrando o pai no último sonho de sua vida.

 

Suponho que as pessoas mortas escutam

os sinos que por elas tocam,

pois para elas foram compostas suas melodias.

De que outra maneira se pudesse entender

se não fosse assim então que

essas pessoas morressem?.

 

Pois o som do sino... !

 

Ouve-se no túnel o som do sino!,

porque...,se não...,

porquê tem esse som o sino?.

 

Isto o sabem bem os curas e a possuem

em suas moradias. Isto o sabe a Igreja

e por isso a usa como se fosse

um desses ímans da ciência

para atrair a suas ovelhas.

A morte um pouco dantes da morte

e o último tanher, onde já não fica nada.

Nenhum bolo por degustar.

 

Alguém pergunta

se foi honrada nossa vida

e nesses momentos é quando soa o sino.

É então quando recobra o passado

o sentido da própria vida...

e acelera-se a roda no último ato...!

Essa roda que não se controla!

 

E Japinus o ruim e miserável olha ao filho

e o filho chora, mas a mão não atinge...

Está no fundo do corredor...,

não se move. Duma peça!

 

Se verdadeiramente cresse saberia

que existe a possibilidade de que exista

só o inferno após a vida...;

embora disse ele de crer e enganou à gente,

porque ele não cria em nada mais que na cobiça

 

Certas aves são muito prontas 

e voam nas capas mais altas do céu,

fazendo altos seus ninhos nessas altas cimeiras.

 

Um inferno espera-te! ,Japinus!

Tu que te creste mortal!

Arderás numa eterna fogueira!.

É assim que surge com forma de asa delta

entre sobrancelha e sobrancelha do pai

uma figura que se acerca e se afasta.

Um inferno espera-te!, Japinus.

 

O filho chora mas não se acerca.

O corredor faz-se mais longo para o pai...

 

Um amplo ventanal abruma a sala

onde Japinus moribunda.

O ventanal abre-se e um fogo

abrasador fere-lhe na garganta.

Procura um copo de água e não o vê.

O filho se rie no fundo do corredor

e ouvem-se vozes como de

meninos e meninas celestiais

que sobem pelo pátio de luzes.

Vozes que entoam uma canção

inventada pelas meninas e os neninos

para fazer durmir a seus avozinhos.

 

São quase as doze da noite.

A família de Japinus transborda felicidade.

Ele leva morto certo tempo e ninguém se inteirou.

Já são as doze e soam sinos

através do televisor familiar .

"Feliz ano novo,Japinus!",

-dá-lhe um beijo na bochecha

sua sobrina, Nuxifat...

 

Incomodado,levanta-se o rei cão da família,

Morti, e cola três secos ladridos de autoridade.

“Deixai que durma, que são já noventa e sete”

 

Rufina levanta-se e diz em explosão:

“Pois bem,tem chegado o momento de que

alguém limpe o bom nome de nossa família”.

 

(Rufina é a neta, filha do filho de Japinus. Filho que justo

doze anos atrás morreu por uns valentões do pai...,

pois eram de ideias opostas)

 

E todo o povo sabia que o desfecho ia ser fatal!

Um ou outro em mãos do outro ou do um ia falecer!

 

Atira uma pistola de pequeno calibre Rufina e...

Bang, Bang!

Morto duplamente o avozinho!

 

(Pois cabe recordar que já estava morto).

 

Pobre Rufina!.Que má sorte!

condenaram-na a morte.

Os muito bestas!.

Quiseram dar escarmento

pára que outra vez não ocorresse,

para dar exemplo,

para que não tivesse mais netas e netos

de jeques que quisessem fazer tais coisas.

 
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